Delírios de uma quarentena tropical

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OS SONHOS DE LUCIANA

Em quinze anos de amizade, nunca presenciei um abraço de Luciana. Nos quintais de São José de Mipibu, ainda menina, fugia dos toques dos coleguinhas do municipal. No ducentésimo trigésimo dia da quarentena, escreveu no Instagram: “Quando tudo isso passar, estaremos juntos num abraço”. Era madrugada, desconfiei da autenticidade daquelas palavras. Três dias depois, Luciana saiu para trabalhar pela última vez. Não houve velório, choro e tampouco missa de sétimo dia. Ela deixou uma casa, dois gatos, uma biblioteca com 456 livros, todos os boletos pagos e uma promessa on-line.

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