2 DE MAIO DE 1900, MANUEL FRAN PAXECO CHEGAVA A SÃO LUÍS DO MARANHÃO
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE
LUDOVICUS
MAGAZINE EDITADO POR
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
DEDICADO A CULTURA MARANHENSE
Revista eletrônica
EDITOR
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem livros e capítulos de livros publicados, e mais de 600 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antônio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor das “Revista do Léo”, “Maranha-y”, e agora, LUDOVICUS; Condutor da Tocha Olímpica –Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luís - Ma.
EDITORIAL ‘Ad fontes!’
"Ad fontes" é uma expressão latina que significa "às fontes".
O registro das atividades culturais, ligadas à literatura maranhense, só é possível se as informações – ou os dados, depois de interpretados, transformados em informação – chegarem ao Editor.
Quando isso não se dá, diretamente, busca-se nas redes sociais e, com a autorização dos autores, replicadas aqui, ficando-se os registros para o sempre.
Além das notas do próprioEditor,tirando dúvidas sobredeterminados assuntos –aprendo escrevendo -, temos muitos outros sócios-atletas. Meu primo Ozinil, Mhario, Ceres, Ailton, Dilercy, Roberto, Áureo... e os membros e sócios do IHGM ou da ALL, e os maranhenses da APB...
A literatura maranhense continua ativa!!! Não morreu.
Lançada a nova antologia da ALL, comemorativa aos dois anos da atual gestão. O organizador dela diz que é a primeira... pois é...
Dos acontecimentos deste ano, o cinquentenário de minha formatura. Os preparativos já começaram; a festa tem data marcada: 26 de outubro, em Curitiba. No ano em que ingressei na Escola de Educação Física e Desportos do Paraná – hoje, Universidade Federal do Paraná, posto que a Escola foi incorporada – foram 183 os aprovados. Já imaginaram uma turma com 183 alunos? Pois é. Dividida em dois turnos – matutino e vespertino, sendo queestacom apenas 40alunos.Fui estudaràtarde, pois...menosalunos.Ocurso funcionava no Ginásio do Tarumã, as aulas eram dadas na arquibancada, devido à quantidade de alunos. E eram tres turmas... 1º, 2º, e 3º anos... Até o momento, ‘apenas’ 60 alunos, dos formandos daquele ano de 1975, foram
contatados... Muitos, já morreram... Alguns, temos contatos regulares, pois todos os anos comemoramos a data de nossa formatura. Promessa que vimos cumprindo desde os 25 anos de formados. Eu, a época, trabalhava pela manhã, estudava Educação Física à tarde e Direito à noite. O curso de Direito, não conclui. Numa das reuniões da comissão de formatura, o Prof. Alberto Milléo Filho – professor de Educação Física –compareceu e convidou-nos para uma experiencia em Imperatriz, no Maranhão, para a realização de uma Colonia de Férias, promovida pelo Campus Avançado da Universidade Federal do Paraná/Projeto Rondon. Como eleestavadeférias em Curitiba, precisavadeprofessorformados para acompanhar aturmade educação física que ministraria a colônia de férias. Alguns colegas aceitaram a incumbência – eu, claro, no meio – e viemos como professores responsáveis; outros, eram acadêmicos. Junto, pessoal de Medicina e Farmácia e Bioquímica, para os exames médicos e de saúde. Formamos a turma 49 do Projeto Rondon. Era o ano de 1976, janeiro...
Milleo, junto com um esportista local, Roberto Gelobom, haviam criado a Olimpiadas Colegiais de Imperatriz – OCOI – naquele ano, com a realização de algumas provas: Atletismo, Ciclismo, Voleibol, Futebol, Futebol de Salão.
Durante a permanência em Imperatriz, foi feito o convite para um contrato com o Rondon, de um ano, para um projeto de implantação da Educação Física e Esportes na rede escolar municipal. Acabei aceitando, junto com a colega de turma Marilene Mazzaro. Viemos, assim, para Imperatriz, e para nosso sustento, aceitamos dar aulas numa escola, o Colégio Santa Teresinha, um contrato com a Prefeitura Municipal, para tanto, criado o Departamento de Educação Física, Recreação e Jogos.
Neste ano, 2025, a Prefeitura Municipal de Imperatriz comemora, através de sua Secretaria de Desportos, os 50 anos de implantação dos Jogos. Fui convidado... e serei homenageado... Depois, conto os detalhes... ano que vem, janeiro, comemoro 50 anos de Maranhão...
Em Barreirinhas, comemora-se os 25 anos de implantação da Educação Física nas escolas da rede publica municipal, assim como dos primeiros jogos escolares. Também iniciativa minha, com a colaboração do Maranhão, Beleleu, Silvanas...
Estes dois anos, 2025/26 serão de intensas lembranças... toda uma vida dedicada aos esportes, lazeres e educação física no/do Maranhão. Creio que dei uma pequena contribuição...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
Expediente
Editorial
Sumário
2 DE MAIO DE 1900, MANUEL FRAN PAXECO CHEGAVA A SÃO LUÍS DO MARANHÃO,
IMPERATRIZ – 50 ANOS DE OCOI
ASSIM FALOU MEU PRIMO OZINIL
RAIMUNDO VIANA - O LATIM E A MESÓCLISE
MURAL DA ALL – 04 MAIO 2025
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – “AD FONTES”: A CONQUISTA DO MARANHÃO
INSCRIÇÕES DO CONCURSO HISTÓRICO LITERÁRIO DO IHGM
ANTOLOGIA E PROSA DA ALL
DIA DA LITERATURA BRASILEIRA ANTONIO DE OLIVEIRA GUIMARÃES
GALERIA DA ACADEMIA DE MIRANDA DO NORTE - PATRONOS
SHARLENE SERRA POESIA
Posse de 3 novos membros no IHGV
50 SABORES E LUGARES LUDOVICENSES (DO LIVRO MINHAS LEMBRANÇAS DE SÃO LUÍS).
HAMILTON RAPOSO MIRANDA FILHO
DANIEL PEREIRA FONTES MARTINS POESIA
EDMILSON SANCHES
O PAPEL DA IMPRENSA NA SOCIEDADE
194 ANOS DA BIBLIOTECA PÚBLICA BENEDITO LEITE!
DIÁLOGOS BAIXADEIROS
ARQUEOLOGIA, MEMÓRIA E HISTÓRIA
A PEDAGOGIA DA CULPA: QUANDO O SISTEMA ACUSA SEUS PROFESSORES
VALTER MATTOS DA COSTA
O INFINITIVO SECULAR
JOSÉ CLAUDIO PAVÃO SANTANA
LUIZ TADEU
MÃE SÓ TEM UMA
JOSÉ EWERTON NETO entrevistado por PAULO RODRIGUES
MÃE LEOA.
AYMORÉ ALVIM,
A ESTRANHA MANIA DAS ABELHAS [RUTE FERREIRA]
ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA - ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
ANTONIO AÍLTOIN ENT5REVISTRA PAULO RODRIGUES
CERES COSTA FERNANDES - - DO OUTRO LADO DO MUNDO
ASCENSO FERREIRA - POEMA
ENTREVISTA À REVISTA LITERÁRIA VIRTUAL SACADA LITERÁRIA, ENTREVISTADOR POETA PAULO RODRIGUES
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - DEVOLVAM A NOSSA QUADRA!!!!
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – QUANTO CUSTO UM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA?
DIOGO GUALHARDO - O DOUTOR IVES GANDRA E O “CRIME DE HERMENÊUTICA”
JOSÉ NERES - DIREITO E LITERATURA
PAULO RODRIGUES É PREMIADO PELA UBE-RJ, NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
LUÍS AUGUSTO CASSAS - JOÃO MOHANA, O PSICÓLOGO DE DEUS (O SIGNIFICADO PLENO DE UMA VIDA)
CERES COSTA FERNANDES - O MÊS MAIS BONITO
JOSÉ CLAUDIO PAVÃO SANTANA - CENSURAR É PRECISO?
ALBERICO CARNEIRO – especial 80 anos – entrevistado por ANTONIO AÍLTON
PAULO MELO E SOUSA - DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE
MHARIO LINCOLN - A HISTÓRIA DOS LIVROS SEM ALMA
JOAQUIM NAGIB HAICKEL - UM SÁBADO DE ATAS, SAPOTIS, MANGAS, PITOMBAS E UMA BOA E INQUIETANTE CONVERSA DE ILUSTRE DESCONHECIDA À ROBÔ QUE LEVA O SEU NOME.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR APOSENTADO: “O OVO OU A GALINHA?”
MHARIO LINCOLN - CHAGAS e ‘la reconnaissance académique'
ANTONIO AÍLTON - IMENSA POESIA MÍNIMA – de Silvana Menezes &
Anna
Liz JOSÉ NERES - MARIA LUÍZA LOBO – AINDA UMA INCÓGNITA
‘O SUPER HOMEM’
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
De minhas leituras juvenis, destaco os livros de Nietzche, que havia na biblioteca de meu pai. ‘Assim falava Zaratustra” chamou-me a atenção. Comentado. O interessante que o livro começava com uma frase: “E Zaratustra caminhou em direção à montanha”.
O filosofo que comentava o livro levou 95 páginas para explicar o significado da frase... Até hoje estou perdido.
Nietzsche publicou esse livro em 1883. O livro mistura filosofia, poesia e narrativa para explorar temas profundos sobre a existência, a moral e o propósito humano.
Zaratustra, um sábio que abandona sua solidão para ensinar a humanidade. Ele fala sobre o “super-homem”, um ideal de autossuperação.
Nietzsche usa Zaratustra para questionar valores cristãos e propor uma nova visão de moral. A narrativa, cheia de metáforas, mistura discursos poéticos com reflexões filosóficas. O livro não segue uma história linear, mas oferece passagens marcantes. Zaratustra encontra figuras como o eremita, o bufão e os discípulos, cada um representando ideias humanas. Essas interações revelam a luta entre velhos valores e novas possibilidades.
Assim falava Zaratustra desafia você a repensar a vida.
Outro ponto forte é a ideia do eterno retorno. Nietzsche pergunta: e se você vivesse sua vida repetidamente? Essa reflexão incentiva escolhas autênticas.
Além disso, Zaratustra exalta a solidão como um caminho para a sabedoria.
Assim falou Zaratustra é um convite à introspecção. Algumas passagens de “Assim falou Zaratustra” ficam na memória. Aqui estão destaques:
• A morte de Deus: Zaratustra anuncia que Deus morreu, simbolizando o fim das verdades absolutas.
• O super-homem: Um chamado para transcender limitações humanas e criar novos valores.
• O eterno retorno: Uma ideia que desafia você a amar cada momento da vida.
• A solidão do sábio: Zaratustra valoriza o isolamento como fonte de autoconhecimento.
• A crítica aos fracos: Nietzsche condena a conformidade e exalta a coragem.
As ideias de Nietzsche em Assim falou Zaratustra giram em torno da liberdade individual. Ele critica a moral tradicional, que vê como limitante.
Zaratustra proclama a morte de Deus, sugerindo que os valores antigos não servem mais. Em vez disso, ele propõe criar significados próprios. O conceito do “super-homem” inspira a superar fraquezas e abraçar a criatividade.
• O conceito do "super-homem" – Nietzsche propõe que os seres humanos devem superar suas limitações e criar seus próprios valores, em vez de seguir dogmas tradicionais.
• A "morte de Deus" – Ele sugere que as antigas verdades absolutas perderam sua relevância, e que a humanidade deve encontrar novos significados para a vida.
• O eterno retorno – Uma ideia provocadora que questiona: e se tivéssemos que viver nossa vida repetidamente? Isso incentiva escolhas autênticas e uma vida plena.
• A solidão como caminho para a sabedoria – Zaratustra valoriza o isolamento como uma forma de autoconhecimento e crescimento pessoal.
Friedrich Nietzsche escreveu diversas obras filosóficas que influenciaram profundamente o pensamento moderno. Aqui estão algumas das mais conhecidas:
• O Nascimento da Tragédia (1872) – Explora a relação entre arte, cultura e filosofia, destacando a importância do espírito dionisíaco.
• Humano, Demasiado Humano (1878) – Um conjunto de reflexões sobre moralidade, sociedade e psicologia.
• A Gaia Ciência (1882) – Introduz a famosa ideia da "morte de Deus" e discute a necessidade de novos valores.
• Além do Bem e do Mal (1886) – Questiona a moral tradicional e propõe uma nova abordagem filosófica.
• A Genealogia da Moral (1887) – Analisa a origem dos valores morais e critica a moralidade cristã.
• O Crepúsculo dos Ídolos (1888) – Uma crítica afiada aos ídolos da cultura ocidental.
• O Anticristo (1888) – Um ataque direto ao cristianismo e seus valores.
• Ecce Homo (1888) – Uma autobiografia filosófica onde Nietzsche reflete sobre sua própria obra e legado.
Em A Gaia Ciência" ele introduz a famosa ideia da "morte de Deus". Essa expressão não significa literalmente que Deus morreu, mas sim que os valores tradicionais e absolutos que sustentavam a moral e a cultura ocidental perderam sua força. No aforismo 125, Nietzsche apresenta um "homem louco" que corre pelo mercado anunciando que Deus está morto e que nós o matamos. Esse trecho simboliza a crise de sentido que ocorre quando as antigas crenças deixam de guiar a humanidade.
A obra também discute a necessidade de novos valores, pois sem um fundamento absoluto, os indivíduos devem criar seus próprios significados para a vida. Isso se conecta ao conceito do super-homem, que representa alguém capaz de superar a moral tradicional e viver de forma autêntica
Nietzsche acreditava que, após a "morte de Deus" (o colapso dos valores tradicionais), os indivíduos deveriam criar novos significados para suas vidas, levando à ideia do super-homem e da transvaloração dos valores. Aabordou o niilismo como um desafio a ser superado. O niilismo é uma corrente filosófica que questiona a existênciadevalores absolutos, significados epropósitos navida.Elepode serentendido de diferentes formas:
• Niilismo existencial – Argumenta que a vida não tem um sentido objetivo ou propósito intrínseco. Essa visão pode levar à desesperança, mas também pode ser interpretada como uma oportunidade para criar significado próprio.
• Niilismo moral – Rejeita a ideia de princípios éticos universais, sugerindo que conceitos como certo e errado são subjetivos.
• Niilismo epistemológico – Questiona a possibilidade de conhecimento verdadeiro, afirmando que todas as verdades são relativas ou ilusórias.
Em "O Anticristo" - uma das obras mais polêmicas de Friedrich Nietzsche, escrita em 1888 ele faz uma crítica feroz ao cristianismo, argumentando que essa religião promove valores que enfraquecem o ser humano. Nietzsche distingue entre o Cristianismo institucional e a mensagem original de Jesus, que gira em torno do amor, compaixão e redenção. Ele ensinou sobre a importância da fé, da humildade e do serviço ao próximo. Alguns dos principais ensinamentos incluem:
• Amor ao próximo – "Ame o seu próximo como a si mesmo" (Mateus 22:39).
• Perdão – "Perdoem uns aos outros, assim como Deus os perdoou" (Efésios 4:32).
• Humildade – "Quem quiser ser o maior entre vocês, seja servo de todos" (Marcos 10:44).
• Esperança e fé – "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14:6).
Por sua vez, O Cristianismo institucional refere-se à estrutura organizada da religião cristã ao longo da história, incluindo suas instituições, hierarquias e práticas formais. Ele se desenvolveu a partir da Igreja primitiva e passou por diversas transformações, especialmente após a conversão do Império Romano ao cristianismo. Alguns aspectos importantes do Cristianismo institucional incluem:
• Centralização e autoridade – Com o tempo, a Igreja passou a ter uma estrutura hierárquica, com papas, bispos e sacerdotes exercendo autoridade sobre os fiéis.
• Concílios e dogmas – Reuniões como o Concílio de Nicéia (325 d.C.) ajudaram a definir doutrinas fundamentais e consolidar a influência da Igreja.
• Influência política – Durante séculos, a Igreja teve um papel central na política europeia, influenciando reis e governos.
• Divisões e reformas – O Cristianismo institucional se fragmentou em diferentes tradições, como o Catolicismo, a Ortodoxia e o Protestantismo, cada uma com suas próprias estruturas e doutrinas.
Nietzsche afirma que o cristianismo, como foi desenvolvido historicamente, distorceu os ensinamentos de Cristo, transformando-os em uma doutrina de submissão e ressentimento. A obra também explora a ideia de que o cristianismo valoriza a fraqueza e a negação da vida, enquanto Nietzsche defende uma filosofia baseada na vontade de potência, na afirmação da existência e na superação dos próprios limites
A vontade de potência é um dos conceitos centrais da filosofia de Friedrich Nietzsche. Ele descreve um impulso fundamental da vida que leva os indivíduos a expandir suas forças, afirmar sua existência e superar constantemente a si mesmos2.
Nietzsche argumenta que a vida não é movida apenas pelo desejo de sobrevivência, como propunha Schopenhauer, mas sim por uma força ativa que busca crescimento, criação e superação. Esse princípio está presente em tudo, desde as reações químicas mais simples até a complexidade da psique humana1.
A vontade de potência não deve ser confundida com uma simples ambição por poder político ou domínio sobre os outros. Em vez disso, ela representa a capacidade de efetivar-se no mundo, criar valores próprios e transcender limitações
O conceito de super-homem (ou Übermensch, no original alemão) foi desenvolvido por Friedrich Nietzsche em Assim Falou Zaratustra. Ele representa um indivíduo que transcende os valores tradicionais, criando sua própria moral e vivendo de forma autêntica2.
