REVISTA DO LÉO
REVISTA LAZEIRENTA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536
NÚMERO 101 – JULHO – 2025









MIGANVILLE – MARANHA-Y
“águas revoltas que correm contra a corrente”
REVISTA DO LÉO
REVISTA LAZEIRENTA
Revista eletrônica
EDITOR
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Prefixo Editorial 917536
vazleopoldo@hotmail.com
Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076 98 9 8206 7923
CHANCELA




Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 20 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor das “Revista do Léo”, “Maranha-y”, e “Ludovicus”; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
UM PAPO - EDITOR
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - MAIS ALGUMAS NOTAS SOBRE O CEV
HAMILTON RAPOSO MIRANDA FILHO - CONVERSA DE MARANHENSE
ROBERTO FRANKLIN - JULHO CHEGOU
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - SOCIEDADE DOS POETAS ESQUECIDOS: ADELINO FONTOURA CHAVES
CERES COSTA FERNANDES - CRÔNICA À MODA FABULAR PARA MARIA ISABEL –
ÁUREO MENDONÇA - LEMBRAM DESSE TIME DE CRAQUES DO FUTSAL, CURTA E COMENTE.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - SOCIEDADE DOS POETAS ESQUECIDOS: JOÃO ALEXANDRE JUNIOR EVENTOS
MARIA THEREZA DE AZEVEDO NEVES – CANTOS QUE OUVI FALAR – 12/07 19H
Vou fazer novas alterações!!! A REVISTA DO LÉO passa a tratar de vários temas, não apenas de ESPORTES, na sua concepção ampla, LAZER e RECREAÇÃO, EDUCAÇÃO FÍSICA.
A periodicidade passa a ser MENSAL, pois haverá muitas sessões e material para divulgação... Em uma concepção ampla, o esporte é muito mais do que competição ou atividade física com regras. Ele é um fenômeno cultural, social, educativo e político, que expressa valores, identidades e modos de vida.
• Expressão cultural: o esporte reflete tradições, crenças e símbolos de diferentes povos. Ele pode ser ritualístico, festivo ou simbólico como o futebol no Brasil ou a luta livre no México.
• Ferramenta de educação e formação: promove valores como cooperação, respeito, disciplina e superação. Vai além da técnica: forma cidadãos.
• Direito social e política pública: o esporte é reconhecido como direito constitucional no Brasil (Art. 217 da CF/88) e deve ser garantido pelo Estado como meio de inclusão e bem-estar.
• Prática de lazer e saúde: não precisa ser competitivo. Pode ser vivido como prazer, recreação, autocuidado e convívio social.
• Espaço de disputa simbólica e identidade: clubes, seleções e atletas representam comunidades, nações e causas o esporte também é palco de lutas sociais e afirmações políticas.
• Indústria e espetáculo: movimenta bilhões, gera empregos, influencia mídia e consumo. É entretenimento, mas também negócio.
Conceitos ampliados por estudiosos
• Pierre Parlebas (França): vê o esporte como uma forma de “jogo institucionalizado”, com lógica interna própria e relações motoras específicas.
• Norbert Elias (Alemanha): analisa o esporte como parte do processo civilizatório, onde o controle das emoções e a regulação da violência são centrais.
• Victor Andrade de Melo (Brasil): defende que o esporte deve ser compreendido como prática social plural, histórica e politicamente situada.
Em resumo: o esporte, em uma concepção ampla, é uma linguagem corporal e social, que articula corpo, cultura, poder e subjetividade. Ele pode ser lazer, luta, espetáculo, educação ou resistência tudo depende do olhar e do contexto.
Já o Lazer e recreação são conceitos próximos, mas com significados distintos e complementares. Ambos estão ligados ao tempo livre, ao prazer e ao bem-estar, mas têm enfoques diferentes em sua natureza e função.
O lazer é um fenômeno cultural e social que envolve atividades realizadas no tempo livre, de forma voluntária, com o objetivo de descansar, divertir-se, desenvolver-se ou socializar.
Características do lazer:
• É uma atitude ou estado de espírito (não apenas uma atividade)
• Envolve liberdade de escolha
• Pode ser ativo ou contemplativo (ex: jogar futebol ou ouvir música)
• Tem valor subjetivo e simbólico
• Está relacionado à qualidade de vida e ao direito social
Segundo Joffre Dumazedier, um dos principais teóricos do tema, o lazer é o “conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade para repousar, divertir-se, recrear-se, entreter-se ou desenvolver sua formação desinteressada”.
A recreação é uma forma de lazer, mais voltada à atividade prática, lúdica e participativa, com foco no entretenimento, socialização e desenvolvimento físico ou cognitivo.
• É uma atividade concreta (ex: jogos, dinâmicas, brincadeiras)
• Envolve participação ativa
• Tem caráter lúdico e educativo
• Pode ocorrer em contextos formais (escolas, empresas) ou informais (praças, clubes)
• É frequentemente mediada por um profissional (recreador)
Etimologicamente, vem do latim recreare, que significa restaurar, renovar, revigorar ou seja, é uma prática que visa recriar o corpo e o espírito.
Diferenças e Relações
Aspecto Lazer
Natureza Estado de espírito / atitude
Participação Pode ser ativa ou passiva
Recreação
Atividade prática e lúdica
Sempre ativa
Exemplo Ler um livro, ouvir música, caminhar Jogar vôlei, brincar de roda, dinâmicas
Objetivo Descanso, prazer, desenvolvimento pessoal Diversão, socialização, revitalização
Relação Conceito mais amplo
Subconjunto do lazer
Em resumo: todo ato de recreação é uma forma de lazer, mas nem todo lazer é recreação. O lazer pode ser silencioso, introspectivo ou contemplativo; a recreação, por sua vez, é sempre ação, jogo, interação
A Educação Física é uma área do conhecimento que estuda e promove as práticas corporais humanas em suas múltiplas dimensões: biológica, cultural, social, pedagógica e política. Ela vai muito além de “fazer exercícios” trata-se de compreender o corpo em movimento como forma de expressão, saúde, convivência e transformação social.
A Educação Física é:
• Uma disciplina escolar que integra o currículo da Educação Básica
• Uma profissão regulamentada (Lei nº 9.696/1998) com atuação em escolas, academias, clubes, hospitais, políticas públicas e muito mais
• Um campo científico que dialoga com áreas como saúde, sociologia, pedagogia, fisiologia, psicologia e filosofia
Componentes da Educação Física - Ela envolve o estudo e a prática de:
• Esportes (coletivos e individuais)
• Lutas e artes marciais
• Ginásticas (geral, artística, laboral, etc.)
• Jogos e brincadeiras
• Atividades rítmicas e expressivas (dança, capoeira, teatro corporal)
• Conhecimentos sobre o corpo (anatomia, fisiologia, biomecânica, cultura corporal)
Finalidades
• Educar o corpo e pelo corpo
• Promover saúde e qualidade de vida
• Estimular o pensamento crítico sobre o movimento humano
• Valorizar a diversidade cultural das práticas corporais
• Combater o sedentarismo e promover inclusão
Na escola - A Educação Física escolar não é apenas “jogar bola”. Ela deve:
• Desenvolver habilidades motoras e cognitivas
• Trabalhar valores como cooperação, respeito e solidariedade
• Estimular a reflexão sobre o corpo, o esporte e a sociedade
• Incluir todos os alunos, respeitando suas diferenças
Abordagens pedagógicas (no Brasil)
Crítico-superadora: valoriza a cultura corporal e a formação crítica
A abordagem Crítico-Superadora é uma das mais influentes concepções pedagógicas da Educação Física brasileira, especialmente no contexto escolar. Ela foi sistematizada por um Coletivo de Autores em 1992 e está fundamentada na pedagogia histórico-crítica, com forte inspiração no pensamento marxista e na luta por justiça social.
Conceito Central
A proposta Crítico-Superadora entende a Educação Física como uma prática pedagógica que deve superar a alienação e a reprodução de desigualdades, promovendo a formação crítica e emancipatória dos alunos por meio da cultura corporal.
Princípios Fundamentais
• Cultura corporal como conteúdo: jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas são tratados como expressões culturais e históricas, não apenas como técnicas motoras.
• Ressignificação crítica: os conteúdos são contextualizados historicamente e relacionados a temas sociais (gênero, inclusão, racismo, saúde pública etc.).
• Superação da lógica do desempenho: rejeita a avaliação baseada em performance física, valorizando o processo de aprendizagem e reflexão.
• Educação para a transformação social: o objetivo é formar sujeitos críticos, conscientes e capazes de intervir na realidade.
Metodologia
• Seleção de conteúdos com relevância social e cultural
• Aulas organizadas em momentos de problematização, contextualização e síntese
• Incentivo à participação ativa, diálogo e cooperação
• Avaliação formativa: trabalhos em grupo, debates, autoavaliação, projetos
Papel do Professor
• Mediador do conhecimento e da realidade social
• Estimula a curiosidade, a criticidade e a criatividade
• Confronta o senso comum com o conhecimento científico
• Atua com intencionalidade político-pedagógica
Exemplo prático:
Ao trabalhar o tema “futsal”, o professor pode:
1. Resgatar a história do esporte e suas transformações
2. Discutir a exclusão de meninas e pessoas com deficiência
3. Propor vivências com regras adaptadas e equipes mistas
4. Refletir coletivamente sobre inclusão, respeito e democracia
Em resumo: a abordagem Crítico-Superadora não ensina apenas a jogar, mas a pensar, questionar e transformar. Ela vê o corpo como linguagem e a Educação Física como instrumento de emancipação.
Desenvolvimentista: foca no desenvolvimento motor e afetivo
• A abordagem desenvolvimentista na Educação Física tem como foco principal o desenvolvimento motor do aluno, respeitando suas fases de crescimento físico, cognitivo, afetivo e social. Ela parte do princípio de que o movimento é meio e fim da aprendizagem, e que a Educação Física deve oferecer experiências motoras adequadas à idade e ao estágio de desenvolvimento de cada criança.
• Fundamentos teóricos
• Baseada na psicologia do desenvolvimento e na aprendizagem motora
• Inspirada em autores como Gallahue, Go Tani e Manoel
• Considera que o desenvolvimento motor ocorre em fases previsíveis, mas com variações individuais
• Fases do desenvolvimento motor
• Faixa etária
• 0 a 2 anos
• 2 a 7 anos
• 7 a 14 anos
• 14 anos em diante
•
• Fase do movimento
• Movimentos rudimentares
• Movimentos fundamentais
• Movimentos especializados
• Utilização permanente
• Objetivos da abordagem
• Características principais
• Sentar, engatinhar, andar, segurar
• Correr, saltar, arremessar, equilibrar
• Combinação de habilidades motoras com fins culturais
• Aplicação autônoma das habilidades em esportes e cotidiano
• Desenvolver habilidades motoras básicas e específicas
• Estimular a coordenação, equilíbrio, força e agilidade
• Promover o desenvolvimento integral (motor, cognitivo, afetivo e social)
• Respeitar o ritmo individual de cada aluno
• Papel do professor
• Planejar atividades adequadas à faixa etária
• Observar e avaliar o nível de desenvolvimento motor
• Propor desafios progressivos e variados
• Evitar comparações entre alunos; valorizar a evolução individual
• Avaliação
• Baseada em critérios de desenvolvimento motor
• Observação contínua do progresso
• Ênfase no processo, não apenas no desempenho final
• Críticas à abordagem
• Pode negligenciar o contexto sociocultural do aluno
• Foco excessivo no aspecto biológico e motor
• Risco de padronização excessiva das práticas
• Em resumo: a abordagem desenvolvimentista entende a Educação Física como um laboratório de movimento, onde o aluno aprende a se mover e aprende por meio do movimento respeitando sua idade, estágio de desenvolvimento e singularidade.
