A ARTE E O PRESENTE
É quase um clichê: enunciar o fim da história em seu começo. Sou adepta de clichês. No final deste conto, estarei morta, assassinada para ser mais específica. Prossigo agora nesses porquês, sempre incertos e de uma fluidez assustadora. Gostava do meu corpo, fora do padrão, até um pouco excessivo, eu diria. Confesso que, mesmo morta, amo meu corpo decomposto pelos vermes. Fui atriz por 30 anos e decidi parar. As marcações no proscênio me enfadavam, enjoei de Electra e Antígona (iconoclasta, quero a destruição dos mitos, mas não esses). Na minha vida classe média, casei, abortei, separei e segui livre nas camas que escolhi. Aquela
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