Nietzsche via o super-homem como alguém que supera a mentalidade de rebanho, rejeitando dogmas impostos pela sociedade e pela religião. Em vez de seguir normas externas, ele afirma sua vontade de potência, buscando crescimento e realização pessoal.
O super-homem também se opõe ao "último homem", que seria um ser conformista, acomodado e sem ambição de evolução. Para Nietzsche, a humanidade deveria aspirar a esse novo estágio de existência, onde cada indivíduo se torna criador de seus próprios valores
Ele foi criado com base nos cinco principais pontos históricos e culturais que discutimos
História da OCOI – Olimpíada Colegial de Imperatriz
Fundação: A OCOI foi criada em 1975, na cidade de Imperatriz, Maranhão, com o objetivo de promover o esporte entre os estudantes do ensino médio da região.
Idealizadores: Entre os principais nomes envolvidos na criação está Alberto Milleo Filho, que atuou como coordenador da primeira edição, ao lado de Roberto Gelobon.
Edições Realizadas: 1975 – Primeira edição, coordenada por Alberto Milleo Filho.
• 1976 e 1977 – Novas edições com coordenação de Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro.
Transição: Após 1977, a OCOI foi sucedida pelos Jogos Escolares de Imperatriz (JEI), que continuaram a tradição esportiva nas escolas da cidade.
Legado: A OCOI é lembrada como um marco na história esportiva de Imperatriz, tendo incentivado a prática esportiva, revelado talentos e fortalecido a integração entre escolas e comunidade.
CINQUENTA ANOS DE OCOI/JEI
Consultando a IA, sobre os 50 anos de introdução da Educação Física, Esportes e Lazer em Imperatriz-MA. Deixou de lado muitas informações, que se seguem após esses relatos. Interessante, que ao se dar informações ao Copilot, este se retrata imediatamente e as corrige. Daí que:
Alberto Milleo Filho foi um dos criadores da Olimpíada Colegial de Imperatriz (OCOI), um importante evento esportivo estudantil realizado pela primeira vez em 1975, na cidade de Imperatriz, Maranhão. Ele também foi o coordenador da primeira edição da OCOI, ao lado de Roberto Gelobon
A OCOI teve três edições com esse nome (1975, 1976 e 1977). A partir da segunda edição, a coordenação passou para Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro . Posteriormente, o evento foi renomeado para Jogos Escolares de Imperatriz (JEI)
Esse projeto teve um papel marcante na promoção do esporte entre os jovens da região e é lembrado até hoje como um marco na história esportiva e educacional de Imperatriz.
Impacto da OCOI no Esporte em Imperatriz
1. Incentivo ao Esporte Escolar - A OCOI criou um ambiente competitivo e saudável para que estudantes praticassem esportes, despertando talentos e promovendo hábitos saudáveis desde cedo.
2. Base para Eventos Futuros O sucesso da OCOI foi essencial para a criação dos Jogos Escolares de Imperatriz (JEI), que deram continuidade à tradição esportiva nas escolas da cidade.
3. Integração da Comunidade O evento uniu escolas, famílias e autoridades locais, fortalecendo os laços comunitários e valorizando o esporte como ferramenta educacional e social.
4. Formação de Lideranças A atuação de organizadores como Alberto Milleo Filho foi fundamental para o sucesso da primeira edição, servindo de exemplo para futuras lideranças no esporte escolar.
5. Legado Cultural e Esportivo A OCOI ajudou a consolidar uma cultura esportiva em Imperatriz, influenciando gerações de jovens e contribuindo para a identidade esportiva da cidade.
Aqui está a linha do tempo visual destacando os principais marcos da transição da OCOI (Olimpíadas Colegiais de Imperatriz) para os JEI (Jogos Escolares de Imperatriz):
Destaques:
• 1976: Realização da 1ª OCOI.
• 1977: 2ª edição da OCOI.
• 1978: 3ª e última edição com o nome OCOI.
• 1979: Início da nova fase como JEI
Eventos Históricos Relevantes para a Linha do Tempo JEI
• Década de 1960 – Início do esporte escolar em Imperatriz
Alunos do Ginásio Bernardo Sayão formam o time GBS, marcando o início da prática esportiva escolar organizada na cidade
• 1976 – Criação da OCOI (Olimpíadas Colegiais de Imperatriz)
Primeira edição realizada com apoio do Projeto Rondon e coordenação do professor Leopoldo Gil
• 1978 – 3ª e última edição da OCOI
Marca o fim da era OCOI e o início da transição para os JEIs.
• 1979 – Nascimento oficial dos JEIs (Jogos Escolares de Imperatriz)
Nova identidade e estrutura, com maior participação de escolas e atletas.
• Início dos anos 2000 – Interrupção temporária dos JEIs
Os jogos foram suspensos por dois anos por motivos administrativos.
• Gestão José de Ribamar Fiquene (2005–2008) – Retorno e fortalecimento dos JEIs
Com a professora Mary de Pinho à frente da Secretaria de Desporto e Lazer, os jogos voltam com força total.
• 2018 – Participação recorde
78 instituições de ensino e mais de 4.500 alunos/atletas participaram dos JEIs
• 2025 – Edição atual com mais de 8 mil atletas
JEIs se consolidam como o maior evento esportivo escolar da região. linha do tempo atualizada com os principais marcos históricos dos Jogos Escolares de Imperatriz (JEI), desde o surgimento do esporte escolar na cidade até a edição de 2025:
Década de 1960 – O nascimento do esporte escolar em Imperatriz
• O marco inicial foi a formação do time GBS, sigla de Ginásio Bernardo Sayão, por alunos da própria escola.
• O time foi criado para disputar campeonatos locais organizados por desportistas da cidade, como Frei Epifânio da Badia.
• Na época, o GBS competia com clubes tradicionais como:
• Renner, liderado por Renato Moreira;
• Comercial, com Amadeu Caveira;
• Imperatriz, formado por estivadores;
• União, ligado à União Artística, Operária e Agrícola de Imperatriz.
• Além do futebol, os alunos também praticavam voleibol, futebol de salão (futsal) e outras modalidades em campinhos espalhados pela cidade.
• Esse movimento espontâneo e comunitário foi o embrião que, anos depois, culminaria na criação da OCOI em 1976
O nascimento dos esportes em Imperatriz está profundamente ligado ao crescimento urbano da cidade e à mobilização comunitária a partir da década de 1960. Aqui estão os principais destaques históricos:
Origens do Esporte em Imperatriz
• Década de 1960 – Formação dos primeiros clubes e times amadores
• O esporte em Imperatriz começou de forma espontânea, com a criação de clubes de bairro e times escolares.
• Um dos primeiros registros é o time GBS (Ginásio Bernardo Sayão), formado por estudantes e considerado o embrião do esporte escolar na cidade.
• 1962 – Fundação da Sociedade Atlética Imperatriz
• Criada em 4 de janeiro de 1962, a agremiação nasceu a partir do time amador do Sindicato dos Arrumadores de Imperatriz.
• Posteriormente, foi rebatizada como Sociedade Imperatriz de Desportos, conhecida como o Cavalo de Aço, o clube mais tradicional da cidade
• Década de 1970 – Consolidação de espaços esportivos
• O Estádio Frei Epifânio foi reinaugurado em 1973 com a presença de Garrincha, ídolo da Seleção Brasileira, marcando um momento simbólico para o esporte local.
• A cidade passou a contar com quadras, campos e ginásios que incentivaram a prática de esportes como futebol, voleibol e futsal.
• 1976 – Criação da OCOI (Olimpíadas Colegiais de Imperatriz)
• Primeira competição escolar organizada, com apoio do Projeto Rondon e professores locais.
• Representou o início da estruturação do esporte escolar como política pública.
Antes dos anos 1960, é provável que existissem práticas esportivas informais, como jogos entre amigos ou atividades recreativas, mas não há registros oficiais ou estruturados de clubes, campeonatos ou organizações esportivas.
Antes da década de 1960, embora não houvesse prática esportiva organizada em Imperatriz, havia sim atividades esportivas informais, praticadas de forma espontânea por moradores, estudantes e trabalhadores. Aqui estão os principais esportes que provavelmente eram praticados:
Futebol Era o esporte mais comum, jogado em terrenos baldios, ruas de terra e campos improvisados Praticado por jovens e adultos, muitas vezes com bolas feitas de pano ou borracha. Clubes amadores começaram a surgir ainda de forma desorganizada, como o time dos estivadores, que mais tarde daria origem ao Cavalo de Aço
Capoeira Embora mais documentada em São Luís, há registros de que a capoeira era praticada no Maranhão desde o século XIX, trazida por escravizados de origem angolana Pode ter sido praticada em Imperatriz de forma marginalizada, como em outras cidades do estado.
Corridas e brincadeiras atléticas Corridas de rua, saltos e jogos de perseguição (como “pega-pega” e “esconde-esconde”) eram comuns entre crianças e adolescentes. Essas atividades, embora recreativas, têm raízes em práticas físicas que mais tarde seriam institucionalizadas como atletismo.
Voleibol e futebol de salão (futsal) Começaram a surgir no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, especialmente em escolas e clubes sociais. Praticados em quadras improvisadas ou pátios escolares. Essas práticas foram fundamentais para a formação da cultura esportiva local, que se consolidaria com a criação da OCOI em 1976 e, posteriormente, dos JEIs.
Após a década de 1960, Imperatriz passou por uma expansão significativa na prática esportiva, tanto em número de modalidades quanto em estrutura organizacional. Aqui estão os principais esportes que surgiram ou se consolidaram na cidade nesse período:
Basquete Começou a ser praticado em escolas e clubes sociais no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Ganhou força com os Jogos Escolares de Imperatriz (JEI) e os JEMs (Jogos Escolares Maranhenses)
Handebol Introduzido nas escolas por professores de Educação Física nos anos 1970 e 1980. Tornou-se uma das modalidades mais praticadas nos JEIs.
Voleibol Já existia de forma informal, mas se estruturou como modalidade competitiva nas décadas seguintes. Muito popular entre estudantes, especialmente em escolas públicas e particulares.
Atletismo Ganhou espaço com a criação de pistas improvisadas e eventos escolares.Modalidades como corrida de velocidade, salto em distância e arremesso de peso passaram a ser incluídas nos JEIs.
Tênis de mesa e xadrez Introduzidos como esportes escolares a partir dos anos 1980. Valorizados por seu apelo intelectual e acessibilidade.
Artes marciais (judô, karatê, capoeira) A capoeira, já presente de forma marginalizada, foi incorporada aos jogos escolares a partir dos anos 1980. Judô e karatê ganharam espaço com academias locais e apoio de projetos sociais.
Ciclismo e esportes radicais Começaram a surgir nos anos 1990 e 2000, com jovens praticando BMX, skate e mountain bike em praças e ruas da cidade.
Atualmente, os esportes mais populares em Imperatriz refletem tanto a tradição local quanto o destaque de atletas da cidade em competições nacionais e internacionais. Aqui estão os principais:
Futebol Continua sendo o esporte mais popular, com grande apoio da torcida ao Cavalo de Aço (Sociedade Imperatriz de Desportos). O time disputa o Campeonato Maranhense e atrai grande público ao Estádio Frei Epifânio
Skate Ganhou enorme visibilidade com o sucesso da Rayssa Leal, a “Fadinha do Skate”, natural de Imperatriz. Acidadetem promovido eventos epistas públicas paraincentivarapráticadoesporteentrejovens
Judô Atletas de Imperatriz têm conquistado títulos em campeonatos nacionais e internacionais, como o Campeonato de Judô em Manaus
Tênis de Mesa Cresceu muito nos últimos anos, com destaque para atletas locais em competições como o Mundial Sub-15 no Equador
Kart Um piloto imperatrizense foi finalista em uma competição nacional e disputará vaga para o Mundial na Suécia, mostrando o crescimento dos esportes motorizados
Paradesporto Imperatriz também se destaca nas Paralimpíadas Escolares, com atletas conquistando medalhas e quebrando recordes em modalidades como atletismo e natação
Imperatriz sedia diversos eventos esportivos importantes ao longo do ano, que envolvem desde o esporte escolar até o futebol profissional. Aqui estão os principais:
1. JEIs e PARAJEIs 2025 (Jogos Escolares de Imperatriz) - Data: 16 a 27 de maio de 2025. Participação: Mais de 8 mil alunos de cerca de 100 escolas públicas e privadas.Modalidades: 27 esportes, incluindo atletismo, futsal, handebol, judô, xadrez, entre outros. Objetivo: Fomentar o esporte escolar e promover inclusão por meio dos PARAJEIs (versão paralímpica dos jogos)
2. Campeonato Maranhense de Futebol 2025 Clube local: Sociedade Imperatriz de Desportos (Cavalo de Aço). Formato: 14 rodadas na primeira fase, seguidas por semifinais e finais em jogos de ida e volta. Importância: Classifica para a Copa do Brasil, Série D do Brasileirão e Copa do Nordeste
3. Fórum Municipal do Esporte Evento anual que reúne professores, gestores e atletas para discutir políticas públicas, regulamentos e inovações no esporte local. Serve como preparação para os JEIs e outras ações esportivas da cidade principais atletas de Imperatriz que se destacam atualmente em 2025, tanto no cenário local quanto nacional:
Rayssa Leal – Skate Conhecida como a “Fadinha do Skate”, Rayssa é a atleta mais famosa de Imperatriz. Medalhista olímpica e campeã mundial, ela continua sendo uma referência no esporte e inspiração para jovens da cidade.
Augusto Neto – Beach Tennis Um dos maiores nomes do beach tennis maranhense, Augusto é natural de Imperatriz. Em 2024, foi campeão de dois torneios BT10 na cidade e vice-campeão em competições nacionais como o BT10 de Campinas-SP. Em 2025, disputa torneios BT200 e BT400, buscando subir no ranking nacional
André Penalva – Futebol Ídolo do Cavalo de Aço (Sociedade Imperatriz de Desportos), André Penalva é zagueiro e multicampeão com o clube. Retornou ao time em 2025 para disputar o Campeonato Maranhense, sendo um dos líderes da equipe
Atletas da Copa do Trabalhador O time Nacional, bicampeão da Copa do Trabalhador de Imperatriz, reúne atletas amadores que se destacam no futebol local. Apesar de não serem profissionais, esses jogadores conciliam trabalho e esporte com alto desempenho
Aqui estão alguns atletas nascidos ou que moraram em Imperatriz e se destacaram no passado, representando a cidade em níveis nacional e internacional:
Rayssa Leal – Skate Nascida em Imperatriz, é a atleta mais conhecida da cidade. Medalhista olímpica (prata em Tóquio 2020) e campeã mundial. Tornou-se símbolo do skate brasileiro e inspiração para jovens atletas.
Marlon Zanotelli – Hipismo Nascido em Imperatriz, é um dos maiores nomes do hipismo brasileiro. Representou o Brasil em Jogos Pan-Americanos e Olimpíadas Em 2023, ocupava a 7ª posição no ranking mundial da Federação Equestre Internacional
Ítalo Mazzili – Judô Natural de Imperatriz, começou no judô aos 3 anos. Conquistou quatro campeonatos brasileiros e foi vice-campeão pan-americano em Quito (2019). É um dos maiores nomes do judô maranhense.
Weberth Silva – Boxe Chinês (Sanda) Campeão mundial da modalidade em Buenos Aires.Primeiro brasileiro a conquistar esse título, levando o nome de Imperatriz ao topo do esporte
Welington Silva Morais ("Welington Maranhão") Modalidade: Arremesso de peso. Naturalidade: Imperatriz-MA. Destaque: Classificado para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, sendo um dos dois brasileiros na modalidade (ao lado de Darlan Romani). Histórico: Medalhista em edições do Grande
Prêmio Brasil de Atletismo, com 14 anos de dedicação ao esporte. Frase marcante: “De Imperatriz para o mundo”
O handebol foi introduzido em Imperatriz no ano de 1976 pelos professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro. Essa informação foi confirmada pelo próprio professor Leopoldo em um relato publicado no portal do Centro Esportivo Virtual (CEV)
Eles foram os responsáveis por implantar a modalidade na cidade, promovendo as primeiras atividades e competições escolares. A introdução do handebol em Imperatriz fez parte de um movimento mais amplo de expansão do esporteno Maranhão, que começou nos anos 1960 em São Luís, massó chegou aointerioralguns anos depois.
Essas competições foram inicialmente realizadas em ambiente escolar, como parte das atividades dos Jogos Escolares de Imperatriz (JEIs), que estavam sendo estruturados na época.
Destaques das primeiras competições:
• 1976: Primeiras partidas experimentais de handebol em escolas de Imperatriz.
• Final da década de 1970: A modalidade passou a integrar oficialmente os JEIs, com equipes representando escolas públicas e particulares.
• As partidas eram realizadas em quadras improvisadas, muitas vezes em pátios escolares com marcações feitas com fita adesiva ou cal.
Essas competições foram fundamentais para a popularização do handebol na cidade e para a formação de atletas que mais tarde representariam Imperatriz em competições estaduais e nacionais.
Nas primeiras competições de handebol em Imperatriz, realizadas a partir de 1976, algumas escolas se destacaram porsuaorganizaçãoedesempenho,segundorelatos históricos do professor LeopoldoGilDulcio Vaz, um dos introdutores da modalidade na cidade
Escolas que se destacaram nas primeiras competições:
• Ginásio Bernardo Sayão (GBS) Já era referência no esporte escolar desde os anos 1960. Teve papel importante na introdução do handebol, com professores engajados e alunos participativos.