• Construtivista: prioriza o jogo e a ludicidade
• A abordagem construtivista na Educação Física parte da ideia de que o aluno constrói ativamente seu conhecimento por meio da interação com o meio, com os colegas e com os desafios propostos. Inspirada principalmente nas teorias de Jean Piaget e Lev Vygotsky, essa abordagem valoriza o processo de aprendizagem mais do que o resultado final.
Fundamentos Teóricos
• Jean Piaget: aprendizagem como resultado da assimilação e acomodação de experiências, respeitando os estágios do desenvolvimento cognitivo.
• Vygotsky: ênfase na interação social e na mediação do professor como facilitador da aprendizagem na chamada Zona de Desenvolvimento Proximal
Características da Abordagem Construtivista
• Elemento
• Aluno
• Professor
• Conteúdos
• Metodologia
• Avaliação
• Descrição
• Protagonista do processo; aprende ao resolver problemas e interagir
• Mediador que propõe desafios e estimula a reflexão
• Jogos, brincadeiras, esportes e atividades corporais com significado
• Exploratória, baseada em conflitos cognitivos e resolução de problemas
• Diagnóstica e formativa; valoriza o progresso individual e coletivo
Exemplo prático em aula
• Tema: Brincadeiras populares Estratégia: O professor propõe uma brincadeira conhecida (ex: amarelinha), observa como os alunos jogam, e depois introduz variações (novas regras, obstáculos, desafios em grupo). Objetivo: Estimular a criatividade, a adaptação a novas situações e a cooperação. Vantagens
• Respeita o ritmo e o estágio de desenvolvimento de cada aluno
• Estimula a autonomia, a criatividade e o pensamento crítico
• Valoriza o erro como parte do processo de aprendizagem
• Promove o aprendizado significativo e contextualizado
Em resumo: a abordagem construtivista ensina a pensar com o corpo em movimento, promovendo uma Educação Física mais humana, reflexiva e centrada no sujeito.
Crítico-emancipatória: busca a autonomia e consciência corporal
A abordagem Crítico-Emancipatória na Educação Física foi proposta pelo pesquisador brasileiro Elenor Kunz e tem como foco central o desenvolvimento da autonomia, consciência crítica e emancipação dos alunos por meio do movimento humano. Ela se inspira em pensadores como Paulo Freire, Jürgen Habermas e Maurice Merleau-Ponty, e integra elementos da fenomenologia e da teoria crítica da Escola de Frankfurt2.
Fundamentos da abordagem
• Movimento como linguagem: o corpo é visto como meio de expressão e comunicação com o mundo.
• Educação para a autonomia: o objetivo não é apenas ensinar técnicas, mas formar sujeitos capazes de refletir e agir criticamente.
• Ação comunicativa: o diálogo e a interação são centrais no processo de ensino-aprendizagem.
• Superação da alienação: busca romper com práticas esportivas padronizadas e excludentes, promovendo vivências significativas.
As três competências centrais (Kunz, 1991)
Competência Descrição
Objetiva Desenvolver a técnica como meio para a autonomia e compreensão crítica
Social Refletir sobre o contexto sociocultural e as relações interpessoais
Comunicativa Expressar-se e interpretar o mundo por meio da linguagem verbal e corporal
Metodologia
• Vivência e descoberta: os alunos experimentam práticas corporais e refletem sobre elas.
• Problematização: o professor propõe questões que desafiam o senso comum e estimulam o pensamento crítico.
• Reconstrução coletiva: os alunos participam da criação de regras, adaptações e sentidos para as atividades.
• Transcendência de limites: o aluno é incentivado a superar barreiras físicas, sociais e simbólicas. Exemplo prático
Atividade: Jogo adaptado de handebol Problematização: “Por que alguns colegas quase não tocam na bola?” Reconstrução: A turma propõe novas regras para garantir a participação de todos, refletindo sobre inclusão e cooperação.
Em resumo
A abordagem Crítico-Emancipatória entende a Educação Física como um espaço de formação crítica, ética e transformadora, onde o corpo é meio de diálogo com o mundo e o movimento é ferramenta de libertação e consciência social
Em resumo: a Educação Física é uma ponte entre o corpo e o mundo. Ela ensina a mover-se, mas também a pensar, sentir e transformar por meio do movimento.
Integrar diferentes abordagens pedagógicas da Educação Física na sala de aula não só é possível como desejável pois permite que o professor responda à complexidade dos alunos, das práticas corporais e dos contextos escolares. Aqui vai uma proposta de como articular as abordagens Crítico-Superadora, Construtivista, Desenvolvimentista e Crítico-Emancipatória em uma prática coerente e potente:
1. Crítico-Superadora como base curricular
• O professor parte da ideia de que as práticas corporais (jogos, esportes, lutas, danças, ginásticas) são conteúdos culturais e devem ser problematizados
• Exemplo: Ao ensinar futsal, o professor discute suas origens, sua relação com a mídia, o machismo nos espaços esportivos e a cultura de rivalidade.
Usa-se essa abordagem para escolher os conteúdos, dar sentido político-pedagógico à aula e romper com a lógica do rendimento.
2. Construtivista para organizar o processo de aprendizagem
• O professor propõe desafios, adapta regras, oferece diferentes vivências para que o aluno descubra soluções e reflita sobre seu próprio processo de aprender.
• Exemplo: Ao ensinar uma nova dança, os alunos observam vídeos, experimentam passos livres e constroem coreografias em grupo.
Ideal para estimular a autonomia, a criatividade e o protagonismo dos alunos.
3. Desenvolvimentista como referência para adequação motora
• As atividades são planejadas respeitando o estágio de desenvolvimento motor da turma.
• Exemplo: Em turmas de 1º ano do fundamental, o professor prioriza atividades com salto, corrida e equilíbrio, sem cobrança técnica exagerada.
Usa-se essa abordagem para garantir segurança, progressão de dificuldade e estímulo físico adequado à idade.
4. Crítico-Emancipatória como dimensão ética e expressiva
• O corpo é visto como expressão e diálogo, e o movimento como possibilidade de reflexão, comunicação e emancipação.
• Exemplo: Em uma aula sobre brincadeiras de rua, os alunos compartilham suas vivências, adaptam regras e refletem sobre exclusões ou medos urbanos.
Fundamenta práticas de escuta ativa, coautoria, participação crítica e transformação
Exemplo integrado de uma sequência didática
Tema: Jogo cooperativo
1. Início (Crítico-Superadora): problematização do individualismo nos jogos escolares
2. Vivência (Desenvolvimentista + Construtivista): construção coletiva de um jogo adaptado com regras inclusivas
3. Reflexão (Crítico-Emancipatória): debate sobre inclusão, respeito às diferenças e propostas de mudança no cotidiano
Conclusão - Usar essas abordagens de forma combinada permite que o professor:
• Respeite os corpos e tempos de cada aluno (Desenvolvimentista)
• Valorize a cultura e o contexto das práticas (Crítico-Superadora)
• Estimule a criatividade e o protagonismo (Construtivista)
• Promova autonomia, consciência crítica e diálogo (Crítico-Emancipatória)
Vamos explorar como a metodologia de Auguste Listello (Educação Física Desportiva Generalizada) e a prática pedagógica da Escola da Ponte podem dialogar com as abordagens Crítico-Superadora, Construtivista, Desenvolvimentista e Crítico-Emancipatória na Educação Física escolar.
1. Método Desportivo Generalizado (Listello) e sua aplicação integrada
A proposta de Listello valoriza o esporte como meio de formação integral, com foco em:
• Educação Física para todos: inclusão e participação ampla
• Iniciação esportiva prazerosa: o jogo como ponto de partida
• Trabalho coletivo e valores sociais: solidariedade, respeito, cooperação
• Adaptação às idades e contextos: progressão pedagógica
Como se articula com as abordagens?
Abordagem Aplicação do Método de Listello
Crítico-Superadora
O esporte é tratado como conteúdo cultural, e o método de Listello pode ser problematizado em sua origem, função social e apropriação histórica.
Construtivista Os jogos e esportes são vivenciados como desafios cognitivos e motores, com regras adaptadas e construção coletiva.
Desenvolvimentista A progressão por faixas etárias e o respeito ao desenvolvimento motor são centrais no método de Listello.
CríticoEmancipatória
O esporte é meio de expressão e diálogo; o professor pode mediar vivências que promovam autonomia e consciência crítica.
Exemplo prático: Ao aplicar o handebol escolar, o professor pode usar o modelo de iniciação esportiva de Listello, adaptando regras, promovendo cooperação e discutindo o papel do esporte na mídia e na sociedade.
2. Escola da Ponte e sua contribuição metodológica
A Escola da Ponte, em Portugal, propõe uma pedagogia centrada na autonomia, na pesquisa e na cogestão democrática. Na Educação Física, isso se traduz em:
• Escolha da modalidade pelos alunos
• Pesquisa e partilha antes da prática
• Avaliação contínua e formativa
• Integração entre faixas etárias
• Autonomia e responsabilidade no planejamento
Como se articula com as abordagens?
Abordagem Aplicação na lógica da Ponte
Crítico-Superadora Os conteúdos corporais são contextualizados e discutidos criticamente com os alunos.
Construtivista Os alunos constroem seus planos de estudo e vivenciam o movimento como descoberta.
Desenvolvimentista As atividades respeitam o ritmo e o estágio de cada aluno, com mediação sensível.
CríticoEmancipatória A autonomia, o diálogo e a coautoria são pilares da prática pedagógica.
Exemplo prático: Em vez de uma aula tradicional de atletismo, os alunos da Ponte podem escolher investigar diferentes formas de corrida, propor desafios entre grupos e refletir sobre o uso do corpo no cotidiano urbano.
Integração possível: Listello + Ponte + Abordagens
Um professor pode:
• Utilizar os jogos esportivos generalizados de Listello como ponto de partida
• Aplicar a metodologia da Ponte para permitir que os alunos escolham, pesquisem e adaptem essas práticas
• Conduzir o processo com base nas abordagens pedagógicas críticas e construtivas, promovendo desenvolvimento motor, reflexão social e autonomia
Aqui está um roteiro de formação docente voltado à aplicação integrada das abordagens pedagógicas da Educação Física (Crítico-Superadora, Construtivista, Desenvolvimentista e Crítico-Emancipatória), com inspirações metodológicas de Listello e da Escola da Ponte. A proposta é vivencial, reflexiva e prática ideal para encontros presenciais ou virtuais com professores da Educação Básica.
ROTEIRO DE FORMAÇÃO DOCENTE: “Educação Física em Perspectiva Integrada”
Objetivo geral
Promover a reflexão e a vivência de abordagens pedagógicas contemporâneas da Educação Física, articulando teoria e prática por meio de experiências interativas e colaborativas, com base em concepções críticas, construtivistas e emancipatórias.
Duração sugerida
3 encontros de 4h cada (total: 12 horas) Pode ser adaptado para formação contínua, curso híbrido ou oficina intensiva.
Encontro 1 – “Abordagens e sentidos do ensinar”
Objetivo: Identificar e problematizar as diferentes abordagens pedagógicas da Educação Física e suas possibilidades de articulação.
Etapas:
1. Dinâmica de abertura: "Linha do Tempo da Minha Educação Física" (vivência e socialização)
2. Exposição dialogada:
o Crítico-Superadora: cultura corporal e crítica social
o Desenvolvimentista: fases e maturação motora
o Construtivista: autonomia, descoberta e ludicidade
o Crítico-Emancipatória: linguagem, diálogo e libertação
3. Estudo de caso em grupo: análise de trechos de aulas reais
4. Mapa de convergência: construção coletiva de um infográfico com interseções entre abordagens
5. Reflexão final: “Que tipo de professor eu sou ou desejo ser?”
Encontro 2 – “Vivências e mediações corporais”
Objetivo: Experimentar atividades práticas e metodologias ativas alinhadas às abordagens estudadas.
