DA JORNADA DE IR E NÃO IR
Quando a vi não conseguia parar de olhá-la, fiquei quieto. Olga sorria com um saco de latinhas recolhidas na casa de repouso. Segunda-feira, frenesi de gente, empurra-empurra. Marchava entre os médicos, cumprimentava as pessoas, em meio ao corre-corre. No íntimo, sabia que ela ria para mim. De longe, parecia que profetizava histórias de um fim de mundo. Ao desviar o olhar para um colega, subitamente, veio em minha direção. – Pode me perguntar, moço? Você sabe que ouço vozes? – Que tipo de coisas você ouve? – Que vão construir uma teia de mentiras sobre o mundo. E vocês serão comidos pelas beiradas. | 27 |