• Colégio Dorgival Pinheiro de Sousa Uma das primeiras instituições a formar equipes femininas e masculinas de handebol. Participou ativamente das primeiras edições dos JEIs com destaque.
• Escola Santa Teresinha Conhecida por incentivar o esporte entre as alunas, teve destaque nas primeiras competições femininas.
• Colégio Dom Bosco Também participou das primeiras disputas e ajudou a consolidar o handebol como modalidade escolar.
Essas escolas foram pioneiras e ajudaram a estabelecer o handebol como um dos esportes mais praticados nos Jogos Escolares de Imperatriz.
Colégio Santa Teresinha Foi a primeira escola de Imperatriz a praticar handebol, logo após a introdução da modalidade em 1976. Os professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro, que introduziram o esporte na cidade, eram docentes dessa escola. A equipe feminina do colégio foi pioneira nas primeiras partidas e competições escolares.
Introdução do Basquetebol em Imperatriz – Contexto Histórico
• O basquete já era praticado no 50º Batalhão de Infantaria de Selva (50 BIS), por volta da década de 1970, por oficiais do Exército. Um dos principais incentivadores foi o Major Abud, que organizava jogos recreativos entre militares e convidados. Outro nome de destaque foi o Coronel Carlos Alberto Barateiro da Costa, conhecido como Cel. Bebeto, que: Era jogador de basquetebol. Atuou como interventor municipal em Imperatriz Participava ativamente de jogos no quartel e também no SESI, onde havia uma quadra esportiva.
Esses espaços militares e comunitários foram fundamentais para a difusão inicial do basquete na cidade, antes mesmo de sua consolidação nas escolas e nos Jogos Escolares.
Consolidação do Basquetebol nas Escolas de Imperatriz Embora o basquete já fosse praticado informalmente no 50º BIS e no SESI, sua introdução formal no ambiente escolar se consolidou com a chegada da Equipe 49 do Projeto Rondon, em 1976 Dois integrantes da equipe, os professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro, retornaram a Imperatriz após a missão e passaram a atuar como docentes. A partir de então, o Colégio Santa Teresinha tornou-se o primeiro colégio da cidade a incluir o basquetebol em sua grade esportiva, com turmas regulares e participação em competições escolares. Essa iniciativa foi fundamental para a expansão do basquete para outras escolas e para sua inclusão nos Jogos Escolares de Imperatriz (JEIs)
As primeiras competições escolares de basquetebol em Imperatriz ocorreram a partir da segunda metade da década de 1970, especialmente após a consolidação da modalidade nas escolas com o apoio do Projeto Rondon e o trabalho dos professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro no Colégio Santa Teresinha. Embora os registros específicos sobre as primeiras edições ainda sejam escassos, sabe-se que: O basquete foi incluído nas primeiras edições dos Jogos Escolares de Imperatriz (JEIs), que começaram a ser organizados entre 1976 e 1979. As primeiras disputas ocorreram entre escolas como: Colégio Santa Teresinha (pioneiro na prática escolar da modalidade), Escola Fortaleza, e outras instituições que aderiram ao esporte nos anos seguintes.
Essas competições foram realizadas em quadras como a do SESI, do 50º BIS, e posteriormente em ginásios escolares.
Os professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Marilene Mazzaro e Alberto Milleo Filho tiveram papel fundamental na introdução e implementação de esportes escolares e comunitários em Imperatriz-MA, especialmente entre as décadas de 1970 e 1990. Aqui está um resumo do que cada um contribuiu: Leopoldo Gil Dulcio Vaz Foi um dos pioneiros da Educação Física escolar no Maranhão, com forte atuação em Imperatriz. Atuou na organização dos primeiros Jogos Escolares da cidade, promovendo modalidades como: Atletismo Futebol de salão Voleibol Basquetebol Também incentivou atividades lúdicas e excursões educativas, integrando esporte e meio ambiente
Marilene Mazzaro Trabalhou em Imperatriz entre 1976 e 1978, período considerado formativo para a Educação Física local. Foi uma das responsáveis por estruturar o currículo de Educação Física nas escolas públicas. Participou da formação de professores e treinadores, além de apoiar a criação de eventos esportivos escolares
Alberto Milleo Filho Embora menos citado diretamente nas fontes disponíveis, é reconhecido como um dos colaboradores do movimento de institucionalização do esporte escolar em Imperatriz. Provavelmente atuou em parceria com os demais na implantação de práticas esportivas regulares nas escolas e na organização de competições intercolegiais.
Esses professores foram fundamentais para transformar a Educação Física em Imperatriz em uma prática sistematizada, com foco tanto no rendimento esportivo quanto na formação cidadã dos alunos.
As ações dos professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Marilene Mazzaro e Alberto Milleo Filho em Imperatriz-MA tiveram impactos significativos e duradouros no desenvolvimento do esporte e da educação física na cidade. Aqui estão os principais efeitos a longo prazo:
Institucionalização da Educação Física Escolar Esses professores foram pioneiros na implantação sistemática da Educação Física nas escolas públicas de Imperatriz, o que:
• Estabeleceu a disciplina como parte essencial do currículo escolar.
• Formou gerações de alunos com acesso regular à prática esportiva.
• Criou uma cultura de valorização do esporte como ferramenta educativa e social. Criação e Fortalecimento dos Jogos Escolares
Eles participaram da criação dos Jogos Escolares de Imperatriz (JEIs), que:
• Tornaram-se um dos principais eventos esportivos da cidade.
• Revelaram talentos locais em diversas modalidades.
• Estimularam a prática esportiva entre crianças e adolescentes. Formação de Professores e Multiplicadores
A atuação desses educadores também influenciou:
• A formação de novos professores de Educação Física, muitos dos quais foram seus alunos ou colegas.
• A disseminação de metodologias pedagógicas voltadas para o esporte educacional.
• A criação de uma rede de profissionais comprometidos com o desenvolvimento esportivo local. Infraestrutura e Projetos Comunitários Com o tempo, suas iniciativas contribuíram para:
• A melhoria da infraestrutura esportiva escolar e comunitária.
• A implementação de projetos sociais e esportivos voltados para a inclusão e cidadania.
• O uso de espaços públicos para práticas esportivas regulares, como corridas, caminhadas e torneios. Legado Cultural e Educacional O impacto mais duradouro talvez seja o legado cultural:
• O esporte passou a ser visto como um instrumento de transformação social.
• Muitos ex-alunos desses professores tornaram-se atletas, professores ou gestores esportivos.
• A cidade consolidou uma identidade esportiva, com destaque em modalidades como atletismo, futsal e vôlei.
A contribuição de Alberto Milleo Filho para o desenvolvimento do esporte, da educação física e do lazer em Imperatriz-MA está ligada principalmente à sua atuação como educador, formador de professores e organizador de práticas esportivas escolares e comunitárias. Embora não haja uma biografia amplamente publicada sobre ele, registros históricos e acadêmicos indicam que ele teve um papel importante nos seguintes aspectos:
1. Implantação da Educação Física Escolar
• Participou da estruturação da disciplina de Educação Física nas escolas públicas de Imperatriz, especialmente durante os anos 1970 e 1980.
• Contribuiu para a formação de professores e para a valorização da prática corporal como parte do currículo escolar.
2. Promoção do Esporte Educacional
• Atuou na organização de competições escolares, como os primeiros Jogos Escolares de Imperatriz (JEIs)
• Incentivou a prática de esportes como atletismo, futsal, vôlei e basquete entre crianças e adolescentes.
3. Integração entre Esporte, Lazer e Cidadania
• Defendia uma visão de esporte não apenas como competição, mas como ferramenta de inclusão social e formação cidadã.
• Participou de projetos que integravam lazer, cultura e educação física, promovendo atividades em espaços públicos e escolares.
4. Legado como Educador
• Muitos professores de Educação Física que atuam hoje em Imperatriz foram formados ou influenciados por ele.
• Seu trabalho ajudou aconsolidaruma culturaesportivalocal,quehoje serefleteem eventos, projetos sociais e no surgimento de atletas de destaque.
Do livro do Moisés Charles – PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM IMPERATRIZMA: SEUS PERSONAGENS E SUA TRAJETÓRIA DE 1973 A 2010, Editora Ética, 2012 – www.eticaeditora.com.br para quem desejar adquir.
Conversando com o Charles e o Isnande, durante a belíssima festa de lançamento, comentamos que antes do Projeto Rondon e da Equipe 49 já havia educação física em Imperatriz. Nosso mérito, do Milléo, meu e da MarileneMazzaro, quandoretornamos a cidade, foi aoocupar os cargosdedireção do DEFER, inclui-lacomo matéria obrigatória nas escolas da rede municipal de ensino.
Algumas escolas já tinham alguma atividade, como o Complexo Mourão Rangel (estado), com dois professores – Cabo Edilson (dava aulas fardado e com o revolver na cintura, e só futebol de salão; e a Mary de Pinho, que ainda dava alguma coisa além das aulas de Voleibol para as meninas e aos menjinos que se desejassem); a Zezita e um outro professor, não recordo o nome, no SESI, com as aulas de Recreação e Lazer, aos industriários, e aos alunos da escola de 1a. a 4a, série, além de atividades esportivas para os filhos dos associados; a Escola Santa Teresinha, sempre teve alguma atividade, mais recreativa, ministrada pelas próprias irmãs.
Com a realização da OCOI (1975) houve um despertar de algumas escolas, com a contratação de algumas pessoas – ex-atletas – para ensinar e participar do evento. A partir de 1976, segue a história e a trajetória evidenciada no livro.
Charles, em novo projeto, vai escrever sobre a História do Handebol em Imperatriz; e vai resgatar essa protohistória da educação física e esportes escolar na cidade.
Lembrei a ele de um depoimento do Prof. Eurípedes – Euripão – quando foi prefeito de Imperatriz, que reproduzo aqui:
L – Professor, COM as suas constantes missões, que o senhor tinha que fazer no Interior… sabemos do episódio do GENERAL BASTINHO …
E – Em todas elas eu colocava Educação Física. Em Cajarí mataram o Prefeito, mataram o Delegado e mataram o Presidente da Câmara, mataram o Presidente do Correio, o homem da oposição, mataram o chefe do destacamento…. Fazia tudo isso, e eu fui o delegado, mas nunca deixei de pegar de manhã de 7 às 8. uma turma de 30 a 40 meninos de educação física; quando encontro gente por aí esse filho do Jurivê Macedo (Sérgio Macedo) foi meu aluno no Bairro de Fátima [Bairro de Imperatriz]. Eu, já eleito Prefeito, dando aula de educação física lá no Bairro de Fátima dando aula para 50, 60, alunos, para ver exercício em prática e atuais e atuais evoluções, jogos e diversões e exercícios individuais e coletivos.
L – E Imperatriz? você foi prefeito de Imperatriz?
E – Fui, por um caso acidental mais destoante do mundo.
L – Foi como interventor ou como prefeito eleito?
E – Como Prefeito eleito, fui delegado de polícia nomeado pelo governo de Newton Belo e prefeito de Imperatriz aconteceu o impossível. O Delegado de Polícia que quando prende é violento e se não prende é relaxado. Foi nessas condições que eu consegui ser eleito Prefeito de Imperatriz, delegado de terra, delegado de polícia, um ruim acordo é melhor que uma boa questão e vamos atenuar a violência do micróbio e evitando os males; dessas condições fui eleito prefeito, perdi por 13 votos e passei a assistente militar encarregado do convenio fiscal Maranhão e Pará, Maranhão e Goiás, Maranhão e Piauí, Maranhão e Pará e dessa movimentação de jovens e diversões; e de fiscalização das fronteiras do Estado. Eu era senhor absoluto dessas fronteiras Maranhão e Pará, Maranhão e Goiás, e Maranhão e Piauí e até o Oceano Atlântico, Tutóia….
L – Por quanto tempo o senhor foi prefeito de Imperatriz?
E – Não deu 6 meses. Aconteceu o seguinte: no mês de março chegou uma verba de 4,5 milhões e meio, vamos receber esse dinheiro, vamos fazer a cadeia, fazer o meio-fio da Av. Presidente Vargas, vamos também fazer o muro do cemitério, mais algumas benfeitorias e em março não veio o dinheiro e me abril não veio o dinheiroeem maio não veio odinheiro…chegou 42 milhõesissofoisó seismeses echegouquatroprefeituras em Imperatriz ficou 42, quando eles vieram [os vereadores] em cima de mim, tipo urubu atrás da carniça, aí
eu disse -esse dinheiro não é nosso, não pode ser eu podia aumentar dois ou três mas se eu aumentar 36 não pode de jeito nenhum, mas é daqui, é da prefeitura de Imperatriz a sua disposição para recebê-lo, mas eu não quero, um queria 4, outro queria 2, outros queria 6 no total queriam 24 milhões para eles . Eu fiquei tão enojado com aquilo, vocês sabem de uma coisa, peguei a máquina cansado de escrever…( ? )…, – “senhores vereadores, minha presença aqui representou um cachorro fiel encarregado de uma carniça gorda, os urubus famintos não permitiram que eu zelasse até o fim, só assim seu instintos podres e imundos que eu saberei cumprir meu dever. Mulher embarcada com a caixa arrumada através da cerrada, adeus!” …Vim embora, se alguém mandou me buscar no avião Pepê velho não retorna mais. Tinha alguém lá no aeroporto, qual é Zé as suas últimas palavras para…?… de Imperatriz para prefeito Eurico Novaes. E vim embora, mas aí ganhei a eleição, recorreram aqui para o Tribunal, eu ganhei, recorreram para o Supremo, no dia do julgamento lá, o outro morre, aí eu assumi, passaram os direitos para mim como segundo mais votado, aí fui, reassumi o que deu essa argolada toda lá.
L – E lá o senhor chegou a colocar alguma coisa sobre educação física como prefeito? ou não deu tempo?
E – Não deu tempo; só fazendo turmas de exercícios.
L – Dava aulas no colégio ou alguma coisa, não?
E – Muito pouco, muito pouco, só orientando os professores no colégio Sebastião Archer, que tem lá, nesse eu ainda peguei os professores, convidei a Maria de Lourdes que era a minha colega e Zé Brandão encarregados de fazer exercícios lá, nessa parte até com os preso, bota esses preso para pegar sol aí, toma banho de sol, banho de água e descansar para melhor o espírito para ver se eles sossegam e diminuem ou atenuar as evidências das falhas cometidas…. (QUERIDO PROFESSOR DIMAS – (ANTONIO MARIA ZACHARIAS BEZERRA DE ARAÚJO) E A EDUCAÇÃO FÍSICA MARANHENSE – UMA BIOGRAFIA (AUTORIZADA) ENTREVISTAS CORONEL PMMA EURÍPEDES BERNARDINO BEZERRA Entrevistador: Leopoldo Gil Dulcio Vaz Entrevista realizada no dia 21/02/2001, na residência do Coronel Eurípides Bezerra, à Travessa Parque Atenas, n° 25.
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
1949 – julho – fundado Imperatriz Esporte Clube e o Tocantins Futebol Clube, dois dos primeiros clubes de futebol da cidade
1954 – 05 de maio, fundação do Renner de Futebol e Esportes, um dos primeiros clubes de futebol de Imperatriz;
1960 – fundado como Clube Juvenil Católico, o hoje Clube dos Meninos, pelo italiano Ambrósio Albé; dentre outras atividades, havia a prática esportiva
1962 –em 04 de janeiro, éfundado o Imperatriz AtléticoClube,pelo capitão daPMM JosédeRibamarBraga; começou a disputar o campeonato maranhense em 1980, com o nome de Sociedade Atlética Imperatriz – SAI -, quando ficou em sexto lugar; não participando dos campeonatos de 1991, 1992 e 1996; vice-campeão em 1993; outras colocações: cinco vezes me 3º. lugar, duas vezes em 4º. lugar, e tres vezes em 5º. lugar; é chamado de Cavalo de Aço e de o Mais Querido;
- agosto, em uma das inúmeras crises da administração João Meneses, o gerente da cerâmica do prefeito é assassinado pela Polícia; motivo: o vereador Epitácio Carvalho Brito, que estava bebendo em companhia de amigos, e recebe ordem de prisão de um cabo da PM, que ordena ao destacamento que o amarrem; como luta karatê, evita a situação, desarmando os soldados; o cabo e um de seus subordinados foram mortos; Acácio foi assassinado depois, na cadeia.
1963 – fundação do Clube Recreativo Tocantins, em 1º. De outubro;
1965 – 28 de junho, o prefeito Pedro Ribeiro Gonçalves inicia a construção do Estádio Municipal Frei Epifanio d´Abadia, inaugurado em 30 de janeiro de 1966
1966 –30 dejaneiro – inauguração do EstádioMunicipal Frei Epifanio d´Abadia,pelo prefeitoPedro Ribeiro Gonçalves, cujo mandato encerraria no dia seguinte
1968 – 07 de abril, realizado o primeiro salto de pára-quedas em Imperatriz, por Edson e patrocínio da Casas Novo Mundo;
1970/73 – na primeira administração Renato Moreira, embora ainda departamento de educação com status de Secretaria Municipal Educação e Cultura, com uma Coordenação de Educação Física, Esportes e Recreação;
1971 – em 08 de dezembro, foi instalada a Liga Imperatrizense de Desportos, tendo como líderes principais, Severino Silva, Pedro Faustino Neto e Divino Monteiro.