Etapas:
1. Vivência prática: Jogos cooperativos com base no Método de Listello (adaptado)
2. Atividade reflexiva: reconstrução coletiva das regras e sentidos do jogo
3. Oficina criativa:
o Grupos elaboram uma sequência didática integrando diferentes abordagens
o Inspiração: estilo da Escola da Ponte → alunos como protagonistas, pesquisa prévia, mediação horizontal
4. Rodada de apresentação e feedback entre pares
5. Roda de conversa: Como criar aulas que respeitam o corpo, o contexto e a cultura?
Encontro 3 – “Planejamento transformador”
Objetivo: Elaborar planos de aula e projetos interdisciplinares com base nas abordagens integradas.
Etapas:
1. Apresentação do modelo de plano integrado (estrutura sugerida: conteúdo + abordagem + método + problematização)
2. Grupo de projeto: criação de um plano de aula ou sequência interdisciplinar (com Artes, Língua Portuguesa, História etc.)
3. Consulta pedagógica: apoio individual ou em duplas com tutores
4. Mostra dos projetos com banca crítica leve
5. Encerramento com autoavaliação e construção de pactos formativos
Materiais de apoio sugeridos
• Textos de referência (Coletivo de Autores, Kunz, Gallahue, Vygotsky, Parlebas)
• Vídeos de aulas reais ou dramatizações
• Cartazes e fichas para jogos
• Planilhas de planejamento e avaliação formativa
Durante meu tempo – 33 anos – como Professor de Educação Física, e mesmo aquele que me dediquei ao Treinamento Esportivo, Atletismo, Voleibol, e Basquetebol, me utilizei dessa metodologia hibrida
Agora, na Revista do Léo também estará voltada para o Lazer passivo: Literatura ludovicense/maranhense, posto que deixo de publicar a REVISTA LUDOVICUS.
Lazer passivo é aquele em que a pessoa atua como receptora de estímulos, sem envolvimento físico direto ou produção ativa. Ele está associado ao descanso, contemplação e relaxamento, sendo uma forma legítima e necessária de recuperar energias e aliviar tensões do cotidiano.
Características do lazer passivo
• Envolve pouca ou nenhuma atividade física
• É geralmente individual ou de baixa interação
• Foca no consumo de conteúdos ou experiências prontas
• Pode ser cultural, artístico ou recreativo
• Proporciona descanso mental e emocional Exemplos comuns
• Assistir a filmes, séries ou televisão
• Ouvir música ou podcasts
• Ir ao cinema ou ao teatro
• Navegar nas redes sociais
• Ler um livro ou revista
• Observar a natureza ou contemplar paisagens
Lazer passivo x lazer ativo
Aspecto Lazer Passivo
Lazer Ativo
Participação Receptiva Participativa
Movimento físico Mínimo ou inexistente Presente e intencional
Exemplos Ver TV, ouvir música, ir ao cinema Jogar futebol, dançar, caminhar
Benefícios Relaxamento, contemplação Saúde física, socialização, vitalidade
Reflexão crítica
Alguns autores, como Dumazedier e Marcelino, alertam que o lazer passivo pode ser alienante quando consumido de forma acrítica e excessiva, especialmente quando mediado pela indústria cultural. Por isso, é importante equilibrar momentos de lazer passivo com práticas ativas e reflexivas.
Literatura é vida em palavras - Como disse o crítico Afrânio Coutinho: “A literatura é a vida, parte da vida, não se admitindo possa haver conflito entre uma e outra.” Ela nos permite viver mil vidas, visitar tempos e lugares distantes, e sentir o que nunca vivemos tudo isso com o poder de uma página.
É a arte de criar com palavras. Ela transforma a linguagem em expressão estética, emoção, crítica e imaginação. Mais do que um conjunto de textos, a literatura é uma forma de compreender o mundo e a nós mesmos seja por meio de histórias fictícias, poemas líricos, peças teatrais ou narrativas épicas.
O que caracteriza a literatura?
• Uso artístico da linguagem: trabalha com o sentido conotativo (figurado), explorando metáforas, ritmos, imagens e emoções.
• Expressão subjetiva e simbólica: reflete sentimentos, ideias, visões de mundo e experiências humanas.
• Função estética e reflexiva: provoca prazer, inquietação, empatia e pensamento crítico.
• Diversidade de formas: pode ser escrita, oral, visual ou digital; em prosa ou verso.
Principais funções da literatura
• Entreter: encantar com narrativas, personagens e mundos imaginários.
• Educar: transmitir valores, conhecimentos e visões de mundo.
• Preservar culturas: registrar histórias, mitos, tradições e memórias coletivas.
• Provocar reflexão: questionar normas sociais, políticas e existenciais.
• Desenvolver linguagem e pensamento: ampliar vocabulário, criatividade e empatia.
Gêneros literários clássicos
Gênero Características principais Exemplos
Lírico Expressa sentimentos e emoções (eu lírico) Poemas, sonetos, odes
Narrativo Conta histórias com personagens, tempo e espaço Romances, contos, novelas
Dramático Representa ações por meio de diálogos e cenas Peças teatrais, tragédias
Principais movimentos literários e seus autores mais marcantes, tanto no Brasil quanto no mundo.
Um movimento literário (ou escola literária) é um conjunto de obras e autores que compartilham características estéticas, temáticas e ideológicas em determinado período histórico. Eles refletem as transformações culturais, sociais, políticas e filosóficas de sua época e ajudam a entender como a literatura evolui ao longo do tempo.
Principais Movimentos Literários
Movimento Período Características Autores marcantes
Trovadorismo
Humanismo
Séculos XII–XV Poesia cantada, amor cortês, cantigas líricas e satíricas Paio Soares de Taveirós, Dom Dinis
Séculos XV–XVI Transição entre Idade Média e Renascimento, foco no homem e na razão Gil Vicente, Fernão Lopes
Classicismo Século XVI Influência greco-romana, equilíbrio, racionalismo, sonetos Luís de Camões
Quinhentismo
Século XVI (Brasil) Literatura de informação e catequese, textos descritivos Pero Vaz de Caminha, José de Anchieta
Movimento Período Características
Barroco Séculos XVII–XVIII
Arcadismo Século XVIII
Romantismo Século XIX
Realismo Final do século XIX
Naturalismo Final do século XIX
Parnasianismo Final do século XIX
Simbolismo
PréModernismo
Fim do século XIX
Início do século XX
Modernismo 1922–1945 (Brasil)
Dualismo (fé x razão), linguagem rebuscada, antíteses e paradoxos
Bucolismo, simplicidade, racionalismo, “carpe diem”
Sentimentalismo, nacionalismo, idealização, subjetividade
Objetividade, crítica social, análise psicológica
Autores marcantes
Gregório de Matos, Padre Antônio Vieira
Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio M. da Costa
José de Alencar, Gonçalves Dias, Victor Hugo
Machado de Assis, Eça de Queirós
Determinismo, cientificismo, retrato cru da realidade Aluísio Azevedo, Émile Zola
“Arte pela arte”, rigor formal, sonetos perfeitos
Subjetividade, misticismo, musicalidade
Transição, crítica social, regionalismo
Ruptura com o passado, linguagem coloquial, nacionalismo crítico
PósModernismo 1945 em diante Fragmentação, intertextualidade, pluralidade de estilos
Olavo Bilac, Alberto de Oliveira
Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens
Lima Barreto, Euclides da Cunha
Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Drummond
Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Saramago
Autores marcantes da literatura mundial
• William Shakespeare (Inglaterra) – Hamlet, Romeu e Julieta
• Dante Alighieri (Itália) – A Divina Comédia
• Miguel de Cervantes (Espanha) – Dom Quixote
• Fiódor Dostoiévski (Rússia) – Crime e Castigo
• Franz Kafka (Tchecoslováquia) – A Metamorfose
• Gabriel García Márquez (Colômbia) – Cem Anos de Solidão
• Virginia Woolf (Inglaterra) – Mrs. Dalloway
• George Orwell (Inglaterra) – 1984, A Revolução dos Bichos
Autores marcantes da literatura brasileira
• Machado de Assis – Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas
• Clarice Lispector – A Hora da Estrela, A Paixão Segundo G.H.
• Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas
• Carlos Drummond de Andrade – A Rosa do Povo
• Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência
• Jorge Amado – Gabriela, Cravo e Canela
• Lima Barreto – Triste Fim de Policarpo Quaresma
• Conceição Evaristo – Ponciá Vicêncio, Olhos d’Água
A literatura maranhense tem uma trajetória rica e singular, marcada por ciclos próprios que dialogam com os movimentos nacionais, mas também expressam identidades locais. Abaixo, organizei os principais movimentos literários no Maranhão, com seus períodos aproximados e características:
Panorama dos Movimentos Literários no Maranhão
Período Movimento / Ciclo Características e Autores Início do século XVII Literatura de Impressões Relatos de padres capuchinhos franceses sobre o território maranhense (literatura de viagem)
Período Movimento / Ciclo Características e Autores
1832–1870 Arcadismo e Romantismo Maranhense
1870–1900 Realismo / Naturalismo
Início com Odorico Mendes (Hino à Tarde); destaque para Gonçalves Dias e o “Grupo Maranhense”
Aluísio Azevedo (O Mulato, O Cortiço), crítica social e racial
1900–1922 Pré-Modernismo Graça Aranha (Canaã), Coelho Neto, Viriato Correia
1922–1945 Modernismo Maranhense
1970–1980 Movimento Antroponáutica
1980–2000
Pós-modernismo e regionalismo crítico
2000–atualidade Literatura contemporânea e periférica
Destaques históricos
Influência da Semana de Arte Moderna; autores como Josué Montello e João Mohana
Movimento poético de ruptura e ousadia estética em São Luís; nomes como Viriato Gaspar, Chagas Val e Luís Augusto Cassas
Nauro Machado, José Chagas, José Louzeiro; poesia existencial, crítica urbana e social
Vozes femininas, negras e LGBTQIA+; destaque para autores independentes e coletivos literários urbanos
• Maria Firmina dos Reis (1825–1917): primeira romancista negra do Brasil, autora de Úrsula (1859), obra abolicionista e pioneira.
• Gonçalves Dias: símbolo do romantismo nacional, com forte identidade maranhense.
• Aluísio Azevedo: expoente do naturalismo brasileiro, com crítica social contundente.
• Movimento Antroponáutica: marco da contracultura poética no Maranhão durante a ditadura militar.
Curiosidade: “Atenas Brasileira”
São Luís foi chamada de Atenas Brasileira no século XIX devido à intensa produção literária e ao número de intelectuais e poetas um símbolo da centralidade cultural do Maranhão no cenário nacional da época.
A chamada Literatura de Impressões não é um movimento literário formal, mas sim uma forma de escrita que valoriza a subjetividade, a sensorialidade e a experiência imediata do autor diante do mundo. Ela se aproxima do que chamamos de impressionismo literário, uma estética que surgiu no final do século XIX, influenciada pela pintura impressionista (como a de Monet) e que se manifesta na literatura por meio da ênfase nas emoções, percepções e estados de alma.
Características da Literatura de Impressões
• Registro do instante vivido: o foco está na percepção momentânea, não na descrição objetiva.
• Subjetividade intensa: o mundo é filtrado pelas emoções e sensações do narrador ou personagem.
• Estilo fragmentado e sensorial: frases curtas, metáforas, sinestesias e ritmo poético.
• Pouca linearidade: a narrativa pode ser descontínua, como um fluxo de consciência.
• Ênfase na atmosfera: mais importante que o enredo é o clima emocional da cena.
Exemplos e influências
• Clarice Lispector: sua obra Água Viva é um exemplo notável de “escritura de impressões”, onde o tempo, o eu e a linguagem se dissolvem em sensações.
