CARTA AO CONFRADE AYMORÉ – OU A ARTE DE CURAR NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ1
Caro Confrade sei de seu interesse em relatar uma história da arte de curar no Maranhão; ou uma História da Medicina no Maranhão. Sei que temos o cirurgião de Daniel de La Touche como o primeiro ‘médico’ a atuar por aqui. Mas me pergunto se em Miganville não havia um físico-mor também. Afinal, a feitoria de Jacques Riffault contava com cerca de 400 homens brancos ali vivendo, onde é hoje a nossa Vila Velha de Vinhais, desde 1594. Ainda não temos registros, mas já li que havia um padre jesuíta (?) entre eles... Vamos ao que interessa; não sei se o Confrade já localizou o P. ANTONIO PEREIRA2, natural de São Luis do Maranhão, onde nasceu em 1638. Entrou para a Companhia de Jesus nesta mesma cidade pelo ano de 1655. Estudou parte em Portugal, parte na Bahia e entre os seus estudos se incluem algumas noções de Medicina. Voltou ao Maranhão, onde ficou Mestre de Noviços: E como quer que pelo Brasil, onde tinha estudado curso de Teologia, havia também concorrido com os enfermos, e dando-se por entendido em matéria de curá-los, era buscado dos doentes aos quais acudia assim para a saúde do corpo como a da alma com muita caridade. (BETTENDORF, 1990) 3.
Até onde consigo entender, este seria nosso primeiro médico! Pois nascido em São Luis e aqui exercido a Medicina... Salvo melhor juízo... A chegada dos Jesuítas e a Fundação do Colégio - 1618 4 A presença de ordens religiosas na colônia prendia-se, teoricamente, aos interesses pela conversão e educação dos nativos, instrumento de dominação da política colonial europeia (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 30) 5. Em 1618, os jesuítas instalam-se em Maranhão, na antiga Aldeia da Doutrina (hoje, Vila do Vinhais Velho). Além dessa primeira, duas outras missões situavam-se na Ilha: a aldeia de São Gonçalo ou Tuaiaçu Coarati – que se destacou pela produção de sal; e a de São José, onde os padres da Companhia mais exercitaram suas funções, e foi aldeia de serviço de El-Rei. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 31) 6.
1
Publicado no Blog do Leopoldo Vaz, em 20/03/2015, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/03/22/carta-ao-confrade-aymore-ou-a-arte-de-curar-no-maranhao/ Publicado no Blog do Leopoldo Vaz, em 31 de agosto de 2015, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/08/31/11487/ 2 LEITE, Serafim. ARTES E OFÍCIOS DOS JESUÍTAS NO BRASIL – 1549-1760. Natal/RN: Sebo Vermelho, 2008. Edição fac-similar da de 1953: Lisboa – Rio de Janeiro, Edições Brotéria e Livros de Portugal, p. 234 3 BETTENDORF, João Felipe. CRONICA DOS PADRES DA COMPANHIA DE JESUS NO ESTADO DO MARANHÃO. 2ª Ed. Belém: FCPTN/SECULT, 1990, p. 304 4 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Loreta Brito. INDÍCIOS DE ENSINO TECNICO/PROFISSIONAL EM MARANHÃO: 1612 – 1916. São Luís: CEFET-MA, Novembro de 2003 5 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990. 6 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990.