- a Sociedade Atlética Imperatriz passa a ser dirigida pelo Sindicato dos Arrumadores, era, ao lado do Renner, Cruzeiro, Fabril e do Industrial, um dos cinco clubes existentes na cidade e um dos que mais ganhava torneio até então;
1972 – 23 de setembro é instalado oficialmente o Campus Avançado de Imperatriz, da Universidade Federal do Paraná, Fundação Projeto Rondon; seu primeiro diretor foi Valfrido Piloto, que, dentre outras atividades, promoveu o esporte e a recreação na cidade, trazendo, nos períodos de férias, equipes de acadêmicos de educação física; seu segundo diretor foi o professor de educação física Alberto Milléo Filho;
1973 – disputado o primeiro campeonato de futebol amador de Imperatriz, vencido pelo Vasquinho, do bairro Juçara (título não-oficial)
1974 – 05 de março, instalado em Imperatriz o Serviço Social da Indústria (SESI); seu primeiro diretor foi Muracy de Oliveira Santos, que incentivou muito os esportes na cidade, especialmente entre os industriários e seus filhos;
-fundadooAeroclubedeImperatriz,emagosto,emreuniãorealizadanoRotaryClubedeImperatriz;primeiro presidente: Augusto B. Quiroga
1975 – o Prof. Alberto Milléo Filho assume a direção do Campus Avançado de Imperatriz, da Fundação Projeto Rondon; Milléo é professor de educação física da UFPR (hoje, aposentado); na sua gestão, cria a Olimpíada Colegial de Imperatriz – OCOI -, em parceria com o Lions Clube, apoio da Prefeitura Municipal,
e ajuda de amigos, destacando-se, entre os colaboradores, Roberto Santos (Gelobon); foi Roberto Gelobon quem desenhou o símbolo da OCOI; a equipe técnica para coordenar a I OCOI veio de Curitiba; eram acadêmicos de Educação Física; em Imperatriz, antes da chegada de Milléo, havia jogos e corridas de forma esporádica em escolas ou comemorações especiais, mas jogos escolares competitivos ainda não havia acontecido.
Todas as escolas, tanto oficiais quanto particulares, foram convidadas. Os atletas de ambos os sexos, com idademáximaaté17anos foraminscritos;osjogossãorealizadosnoperíodode30deagostoa06desetembro, com as seguintes modalidades: Atletismo, Basquetebol, Futsal, Natação. Participam mais de 300 atletas do Ginásio Bernardo Sayão, Escola Técnica, Mourão Rangel, Cristo Rei, Municipal Adventista, São Francisco de Assis, SESI, São Vicente de Paula, Dorgival Pinheiro de Sousa, Olavo Bilac, Fortaleza e Santa Teresinha. A Escola Santa Teresinha foi a campeã geral.
- nos anos subseqüentes, 1976 e 1977, são realizadas as II e III OCOI, já incluídas no Calendário Oficial do órgão municipal responsável pela Educação e Cultura.
- em novembro, fundação do Tocantins Esporte Clube – TEC; 1976 – em janeiro, os Professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro participam da equipe 49 do Projeto Rondon, formada por acadêmicos de educação física, medicina e bioquímica, totalizando 30 pessoas; realizam uma Colônia de Férias com aproximadamente 1200 crianças inscritas, em oito locais distintos, durante 25 dias;
- em março, retornam a Imperatriz, contratados pelo Ministério do Interior, dentro do programa de interiorização de profissionais, e assumem a Coordenação de Educação Física, Esportes e Recreação, da SEDUC de Imperatriz, sendo Secretária de Educação a Profa. Lorena Salvatori, e Interventor Municipal, o Tent.Cel.PMCarlosAlbertoBarateirodaCosta–oCoronelBebeto–umdosgrandesatletasqueoMaranhão, destacando-se no Futebol e no Basquetebol e Voleibol; incentivou muito os esportes, sendo responsável pela criação das Olimpíadas Colegiais de Imperatriz, junto com o Prof. Alberto Milléo Filho.
- uma das primeiras providencias, numa parceria UFPR/FUNRON/PMI foi a realização de um curso para qualificarpessoasdacomunidadeeex-atletasem atividadesfísicaseesportivas,paraimplantaçãodaeducação física e esportes nas escolas da rede pública municipal; foram matriculadas 100 (cem) pessoas; no segundo semestre, houve a participação da Secretaria Estadual de Educação, através do Departamento de Educação Física,Esporteserecreação –DEFER-,queenviouosProfessoresSidneyForghieriZimbres,Marcos Antonio Gonçalves, Gilmário Pinheiro e Lino Castellani Filho; o curso teve a duração de um ano, ocorrendo principalmente durante as férias escolares, no que chamaríamos hoje de treinamento em serviço.
- a Divisão de Educação Física, Esportes e Recreação, da SEDUC, é estruturada, elaborando-se um calendário de atividades, ministrando cursos e treinamentos a professores e ex-atletas, introduzindo-se as modalidades de Basquetebol (só o Santa Teresinha e o SESI disputaram na I Olimpíada), Handebol, e Ciclismo.
- é realizado a II OCOI, agora sob a coordenação dos Professores Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Marilene Mazzaro, contando ainda com a colaboração do Professor Alberto Milléo Filho. A Escola Santa Teresinha, tendo os dois professores como professores, é a grande vencedora das Olimpíadas, sagrando-se bi-campeã. São disputadas as seguintes modalidades: Atletismo, Basquetebol, Ciclismo, Handebol, Futebol de Salão, Futebol de Campo, Natação, Voleibol, e Xadrez.
1977 – toma posse como prefeito o médico Carlos Amorim; em sua administração (1977/83) é construído o Centro Esportivo Bajorna Lobão;
- o Centro Esportivo Bajorna Lobão foi projetado pelo Prof. Leopoldo Gil, ainda na administração do Interventor Carlos Alberto Barateiro da Costa, com recurso do então CND;
-pelaLei Delegada2/77 écriadaaSecretariaMunicipal deEducação eCultura, assumindo-aBeneditoBatista Pereira; com um Departamento de Educação – Chefe Edelvira Marques de Moraes Barros; e a Divisão de Educação Física, sob a responsabilidade de Leopoldo Gil Dulcio Vaz - já estruturada, a DEFER, conta com um quadro de instrutores de educação física e esportes, em formação, atuando em diversas escolas da rede municipal – e por extensão, nas diversas escolas estaduais, particulares e confessionais-, é realizada a III OCOI, agora sob a supervisão do DEFER/SEDUC do Estado, que enviou vários técnicos para auxiliar na coordenação e execução dos jogos. Como já se disputavam os Jogos Escolares
Maranhenses – JEMs -, a III OCOI foi organizada seguindo o regulamento daquela competição, em duas classes – Infanto-juvenil (até 16 anos) e Juvenil (até 18 anos), em ambos os sexos, e disputadas em nove modalidades. A Escola Santa Teresinha conquista o seu tri-campeonato.
1978 – o Prof. Leopoldo Gil afasta-se da direção da DEFER, e as atividades esportivas sofrem um abalo. A Profa. leiga Mary de Pinho assume a Divisão e realiza o que seria a IV OCOI, agora mudada a denominação para Jogos Escolares de Imperatriz, disputado em sua primeira versão – I JEIs – embora continuidade dos jogos anteriores (deveria ser os IV JEIs…); a nova denominação, justificou, seria para se adequar as regras ditadas por São Luís; a Escola Santa Teresinha foi novamente a grande vencedora, sendo campeã, como nos anos anteriores (76 e 77) de todas as modalidades em disputa, sob a direção dos Professores Leopoldo Gil e Marilene Mazzaro;
- a partir daí, os Jogos Escolares aconteceram normalmente, com exceção do ano de 1992, quando acampanha para as eleições municipais foi tão acirrada que não houve espaço para a realização dos jogos.
1979 – os professores Leopoldo Gil e Marilene Mazzaro deixam Imperatriz; Leopoldo transfere-se para São Luis indo para a então ETFM, e no Estado, trabalhar no grupo que implantou a primeira Secretaria de Desportos e Lazer do Brasil – SEDEL; Marilene, para a Paraíba.
- Como reflexo do trabalho implantado por eles nas escolas municipais, as equipes vencedoras eram sempre oriundas de escolas públicas: Dorgival Pinheiro de Sousa (município), Graça Aranha e Polivalente (ambos, do estado), por exemplo. Com o decorrer dos anos, as escolas particulares foram selecionando os melhores atletas e passaram à vanguarda.
1980 –em06dejunho,éfundadaaprimeiraescolinhadefuteboldeImperatriz.A“Marwel”,porJoséMoreira da Silva; em 1987, quando deixou o Exército,onde serviu a partir de 1984, ganhou apoio do 50º. BIS para continuar o trabalho social com crianças casrentes
- fundação do Clube de Regatas América por Francisco Valdenê, entidade não filiada a LIF; apesar do nome dedica-se ao futebol;
1983 – na administração Fiquene, A SEDUC é desdobrada, criando-se a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEDEL); coube a Mary de Pinho, então diretora da Divisão de Esportes assumir a nova Secretaria, com sede no Centro Esportivo Bajorna Lobão, construído na administração Carlos Amorim;
- é construído o Ginásio de Esportes Fiqueninho
1985 – é organizado o corpo de arbitragem da Liga, sendo relacionados e aprovados, passando a fazer parte do quadro da COBRAF, da CBF. O decano da arbitragem é Jackson Pereira Silveira, sendo indicado, em 1988, para o quadro especial de arbitragem. Em 1990, foi indicado aspirante a FIFA, onde permaneceu ate 1995, quando se aposentou. Outro indicado a apitar jogos de campeonatos regionais e brasileiros é Alfredo Silva Filho. Ainda pertencem ao quadro da COBRAF Juscelino Miranda Silva e Reinaldo Martins Filho.
1987 – 10 de outubro, realizada a primeira corrida de kart da cidade, trazida pela Associação de kart da Ilha – AKAI -, de São Luís; a prova aconteceu na Praça Tiuradentes;
- 30 de outubro, fundado o Clube de Kart da Região Tocantina;
- com a inauguração do Kartodromo Luiz Salem,em São Luís, os kartistas imperautas passam a disputar corridas e a treinar na capital;
1990 – 20 de maio, o Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro, vem a Imperatriz, onde joga e empata por0 a 0 com a Sociedade Atlética Imperatriz, no Estádio Municipal Frei Epifânio d´Abadia
1989 – fundado o Yate Clube de Imperatriz, de lazer e esportes aquáticos; em 20 de julho
1991 – XIII JEI – Escola Dorgival Pinheiro de Sousa
- 07 de junho, inaugurado o Kartódromo de Imperatriz, construído em regime de mutirão; na prova de inauguração compareceram 43 pilotos dos estados do Maranhão, Goiás, Tocantins, Piauí e Pará; a prova era de caráter festivo e foi vencida por Marco Antonio Lins
1992 – na administração Davi Alves Silva, pela lei678, a SEDEL é extinta, e seus dois departamentos, Esportes e Praças Esportivas, é incorporada pela Secretaria de Cultura
XIV JEI
Escola Rui Barbosa (particular)
1993 – o prefeito Renato Cortez Moreira reinstala a SEDUC, com abrangência maior e nova denominação –Secretaria Municipal de Cultura, Desportos e Turismo; o Departamento de Esportes é dirigido por Jucelino Miranda Silva, com uma Divisão de Eventos (Linda de Fátima Dias) e o de Praças Esportivas dirigida por Pedro Faustino Neto, e assistentes Raimundo Vale Leal e Rodolfo Ferreira Carvalho
- dezembro – é extinta a Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo; as responsabilidades esportivas passam ao Departamento de Esportes, agregadas a Secretaria de Educação, como em 1977;
- os últimos remanescentes dos times de futebol profissional dos anos 60 são o Tocantins e o Imperatriz. O Prefeito Renato Moreira, um apaixonado pelo futebol, tenta a recuperação desse esporte. Dos dois times, o que estava em melhores condições era o Imperatriz, ajudado pelo Sindicado dos Arrumadores. Moreira empenhou-se em recupera-lo, mas não era bem isso que o novo diretor desejava. Depois do assassinato de Renato, o Imperatriz foi definhando até não ter mais um time organizado capaz de sobreviver as dificuldades e competir em campeonatos.
- o Imperatriz Esporte Clube é dirigido por Damião Benício dos Santos, do grupo do prefeito Renato Moreira, que apóia o Clube, que faz a sua melhor campanha no Campeonato Maranhense, chegando ao vicecampeonato
– XI JEI – Escola Rui Barbosa (particular)
- fundada a Sociedade Esportiva Juduí, clube de futebol amador
1994 – XVI JEI – Escola Rui Barbosa (particular)
- realizada a I Copa CEFET, em Imperatriz; disputada por alunos do CEFET-MA e de escolas convidadas, nas modalidades de Futsal, Basquete, Futebol de Campo, Handebol, Voleibol, Nataçãoi e Tênis de Mesa, nas categorias juvenil e adulto; uma corrida rística marcou a abertura do evento
1995 – reformulada pela Lei 757/95, de 31 de março, com a denominação de Secretaria de Educação, Cultura, Desportos e Lazer
– XVII JEI – Escola Rui Barbosa (particular)
1996 – A Liga Imperatrizese de Futebol, subordinada a Federação Maranhense de Futebol, coordenou 35 equipes de futebol amador, classificados em masters, juniores, e juvenis, disputando torneio e campeonatos no Estadio Frei Epifânio d´Abadia e em campos particulares.
- apenas seis professores de educação física, da cidade, têm graduação
- BARROS (1996), de quem nos servimos para traçar a memória do esporte em Imperatriz, informa que neste ano, 1996, os esportes estavam estruturados desta forma:
Academias – a primeira foi a Academia Luzibel; depois vieram a Escola do Corpo e a Academia Movimento.
- outras academias:
- Só ela – estética feminina
- Corpo Livre – karatê
- Pró-cprpo – Ginástica e musculação
- Asdteca – karatê
- Aslam – ginástica e karatê
- Centauros Gin – ginástica e musculação
- Clube do Peso – musculação
1986 – a Academia Poliher foi inaugurada em 09 de dezembro, pelo professor de educação física José Hércio, atendendo ao público com musculação,ginástica aeróbica,ginásticalocalizada, eginásticaolímpica feminina. De lá saiu a equipe campeã maranhense na modalidade, nos JEMs 1995; especializada na parte estética, ainda oferece karatê, judô, jazz, e balé, prepara-se para instalar um parque aquático.
Judô – começou com o professor Adolfo; calcula-se que atualmente150 crianças pratiquem em Imperatriz Karatê – o médico Rui Guilherme é apontado como o melhor da cidade
Natação – a grande piscina sempre foi o rio Tocantins, com as suas travessias, especialmente no verão –época da seca:os cansados ou medrosos ficavam na praia do Meio. Não havia títulos nem premiação; hoje, faz-se com orientação técnica e apoio;
1975 – a primeira OCOI teve, entre os esportes disputados, a Natação; o primeiro campeão foi José Henrique dos Santos Barros, da Escola Cristo Rei; hoje,é um dos mais destacados professores de natação da região; Escolas de Natação: Juçara Clube (J. Henrique Barros); Associação Médica (Guilherme Pessoa), Fliper (50º. BIS, Joselina); SESI I e SESI II (Marizete)
Bicicross - ainda improvisdado, sem uma sede e sem uma pista definitiva, já produziu um campeão brasileiro,convocadopara um campeonato mundial na Europa: Esmeradson de Pinho.
Kart –
1987 – Giovanni Guerra trouxe da Anápolis um kart, e dentre em pouco havia uma frota de 12 veículos
- em outubro, promoveram a primeira corrida, na Praça Tiradentes, com 12 concorrentes, sagrando-se campeão Roberto dos Santos Brito – o Beto.
1991 – 07 de julho, inauguração do kartodromo, em terreno doado por d. Rosalina, uma área de dez hectares, as margens da BR, que levou três anos para ser construído; o campeão da corrida de inauguração foi Marcos Antonio Lins
1993 – o sócio Aruanâ Parreira organizou a categoria infantil, para ambos os sexos. Nesse mesmo foi filiado ao kartismo o garoto Fernando Teles Nunes Neto, de quatro anos de idade, considerado o mais jovem kartista do mundo em disputa de provas
1994 – Campeão estadual: Luciano Guerra
- campeão interestadual – Rodrigo Campolina
Tiro ao Alvo – 1986 – o Clube de Caça e Tiro foi inaugurado
Clubes Recreativos –
1963 – inauguração do Clube Tocantins; possui sede urbana e sede campestre; a parte esportiva é dotada de quadras de vôlei, vôlei de praia, futvolei, futebol soçaite; um grande ginásio esportivo esta sendo constrído; possui uma piscina natural, chalés e áreas para lazer
- Juçara Clube –
- AABB -
1989 – Yate Clube de Imperatriz é inaugurado a margem do rio Tocantins, numa área de35.000 m; objetivo e o lazer aquático
1998 – decisão do Campeonato de Futebol Amador da 2a. Divisão, que reuniu oito clubes; Botafogo e Volta Redonda, rebaixados no ano anterior, fazem a final;
- realizada a 3ª. Prova da Amizade de kart; vencida por Luciano Guerra; o evento contou com a participação do piloto Nelson Piquet
- fundado o Clube de Xadrez de Imperatriz
2000 – A Sociedade Atlética Imperatriz, fundada em 04 de janeiro de 1962, tem seu nome modificado para Sociedade Esportiva Imperatriz, que seria mudado posteriormente para Sociedade Imperatriz de Desportos, nome que mantém atualmente;
- fundado o Jeep Clube de Imperatriz
2001 – Geovanni Guerra funda a Federação de Automobilismo do Estado do Maranhão (FAEM) com sede em Imperatriz; a entidade foi reconhecida no mesmo ano pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA).