• Machado de Assis (em sua fase madura), Raul Pompeia e Euclides da Cunha também apresentam traços impressionistas em suas descrições psicológicas e sensoriais.
• Marcel Proust: com Em Busca do Tempo Perdido, explora a memória involuntária e a percepção subjetiva do tempo.
• Virginia Woolf e James Joyce: com o uso do fluxo de consciência, aproximam-se dessa estética.
Impressão ≠ Impressão fotográfica
Ao contrário do realismo, que busca retratar o mundo com fidelidade objetiva, a literatura de impressões não quer capturar o fato, mas o efeito que ele causa. Como disse o crítico José Guilherme Merquior, trata-se de uma escrita que “valoriza o instante, o fragmento, o instável, o subjetivo”
O Arcadismo também conhecido como Neoclassicismo ou Setecentismo foi um movimento literário do século XVIII que surgiu na Europa e se desenvolveu no Brasil entre 1768 e 1808, marcado pela valorização da simplicidade, racionalismo e vida bucólica, em oposição ao exagero e à complexidade do Barroco.
Contexto histórico
• Influência do Iluminismo: valorização da razão, da ciência e da liberdade.
• Reação ao Barroco: rejeição ao excesso de ornamentos e à religiosidade intensa.
• No Brasil, coincidiu com o Ciclo do Ouro e a Inconfidência Mineira
• Marco inicial: publicação de Obras Poéticas (1768), de Cláudio Manuel da Costa.
Características principais
• Linguagem simples e clara, com frases na ordem direta.
• Temas bucólicos: idealização da vida no campo (locus amoenus).
• Fuga da cidade (fugere urbem): crítica à vida urbana e seus excessos.
• Aproveitar o presente (carpe diem): viver o agora com equilíbrio.
• Equilíbrio e moderação (aurea mediocritas): rejeição aos extremos.
• Uso de pseudônimos pastorais e referências à mitologia greco-romana.
Principais autores e obras no Brasil
Autor Obra destacada
Cláudio Manuel da Costa Obras Poéticas (1768)
Observações
Iniciador do Arcadismo no Brasil
Tomás Antônio Gonzaga Marília de Dirceu, Cartas Chilenas Amor idealizado e crítica política
Basílio da Gama O Uraguai
Santa Rita Durão Caramuru
Legado
Poema épico com crítica aos jesuítas
Poema épico indianista
O Arcadismo foi a última escola literária da era colonial brasileira, preparando o terreno para o Romantismo,quesurgiriaapósa IndependênciadoBrasil.Elerepresentaumafasedetransiçãoentreomundo antigo e o moderno, entre a razão e a emoção, entre o campo e a cidade.
Odorico Mendes (1799–1864). o árcade maranhense
• Nascido em São Luís do Maranhão, Odorico Mendes foi poeta, tradutor, político e professor.
• É considerado o principal representante do Arcadismo no Maranhão, embora sua obra também dialogue com o Neoclassicismo e o início do Romantismo.
• Sua produção poética segue os preceitos árcades: linguagem clara, equilíbrio formal, referências à mitologia clássica e idealização da natureza.
• Foi o primeiro brasileiro a traduzir integralmente Homero para o português, com destaque para suas versões da Ilíada eda Odisseia oquereforçasualigação com os ideais clássicosdo Arcadismo. Obras e legado
• Traduções de Homero: feitas em versos decassílabos, com fidelidade ao estilo clássico.
• Poesia original: embora menos conhecida, sua produção lírica segue o modelo árcade, com forte influência da cultura greco-latina.
• Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e teve papel relevante na vida intelectual do Império.
Odorico Mendes é o nome maranhense que abraçou o Arcadismo, sendo um elo entre a tradição clássica e a formação da literatura brasileira no século XIX.
O Romantismo Maranhense foi um dos capítulos mais expressivos da literatura brasileira do século XIX. Com epicentro em São Luís conhecida como “Atenas Brasileira” esse movimento reuniu intelectuais que buscavam afirmar uma identidade nacional e regional por meio da poesia, da prosa e do engajamento político-cultural.
Características do Romantismo no Maranhão
• Nacionalismo e indianismo: valorização do indígena como herói nacional e símbolo de pureza.
• Sentimentalismo e idealização amorosa: forte presença da subjetividade e da exaltação da mulher ideal.
• Linguagem lírica e musical: uso de versos rimados, métrica regular e imagens da natureza.
• Engajamentopolíticoesocial: muitos autores participaram davidapúblicaeusaram aliteraturacomo instrumento de afirmação cultural da província.
Principais nomes do Romantismo Maranhense
Autor Destaques literários
Gonçalves Dias
Canção do Exílio, I-Juca-Pirama, Os Timbiras
Odorico Mendes Traduções da Ilíada e Odisseia
João Lisboa Jornal de Timon
Sotero dos Reis Gramático e poeta
Maria Firmina dos Reis Úrsula (1859)
O “Grupo Maranhense” e a Atenas Brasileira
Contribuição
Maior expoente do indianismo romântico brasileiro
Ligação com o neoclassicismo e transição para o romantismo
Crítica política e ensaísmo histórico-literário
Defensor da língua portuguesa e da cultura maranhense
Primeira romancista negra do Brasil; crítica à escravidão
Durante o século XIX, São Luís se destacou como um dos maiores centros intelectuais do país. O chamado “Grupo Maranhense” reunia poetas, jornalistas, gramáticos e políticos que viam na literatura uma forma de afirmação cultural e resistência simbólica. Essa efervescência levou à consagração da cidade como a “Atenas Brasileira”, em alusão à sua produção literária e erudição.
Legado
• Influenciou diretamente o Romantismo nacional, especialmente na 1ª geração romântica.
• Contribuiu para a formação do cânone literário brasileiro
• Inspirou movimentos posteriores, como o Pré-Modernismo e a literatura afrodescendente.
Realismo e Naturalismo foram dois movimentos literários que surgiram na segunda metade do século XIX, como reação ao idealismo e sentimentalismo do Romantismo. Ambos buscaram representar a realidade de forma mais objetiva, mas com ênfases diferentes.
Realismo – A arte de observar criticamente
Características principais:
• Representação objetiva e crítica da sociedade
• Foco na psicologia dos personagens
• Linguagem clara, direta e descritiva
• Crítica à hipocrisia burguesa e às instituições sociais
• Narrador observador e analítico
Autores e obras marcantes:
• Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro
• Raul Pompeia – O Ateneu
• Eça de Queirós (Portugal) – O Primo Basílio, Os Maias
Naturalismo – A literatura como laboratório social
Características principais:
• Derivado do Realismo, mas com viés científico e determinista
• Influência do positivismo e do darwinismo social
• Personagens guiados por instintos, hereditariedade e meio
• Descrições cruas, com temas como miséria, violência, sexualidade
• Narrador impessoal, quase clínico
Autores e obras marcantes:
• Aluísio Azevedo – O Mulato, O Cortiço
• Adolfo Caminha – A Normalista
• Émile Zola (França) – Germinal, Thérèse Raquin
Comparativo rápido
Aspecto Realismo
Naturalismo
Ênfase Psicologia e crítica social Biologia, instinto e determinismo
Personagens Complexos, introspectivos
Narrador Crítico e reflexivo
Tipificados, instintivos
Impessoal e observador
Temas Adultério, hipocrisia, moralidade Miséria, vício, violência, patologia
Estilo Sóbrio e analítico
Descritivo e científico
o Realismo olha para dentro da mente humana; o Naturalismo, para o corpo e o meio. Ambos revelam as contradições da sociedade, mas com lentes diferentes.
O Maranhão é um celeiro literário riquíssimo, com autores que marcaram profundamente a literatura brasileira em diferentes épocas e estilos. Aqui vai uma seleção de autores maranhenses essenciais, organizados por período:
Autores Clássicos
Autor Destaques literários
Gonçalves Dias Canção do Exílio, Os Timbiras
Maria Firmina dos Reis Úrsula (1859), Gupeva
Aluísio Azevedo O Mulato, O Cortiço, Casa de Pensão
Movimento
Romantismo
Romantismo / Abolicionismo
Naturalismo
Graça Aranha Canaã, organizador da Semana de Arte Moderna (1922) Pré-Modernismo
Coelho Neto Sertão, A Conquista, Rapsódias
Odorico Mendes Traduções da Ilíada e Odisseia
Autores Modernos e Contemporâneos
Autor Destaques literários Gênero / Estilo
Realismo / Simbolismo
Arcadismo / Neoclassicismo
Nauro Machado Esôfago Terminal, Campo sem Base Poesia existencial
Ferreira Gullar Poema Sujo, Dentro da Noite Veloz Poesia / Ensaio
José Chagas Os Telhados, Canhões do Silêncio Poesia urbana
Josué Montello Os Tambores de São Luís, Cais da Sagração Romance histórico
João Mohana Maria da Tempestade, O Encontro Romance / Espiritualidade
José Louzeiro Infância dos Mortos, Lúcio Flávio Romance-reportagem
Autores da nova geração
• Duda Veloso, Déa Alhadeff, Samuel Barreto, Wilson Marques, Sharlene Serra e Herbert de JesusdosSantossãonomesquevêm renovandoacenaliteráriamaranhensecomobrasinfantojuvenis, poesia contemporânea e ficção urbana.
O Pré-Modernismo foi um período literário brasileiro de transição entre o século XIX e o Modernismo, compreendido entre 1902 e 1922. Embora não seja considerado uma escola literária formal, ele reúne autores
e obras que rompem com o academicismo, denunciam as desigualdades sociais e antecipam as inovações estéticas da Semana de Arte Moderna.
Contexto histórico
• Brasil República Velha: domínio das oligarquias (política do café com leite)
• Conflitos sociais: Guerra de Canudos, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata
• Industrialização e urbanização crescentes no Sudeste
• Desigualdade regional: miséria no sertão, abandono do Norte e Nordeste
• Influência das vanguardas europeias (expressionismo, futurismo, cubismo)
Características do Pré-Modernismo
• Crítica social e política: denúncia da exclusão, do racismo, da pobreza
• Regionalismo: retrato do sertão, do caipira, do imigrante, do negro
• Linguagem mais coloquial, próxima da fala popular
• Hibridismo estético: mistura de estilos (realismo, naturalismo, simbolismo)
• Ruptura com o idealismo romântico e o formalismo parnasiano
• Preocupação com a identidade nacional
Principais autores e obras
Autor Obra principal Destaques Euclides da Cunha Os Sertões (1902)
Guerra de Canudos, sertão nordestino, mistura de ciência e literatura
Lima Barreto Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) Crítica ao nacionalismo ufanista, racismo e burocracia
Monteiro Lobato Urupês (1918), Cidades Mortas Jeca Tatu, crítica ao atraso rural e à elite
Graça Aranha Canaã (1902) Imigração, identidade nacional, racismo Augusto dos Anjos Eu (1912) Poesia sombria, científica, existencialista
Pré-Modernismo no Maranhão
• Graça Aranha, maranhense, é um dos nomes centrais do período, com Canaã como obra inaugural.
• O Maranhão também vivia tensões entre tradição e modernidade, refletidas em sua produção cultural.
o Pré-Modernismo expôs o Brasil real, com suas contradições e feridas sociais, e preparou o terreno para a explosão criativa do Modernismo em 1922.
O Modernismo Maranhense é um capítulo singular da literatura brasileira, pois não seguiu o mesmo ritmo do movimento iniciado em 1922 com a Semana de Arte Moderna em São Paulo. No Maranhão, o modernismo ganhou força a partir da década de 1940, com características próprias, marcadas por resistência cultural, crítica social e busca por identidade regional.
Contexto histórico e cultural
• O Maranhão vivia um período de decadência econômica e isolamento cultural, o que retardou a assimilação das vanguardas modernistas.
• A cidade de São Luís, antes chamada de “Atenas Brasileira”, buscava retomar seu prestígio intelectual.
• Omodernismomaranhensefloresceuemmeioagrêmiosliterários,jornaisecentros culturais,como o Centro Cultural Gonçalves Dias.
Características do Modernismo no Maranhão
• Poesia engajada e crítica: denúncia das desigualdades sociais, do abandono urbano e da exclusão cultural.
• Valorização da linguagem coloquial, mas com forte densidade filosófica e existencial.
• Resgate da identidade maranhense: paisagens, personagens e dilemas locais ganham centralidade.
• Influência das vanguardas nacionais, mas com adaptação ao contexto regional.
Autores maranhenses modernistas de destaque
Autor Contribuições principais
Nascimento
Morais Filho
Bandeira Tribuzzi
José Chagas
Nauro Machado
Poeta, ensaísta e biógrafo de Maria Firmina dos Reis. Obras como Clamor da Hora Presente e Azulejos expressam crítica social e lirismo moderno.
Poeta e jornalista. Traz inovação formal e sensibilidade urbana. Fundador da Academia Maranhense de Letras.
Poeta da cidade e da solidão. Sua obra reflete o concreto urbano e o desencanto moderno.
Poeta existencialista, com linguagem densa e filosófica. Considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX.
Instituições e espaços de difusão
• Centro Cultural Gonçalves Dias: fundado por jovens intelectuais nos anos 1940, foi o principal espaço de debate e difusão do modernismo no estado.
• Jornais erevistas literárias: como A Ilha, O Estado do Maranhão e Jornal de Letras,quepublicavam crônicas, poemas e ensaios modernistas.
Jornal A Ilhacirculou em SãoLuís doMaranhãonos anos 1940.Essa publicaçãofoiumadas mais importantes da cena literária e cultural maranhense da época, funcionando como suplemento ou periódico independente voltado à crítica, à poesia e à crônica.
Jornal A Ilha (década de 1940)
• Era um jornal de cunho literário e cultural, com forte presença de poetas, cronistas e ensaístas locais.
• Serviu como plataforma de estreia para jovens escritores e espaço de circulação para nomes já consolidados.
• Publicava poemas, ensaios, críticas literárias, crônicas e textos de opinião, com foco na cultura maranhense e brasileira.
• Tinha um tom modernizante, dialogando com o modernismo nacional, mas com forte ancoragem na tradição local.
Colaboradores e influências
• Embora os registros sejam escassos, há indícios de que autores como Bandeira Tribuzzi, José Chagas e Reis Carvalho tenham colaborado ou sido influenciados por esse circuito.
• O jornal também dialogava com outras publicações da época, como O Estado do Maranhão e A Ilustração Maranhense. Importância histórica
• O Jornal A Ilha dos anos 1940 ajudou a preparar o terreno para a geração de escritores que floresceria nas décadas seguintes, como os ligados à Movelaria Globo e à Antroponáutica.
• É citado em pesquisas sobre a formação da identidade literária maranhense moderna, especialmente no contexto da “Atenas Brasileira” em transição.
Jornal de Letras (Jornal do Maranhão) - Fundado em 1935 como O Correspondente, passou a se chamar Jornal do Maranhão em 1957. É uma publicação mensal da Arquidiocese de São Luís, com foco em formação cristã, cultura e literatura. Tem tiragem de mais de 8 mil exemplares e circulação em todas as paróquias da arquidiocese, além de municípios do interior. Conta com colunistas como Sebastião Duarte, Carlos Nina e Lourival Serejo, membros da Academia Maranhense de Letras. Atua como registro da memória cultural e religiosa do Maranhão, com editorias dedicadas à literatura, opinião e formação crítica.
O Estado do Maranhão Fundado em 1959, foi um dos jornais mais influentes do estado até encerrar sua versão impressa em 2021, migrando para o portal Imirante.com Teve papel central na divulgação de autores maranhenses, com colunas assinadas por nomes como José Chagas, Jomar Moraes, Benedito Buzar e José Louzeiro. Criou o Caderno Alternativo, espaço dedicado à crítica literária, poesia, crônicas e ensaios. Foi também um espaço de resistência cultural durante o regime militar, com textos de viés crítico e poético.
O Caderno Alternativo foi um dos mais importantes suplementos culturais do jornal O Estado do Maranhão, com circulação regular por mais de três décadas, até o encerramento da versão impressa do jornal em 2021. Ele teve papel central na divulgação da produção artística e literária maranhense, sendo um espaço de resistência simbólica e de afirmação da identidade cultural do estado. Um suplemento de cultura que circulava de terça-feira a domingo, com cerca de oito páginas em formato standard; Dedicado a notícias, críticas, entrevistas e reportagens sobre literatura, música, teatro, cinema e artes visuais; Tinha uma equipe fixa de jornalistas e colaboradores.
Importância para a literatura maranhense - Publicou textos de autores como José Chagas, Jomar Moraes, Fernando Abreu, Laura Amélia Damous, Zeca Tocantins e Adenis Matias; Serviu como plataforma de estreia para jovens escritores e espaço de circulação para nomes consagrados; Foi palco de reportagens memoráveis, como a de Adenis Matias sobre a Ilha dos Lençóis, considerada um marco do jornalismo literário maranhense Encerramento e legado - O jornal O Estado do Maranhão encerrou sua edição impressa em 23 de outubro de 2021, após mais de 60 anos de circulação. O Caderno Alternativo deixou um vazio simbólico na imprensa cultural do estado, mas seu legado permanece vivo na memória de leitores, escritores e pesquisadores
O movimento literário maranhense das décadas de 1930 e 1940, um período de transição e afirmação cultural que antecede os movimentos mais conhecidos como a Movelaria Globo e a Antroponáutica. Esse momento é marcado por uma geração de escritores que buscavam modernizar a literatura local, dialogando com o modernismo brasileiro, mas mantendo vínculos com a tradição romântica e simbolista. Características do período (1930–1940)
• Forte influência do Modernismo de 1922, mas com recepção tardia no Maranhão
• Presença de temas regionais, como o sertão, o folclore e a religiosidade popular
• Linguagem mais econômica e crítica, rompendo com o excesso retórico do passado
• Diálogo com revistas literárias e jornais locais, como A Mocidade, O Combate e A Ilustração Maranhense
Autores em destaque
• José Chagas – embora mais ativo nos anos 1940 e 1950, começou a publicar nesse período
• Bandeira Tribuzzi – poeta e jornalista, considerado um elo entre o simbolismo e o modernismo
• Luís Viana Filho – autor de crônicas e ensaios com forte carga política
• Josué Montello – começou a se destacar no final dos anos 1930, com romances e ensaios históricos
• Reis Carvalho – poeta e crítico, defensor da valorização da literatura regional Instituições e espaços de circulação
• Academia Maranhense de Letras – embora fundada em 1908, teve papel importante na legitimação dos autores da época
• Grêmios literários escolares e clubes de leitura – espaços de formação e debate entre jovens escritores
• Imprensa local – jornais como O Imparcial e O Estado do Maranhão publicavam crônicas, poemas e ensaios
Legado Essa geração preparou o terreno para os movimentos mais radicais das décadas seguintes, como a Movelaria Globo (anos 1960–70) e a Antroponáutica (anos 1970). Eles foram responsáveis por inserir o Maranhão no circuito do modernismo brasileiro, ainda que com uma voz própria, marcada pela introspecção, religiosidade e crítica social sutil.
Legado do Modernismo Maranhense: consolidou uma literatura crítica, autoral e regionalizada, que dialoga com o Brasil moderno sem perder sua raiz local.
• Influenciou gerações posteriores e ajudou a resgatar vozes esquecidas, como a de Maria Firmina dos Reis.
Movimento da Movelaria Globo, um grupo artístico-literário surgido em São Luís do Maranhão no final dos anos 1960 e início dos 1970, que marcou uma fase pós-modernista da literatura maranhense anterior à Antroponáutica, mas já rompendo com o formalismo tradicional.
Movelaria Globo: o nome e o espírito
• O nome vem da antiga Movelaria Globo, uma loja de móveis localizada na Rua Grande, onde os integrantes do grupo se reuniam informalmente.
• Era um ponto de efervescência cultural, onde se discutia literatura, política, música e arte tudo com um viés de experimentação e crítica social.
• O grupo não chegou a publicar um manifesto formal, mas suas ações e produções indicavam uma clara ruptura com o academicismo e uma abertura ao cotidiano, à oralidade e à cultura popular urbana
Principais nomes associados
• Nauro Machado (embora mais solitário, dialogava com o grupo)
• José Chagas
• Bandeira Tribuzzi (ponte entre o modernismo e o novo)
• Luís Augusto Cassas (que depois integraria a Antroponáutica)
• Josué Montello (em outro registro, mas contemporâneo e influente)
Características literárias
• Mistura de gêneros e linguagens
• Influência do concretismo e da poesia marginal
• Forte presença da cidade de São Luís como personagem e cenário
• Crítica à ditadura e à repressão, ainda que de forma velada
• Interesse por temas como identidade, memória e resistência
Contexto histórico e cultural
• O Maranhão vivia um momento de tensão entre tradição e modernidade, com a urbanização acelerada e o impacto da ditadura militar.
• AMovelariaGlobofoiumaespéciede“laboratóriopoético”queantecipou oespíritodacontracultura e da poesia performática que viria com a Antroponáutica.
O Movimento Antroponáutica foi um marco da poesia maranhense nos anos 1970, surgido como uma resposta ousada e contracultural à tradição literária vigente. Criado em São Luís do Maranhão, por volta de 1971, o movimento propunha uma renovação estética e existencial da poesia, em meio ao contexto da ditadura militar e da estagnação cultural local.
O que foi a Antroponáutica?
• UmmovimentoliterárioeartísticoquebuscavarompercomoformalismoherdadodoParnasianismo e do Simbolismo ainda presentes na cena maranhense.
• Inspirado no poema Antroponáutica, de Bandeira Tribuzi, que dizia: “o infinito maior é o próprio homem” daí o nome do grupo.
• Reuniu jovens poetas que queriam “mudar o mundo pela poesia”, com atitude libertária, experimental e urbana.
Principais integrantes
• Viriato Gaspar
• Raimundo Fontenele
• Chagas Val
• Valdelino Cécio
• Luís Augusto Cassas
Esses cinco poetas formaram o núcleo original, mas o movimento também dialogou com músicos, artistas plásticos e jornalistas da época.
Características do movimento
• Ruptura com a tradição: rejeição à poesia acadêmica e à linguagem rebuscada.
• Poesia como atitude: escrita visceral, urbana, existencial e provocadora.
• Intervenção cultural: lançamentos performáticos, recitais em bares, uso de espaços públicos.
• Interdisciplinaridade: diálogo com música, teatro, artes visuais e contracultura.
• Resistência política: atuaram em meio à repressão da ditadura, com ironia e irreverência.
Obras e legado
• Antologia Poética do Movimento Antroponáutica (1972): marco editorial do grupo, com capa de César Teixeira.
• Participação na Antologia Hora do Guarnicê, organizada pela Fundação Cultural do Maranhão.
• Influenciaram gerações posteriores de poetas e artistas maranhenses, abrindo espaço para uma poesia mais livre, urbana e crítica2.
Importância histórica
• A Antroponáutica foi um movimento de vanguarda regional, que antecipou debates sobre identidade, linguagem e resistência.
• Atuou como ponte entre o modernismo tardio e a poesia contemporânea no Maranhão.
• É considerada por muitos estudiosos como o último grande movimento coletivo da poesia maranhense do século XX
Embora muitos dos poemas estejam em edições raras ou esgotadas, aqui vão alguns trechos representativos de autores ligados ao movimento:
Viriato Gaspar - “A cidade me mastiga os ossos e cospe minha alma no asfalto. Mas ainda danço com os pés em brasa e o peito em flor.”