- A Petrobrás aprova a inclusão de Imperatriz no calendário da “Seletiva de Kart Petrobrás”;
-realizadaaprovaseletivadeKart,em Imperatriz,querecebeuonomedeCopaFiatMileniundeKart/Seletiva Petrobrás/Amir Near Racing
- a imprensa atribui a Imperatriz o título de Capital Norte-Nordeste de Automobilismo, após uma seletiva de Kart Petrobrás
2002 – em 06 de janeiro, começa a Exposição Esportiva Marwel de Craques, realizada pela Marwel Esporte Clube, em frente ao 50º. BIS, em homenagem aos 22 anos de fundação da escolinha de futebol, a primeira de Imperatriz
- morre Aruanã Pinto da Silva, desportista e empresário; foi aluno do Prof. Leopoldo Gil, na Escola Santa Teresinha, disputando as primeiras OCOI, nas modalidades de Atletismo, Basquetebol, Voleibol, e Handebol; era kartista.
Fontes:
BARROS, Edelvira. HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DE IMPERATRIZ. Imperatriz: Éticas; Academia Imperatrizense de Letras, 1993. Caderno de Debates 2
BARROS, Edelvira Marques de Moraes. IMPERATRIZ – Memória e registro. Imperatriz: Éticas, 1996 COUTINHO, Milson. IMPERATRIZ, subsídios para a história da cidade. São Luís: SIOGE, 1994 SANCHES, Edmilson (Editor). ENCICLOPÉDIA DE IMPERATRIZ. Imperatriz: Instituto Imperatriz, 2002
Na FEI havia a disciplina Educação Física, para os alunos dos cursos de licenciatura curta; o professor era o Renildo Martins – tinhacursadoaEscoladeEducaçãoFísicado Pará -; quandodoreconhecimento dos cursos, descobriu-se que Renildo ainda não tinha o diploma, pois o curso do Pará não estava reconhecido; ai o Milleo foi convidado para responder pela disciplina; como estava vindo embora, me indicou; assumi a Educação Física da FEI, tive que refazer todos os diários de tres anos de cursos, pois Renildo não dava as aulas, e preparar toda a documentação para o reconhecimento; passei a dar aulas, com tres turmas, uma de cada curso oferecido, aos sábados; nessas turmas que apareceram vários alunos da FEI que já tinham alguma experiencia de esportes, e buscava prepara-los para assumirem aulas de educação física; discutíamos métodos de ensino, condicionamento físico e, claro, técnicas de vários esportes, fundamentos, para que pudessem assumir aulas nas escolas; o Ribeirinho estava nessa turma, e daí que começou a dar aulas de educação física… tornou-se professor de educação física, embora sua licenciatura fosse em outra área…
2 DE MAIO DE 1900, MANUEL FRAN PAXECO, O MEU AVÔ MATERNO, CHEGAVA A SÃO LUÍS DO MARANHÃO, ONDE IRIA FIXAR-SE E CONSTITUIR FAMÍLIA...
HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/FRAN_PAXECO
SERÁ QUE REALMENTE EXISTE UM EXCESSO DE CONSERVADORISMO NA LITERATURA DO MARANHÃO?
Em recente entrevista ao programa literário da TV Web Facetubes, o poeta e intelectual maranhense João Batista Do Lago lançou um olhar crítico sobre a forma como a literatura maranhense é tratada pelas instituições acadêmicas e culturais. Segundo ele, há uma estagnação preocupante no cenário intelectual, marcada pela repetição dos mesmos nomes e pela exclusão de vozes contemporâneas.
“Todo ano você abre a caixinha da mesmice”, disse João Batista, referindo-se ao currículo tradicional que insiste em valorizar autores como Machado de Assis, Vinícius de Moraes e outros cânones, ignorando autores novos que estão produzindo literatura de qualidade.
O poeta afirma que há uma espécie de fetiche institucional por figuras consagradas, o que gera um ciclo vicioso de repetição. Para ele, o “novo” não interessa às universidades e à crítica formal, porque “a academia só reconhece o valor após a consagração póstuma ou institucional”.
Essa visão conservadora, segundo o autor, prejudica a evolução natural da literatura regional. Ele alerta para a necessidade de se romper com esse ciclo para permitir o surgimento de novas referências literárias no Maranhão e no Brasil.
Na entrevista, João Batista também chamou atenção para o esquecimento de autores como Nascimento Morais Filho, cuja postura crítica ao sistema teria contribuído para seu isolamento cultural. “As pessoas se afastavam dele porque ele era contra o sistema”, recorda o poeta.
Outro exemplo citado foi José Chagas, autor de Maré Memória, uma obra que, segundo João Batista, foi tão poderosa e inovadora que despertou ciúmes e resistências no meio literário maranhense. Transformado o poema em peça, ocorreu um grande sucesso também no teatro; aí, além de um marco cultural, pode ter ocorrido um "invisível gatilho" para o silenciamento de seu autor.
Para João Batista do Lago, a solução está na coragem de abrir espaço para o novo e de reconhecer o valor do que está sendo produzido no presente. “A fatalidade intelectual da nossa época é essa negação do vivo”, declarou.
A entrevista do poeta é um alerta necessário sobre os rumos da cultura maranhense. Ao romper o silêncio João Batista do Lago convida leitores e intelectuais a repensarem seu papel na construção de um ambiente literário mais plural, moderno e justo.
COMENTÁRIO
Tem me afligido, nos últimos meses, a pertinência de permanecer, ou não, na ALL. Recebendo várias críticas, tanto da Direção da ALL, quanto de alguns membros, de que tenho ocupado mais espaço de que mereço, ou devia. Isso, pelas publicações de artigos no Mural da ALL, no Jornal Pequeno.
Até já perguntaram se não era melhor transformar em Coluna, de que um mural da academia. Pois bem, escrevo todos os dias, sob os mais variados assuntos, de meu interesse. Pesquiso, pois esta é a forma que tenho que aprender - escrever sobre determinado assunto, que me interessa naquele momento. Escrevo, para aprender!!!
Pois bem, sempre que escrevo, escolho uma das revistas que edito para publicá-lo.
Atualmente, REVISTA DO LÉO, dedicada aos esportes, educação física e lazer do/no Maranhão; MARANHAY - revista dedicada à(s) História(s) do Maranhão, em que reproduzo artigos pertinentes, para a (re)construção de nossa História; tenho vários colaboradores, pois, para esta publicação, além de meus artigos; e a LUDOVICUS - revista dedicada à literatura maranhense. Ainda, sou o editor da IHGM EM REVISTA, a revista eletrônica do IHGM...
A reclamação é de que no mural da ALL tem saído muitos artigos meus, quase que semanalmente. E que não tenho dado oportunidade para os demais sócios de postarem seus artigos...
Acontece que o MURAL DA ALL tem um editor, e não sou eu, mas sim, Vinicius Bogéa, que gentilmente abriu espaço. Devido à essa polemica, a Presidência tomou a decisão de que, para uso daquele espaço, as contribuições devem passar por um prévio estudo, uma análise, sobre sua pertinência. O espaço deverá ser ocupado por Poesia(s), Conto(s), Artigo(s) literário(s). Considerou-se que meus artigos são para o IHGM, posto que memórias; além disso, sou membro efetivo da Academia Poética Brasileira, que sempre publica alguma coisa minha. Obrigado, Mhario... e ainda sou membro do CEV - Centro Esportivo Virtual - uma comunidade de professores de educação física, que mantém 89 grupos de discussões, e dentre estes, sou responsável (administrador) do CEV/Educação Física Maranhão; CEV/Atletismo; CEV/Capoeira; CEV/História......
De ora em diante, devem ser submetidos ao José Neres, que autorizará, ou não, a publicação...
Acontece que Vinícius, na dita reunião, justificou a publicação quase que exclusivamente de meus artigos pelo fato de que não recebe artigo de outro membros da ALL, para publicação!!! são raras essas contribuições... Sempre que um outro membro manda a ele algo, dá a preferência; em havendo espaço, ocupa-o com até dois ou tres artigos, geralmente, esse segundo é meu. Que se tem publicado meus estudos, é porque os mando, todas as semanas, às vezes, mais de um... Então, tenho espaço para as minhas publicações. Espaços que criei, e espaços que outros me oferecem.
Compartilho da ideia de Fredric Litto de que cada pessoa deveria ter sua própria revista.
Litto era um grande defensor da educação a distância e da democratização do conhecimento. Ele acreditava que a tecnologia poderia transformar a aprendizagem, tornando-a mais acessível e personalizada. Se interpretarmos essa visão de autonomia e acesso ao conhecimento, podemos imaginar que ele veria com bons olhos a ideia de cada indivíduo ter um espaço próprio para expressar suas ideias e compartilhar conhecimento, como uma revista pessoal. Ter uma revista pessoal hoje pode trazer diversos benefícios, especialmente no mundo digital. Aqui estão alguns deles:
Expressão pessoal: Permite que você compartilhe suas ideias, opiniões e experiências de forma única.
Construção de autoridade: Se você escreve sobre um tema específico, pode se tornar uma referência na área.
Networking: Facilita conexões com pessoas que compartilham interesses semelhantes.
Desenvolvimento de habilidades: Ajuda a aprimorar a escrita, pesquisa e pensamento crítico.
Monetização: Dependendo do alcance, pode gerar oportunidades financeiras por meio de publicidade ou assinaturas.
Ter uma revista pessoal pode ser gratificante, mas também apresenta desafios. Aqui estão alguns dos principais:
Produção de conteúdo consistente: Manter uma frequência de publicação exige tempo e dedicação.
Engajamento do público: Construir uma audiência fiel pode ser difícil, especialmente no início.
Monetização: Transformar a revista em uma fonte de renda pode levar tempo e exigir estratégias eficazes.
Aspectos técnicos: Escolher a plataforma certa, lidar com design e otimização pode ser complexo.
Gestão do tempo: Equilibrar a revista com outras responsabilidades pode ser um desafio.
Criar uma revista pessoal pode ser uma experiência empolgante! Aqui estão alguns primeiros passos para começar:
Defina o tema – Escolha um assunto que você gosta e que tenha relevância para seu público.
Planeje o conteúdo – Organize ideias e crie um calendário editorial para manter a consistência.
Escolha um nome – Um título cativante pode ajudar a atrair leitores.
Projete o layout – Pense na identidade visual da revista, incluindo fontes, cores e estilo.
Produza os artigos – Escreva textos envolventes e bem estruturados.
Escolha a plataforma – Decida se sua revista será digital, impressa ou ambas.
Divulgue – Compartilhe nas redes sociais e explore formas de alcançar seu público.
Paulo Melo e Sousa (também grafado como Paulo Melo Souza) é um destacado jornalista, poeta e escritor maranhense, nascido em São Luís, MA. Ele é uma figura multifacetada da cultura local, com uma trajetória marcada por intensa produção literária e engajamento cultural. Aqui estão alguns destaques sobre ele: Perfil e Atuação
Poeta, jornalista, escritor, designer e ambientalista.
Pesquisador de cultura popular e membro fundador da Sociedade de Astronomia do Maranhão.
Mestre em Ciências Sociais.
Fundador da Academia Ludovicense de Letras.
Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão.
Obras e Reconhecimento
Autor de sete livros, sendo quatro de poesia, todos premiados.
Algumas de suas obras mais conhecidas incluem:
Vi(s)agem
Banzeiro
Vespeiro
Participa da antologia "A Poesia Maranhense do Século XX", organizada por Assis Brasil
Prêmios e Honrarias
Recebeu a Medalha do Mérito Timbira.
Condecorado com o título de Comendador do 4º Centenário de São Luís, pelos serviços prestados à cultura maranhense.
Curiosidades
Foi um dos idealizadores do jornal Folha de Gaia, o primeiro jornal ecológico do Maranhão.
Criador do projeto Papoético, voltado à valorização da poesia e da cultura popular
Na tarde do dia 23/05, a Casa de Cultura recebeu o Clube de Leitura do Grupo de Pesquisa e Extensão em Mediação e Práticas de Leitura (GEPPLEM/UFMA).
O encontro contou com a exibição do Cine Debate da obra Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva, seguida de uma roda de conversa sobre o livro e sorteio de livros entre os participantes.
Um momento especial de encontro entre a magia do cinema e o poder da literatura!
Edital de Convocação nº 05/2025
O presidente da Academia Ludovicense de Letras, Sanatiel de Jesus Pereira, no uso das atribuições que lhe confere o regimento interno, convoca todos os integrantes da ALL para a reunião ordinária mensal que se realizará no dia 30 de maio de 2025, (Sexta feira), às 16h30 horas, em primeira convocação; ou às 17h00, em segunda e última convocação; no Palácio Cristo Rei, sito à Praça Gonçalves Dias nº 351, em São Luís, capital do Estado do Maranhão, para tratar da seguinte Ordem do Dia:
I Permanência da Academia Ludovicense de Letras no Palácio Cristo Rei; II - Regularização do pagamento das anuidades; III Prestação de contas do exercício de 2024;
IV Outros assuntos que surgirem.
São Luís – MA, 23 de maio de 2025.
Secretário
Geral da ALL
O Arquivo Judiciário Des. Milson de Souza Coutinho atingiu a marca de 550 processos de natureza permanente da Comarca de Guimarães digitalizados, descritos e disponibilizados para consulta pública.
Os documentos, que possuem valor histórico inestimável e datam de 1810 a 1947, revelam aspectos importantes da tecitura do corpus social da Baixada Maranhense e da atuação da justiça na solução de conflitos durante os séculos XIX e XX.
Os documentos estão disponíveis no Portal da Memória do TJMA, no botão “Acervo Permanente”, e podem ser consultados a partir de quaisquer dispositivos.
FESTIVAL GUARNICÊ DE CINEMA divulga filmes/documentários selecionados para Mostras Paralelas.
O documentário LAURA ROSA, A VIOLETA DO CAMPO, dirigido por Claudenice Goulart e Nicodemos Bezerra é uma das produções selecionadas para a MOSTRA "FAZENDO ARTE".
Mesmo cabendo ao Presidente, ou mais especificamente ao Secretário, fazer os comunicados sobre à nossa reunião no dia 6, sexta-feira, PEÇO PERMISSÃO para trazer essas informações para os confrades que não puderam participar da referida reunião:
1. O Patrono da Cadeira n° 8 que inicialmente seria de Pedro Vera-Cruz Bezerra foi substituído por CÂNDIDO BARBOSA, conhecido por Zé Cândido, cadeira que será ocupada por Ronilson Nascimento.
2. Temos mais um novo Patrono: Prof. ANTONIO CARLOS CORREIA SILVA. Ocupará a Cadeira n° 9, do professor Jorge Marvão.
3. Os Patronos PEDRO VERA-CRUZ BEZERRA e JOSEMAR BEZERRA RAPOSO continuam como Patronos da AMLAC e ocuparão as duas próximas Cadeiras (n° 19 e 20) para quando abrir novas vagas.
4. Foi decidido que Abimael Costa e Ronilson Nascimento ocuparão os cargos de Presidente e de Vicepresidente da AMLAC, respectivamente, os quais deverão estar à frente das iniciativas pertinentes ao Sodalício, com o apoio dos demais membros.
5. A Assembleia de posse será no dia 27/06 (sexta-feira), na Câmara Municipal. E a Cerimônia Oficial será no dia 28/06, sábado, às 19h, no Ginásio Eli Bezerra Ribeiro.
6. As medalhas serão entregues aos empossados no dia da Cerimônia.
Ressaltando que para adquirir nossas medalhas houve um acréscimo de cerca de R$ 1.300,00 que foram gentilmente doados pelo nosso amigo e apoiador @Cezar Brito, ao qual faço meu agradecimento em nome da AMLAC. (Detalhe: esse valor doado não foi da FALMA, e sim uma contribuição pessoal dele.)
7. O 1° Secretário da AMLAC será o confrade LEO FREIRE, sob o qual ficará a responsabilidade das atas, comunicado, interação com outros agentes acadêmicos e institucionais.
8. OS CONSELHOS FISCAL e de ÉTICA da AMLAC já foram eleitos na reunião. (@~Rosangela a, por gentileza informe os eleitos, pois não tive como anotar.)
9. Lembrando que, mesmo tendo sido adiado de 14 para 28/06 o evento está muito próximo e exige iniciativa, agilidade e presteza para que tudo ocorra como é necessário.
Os Convites têm que serem enviados com antecedência. Não é admissível a entrega dr Convites de última hora para um evento dessa magnitude.
Ressalto mais uma vez: a liderança da AMLAC deverá estar em contato direto e permanente com o presidente da FALMA para acertar detalhes, tirar dúvidas e acertarem detalhes pendentes.
Na II Festa Literária internacional do Xingu -FLIX (2019). Levei livros de Firmina. Não a conheciam. Este ano vou falar dela na VII FLIX, em agosto
ASSIM FALOU MEU PRIMO
"So sprach mein Cousin."
Friedrich Nietzsche, "Assim falou Zaratustra", sugerindo que o primo é visto como alguém que transmite um ensinamento ou uma visão importante.
OZINIL MARTINS DE SOUZA
Possui graduação em Geografia pela Fundação Universitária Regional de Joinville (1971). Atualmente é professor do Colégio São Paulo de Ascurra. Em 2017/18 exerceu o cargo de Secretário de Educação do município de Indaial - SC. De 2015/16 foi professor da Faculdade Metropolitana de Blumenau no curso de Administração. de 2012/13 foi Reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci; também exerceu o cargo de pró-reitor de ensino de graduação presencial do Centro Universitário Leonardo da Vinci e professor licenciado do Centro Universitário Leonardo da Vinci. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: administração para resultados, avaliação e resultado, planejamento, negociação, competitividade e empreendedorismo.
Meu primo, filho de Tia Negra, irmã de minha avó Alice.
RECADO AOS JOVENS. A
MUDANÇA É VOCÊ!
A pergunta que tem que ser feita é: “O que nossas escolas, em todos os níveis, ensinam sobre isto?” O único componente existente desde os primórdios da humanidade é a mudança que, nunca como hoje, se processa de forma tão rápida colocando a própria existência da humanidade em risco.
Os jovens serão os principais sujeitos a serem atingidos por este processo e, pelo que tenho notado, parece não se aperceberem da velocidade com que as coisas estão ficando obsoletas, inclusive o próprio jovem. Ser jovem, ter uma vida inteira pela frente e não conseguir visualizar um futuro é, no mínimo, chocante. Pior são homens públicos que veem e não querem enxergar a tempestade que se forma e, como avestruzes, enfiam as cabeças na areia para não ver o que construíram e ficam a discutir futilidades.
Não sei se os jovens lerão esta simples coluna, pois não têm o hábito da leitura, com honrosas exceções. Aos que lerem, provoquem discussões com pessoas de seu relacionamento e ajudem-nas a tomarem conhecimento do que está acontecendo e, rapidamente.
Em recente entrevista à Globo News (24.04.2025) o diretor geral do Linkedin – Milton Beck – falou sobre o perfil buscado pelas empresas para atender suas necessidades empresariais. As empresas estão em busca de pessoas que resolvam problemas, que realizem, façam as coisas acontecerem. Estas pessoas devem ser possuidoras de características socioemocionais que as tornem resistentes a pressões e produzam resultados sobre as diferentes realidades existentes.
A pergunta que tem que ser feita é: “O que nossas escolas, em todos os níveis, ensinam sobre isto?” O que fica claro na entrevista e que já vem sendo debatido em vários fóruns é o fato das empresas estarem relegando os diplomas universitários à segundo plano em troca das habilidades dos candidatos demonstradas em processos seletivos. O diploma, antes um diferencial competitivo, hoje perde espaço para as pessoas que tem habilidades de realizar.
Enquanto a China forma 1.4 milhão de engenheiros/ano, o Brasil forma 40 mil (estimativa em 2024); porém, importante lembrar que o Brasil tem mais faculdades de Direito (1240) que os EUA, Europa e China (1100 faculdades), somados. Sim formamos bacharéis em Direito que não passam no exame da OAB que os qualificam para serem advogados. São mais de 100 mil bacharéis formados por ano.
Enquanto a ONU estima a carência de professores, no mundo e, para os próximos anos, em mais de 40 milhões, a Pedagogia tem 1.1 milhão de estudantes nesta área sendo que 67% em cursos à distância e que não ensina a dar aula, mas a absorver teorias antigas que foram válidas em algum momento do passado.
Fica claro que o sucesso chinês está alicerçado na excelente base educacional existente no país e sua opção por cursos que formam pessoas para a demanda exigida pelo mercado. O futuro passa por pessoas que desenvolvam visão estratégica, habilidades socioemocionais, resolvam problemas, tenham forte visão sobre sustentabilidade e façam acontecer.
Importante considerar o que dizem os linguistas: o ser humano só se diferenciou dos animais pelo desenvolvimento da fala. Logo o português deve ser aprimorado se não quisermos voltar a grunhir e viajar pelas árvores. Se elas ainda existirem!
A vida tem o sentido que se dá a ela
"Como construir massa crítica com um povo ignorante?"
Oscar Wilde afirma: “Viver é a coisa mais rara da vida, a maioria das pessoas, apenas, existem.” A afirmativa do polêmico escritor é absolutamente correta. Não seria esta forma de encarar a vida uma fuga da realidade em que estamos inseridos? Participar da vida diária, do cotidiano, dá trabalho. A maioria das pessoas prefere viver no modo reptiliano, ou seja, comer, repousar e reproduzir-se.
A vida, em sua plenitude, exige que estejamos atualizados, que tenhamos opiniões, que participemos. Muito mais fácil delegar a tarefa a outros, pois assim sobra a capacidade de criticarmos tudo que os outros fazem.
No filme “A Onda”, baseado em uma experiência estudantil realizada na Universidade de Palo Alto na Califórnia, o professor orientador, em determinado momento, expressa sua conclusão em uma frase forte: “Impressionante como eles gostam que tomemos as decisões por eles!”
E assim vamos vivendo, empurrando com a barriga e esperando os acontecimentos com um trágico “foi o destino que quis assim.” Sempre tive a noção de que o crescimento populacional sem os contrapesos naturais criaria uma população que, sem o devido apoio educacional, cresceria à margem da sociedade. Se compararmos a expectativa de vida do brasileiro em 1950, 46,8 anos, com a atual, 76,4 anos, fica claro entender a evolução da medicina, da infraestrutura no saneamento básico e na oferta de alimentação.
Mas, parece que esta evolução no campo físico não foi acompanhada no que diz respeito à formação educacional e cultural. Hoje, pode-se dizer que o mundo vive uma pandemia de obesidade causada pela má qualidade da alimentação, o recrudescimento das resoluções das desavenças entre países pelo uso da força, a prevalência das individualidades sobre o comunitário. Eu sou mais importante que o todo!
Esta semana a divulgação de duas notícias aprofunda a preocupação sobre o alheamento das pessoas em relação a seus compromissos com a vida. O INAF – Indicador de Alfabetismo Funcional – mostra que 3 entre cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais, isto é, até podem ler mas não sabem o que leram e, o IDH –Índice de Desenvolvimento Humano – mostra o Brasil evoluindo da 89ª posição para a 84ª, significando um ganho de 5 posições no ranking da ONU. Porém, na América do Sul estamos atrás da Argentina, Chile, Uruguai e Peru.
A pergunta que não quer calar é: “Como construir massa crítica com um povo ignorante e que vive das benesses do governo?”
O país não estaria no estado em que está se fossemos mais atuantes, se nos integrássemos mais às coisas que acontecem em nossos municípios. O sentido não é criticar por criticar, mas fazer acontecer aquilo que é prioritário, aquilo que é essencial. Para viver, muito pouco é necessário. Que o façamos sem ostentação e com participação efetiva.
Talvez com a participação do povo acontecendo, os escândalos com que somos brindados, semana após semana, tenham um fim ou é esperar por milagre.
O Corruptovirus 2020 está circulando na esfera política do país em todos seus níveis. Executivo, legislativo e judiciário são as áreas em que gosta de infectar, mas quem morre é o povo.
Ele ataca, indiscriminadamente, verbas públicas destinadas ao povo pobre deste país imensamente rico ( olha o que surgiu de dinheiro repentinamente).
Locupleta-se de cargos públicos, do superfaturamento em compras públicas e até em coisas pueris como máscaras sua ação é agressiva e destrutiva. Este mata muito mais do que dengue, febre amarela e corona vírus.
O Corruptovirus 2020 é mortal e pode estar circulando na sua cidade. O combate? Pelo voto! Seja consciente ao votar. Só isso retirará da vida pública o Corruptovirus 2020.
Ainda não vimos tudo. Vem mais por aí!
A cada 10 anos, o mundo agrega 1 bilhão de pessoas
O mundo vive tempos exponenciais! Em minha simplória análise atribuo o momento ao crescimento desordenado da população mundial, seguida da necessidade premente de qualificação das pessoas para os novos tempos e do estreitamento na oferta de empregos qualificados. Este conjunto de problemas resulta na dificuldade das pessoas, principalmente os jovens, de visualizarem um futuro realizável.
O crescimento populacional se acentuou pelas melhorias na gestão da saúde, na infraestrutura de saneamento, na oferta, como o mundo nunca existiu, de alimentos e pela diminuição nos conflitos armados
que, quando ocorrem atingem mais a instalações físicas do que faz vítimas humanas. Assim, a cada 10 anos, o mundo agrega 1 bilhão de pessoas, principalmente, em países mais pobres.
Acresça-se ao momento os problemas adicionais que não são de conhecimento da população e suas consequências que, mesmo visíveis, passam despercebidas frente ao cotidiano. À eles:
Pesquisas científicas identificaram que, resíduos de comprimidos anticoncepcionais, descartados através da urina e não retidos nos filtros de purificação, aumentam a concentração de hormônios femininos no organismo dos homens causando problemas à masculinidade e aumentando a incidência de câncer de próstata;
O aumento de crianças com autismo também parece ser consequência dos tempos atuais. Nos Estados Unidos, em 2004, para cada 166 crianças nascidas apenas uma era diagnosticada com autismo; em 2023, pesquisas do CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças – indicam que, de cada 36 nascidos, um tem autismo. Estudos, ainda não conclusivos, indicam que a maternidade tardia seja responsável por tal incidência. Mães com 40 anos têm 50% de gerar um filho autista; Recentemente, assisti a um documentário sobre o extermínio dos tubarões; são 70 milhões os mortos por ano pelas mãos dos homens. Sabe para quê? Para a retirada de suas barbatanas que são consideradas iguarias na China e Taiwan. A forma brutal como é feita a captura dos tubarões, em que barcos pesqueiros irregulares, capturam-nos, suas barbatanas são cortadas com os animais ainda vivos e são imediatamente jogados ao mar para morrerem afogados;
O documentário mostra todo o ciclo; da captura, morte, secagem e armazenamento em grandes depósitos ao redor do mundo para burlar a fiscalização até o consumidor final. Há empresários que passam longe da ética e de padrões de gestão honesta. Enquanto houver demanda a oferta acontecerá, isso vale para drogas e para barbatanas de tubarão e, não interessam as consequências, pois consumidores e empresários tem interesses por prazer e dinheiro. O interessante na estória é que as barbatanas não têm gosto e exigem uma série de temperos para se tornar palatáveis. O custo da sopa em restaurantes de Taiwan gira em torno de 70 dólares
O assunto atual são os filhos de silicone, os reborns! Jovens mulheres, talvez pela sua frustração com os relacionamentos vividos ou pela maternidade não realizada transformam bebês de silicone em seu objetivo de vida com todas as suas consequências. Conforme aumenta a população, aumentarão as excentricidades!
A história sempre se repete!
Qualquer semelhança com o que vivemos no Brasil, atualmente, será mera coincidência
“A mentira organizada praticada por Estados totalitários não é, como algumas vezes se afirma, um expediente temporário da mesma artimanha militar. É algo inerente ao totalitarismo, algo que continuaria mesmo se os campos de concentração e as forças da polícia secreta deixassem de ser necessários.”
“Na Inglaterra os inimigos imediatos da verdade e, portanto da liberdade de pensamento, são os barões da imprensa, os magnatas dos filmes e os burocratas, mas no longo prazo o enfraquecimento do desejo por liberdade entre os intelectuais é o sintoma mais sério de todos.”
“O totalitarismo exige, na verdade, uma alteração contínua do passado e, no longo prazo, provavelmente exige uma descrença da verdade objetiva.”
O livro, “Dentro da Baleia e Outros Ensaios” de George Orwell, contém estas e outras preciosidades a respeito dos sistemas totalitários de governo. Foi escrito em 1939, na esteira da primeira guerra mundial, do surgimento do comunismo na Rússia e antecedeu ao início da segunda grande guerra.
Qualquer semelhança com o que vivemos no Brasil, atualmente, será mera coincidência. Interessante como a história se repete e, apesar de todos estarmos plenamente conscientes os erros se acumulam em nome de projetos de poder.
Chama atenção, no momento político que vive o país, a adesão da imprensa, de forma generalizada, às narrativas propostas pelo sistema com viés autoritário, mesmo sabendo que, com o correr do tempo, será a própria imprensa uma de suas vítimas. Os exemplos estão aí: Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Irã, Rússia e segue o baile.
Lembro que em 1996, por dever profissional, passei o ano em Cuba e vivi de perto as ansiedades do povo cubano e seu regime totalitário. São dois os jornais em circulação no país; Granma – jornal oficial do Partido Comunista Cubano, Juventud Rebelde e Trabajadores; regionalmente cada província pode ter o seu jornal. O uso mais frequente dos jornais, segundo o próprio povo, era na substituição do papel higiênico, pois este era inacessível financeiramente. Óbvio que nenhum destes jornais goza de liberdade para pautar os assuntos; todos são dirigidos pelo PCC.
A televisão, restrita a um canal oficial e, onde a programação era meticulosamente escolhida predominando os programas baseados em doutrinação ideológica ou filmes sem nenhum conteúdo crítico.
As tentativas de implantar a regulação das mídias sociais em Terra Brasilis está carregada de intenções totalitárias, onde todos perderão. Por mais problemas que existam, a legislação atual e o marco da Internet já são suficientes para manter a segurança das comunicações; o resto é censura pura e simples!
No Brasil até o passado é incerto!
Se você fosse um investidor estrangeiro, com dinheiro disponível para aplicar em atividades produtivas e estivesse à procura de um país com potencial de futuro para investir, você o faria no Brasil?
Ao consultar seus assessores você ouviria alguns argumentos favoráveis e outros nem tanto. Decisões recentes da justiça e de administradores públicos, em suas instâncias, mostram a incerteza que é investir em um país sem segurança jurídica. O ex-ministro Pedro Malan chegou a afirmar que “no Brasil até o passado é incerto!”
Você, é quase certo, não ouviu falar de uma poderosa rede de supermercados chamada Paes Mendonça. O caso a seguir é real e assim aconteceu: a rede importou, em 1986, 64 mil garrafas de uísque escocês e em plena viagem para o Brasil o imposto foi aumentado de 90% para 240%. A rede ingressou na justiça questionando a medida e, após 33 anos recebeu, finalmente, seu lote do produto comprado. Os beneficiários foram os antigos donos, pois a rede deixou de existir há muito.
Este outro caso é mais recente e, talvez você se lembre; a prefeitura de São Paulo decidiu legislar sobre o trânsito das patinetes que se espalharam pelo país. Definiu que, quem não tem CNH, deverá fazer um exame para verificar os conhecimentos de trânsito do usuário e, pior, responsabilizaria as empresas, proprietárias das patinetes, pela cobertura de danos em eventuais acidentes.
Em um país cuja infraestrutura é precária, os impostos escorchantes, a devolutiva dos impostos insignificante, a educação não fornece profissionais com a qualidade desejada, a Justiça Trabalhista tem profunda visão paternalista, o capital é visto com rancor ideológico e o STF legisla, despudoradamente, em ações em que alega omissão do legislativo é fácil entender que os assessores respondam negativamente à pergunta do investidor.
O responsável pela Defesa Civil de Camaragibe, região Metropolitana de Recife, área afetada, seguidamente, por fortes chuvas e que redundam em desabamentos e mortes, informou que de cada 100 construções existentes, 82 são construídas em áreas de risco. Omissão clara do poder público que se repete em todos os municípios brasileiros.
Não bastasse este conjunto de fatores que inviabilizam a atividade produtiva é bom não esquecer a leniência do povo que aqui habita. De um lado um governo gastador, de outro um povo leniente que vive das benesses de um governo que tem apenas projeto de poder. Todos os benefícios concedidos, desde o auxílio Bolsa Família até os vales qualquer coisa, tudo é feito no sentido de subordinar o povo às orientações do governo e garantir a permanência do grupo que está no
poder. O mais recente benefício livra os consumidores, até 80 kwh/mês, do pagamento da conta de energia elétrica.
Fácil prever, que o povo que trabalhou até o final de maio para, com seus impostos, pagar a festa dos desvalidos, haverá de cansar e neste dia faltará o tão necessário dinheiro para sustentar Brasília e suas estripulias.
O Brasil não será jamais um país que progride mas, o país que gosta de reviver o passado; parece que gostamos de andar como os caranguejos e, a recente decisão, em primeira instância, da condenação do humorista Léo Lins mostra, claramente, este comportamento obtuso de nossas autoridades. Enquanto isto, os aposentados do INSS, os aumentos de impostos, os benefícios aos mandatários…
NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO
"A vida moderna transformou-nos em pessoas trepidantes que buscam viver intensamente cada segundo"
A frase imortalizada por Fernando Pessoa e, que era de uso frequente entre os marinheiros portugueses, nos faz refletir sobre o que estamos fazendo com nossas vidas.
A vida moderna transformou-nos em pessoas trepidantes que buscam viver intensamente cada segundo. No trabalho e no lazer viramos máquinas de ações descontroladas. Não temos mais tempo para a observação despretensiosa, para o viver simples, para a apreciação das coisas mais pueris.
Sim, temos que ter o carro do ano, a roupa de grife, o smartphone mais atual, frequentar os lugares da moda e, esquecemo-nos de viver! A angústia do modo de vida que temos hoje se transfere para o próprio lazer, que se não for competitivo, nada acrescenta. Pessoas estão morrendo em nome de “selfies” em locais perigosos. Se, é nossa intenção termos uma vida cada vez mais longeva, teremos que aprender a viver de forma cada vez mais simples. Como já dizia Leonardo da Vinci “A simplicidade carrega o mais alto grau da sofisticação!”