Chagas Val -“Soufilho do concreto rachado,ondeapoesiabrota como ervadaninha.Nãomepeçam silêncio: minha palavra é sirene.”
Luís Augusto Cassas - “Antroponauta: aquele que navega o homem como quem atravessa um abismo com os olhos vendados e o coração aceso.”
Raimundo Fontenele - “Não quero versos limpos. Quero versos sujos de rua, de suor, de sangue, de gente que ainda respira.”
Esses trechos capturam o espírito da antroponáutica: uma poesia que rompe com o formalismo, mergulha no urbano e no existencial, e transforma o homem em nave e destino
Além do núcleo original do Movimento Antroponáutica formado por Viriato Gaspar, Raimundo Fontenele, Chagas Val, Valdelino Cécio e Luís Augusto Cassas outros nomes se aproximaram do grupo e participaram de suas ações culturais, especialmente em eventos interdisciplinares que misturavam poesia, música, artes visuais e performance.
Outros nomes ligados ao movimento - Artistas e colaboradores próximos:
• César Teixeira – compositor e artista gráfico; criou a capa da Antologia Poética do Movimento Antroponáutica e participou de lançamentos performáticos.
• Sérgio Habibe – músico e parceiro em eventos culturais do grupo.
• Jesus Santos, Ciro, Ambrósio Amorim, Lobato, Tácito Borralho – artistas e agitadores culturais que participaram de lançamentos e intervenções poéticas.
• José Ribamar Estrela Vasquez – figura simbólica do grupo, chamado de “técnico e torcedor de bar”, que legitimava os jovens poetas com sua presença etílica e crítica.
Influências e apoiadores da geração anterior:
• BandeiraTribuzi – autordopoema Antroponáutica,queinspirouonomedomovimento; considerado patrono espiritual do grupo.
• Nauro Machado, José Chagas, João Mohana, Nascimento de Moraes, Arlete Nogueira da Cruz, Jomar Moraes – escritores e intelectuais que reconheceram e apoiaram os jovens antroponautas em sua ruptura estética2.
Curiosidade - O movimento também teve interações com a contracultura e o universo hippie, e seus eventos eram marcados por irreverência, crítica social e experimentação artística. Em um dos lançamentos, cogitaram substituir cadeiras por vasos sanitários e servir leite em penicos o que gerou até vigilância da Polícia Federal durante a ditadura militar.
Entre o Modernismo Maranhense (que floresceu entre as décadas de 1930 e 1960) e o surgimento do Movimento Antroponáutica (início dos anos 1970), não houve um movimento literário formalmente estruturado no Maranhão com o mesmo impacto coletivo. No entanto, o período foi marcado por transformações importantes, renovação estética gradual e atuações individuais potentes que prepararam o terreno para a ruptura Antroponáutica.
Panorama literário maranhense entre 1945 e 1970
Geração modernista tardia
• Poetas como Nascimento Morais Filho, José Chagas, Bandeira Tribuzzi e Nauro Machado atuaram intensamente nesse período.
• Suas obras traziam reflexões existenciais, crítica urbana, densidade filosófica e busca por identidade regional
• Embora não formassem um movimento coeso, esses autores representaram uma fase de transição entre o modernismo e a poesia de ruptura.
Centro Cultural Gonçalves Dias
• Fundado em 1945, foi um espaço de formação, debate e publicação para jovens escritores.
• Funcionou como ponte entre o modernismo e a nova geração, influenciando diretamente os futuros antroponautas.
Pré-antroponáutica e contracultura
• No final dos anos 1960, surgem experiências poéticas mais livres, com influência da contracultura, do existencialismo e das vanguardas internacionais.
• Poetas como RaimundoFontenele e Viriato Gaspar já ensaiavam uma linguagem mais experimental antes da formalização do movimento.
Resumo do período (1945–1970)
Fase Características principais
Representantes
Modernismo tardio Existencialismo, crítica urbana, linguagem densa NauroMachado, JoséChagas Transição estética Busca por ruptura, influência de vanguardas e contracultura Tribuzzi, Fontenele
Pré-antroponáutica Poesia performática, urbana, provocadora Viriato Gaspar, Chagas Val
Em vez de um novo movimento formal, o que houve foi uma efervescência subterrânea, marcada por inquietações poéticas e estéticas que culminariam na explosão criativa da Antroponáutica
Após o impacto do Movimento Antroponáutica nos anos 1970, a literatura maranhense seguiu um caminho depluralização estética, afirmaçãodevozes periféricas erenovaçãotemática,sem a formaçãode um novo movimento coletivo tão coeso quanto aquele. Em vez disso, o que se viu foi o surgimento de trajetórias individuais potentes e novas gerações de escritores que ampliaram o escopo da produção literária no estado.
Pós-Antroponáutica: caminhos da literatura maranhense
1. Consolidação de autores da geração anterior
• Poetascomo NauroMachado,JoséChagas eJoãoMohana continuaram publicandoeinfluenciando novas gerações.
• Suas obras ganharam projeção nacional e foram traduzidas para outros idiomas.
2. Afirmação de vozes individuais
• Ferreira Gullar, embora radicado no Rio de Janeiro, manteve vínculos com o Maranhão e se tornou um dos maiores nomes da poesia brasileira.
• Josué Montello consolidou sua carreira com romances históricos e ensaísticos.
3. Literatura urbana e crítica social
• Escritores como José Louzeiro exploraram o romance-reportagem e temas ligados à violência urbana e à marginalidade.
• A literatura passou a dialogar com o cinema, o jornalismo e a cultura popular.
4. Diversidade e descentralização
• A partir dos anos 1990 e 2000, surgem autores fora do eixo São Luís, como em Caxias, Imperatriz e Bacabal.
• A produção se torna mais diversa em gênero, raça, classe e estética.
5. Literatura contemporânea e periférica
• Emergência de autores negros, mulheres, LGBTQIA+, com forte presença em saraus, coletivos e redes sociais.
• Destaque para poesia falada, slams, zines e literatura digital.
Autores e autoras contemporâneos(as) em destaque
• Déa Alhadeff – poesia feminista e urbana
• Duda Veloso – literatura infantojuvenil e contos
• Wilson Marques – romances históricos e juvenis
• Sharlene Serra – literatura negra e decolonial
• Herbert de Jesus dos Santos – poesia marginal e performance
• publicações inclusivas.
O termo decolonial refere-se a um conjunto de práticas, pensamentos e movimentos que buscam romper com as estruturas de poder, saber e cultura herdadas do colonialismo, especialmente aquelas que ainda persistem mesmo após a independência formal dos países colonizados. É uma crítica profunda ao eurocentrismo a ideia de que o conhecimento, a cultura e os valores europeus são universais. Propõe a valorização de saberes indígenas, afrodescendentes, quilombolas e populares, muitas vezes marginalizadospelasinstituiçõesacadêmicaseculturais. Questionaacolonialidadedopoder,conceitocriado por Aníbal Quijano, que mostra como o racismo, o patriarcado e a desigualdade econômica são legados coloniais ainda ativos. Autores maranhenses cuja obra dialoga com o pensamento decolonial ou seja, que questionam as heranças do colonialismo, do racismo estrutural, da epistemologia eurocêntrica e das desigualdades degênero, classee etnia.OMaranhão temvozes potentes nessecampo, tantodopassadoquanto da contemporaneidade. Vamos a elas:
1. Maria Firmina dos Reis (1825–1917) - Considerada a primeira romancista negra do Brasil, autora de Úrsula (1859) e do conto A escrava (1887). Sua obra antecipa o pensamento decolonial ao dar voz a sujeitos escravizados e mulheres negras, questionando a lógica patriarcal e racista da sociedade imperial Pesquisadores como Cristiane Tolomei e Rodrigo Jorge Ribeiro Neves analisam sua escrita sob a ótica da decolonialidade2
2. Mariana Luz (1871–1960) - Poeta maranhense redescoberta por estudos recentes, como a dissertação de Mirna Rocha Silva (UFMA, 2024). Sua poesia revela as “mortes simbólicas e físicas” de sujeitos
subalternizados, como mulheres, idosos e pessoas com deficiência. A obra é lida como literatura de resistência, que denuncia as colonialidades de gênero, raça e classe
3. Teatro maranhense de vanguarda (1970–1990) - Autores como Aldo Leite, Tácito Borralho e Luiz Pazzini introduziram inovações estéticas e políticas no teatro local. Segundo estudo de Raylson Conceição e Michelle Cabral, essas práticas podem ser lidas sob uma perspectiva decolonial, ao romperem com modelos eurocêntricos e valorizarem saberes locais e corpos dissidentes.
4. Poetas e coletivos contemporâneos - Slam Odara, com poetas como Mila, Micah e Sollamya, atua com foco em ancestralidade afrocentrada, feminismo negro e oralidade periférica; Celso Borges e Zeca Baleiro também transitam entre poesia, música e performance com forte crítica social e estética híbrida;
Essas vozes atualizam a tradição da “Atenas Brasileira” com linguagens insurgentes e decoloniais
Após o impacto do movimento Antroponáutica nos anos 1970, a literatura maranhense seguiu um caminho vibranteemultifacetado,comosurgimentodenovosgruposecoletivosque ampliaramasformasdeexpressão poética e crítica. Aqui estão alguns dos principais grupos e iniciativas que emergiram no contexto pósAntroponáutica:
1. Movelaria Globo (final dos anos 1970)
• Embora anterior à Antroponáutica em alguns aspectos, a Movelaria Globo continuou influente após o movimento, com autores como Nauro Machado e José Chagas ainda em plena produção.
• Eraumespaçoinformaldeencontrosedebatesliterários,quemantevevivaachamadaexperimentação poética.
2. Grupo Poyesis (anos 1990–2000) - grupo literário maranhense que surgiu no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, e que representa uma das expressões mais inventivas da poesia contemporânea de São Luís. Ele se insere no contexto pós-Antroponáutica, mas com uma proposta estética e política própria, marcada pela experimentação, oralidade e performance.
Poyesis: criação e provocação
• O nome vem da palavra grega poiesis (criação), mas com a grafia alterada para refletir uma atitude de ruptura e reinvenção.
• O grupo surgiu como uma resposta à institucionalização da poesia e à rigidez acadêmica.
• Atuava em espaços alternativos, como bares, praças, escolas públicas e eventos culturais de rua.
• Misturava poesia, música, teatro, vídeo e performance, criando uma arte viva e pulsante.
Estilo e influências
• Forte influência da poesia marginal, do rap, da contracultura e da poesia falada.
• Uso de linguagem coloquial, gírias, neologismos e experimentações gráficas.
• Temas como identidade, corpo, desejo, periferia, resistência e cotidiano urbano
• Diálogo com movimentos como o Sarau da Cooperifa (SP) e o Slam das Minas. Alguns nomes ligados ao espírito do Poyesis
• Celso Borges – poeta multimídia, com forte atuação performática
• Zeca Baleiro – músico e letrista que dialoga com a estética do grupo
• Wilson Marques – escritor e agitador cultural
• Alexandre do Nascimento – poeta e pesquisador da literatura maranhense contemporânea Legado e desdobramentos
• O Poyesis influenciou coletivos mais recentes como o Clube do Slam MA, Poetas Azuis e Sarau da Onça.
• Sua proposta de “poesia em trânsito” continua viva em eventos, feiras literárias e projetos de arteeducação.