Viver é simples! Observar as benesses que a natureza nos oferece gratuitamente parece não despertar nenhum prazer nas pessoas. Tudo tem que ter um custo, de preferência alto, para poder publicar nas mídias sociais e receber as curtidas que me transformam em personalidade. Aí estão os influenciadores para provar. Eis o que a humanidade está fazendo com o brinquedo chamado natureza. Há quanto tempo você não olha para o céu noturno e aprecia as estrelas? O custo é zero e o prazer produzido é incomensurável. Lembro que, quando moleque, ficávamos buscando as estrelas cadentes para fazer os pedidos que nos ansiavam. Pois é, os jovens do amanhã talvez não tenham estas oportunidades.
Se os astrônomos estiverem corretos até o final deste século não será mais possível visualizar as estrelas no firmamento. Uma criança, hoje, com 5 anos, dependendo de onde vive, pode ver 250 estrelas; quando tiver 18 anos este número cairá para 100 e se chegar aos 80 anos somente visualizará 5 estrelas. O motivo para isto: a iluminação artificial cada vez mais forte no planetinha. Imaginem o efeito desta iluminação nos animais e na natureza de forma geral?
Para compensar o que desejamos e não conseguimos, transformamos nossos corpos em outdoors de tatuagens, colorimos nossos cabelos com as mais esdrúxulas cores e nossos rostos em aparato de ferragens. Está e a forma que os jovens encontraram para agredir a sociedade que, no fundo, não os respeita. A impressão que fica é a de que, conforme aumenta a população do mundo, os problemas vão se acumulando e os governantes, omissos em sua maioria, deixam os acontecimentos determinarem as consequências. Se der para consertar, ótimo; caso contrário, que se culpe o destino. Sim, navegar é preciso e a vida, em tempo de mudanças profundas, não tem nenhuma precisão!
Ano 2045 – Brasil: um olhar para o futuro!
"Continuamos e continuaremos a ser a vanguarda do atraso"
A gestação do sucesso de um programa de desenvolvimento educacional demora, aproximadamente, 20 anos. Coreia do Sul, Polônia e Finlândia são exemplos acabados desta afirmação.
A Coreia do Sul, após a guerra que originou as duas Coreias, fez uma opção por investir pesadamente em Educação. A transformação de um país pobre, baseado na agricultura de subsistência e com renda per capita de U$ 64, em um país rico, com forte indústria, desenvolvida cultura de inovação e renda per capita de U$ 36.000, ocorreu pela decisão de transformar o povo de figurante da pobreza em protagonista da riqueza.
A Polônia é outro exemplo marcante. Ao sair do jugo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS – fez uma clara opção por investir na Educação e transformar o país em um dos países mais desenvolvidos da Europa. Em 1989 caiu o regime comunista e em 1990 o Partido Comunista foi declarado extinto. A renda per capita em 1990 era de U$ 1.700, e passou em 2024 a U$ 17.400. O sistema educacional polonês é obrigatório e, dos 6 aos 18 anos, os estudantes cumprem 8 anos (ensino primário), 4 anos (ensino secundário) e 5 anos de escola secundária técnica. Outros cursos técnicos sempre estão à disposição dos interessados.
A Finlândia é outro exemplo interessante. Até 1970 era um país agrário e com baixo desenvolvimento; neste ano foi feita a reforma que se convencionou chamar de “peruskoulu” e, priorizou fornecer igualdade de oportunidades e inclusão social. O incremento educacional proporcionou ao país dar um salto na qualidade de vida. Renda per capita da Finlândia em 2024, U$ 50.800.
Atualmente o mundo passa por mudanças estruturais profundas e mais do que nunca a Educação consolidase como o fator diferencial. A Inteligência Artificial promete uma série de mudanças que possibilitará oportunidades e consolidará ameaças.
Alguns países, China, Estados Unidos, Itália e Finlândia, entre outros, já incluíram a Inteligência Artificial em seus currículos escolares. A hora de preparar os jovens é agora, pois a letargia decisória influenciará o futuro de todos com suas consequências nefastas.
O Brasil, país que se notabiliza por salas de aula do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI, discute ideologia de gênero, uso comum de banheiros, a paternidade nos registros de nascimento e vai por aí afora. Enquanto o país paga para alunos comparecerem as aulas no Ensino Médio e a progressão é automática, pois o saber é opcional e, assim, continuamos e continuaremos a ser a vanguarda do atraso dos países que, sentados sobre as riquezas de seu subsolo, esperam pelo milagre das facilidades e de continuar vivendo como párias do Estado.
Que as pessoas conscientes deste país e ligadas a Educação se lembrem “estamos preparando estudantes para profissões que não existem, para operar máquinas e equipamentos que não foram inventadas e para resolver problemas que sequer imaginamos”. Saber pensar será fundamental O que será que veremos em 2045?
IMPOSTOS E A CURVA DE LAFFER OU SERIA DA FADIGA?
O renomado professor e economista americano, Arthur Laffer, é o autor do conceito que originou o que os economistas denominam de Curva de Laffer.
Quanto maior a taxação sobre a economia menor será a arrecadação de impostos. É o óbvio ululante de Nelson Rodrigues. O governo eleva as taxas de impostos ao limite do insuportável e os contribuintes para sobreviverem buscam alternativas. Simples assim!
O governo brasileiro teima em aumentar impostos sem atentar que, o que de fato precisa ser feito, é revisar a estrutura do estado e seu nível de gastos. Estado pesado e perdulário, país sem infraestrutura, enorme contingente de pessoas desqualificadas, baixa escolaridade, saúde convivendo com doenças do século XIX
e, o governo mostra só ter uma saída, propõe aumentar impostos. A sociedade civil organizada que sustenta toda esta imensa estrutura, já não suporta mais pagar impostos e trabalhar 5 meses por ano para o governo, recebendo em troca serviços de péssima qualidade.
Um dos efeitos colaterais mais sentidos é a falsificação de produtos e o descaminho (contrabando). A Associação Brasileira de Combate à Falsificação – ABCF – através de manifesto à nação, alerta para os efeitos colaterais do aumento de impostos: crescimento do contrabando originando desemprego e falsificações de produtos com os riscos inerentes e perda de arrecadação.
Um bom exemplo do excesso de impostos e suas consequências é o cigarro. Em média os impostos incidentes sobre uma carteira de cigarros, representam mais de 70% do valor de venda. A consequência imediata é o aumento do mercado informal que representa, hoje, entre 49 e 54% do mercado total. Por se tratar de um produto controverso, como a bebida, parece que o governo não observa as consequências em termos de qualidade do produto versus os efeitos sobre a saúde, sem considerar a altíssima perda de arrecadação e de abrir mercado ao crime organizado com um excelente produto e altos ganhos.
A opção ao aumento de impostos é a redução dos gastos governamentais. O governo deveria, em época de Inteligência Artificial, ver quais serviços prestados ao contribuinte poderiam ser automatizados ao invés de aumentar o quadro funcional; uma ação excelente seria revisar o nível de gastos dos poderes judiciário e legislativo; outro ponto a ser analisado com carinho é a explosão de benefícios sociais, desestimulando o trabalho e criando a classe dos párias em um país que tem tudo a ser feito; se o crescimento populacional está em decréscimo os valores para a Educação podem e devem ser revisados a começar pela estrutura desproporcional do Ministério da Educação e, a receita para enxugar valores pode ser acrescida por outras rubricas que compõem o orçamento do Estado.
O mundo gira e a cada dia uma novidade atinge a economia provocando desestruturação e colocando em xeque setores da economia. Em terras brasileiras, de visão retrógrada e paternalista, proteger e blindar o passado passa a ser a ação do Estado ou não é o que vemos com as medidas do Ministério do Trabalho aos que querem trabalhar em dia não úteis? Lembro bem que vivi tempos em que nem as padarias abriam aos domingos. Quando vamos entender e agir como os países que fazem a diferença?
Será que há saída para a Educação?
"Difícil acreditar em um futuro de realizações e sucesso"
Sempre que ando pelas ruas de qualquer cidade procuro observar o comportamento das pessoas, pois ele é revelador do nível da Educação praticada.
Alguns minutos observando o uso de faixa de segurança, ou pelos carros ou pelos pedestres, mostra ser difícil acreditar em um futuro de realizações e sucesso. A indisciplina mostrada pelos usuários permite-me inferir ser prática adotada em outras atividades. Isto passa, com certeza, pela Educação!
Mas, a Educação que está pagando para os alunos do Ensino Médio frequentarem as aulas merece credibilidade? Como entendo que a Educação é o único caminho capaz de transformar um país, exemplos não faltam, permito-me elencar alguns tópicos passíveis de melhoria.
Seleção e formação de professores – Aqui reside um dos problemas a ser considerado. Segundo o Censo Escolar de 2023 na Educação Infantil, 16,5% dos professores não têm formação superior completa, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental o percentual é de 12,7%, nos Anos Finais é de 8% e no Ensino Médio é de 3,9%. O curso de Pedagogia é o que apresenta o maior número de acadêmicos no Brasil; são mais de 580 mil estudantes em sua maioria formados na modalidade à distância. Enquanto na Coreia do Sul os estudantes de Pedagogia são os melhores classificados nos exames seletivos, no Brasil vivemos na contramão e, os piores classificados no Enem irão para Pedagogia.
Remuneração Atraente – Quem haveria de discordar com o tema em questão? Mas, não podemos fazer como o avestruz na iminência do perigo. As coisas tem que ser vistas como são. Remunerar a todos, como se todos tivessem a mesma competência, seria um erro imperdoável. Recompensar os melhores dentro de
um sistema de meritocracia parece-me o caminho mais acertado para trazer qualidade à Educação. Sei que essa palavra horroriza alguns professores, mas se quisermos elevar o nível, ela é fundamental. Respeitar a titulação atingida, trazer o professor para a sala de aula e recompensá-lo de acordo com seus resultados.
Investimento no Fundamental – Cada vez mais os estudos da neurociência apontam para a necessidade de aproveitar melhor os primeiros anos das crianças. Nesse período ocorre com mais facilidade o processo de aprendizagem. Investir na criança é garantir boa base de aprendizado. Lembro que essa responsabilidade é do município.
Exigência na Gestão – Sim, a gestão escolar é princípio básico para a obtenção de resultados. O cargo de diretor de escolas não pode ser matéria de barganha política. O bom gestor nem sempre é o melhor professor. Escolher os melhores através processos seletivos aprovados pelo município e Estado, é necessário. Isso trará garantia de resultados. A Educação não é lugar para política partidária.
Infraestrutura Adequada – 114.396 escolas do Ensino Fundamental não têm bibliotecas, isto é, 63,2%. 2.237 escolas (429 mil alunos atendidos) não têm energia elétrica, 347 mil estudam em escolas sem sanitários, 179 mil estudam em escolas sem abastecimento de água e 357 mil sem coleta de esgoto. Retrato acabado de um país que não prioriza a Educação. Garantir a infraestrutura mínima é necessidade básica. Esses dados são do Censo Escolar 2024.
Reforço para quem Precisa – Identificadas carências ou dificuldades de aprendizagem as escolas têm que possuir um sistema de reforço ao aprendizado. Simples de fazer; basta boa vontade e interesse nos alunos.
Envolvimento das Famílias – Qualquer estatística que busquemos nos mostrará que alunos originários de famílias onde os pais têm boa base educacional dão melhores respostas no processo de ensino –aprendizagem. Portanto, trazer os pais para a escola é fundamental. É preciso educar os pais, herdeiros de uma péssima Educação recebida.
Conclusão: Sei que muitos criticarão o que foi escrito e, entendo isso, mas é fundamental que cada participante do processo educacional reveja seus atos e forma como está agindo, pois somos todos participantes do mesmo jogo. Sem Educação não haverá futuro!
Jogo de xadrez e a vida!
"O povo é o eterno peão e vítima nas decisões geopolíticas que são tomadas em nome do poder" Para muita gente o jogo de xadrez foi criado na China, mas, na verdade, este jogo nasceu na Índia no século VI com o nome de Chaturanga. Já naquela época apresentava, parcialmente, a configuração que apresenta hoje.
Da Índia o jogo foi levado à Pérsia onde recebeu o nome de Chatrang; da Pérsia foi levado para o mundo árabe onde recebeu nova denominação: Shatranj e dali para a Europa, onde recebeu novas peças como a rainha e, se consolidou com um jogo de desenvolvimento de estratégias e de pensamento tático. Meus primeiros contatos com o jogo foi no exército. No local onde são servidas as refeições para os oficiais havia um tabuleiro de xadrez, quase sempre ocupado e, usado pelos jovens oficiais que moravam no quartel, em suas horas de folga. Ali aprendi sua importância! O xadrez representa, de fato, a vida e seus desafios. A estrutura social, desde sempre, é por ele representada. A classe que detém o poder, reis, rainhas, bispos, apoiada por suas torres e cavalaria e, por fim, os peões, que representam aqueles que, nas guerras, decididas pela elite do país, empurram os peões para as batalhas em que são as maiores vítimas. Sempre por um interesse maior que os peões nunca sabem, de fato, qual é. Sim! O povo é o eterno peão e vítima nas decisões geopolíticas que são tomadas em nome do poder; poder este que embriaga e entorpece. Basta para isso ter olhos e ouvidos para observar e ouvir o que dizem autoridades em seus momentos de devaneios ou o uso que fazem dos cartões corporativos.
Daniel Estulim, escritor político lituano, autor de Metapolítica e TransEvolução – A era da iminente desconstrução da humanidade. Estes livros tratam da forma como o poder é exercido e, como são traçados
os objetivos de longo prazo e a tomada de decisão que acontece sem nenhuma interferência dos peões. A escolha dos candidatos as eleições é feita pelos detentores do poder que não aparece, entre eles, os componentes do Clube Bilderberg e a Nova Ordem Mundial.
A intenção de manter o povo na ignorância está diretamente ligada ao jogo e a manutenção do poder; por isso, quando aparece alguém extrajogo e, ameaçando esta estrutura, a caça é autorizada. Bolsonaro, Trump, Marine Le Pen, Milei são pessoas que atrapalham o planejamento feito.
Quando Lula fala que o sistema se exauriu e que eleições de 4 em 4 anos é besteira, que os partidos políticos perderam sua razão de ser pelo descrédito, quando Putin se pronuncia contra a adesão da Ucrânia ao Pacto da Otan e pela anexação das províncias ucranianas à Rússia, estamos falando de aumentar o poder e permanecer como os donos da verdade. Quando a China com seus barcos de guerra agridem os navios indonésios alegando que o mar a ela pertence, é jogo de poder.
Como diz o Lula: “o povo quando melhora um pouco de vida, quando tem um dinheirinho a mais, quando se esclarece um pouco mais, deixa de votar na gente!”
Por isto mais de 50% da população brasileira vive e mora sem rede de saneamento básico, 114 mil escolas da rede de ensino básico não têm bibliotecas, mais de 2 mil escolas sem energia elétrica, 347 mil estudantes estudam em escolas sem sanitários, 179 mil sem abastecimento de água e 357 mil em escolas sem coleta de esgoto.
Assim mantendo o povo na ignorância e subserviência o poder estará garantido. Os peões continuarão sua saga de garantir as benesses dos que exercem o poder.
MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR APOSENTADO
SERÁ QUE SOU PESSIMISTA?
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Prosseguindo com minhas leituras juvenis (ops...), interessei-me por Schopenhauer, além de Nietzsche. Arthur Schopenhauer é um filósofo central do pessimismo filosófico, conhecido por sua ideia de que a vida é essencialmente marcada pelo sofrimento e pela vontade como força motriz da existência.
O pessimismo filosófico é uma corrente que atribui um valor negativo à vida, argumentando que a existência é marcada por sofrimento e falta de sentido. .
FILÓSOFOS NOTÁVEIS
Arthur Schopenhauer: Um dos principais expoentes do pessimismo, Schopenhauer argumentou que a "vontade de viver" é incessante e conduz à insatisfação, o que torna a existência repleta de dor. Para ele, a felicidade verdadeira é um mito, e momentos de prazer são apenas fugazes alívios de um estado de desejo perpetuamente insatisfeito.
Friedrich Nietzsche: Embora frequentemente associado ao niilismo, Nietzsche também abordou o pessimismo. Ele acreditava que a vida era essencialmente trágica e que a busca pela felicidade é uma ilusão, mas via a aceitação do sofrimento como uma forma de enfrentar a realidade
Hegésias de Cirene: Afirmou que a felicidade é inatingível devido às constantes enfermidades e frustrações da vida
Os pessimistas filosóficos costumam abordar os seguintes pontos:
A vida não vale a pena ser vivida: Muitos pessimistas acreditam que, dada a prevalência de dor e sofrimento, a existência é fundamentalmente indesejável.
O sofrimento é intrínseco à condição humana: Argumentam que a vida é repleta de desafios, doenças e a inevitabilidade da morte
A não-existência é preferível: Essa ideia sugere que seria melhor se não existíssemos, uma noção explorada em várias correntes filosóficas
Críticos do pessimismo argumentam que essa perspectiva é excessivamente negativa e fatalista, desconsiderando momentos de felicidade e realização. Também pode levar à apatia e à falta de ação diante de problemas, resultando em um estado emocional prejudicial .
Apesar das críticas, o pessimismo pode oferecer uma abordagem realista da vida, promovendo reflexão e questionamento sobre a natureza humana e o sentido da existência.
O pessimismo filosófico propõe uma visão crítica e muitas vezes sombria da vida e da experiência humana. Enquanto essa perspectiva é frequentemente vista como negativa, ela também pode fomentar compreensão e
aceitação da condição humana, incentivando um reconhecimento mais profundo dos desafios que todos enfrentamos.