• Contribuiu para consolidar uma poesia maranhense contemporânea plural, híbrida e engajada
3. GELMA – Grupo de Estudos em Literatura Maranhense é uma iniciativa vinculada à Universidade Federal do Maranhão (UFMA), dedicada à pesquisa, valorização e divulgação da literatura produzida no estado. Ele atua como um verdadeiro farol crítico e formativo, conectando tradição e contemporaneidade. Objetivos e atuação
• Investigar e promover a identidade literária e cultural maranhense
• Estimular a produção acadêmica sobre autores e movimentos locais
• Realizar eventos como o SiGELMA – Simpósio do GELMA, que reúne pesquisadores, escritores e estudantes
• Publicar anais, cadernos de resumos e e-books, como “A Literatura Maranhense”, com estudos sobre períodos e autores do estado
Ações e projetos
• Café Literário: encontros com autores como Félix Alberto Lima, Cleo Rolim e Mikéias Cardoso, disponíveis no canal do GELMA no YouTube
• Homenagens mensais a escritores maranhenses, como Mauro Cezar e Reis Carvalho
• Concurso Literário GELMA – Prêmio Humberto de Campos, incentivando novos contistas do Maranhão
Produção e acervo
• O grupo disponibiliza textos raros com atualização ortográfica e notas explicativas, como a obra de Antônio dos Reis Carvalho
• Publicações organizadas em ciclos históricos, com análises críticas de autores como Sousândrade, Maria Firmina dos Reis, Josué Montello e Nauro Machado Acesso e participação
• O GELMA mantém um site oficial com artigos, eventos e materiais de leitura
• Participa de redes acadêmicas e culturais, promovendo o diálogo entre universidade e comunidade O GELMA é, sem dúvida, um dos pilares da preservação e reinvenção da literatura maranhense no século XXI.
4. Coletivos de poesia falada e slam (anos 2010 em diante)
• Inspirados por movimentos nacionais como a Cooperifa, surgem grupos como:
o Clube do Slam MA
o Poetas Azuis
o Sarau da Onça
• Esses coletivos trazem uma poesia engajada, periférica e performática, com forte presença de jovens e mulheres.
A cena de coletivos de poesia falada no Maranhão está em plena efervescência, com grupos que misturam arte, ativismo e performance para transformar a palavra em resistência. Aqui estão alguns dos principais coletivos e iniciativas que têm se destacado:
1. Slam Odara
• Coletivo formado por Mila, Micah e Sollamya, com forte presença feminina e afrocentrada
• Realiza batalhas de poesia falada com foco em identidade, ancestralidade e empoderamento negro
• Comemorou seu 4º aniversário em 2025 no Teatro João do Vale, com atrações locais e nacionais
• “A gente adotou o slam e faz do nosso jeito”, disse Mila, uma das fundadoras
2. Clube do Slam MA
• Um dos pioneiros no Maranhão, promove batalhas poéticas em escolas, praças e eventos culturais
• Participa de seletivas para o Slam BR, conectando o estado à cena nacional
• Atua com foco em juventude, periferia, gênero e resistência social
3. Festival de Poesia Falada de Alcântara
• Iniciativa da professora Cássia Pires (UFMA), com apoio da ALCAF e da Prefeitura de Alcântara
• Envolve oficinas, apresentações e premiações para poetas locais3
• Busca valorizar a cultura da cidade e incentivar a produção poética entre jovens e adultos
4. Projeto “Voa, Poesia!”
• Realizado pelo Coletivo É Nóis, com oficinas de poesia, desenho e confecção de pipas
• Foco em ações comunitárias e educativas, promovendo sarau e exposição
• Embora sediado no Espírito Santo, já inspirou ações semelhantes em comunidades maranhenses
5. Poetas independentes e performáticos
• Poetas como Lúcia Santos, Celso Borges e Zeca Baleiro mantêm viva a tradição da poesia falada em espetáculos como “Versos sem Tarja” e “Palavra Acesa”
• Muitos desses artistas transitam entre literatura, música e teatro, ampliando o alcance da poesia
Esses coletivos mostram que a poesia falada no Maranhão não é apenas arte é ferramenta de escuta, denúncia e transformação
5. Iniciativas acadêmicas e extensionistas
• Projetos como Literatura Maranhense em Foco e Entretextos promovem leitura crítica e formação de novos leitores e escritores.
• Conectam universidade e comunidade, ampliando o alcance da literatura local.
"LiteraturaMaranhenseem Foco" éumainiciativaeditorial ecríticaquetem ganhadodestaquenos últimos anos por valorizar, analisar e divulgar a produção literária do Maranhão tanto de autores consagrados quanto de novas vozes. O projeto se manifesta em diferentes formatos: colunas, eventos, simpósios e publicações acadêmicas.
Coluna crítica e jornalística
• Publicada no site Região Tocantina e coordenada pelo jornalista Marcos Fábio Belo Matos, a série “Literatura Maranhense em Foco” traz análises de obras contemporâneas, como os contos de Lindevania Martins, autora premiada e defensora pública.
• A coluna destaca temas como violência de gênero, desigualdade social, crítica ao poder e à mídia, com foco em autoras e autores que abordam o cotidiano sem eufemismos. Simpósios e eventos acadêmicos
• Onometambém aparece em eventos como o Simpósio deLiteratura Maranhense,com conferências e mesas-redondas sobre a produção local, seus ciclos históricos e sua inserção no cânone nacional.
• Participam pesquisadores da UFMA, UEMA, UEMASUL e outras instituições, discutindo desde Sousândrade e Maria Firmina dos Reis até Salgado Maranhão e Lindevania Martins. Objetivos e impacto
• Reforçar a identidade literária maranhense e combater o apagamento de vozes regionais
• Estimular o ensino da literatura local nas escolas e universidades
• Criar pontes entre crítica acadêmica, produção contemporânea e leitores comuns
Esses grupos e movimentos mostram como a literatura maranhense se reinventou após a Antroponáutica, mantendo o espírito de ruptura e inovação, mas explorando novas linguagens, suportes e públicos
No Maranhão, o projeto Entretextos é uma importante iniciativa de extensão universitária vinculada ao Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Diferente de revistas ou portais literários com o mesmo nome em outros estados, aqui ele tem um foco educacional e formativo, voltado especialmente para estudantes da rede pública. O que é o Entretextos (UFMA)?
• Projeto de extensão criado para estimular a leitura e a produção textual entre alunos do ensino fundamental e médio.
• Atua em escolas públicas de São Luís, como a Escola Estadual Antônio Ribeiro da Silva, no bairro Sá Viana.
• Também ofereceturmas no Campus doBacanga,com focoem jovens que sepreparam parao ENEM e vestibulares2.
Objetivos e metodologia
• Desenvolver oficinas temáticas sobre gêneros textuais, coesão, coerência e argumentação.
• Trabalhar com poemas, imagens, pinturas e textos diversos, estimulando a interpretação crítica.
• Envolver acadêmicos do curso de Letras como bolsistas, que atuam como mediadores e também produzem pesquisas sobre ensino e autoria3.
Impacto e relevância
• O projeto tem contribuído para melhorar o desempenho de estudantes em redações do ENEM e ampliar o acesso à universidade.
• Também fortalece o vínculo entre a universidade e a comunidade, promovendo inclusão e cidadania por meio da linguagem.
• Produção acadêmica
• O Entretextos tem sido objeto de pesquisas de mestrado, como a dissertação de Rosana Vila Nova, que analisou a construção da autoria em textos de alunos do projeto.
• Os resultados mostram avanços significativos na capacidade argumentativa e na autonomia dos estudantes.
Após a Antroponáutica, a literatura maranhense não formou um novo movimento coletivo, mas se expandiu em múltiplas direções, com autores mais diversos, linguagens híbridas e maior diálogo com o Brasil contemporâneo. A tradição da “Atenas Brasileira” se reinventou agora com mais vozes, mais corpos e mais territórios.
O cenário literário maranhense contemporâneo é vibrante e plural, com autores que exploram desde a poesia existencial até a literatura infantojuvenil, passando por romance histórico, crítica social e fantasia. Aqui estão alguns destaques atuais e suas principais obras:
Autores maranhenses contemporâneos e suas obras
Autor(a) Obra(s) de destaque
Déa Alhadeff Os Segredos de uma Jovem Espiã
Duda Veloso Sacrifício
Samuel Barreto Versos Cinzentos
Gênero / Temática
Ficção infantojuvenil, espionagem, romance
Suspense juvenil com elementos sobrenaturais
Poesia reflexiva e existencial
Sharlene Serra Diário Mágico: Um Segredo pra Contar Literatura infantojuvenil, bilíngue, denúncia social
Wilson Marques Arte e Manhas do Jabuti
Herbert de Jesus dos Santos A Segunda Chance de Eurides
Eloy Melônio Dentro de Mim
Prênteci Veloso Um Brinde ao Perdão
Antônio Ailton Compulsão Agridoce
Laísa Couto Lagoena
Literatura infantojuvenil, cultura indígena
Romance político, ditadura militar
Poesia lírica e filosófica
Romance espiritual e emocional
Poesia irônica e coloquial
Literatura fantástica
Paulo Rodrigues O Abrigo de Orfeu, Escombros de Ninguém Poesia contemporânea, premiada nacionalmente
Tendências marcantes
• Diversidade temática: autores abordam desde questões sociais e políticas até fantasia e ficção científica.
• Protagonismo feminino e negro: crescente presença de autoras e autores que exploram identidades marginalizadas.
• Literatura infantojuvenil em alta: com foco em temas como ancestralidade, abuso, amizade e empoderamento.
• Poesia urbana e existencial: herança da geração de Nauro Machado e da Antroponáutica.
A literatura maranhense contemporânea tem se tornado cada vez mais diversa e potente, com autoras indígenas e LGBTQIA+ que vêm conquistando espaço e visibilidade por meio de suas obras, performances e ações culturais. Embora ainda haja pouca divulgação nacional, algumas vozes já se destacam:
Autoras indígenas maranhenses em ascensão
Sharlene Serra - Escritora e educadora, com forte atuação na literatura infantojuvenil. Obra de destaque: Diário Mágico: Um Segredo pra Contar bilíngue (português/inglês), aborda abuso infantil com sensibilidade e empoderamento. Atua em projetos de valorização da cultura indígena e da infância.
Autoras ligadas à tradição oral Em comunidades como as dos povos Guajajara e Canela, há mulheres que atuam como guardadoras de histórias, mesmo que não publicadas em livros. Projetos de etnoliteratura e educação indígena têm revelado narradoras e poetas que escrevem em suas línguas originárias.
Autoras LGBTQIA+ maranhenses em destaque
Déa Alhadeff - Escritora jovem, autora de Os Segredos de uma Jovem Espiã. Atua na literatura infantojuvenil com protagonismo feminino e representatividade queer. Participa de coletivos literários e eventos de diversidade.
Laísa Couto - Autora da série Lagoena, com elementos de fantasia e protagonismo feminino. Atua também como ilustradora e defensora da representatividade LGBTQIA+ na literatura jovem.
Herbert de Jesus dos Santos - Embora não seja autora, é um escritor maranhense que tem aberto espaço para narrativas LGBTQIA+ em romances como A Segunda Chance de Eurides. Sua atuação inspira e colabora com autoras emergentes da comunidade. A Segunda Chance de Eurides. é uma obra de ficção que mergulha de forma intensa e sensível na memória recente do Brasil, especialmente no período da ditadura civil-militar (1964–1985).
Temas centrais do romance - Ditadura militar e repressão política: o passado autoritário é evocado por meio de memórias de militância, censura e perseguição. Redenção e perdão: o personagem-título, Eurides, busca se reconciliar com seus erros e omissões do passado. Memória e identidade: há uma reconstrução do passado pessoal e coletivo através de cartas, depoimentos e fragmentos narrativos. Crítica social e desigualdade: a história também reflete sobre as heranças da ditadura nas estruturas sociais brasileiras. Afeto e sexualidade: o livro trata com sensibilidade temas de identidade, amor homoafetivo e rupturas familiares. Estilo narrativo Narrativa fragmentada e polifônica: diferentes vozes e tempos compõem a memória de Eurides. Mistura de ficção e documentos fictícios (como cartas e fichas do DOPS), criando um efeito de realismo documental. Diálogos densos e linguagem poética, que lembram autores como Milton Hatoum e Cristovão Tezza Sobre o autor Herbert de Jesus dos Santos é professor, poeta e romancista maranhense. Atua também como performer e ativista cultural. A Segunda Chance de Eurides marca sua estreia na prosa longa com uma abordagem corajosa e afetiva da história brasileira, sendo considerado um dos nomes mais promissores da literatura contemporânea do Maranhão. Espaços e coletivos que impulsionam essas vozes
• Sarau da Onça, Slam Maranhão e eventos do Centro Cultural Vale Maranhão têm sido palcos para autoras indígenas e LGBTQIA+.
• Projetos como o Leia Mulheres São Luís e editoras independentes têm promovido oficinas
O Sarau da Onça é um dos mais potentes movimentos de poesia marginal e resistência cultural do Brasil, nascido em Sussuarana, bairro periférico de Salvador (BA), em 2011. Criado por jovens negros da comunidade, o sarau se tornou um espaço de afirmação identitária, combate ao racismo e valorização da arte periférica. O nome vem da própria identidade do bairro: Sussuarana é uma espécie de onça-parda. A metáfora é poderosa no palco, os poetas “viram onças”, rugindo contra a opressão com versos afiados. O que acontece no Sarau?
• Encontros quinzenais no CENPAH – Centro de Pastoral Afro Padre Heitor
• Recitais de poesia autoral, com forte carga política e emocional
• Oficinas de escrita, teatro, dança e debates sobre temas como feminismo negro, genocídio da juventude negra, saúde mental e comunicação comunitária
• Lançamento de livros como “O Diferencial da Favela: Dos Contos às Poesias de Quebrada”2 Impacto e legado
• O Sarau da Onça inspirou a criação de outros saraus em bairros periféricos de Salvador
• Tornou-se referência nacional em poesia de quebrada, sendo tema de documentários e estudos acadêmicos4
• Atua como ferramenta de educação, empoderamento e transformação social, especialmente entre jovens negros e periféricos
Frasequedefineo espíritodosarau -“Apoesia éodivisor:antesdela,arepressão;depois dela,aliberdade.”
Evanilson Alves, poeta e cofundador
Até o momento, não há registros de um Sarau da Onça sediado no Maranhão, PORÉM, há movimentos semelhantes em espírito e proposta, como o Clube do Slam MA e o Sarau das Mercês, que também promovem poesia falada, arte periférica e resistência cultural. Esses coletivos mantêm viva a tradição da palavra como ferramenta de transformação, mas com identidade própria e enraizada na realidade maranhense.
O Clube do Slam MA é um coletivo de poesia falada sediado em São Luís do Maranhão, que integra a cena contemporânea de slam poetry no Brasil. Ele surgiu como desdobramento dos movimentos poéticos performáticos que ganharam força no país a partir dos anos 2000, especialmente nas periferias urbanas.
O que é o Slam MA?
• É uma batalha de poesia falada, onde poetas se enfrentam com textos autorais, geralmente com forte carga emocional, crítica social e estética performática.
• As apresentações são feitas sem apoio de figurino, música ou adereços apenas voz, corpo e palavra.
• O público ou jurados convidados avaliam as performances com notas, mas o foco está na expressão e na escuta coletiva. Contexto maranhense
• O Clube do Slam MA se insere na tradição de reinvenção da “Atenas Brasileira”, levando a poesia para espaços públicos, escolas, praças e eventos culturais
• Dialoga com temas como racismo, desigualdade, identidade, gênero, ancestralidade e resistência periférica.
• Éumdosherdeirosdiretosdoespíritodogrupo Poyesis,mascom umapegadamaisvoltadaàoralidade e à cultura de rua.
Conexões nacionais e internacionais
• Participa de seletivas para o Slam BR, campeonato nacional de poesia falada.
• Poetas do grupo já representaram o Maranhão em etapas nacionais e até internacionais, como o Grand Slam de Paris
• Conecta-se com outros coletivos como Slam da Onça, Slam das Minas e Cooperifa. Impacto e legado
• Atua também em projetos de formação de leitores e escritores, oficinas de escrita criativa e arteeducação.
• Ajuda a consolidar uma nova geração de poetas maranhenses, com forte presença de jovens, mulheres e pessoas negras e LGBTQIA+.
Slam poetry é uma forma vibrante e performática de poesia falada que mistura arte, ativismo e competição Surgida em Chicago nos anos 1980, pelas mãos do poeta e operário Marc Kelly Smith, a ideia era tirar a poesia dos círculos acadêmicos e levá-la para os bares, ruas e praças onde a palavra pudesse ser sentida, ouvida e vivida2.
Características principais:
• Poemas autorais, com até 3 minutos de duração
• Sem figurinos, adereços ou música só voz, corpo e palavra
• Avaliação feita por jurados do público, com notas de 0 a 10
• Temas fortes: racismo, desigualdade, identidade, amor, resistência
• Estilo direto, emocional, muitas vezes com ritmo e musicalidade
No Brasil, o slam chegou em 2008, com a atriz e poeta Roberta Estrela D’Alva, fundadora do ZAP! Slam. Desde então, o movimento explodiu:
• Surgiram coletivos como o Slam das Minas, Slam da Guilhermina, Slam Marginália, entre outros
• O país realiza o Slam BR, campeonato nacional que leva poetas à Copa do Mundo de Slam em Paris
• A poesia falada virou ferramenta de educação, empoderamento e transformação social2
Por que é tão poderoso? Porque o slam dá voz a quem foi silenciado. É poesia que pulsa nas veias da periferia, que denuncia, emociona e transforma. É palco para mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas, jovens todos com algo urgente a dizer.
O Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) é um dos espaços culturais mais dinâmicos e inovadores do Nordeste brasileiro, localizado no coração do Centro Histórico de São Luís, na Rua Direita, nº 149. Inaugurado em 2014, o CCVM é mantido pelo Instituto Cultural Vale e tem como missão ampliar o acesso à cultura, à arte e à formação crítica da população maranhense. O que o CCVM oferece?
• Exposições de arte contemporânea, cultura popular, arte indígena e afro-brasileira
• Oficinas, cursos e palestras voltados à formação artística e cultural
• Shows, performances e saraus com artistas locais e nacionais
• Mostras de cinema, lançamentos de livros e feiras culturais
• Programação inteiramente gratuita, de terça a sábado, das 10h às 19h Destaques recentes
• Com Amor, Alcione: exposição em homenagem aos 50 anos de carreira da cantora maranhense
• Maranhão: Terra Indígena: mostra que celebrou a diversidade dos povos originários do estado
• Dramaturgias Negras: projeto que selecionou e publicou textos de autoras negras da Amazônia Legal Espaços internos O CCVM conta com salas de exposição, auditório, pátio para apresentações, loja de artesanato maranhense (CURIÁ), café e salas multiuso com nomes de plantas nativas como Babaçu, Juçara e Carnaúba
O Sarau das Mercês – O Som e a Palavra é um dos eventos culturais mais vibrantes de São Luís do Maranhão, realizado no histórico Convento das Mercês. Promovido pela Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB), o sarau celebra a literatura, a música e a poesia maranhense contemporânea, com entrada gratuita e clima de celebração artística. O que acontece no Sarau?
• Performances poéticas com autores consagrados e novos talentos
• Apresentações musicais com artistas locais, como a saxofonista Sarah Byancci
• Mediação sensível da poeta Laura Amélia Damous, vice-presidente da Academia Maranhense de Letras
• Diálogos entre literatura, música e memória cultural Alguns nomes que já participaram
• Fernando Abreu – poeta e editor da revista “Uns & Outros”
• José Neres – escritor, pesquisador e membro da AML
• Zeca Tocantins – poeta, músico e vencedor do Prêmio Graça Aranha
• Lindevania Martins, Anna Liz, Débora dos Reis Cordeiro e Silvana Meneses – escritoras que marcaram edições recentes com poesia potente e representatividade feminina Onde e quando?
• Acontece no Jardim dos Poetas, dentro do Convento das Mercês
• Edições mensais ou sazonais, geralmente às quintas-feiras, às 19h
• Programação divulgada nas redes sociais da FMRB e no site oficial do evento
O Sarau das Mercês é mais que um evento é um encontro de gerações, vozes e afetos, onde a palavra pulsa no coração do Centro Histórico
Outros grupos e núcleos surgiram no Maranhão nas últimas décadas, ampliando o cenário da literatura contemporânea com diferentes abordagens acadêmicas, performáticas, comunitárias e interartísticas. Aqui estão alguns dos principais:
2. NELLI – Núcleo de Estudos Literários e Linguísticos (UEMASUL)
• Reúne os grupos GELITI (Estudos Literários e Imagéticos) e GELMA (Estudos Linguísticos do Maranhão)
• Atua desde 2018 com pesquisas sobre literatura, linguagem e cultura regional
3. PPGLETRAS/UEMA – Grupos de pesquisa em Literatura e Cultura
• Linhas de pesquisa como “Literatura, Subjetividades, Outras Artes e Mídias” e “Literatura, Memória e Cultura”
• Incentiva estudos interdisciplinares e a formação de novos pesquisadores Grupos acadêmicos emergentes
• CILEL – Colóquio Internacional de Literatura e Estudos da Linguagem (UEMA Bacabal): reúne pesquisadores e escritores de diversas regiões e culturas
Esses grupos mostram que a literatura maranhense contemporânea é plural, crítica e em constante reinvenção transitando entre a universidade, a rua, a performance e a memória. .A tradição de São Luís como “Atenas Brasileira” título que remonta ao século XIX, quando a cidade era reconhecida por sua efervescência literária e intelectual passou por diversas reinvenções ao longo do tempo, adaptando-se às transformações sociais, políticas e culturais do Maranhão e do Brasil.
Do mito à modernidade
• O título surgiu como uma forma de afirmar a superioridade cultural da elite maranhense, especialmente durante o Segundo Reinado, com nomes como Gonçalves Dias, Sousândrade e Maria Firmina dos Reis.
• No século XX, especialmente entre as décadas de 1940 e 1960, o mito foi reatualizado como forma deresistênciasimbólicaà chamada“ideologiadadecadência” apercepçãodequeoMaranhão havia perdido seu brilho cultural.
Reinvenções no século XX e XXI
• Geração de 45: escritores como Josué Montello e José Chagas mantiveram viva a tradição literária, mas com uma linguagem mais introspectiva e urbana.
• Movimentos como a Antroponáutica (1970s) e Poyesis (1990s–2000s) reinventaram a tradição com poesia performática, crítica social e experimentação estética.
• A tradição passou a dialogar com novas linguagens: música popular, teatro de rua, literatura marginal, slam poetry e mídias digitais.
Atenas nas ruas e nas redes
• A cultura saiu dos salões e academias e foi para praças, bares, escolas públicas e redes sociais.
• Coletivos como Clube do Slam MA e Poetas Azuis mantêm viva a tradição oral e poética, agora com novos sotaques e corpos.
• A cidade continua sendo um centro de produção simbólica, onde o passado literário convive com expressões afro-indígenas, reggae, bumba-meu-boi e tambor de crioula.
Educação e memória
• Instituições como a UFMA, a Academia Maranhense de Letras e o Museu Histórico e Artístico do Maranhão ajudam a preservar e reinterpretar esse legado.
• Projetos de extensão, feiras literárias e eventos como o São Luís Literária promovem o encontro entre tradição e contemporaneidade.
Em vez de um monumento estático, a “Atenas Brasileira” tornou-se um organismo vivo, que se reinventa a cada geração sem perder o brilho da palavra, mas agora com mais vozes, mais ritmos e mais ruas.