Ao enfrentar as duras realidades da existência, podemos encontrar um sentido mais autêntico e fundamentado na nossa vida diária.
Arthur Schopenhauer nasceu em 22 de fevereiro de 1788 em Danzig, Polônia, e morreu em 21 de setembro de 1860 em Frankfurt, Alemanha. Sua filosofia foi fortemente influenciada por pensadores como Immanuel Kant, e a cultura oriental, em especial o budismo. Ele se destacou por criticar o racionalismo da época e desenvolveu uma perspectiva que enfatizava a vontade como essência do mundo.
A ideia central de Schopenhauer é que o mundo é uma manifestação de uma vontade cega e irracional, que ele descreve como a força que impulsiona todas as ações e desejos. Essa vontade é a fonte do sofrimento humano, pois a busca incessante por satisfação nunca é plenamente atingida. Schopenhauer alerta que a vida oscila entre o sofrimento e o tédio, com momentos breves de prazer que apenas interrompem temporariamente a dor
Em sua obra mais famosa, "O Mundo como Vontade e Representação" (1818), Schopenhauer afirma que o mundo que percebemos é uma representação do sujeito, enquanto a vontade é a realidade subjacente. Ele argumenta que a arte e a música são formas de transcender temporariamente a vontade e experimentar a beleza e a liberdade do sofrimento.
No âmbito ético, Schopenhauer critica a moralidade tradicional e propõe que a verdadeira moralidade se baseia na compaixão, uma capacidade inerente de sentir e atuar em função do sofrimento dos outros. Ele vê a compaixão como uma força que pode nos libertar do egoísmo inerente à condição humana
A filosofia de Schopenhauer influenciou diversos pensadores e movimentos artísticos, servindo de base para o desenvolvimento do existencialismo, e impactando escritores como Friedrich Nietzsche, Thomas Mann, e Franz Kafka. Sua ênfase na estética, especialmente na música, é considerada uma ruptura importante no pensamento filosófico ocidental
PRINCIPAIS OBRAS - Algumas das principais obras de Arthur Schopenhauer incluem:
"O Mundo como Vontade e Representação" (1818) – Sua obra fundamental onde desarrolla a tese central de sua filosofia.
"Parerga e Paralipomena" (1851) – Uma coleção de ensaios que aborda questões como ética, arte e a vida cotidiana.
"Sobre a Vontade na Natureza" (1836) – Uma obra em que aplica suas ideias metafísicas à natureza
FRASES NOTÁVEIS
“A vida oscila como um pêndulo entre a dor e o tédio.”
“O dinheiro é como água do mar: quanto mais você toma, maior é sua sede.”
“Somente na solidão se encontra a verdadeira liberdade.”
As reflexões de Schopenhauer sobre a vida, o sofrimento e a busca pela felicidade oferecem uma crítica profunda à condição humana, tornando sua filosofia relevante ainda hoje.
Voltando à Nietzsche, este abordou o pessimismo filosófico como uma crítica à moralidade convencional e à metafísica, enfatizando a necessidade de reavaliar os valores e a busca pela afirmação da vida apesar do sofrimento.
Nietzsche foi profundamente influenciado por Arthur Schopenhauer, que introduziu a ideia de que a vida é cheia de sofrimento e que a vontade de viver é uma força cega que leva à dor. Para Nietzsche, essa visão representa um pessimismo que não deve ser aceito como uma doutrina fixa, mas sim como um ponto de partida para a transvaloração dos valores. Ele via o niilismo, que resulta da perda de significados absolutos, como um presságio de uma nova oportunidade para a criação de novos valores Um conceito fundamental na filosofia de Nietzsche é a "vontade de poder", que não se refere apenas a poder sobre os outros, mas à autoafirmação e à superação pessoal. Nietzsche acreditava que todos os seres buscam expandir sua própria força e capacidade, uma afirmação que, em contrapartida, leva à negação do pessimismo passivo que aceita a vida apenas como um fardo . Em vez disso, ele propôs que a vida deve ser abraçada, com todas as suas dores e alegrias, como um campo de luta pela afirmação e criação de novos significados Nietzsche introduziu o conceito de "pessimismo dionisíaco", que busca integrar a dor e o sofrimento como partes essenciais da experiência humana. Ele argumenta que o dionisíaco, representando a experiência intensa e caótica da vida, deve ser aceito e celebrado. A tragédia, como uma forma de arte, torna-se uma manifestação desse pessimismo, permitindo que os indivíduos enfrentem a realidade da dor e do sofrimento com uma atitude estética, transformando a experiência de viver em uma obra de arte
Nietzsche critica a moralidade cristã, que tende a negar os instintos naturais em favor de uma submissão passiva e moralidade de rebanho. Ele defende a criação de uma moralidade que surgiria a partir da vontade individual e da autoafirmação, onde a vida é vista como um fenômeno que deve ser vivido intensamente e não apenas suportado .
A famosa declaração "Deus está morto" enfatiza o colapso dos valores tradicionais e a necessidade de novos significados na vida, que não dependem de dogmas religiosos ou crenças metafísicas
Por fim, Nietzsche via a arte como uma forma vital de lidar com o pessimismo. Ele argumentava que a arte, especialmente a tragédia grega, permite ao ser humano confrontar e expressar a dor da existência, transformando a vida em algo mais que uma mera luta pela sobrevivência. A arte dionisíaca, portanto, é uma forma de redimir o pessimismo ao proporcionar uma forma de vivência que aceita a vida em toda sua complexidade, celebrando-a em vez de se afastar dela
Nesse contexto, o pessimismo em Nietzsche não é uma simples rendição à dor, mas um convite a transformar essa dor em força criativa e autêntica na busca contínua pela autoafirmação e novos significados na vida.
HORIZONTE PRATEADO
POR ROBERTO FRANKLIN
Cadeira 40 da ALL
Raios de sol iluminam ondas no horizonte, tornando-as prateadas, como se a manhã vestisse o mar com um manto de luz. O cenário é de encantamento. A linha do horizonte brilha com uma intensidade suave, e as ondas, ao se erguerem e quebrarem, refletem os feixes dourados que descem do céu como bênçãos silenciosas. Háalgo demágiconesse encontro entre luze água, como se o tempopausasseporum instantepara contemplar a própria beleza da criação.
O sol ainda está baixo, sua luz tem um tom dourado que não cega, mas acaricia. Ele emerge com lentidão, rompendo as últimas sombras da madrugada, e transforma o mar num espelho ondulante onde tudo se torna reflexo e poesia. As ondas que antes dançavam no escuro agora cintilam como prata líquida. O brilho se espalha, como pequenos fogos de artifício silenciosos, e cada ondulação carrega um brilho próprio, único, efêmero.
Caminhar pela praia nesse momento é como atravessar um mundo à parte. O som das ondas se mistura ao chamado das gaivotas, ao sussurro do vento, e ao compasso dos próprios passos na areia ainda fresca. Tudo convida ao silêncio interior, à contemplação profunda, à gratidão por simplesmente existir ali, naquele exato instante em que o sol beija o mar.
Os olhos se perdem no infinito, mas o coração se encontra. As ondas prateadas contam histórias que não precisam de palavras, apenas de presença. Falam de começos e recomeços, de ciclos que se renovam a cada amanhecer, de esperanças que renascem com a luz. O horizonte, iluminado, deixa de ser apenas um limite visual para se tornar um portal simbólico ali onde o mar e o céu se unem, também se unem os sonhos e a realidade, o que foi e o que ainda virá.
É difícil não se emocionar diante de tamanha beleza. A natureza, com sua simplicidade e grandiosidade, nos ensina que os momentos mais preciosos não precisam de grandes gestos bastam luz, água, e a disposição de olhar com a alma.
E assim, enquanto os raios de sol continuam a banhar as ondas, tornando-as prateadas, a vida segue, mais leve, mais plena, mais serena.
OLHANDO NO ESPELHO, NOTEI QUE EU ENVELHECI
Olhando no espelho hoje, percebi algo que há tempos eu evitava encarar: eu envelheci. As marcas no meu rosto já não são apenas sinais de expressões passageiras, são traços definitivos de uma vida inteira vivida. As rugas ao redor dos olhos contam histórias de sorrisos sinceros e lágrimas silenciosas. Os cabelos, agora mais claros, são como fios de lembranças, cada um com sua própria narrativa de dias de sol, de noites mal dormidas, de preocupações e de alegrias. Meus olhos continuam os mesmos, mas carregam um brilho diferente. Um olhar mais calmo, talvez um pouco mais cansado, mas também mais cheio de compreensão. Já não buscam perfeições. Procuram sentido. Procuram paz. Meu corpo também mudou. Os passos, antes tão apressados, hoje são mais ponderados. Não por falta de vontade, mas porque a vida me ensinou que não há tanta pressa. Que algumas coisas só se entendem quando se caminha devagar. Envelhecer não é só perder a juventude, éganhar um tipode sabedoriaqueo tempoentregasem pedirlicença.Éolharpara trás e reconhecer as batalhas vencidas, as pessoas que passaram, os amores vividos, os erros cometidos e as lições aprendidas. Olhando no espelho, percebo que não sou mais quem eu era... e, de certo modo, agradeço por isso. Carrego no rosto a história de quem fui e, no coração, a esperança de tudo que ainda posso ser. A verdade é que envelhecer é um privilégio. Nem todos têm a chance de ver as marcas do tempo em si mesmos. E hoje, ao me
encarar com mais carinho e menos cobrança, entendo que cada linha no meu rosto é uma medalha silenciosa... uma prova de que eu vivi.
AS BELAS E O MAR
Ao amanhecer, quando o céu se mistura em tons de rosa e dourado, elas chegam. As belas. Com os pés descalços e os cabelos soltos, seguem em silêncio pela areia ainda fria, como quem escuta os sussurros do mar.
Cadaumacarrega em si histórias diferentes, cicatrizes escondidassob sorrisos eumaforça serenaque só quem conhece o sabor da maresia entende. O mar, cúmplice antigo, conhece todas. Já viu suas lágrimas se misturarem às ondas, já escutou seus segredos jogados ao vento e devolvidos em forma de brisa.
Elas não se encontram por acaso. O mar as chama, e elas atendem, como quem volta para casa. Sentam-se nas pedras, caminham entre conchas, dançam ao som das marés. São belas porque são inteiras, porque não se deixam afundar, mesmo quando a vida tenta puxá-las para o fundo.
Ali, diante da imensidão azul, se reconhecem. Mulheres de alma livre, de coragem discreta e amor profundo.
São as belas e o mar – um laço que não se explica, apenas se sente.
E quando o sol se põe e o céu se veste de fogo, elas se despedem. Mas o mar permanece, guardando nelas um pouco de si, e nelas guardando o eterno mistério do feminino que, como o oceano, nunca se deixa prender.
MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR APOSENTADO
SERÁ QUE SOU PESSIMISTA?
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Prosseguindo com minhas leituras juvenis (ops...), interessei-meporSchopenhauer, além deNietzsche. Arthur Schopenhauer é um filósofo central do pessimismo filosófico, conhecido por sua ideia de que a vida é essencialmente marcada pelo sofrimento e pela vontade como força motriz da existência.
O pessimismo filosófico é uma corrente que atribui um valor negativo à vida, argumentando que a existência é marcada por sofrimento e falta de sentido. .
FILÓSOFOS NOTÁVEIS
ArthurSchopenhauer:Umdosprincipaisexpoentesdopessimismo,Schopenhauer argumentouquea"vontade de viver" é incessante e conduz à insatisfação, o que torna a existência repleta de dor. Para ele, a felicidade verdadeira é um mito, e momentos de prazer são apenas fugazes alívios de um estado de desejo perpetuamente insatisfeito.
FriedrichNietzsche:Emborafrequentementeassociadoaoniilismo,Nietzschetambémabordouopessimismo. Ele acreditava que a vida era essencialmente trágica e que a busca pela felicidade é uma ilusão, mas via a aceitação do sofrimento como uma forma de enfrentar a realidade
Hegésias de Cirene: Afirmou que a felicidade é inatingível devido às constantes enfermidades e frustrações da vida
Os pessimistas filosóficos costumam abordar os seguintes pontos:
A vida não vale a pena ser vivida: Muitos pessimistas acreditam que, dada a prevalência de dor e sofrimento, a existência é fundamentalmente indesejável.
O sofrimento é intrínseco à condição humana: Argumentam que a vida é repleta de desafios, doenças e a inevitabilidade da morte
A não-existência é preferível: Essa ideia sugere que seria melhor se não existíssemos, uma noção explorada em várias correntes filosóficas
Críticos do pessimismo argumentam que essa perspectiva é excessivamente negativa e fatalista, desconsiderando momentos de felicidade e realização. Também pode levar à apatia e à falta de ação diante de problemas, resultando em um estado emocional prejudicial .
Apesar das críticas, o pessimismo pode oferecer uma abordagem realista da vida, promovendo reflexão e questionamento sobre a natureza humana e o sentido da existência.
O pessimismo filosófico propõe uma visão crítica e muitas vezes sombria da vida e da experiência humana. Enquanto essa perspectiva é frequentemente vista como negativa, ela também pode fomentar compreensão e aceitação da condição humana, incentivando um reconhecimento mais profundo dos desafios que todos enfrentamos.
Ao enfrentar as duras realidades da existência, podemos encontrar um sentido mais autêntico e fundamentado na nossa vida diária.
Arthur Schopenhauer nasceu em 22 de fevereiro de 1788 em Danzig, Polônia, e morreu em 21 de setembro de 1860 em Frankfurt, Alemanha. Sua filosofia foi fortemente influenciada por pensadores como Immanuel Kant, e a cultura oriental, em especial o budismo. Ele se destacou por criticar o racionalismo da época e desenvolveu uma perspectiva que enfatizava a vontade como essência do mundo.
A ideia central de Schopenhauer é que o mundo é uma manifestação de uma vontade cega e irracional, que ele descreve como a força que impulsiona todas as ações e desejos. Essa vontade é a fonte do sofrimento humano, pois a busca incessante por satisfação nunca é plenamente atingida. Schopenhauer alerta que a vida oscila entre o sofrimento e o tédio, com momentos breves de prazer que apenas interrompem temporariamente a dor
Em sua obra mais famosa, "O Mundo como Vontade e Representação" (1818), Schopenhauer afirma que o mundo que percebemos é uma representação do sujeito, enquanto a vontade é a realidade subjacente. Ele argumenta que a arte e a música são formas de transcender temporariamente a vontade e experimentar a beleza e a liberdade do sofrimento.
Noâmbitoético,Schopenhauercritica amoralidadetradicional epropõeque averdadeiramoralidadesebaseia na compaixão, uma capacidade inerente de sentir e atuar em função do sofrimento dos outros. Ele vê a compaixão como uma força que pode nos libertar do egoísmo inerente à condição humana
A filosofia de Schopenhauer influenciou diversos pensadores e movimentos artísticos, servindo de base para o desenvolvimento do existencialismo, e impactando escritores como Friedrich Nietzsche, Thomas Mann, e Franz Kafka. Sua ênfase na estética, especialmente na música, é considerada uma ruptura importante no pensamento filosófico ocidental
PRINCIPAIS OBRAS - Algumas das principais obras de Arthur Schopenhauer incluem:
"O Mundo como Vontade e Representação" (1818) – Sua obra fundamental onde desarrolla a tese central de sua filosofia.
"Parerga e Paralipomena" (1851) – Uma coleção de ensaios que aborda questões como ética, arte e a vida cotidiana.
"Sobre a Vontade na Natureza" (1836) – Uma obra em que aplica suas ideias metafísicas à natureza FRASES NOTÁVEIS
“A vida oscila como um pêndulo entre a dor e o tédio.”
“O dinheiro é como água do mar: quanto mais você toma, maior é sua sede.”
“Somente na solidão se encontra a verdadeira liberdade.”
As reflexões de Schopenhauer sobre a vida, o sofrimento e a busca pela felicidade oferecem uma crítica profunda à condição humana, tornando sua filosofia relevante ainda hoje.
Voltando à Nietzsche, este abordou o pessimismo filosófico como uma crítica à moralidade convencional e à metafísica, enfatizando a necessidade de reavaliar os valores e a busca pela afirmação da vida apesar do sofrimento.
Nietzsche foi profundamente influenciado por Arthur Schopenhauer, que introduziu a ideia de que a vida é cheia de sofrimento e que a vontade de viver é uma força cega que leva à dor. Para Nietzsche, essa visão representaum pessimismoquenãodeveseraceito como umadoutrinafixa,massim como umpontodepartida para a transvaloração dos valores. Ele via o niilismo, que resulta da perda de significados absolutos, como um presságio de uma nova oportunidade para a criação de novos valores Um conceito fundamental na filosofia de Nietzsche é a "vontade de poder", que não se refere apenas a poder sobre os outros, mas à autoafirmação e à superação pessoal. Nietzsche acreditava que todos os seres buscam expandir sua própria força e capacidade, uma afirmação que, em contrapartida, leva à negação do pessimismo passivo que aceita a vida apenas como um fardo . Em vez disso, ele propôs que a vida deve ser abraçada, com todas as suas dores e alegrias, como um campo de luta pela afirmação e criação de novos significados
Nietzsche introduziu o conceito de "pessimismo dionisíaco", que busca integrar a dor e o sofrimento como partes essenciais da experiência humana. Ele argumenta que o dionisíaco, representando a experiência intensa e caótica da vida, deve ser aceito e celebrado. A tragédia, como uma forma de arte, torna-se uma manifestação dessepessimismo, permitindo queos indivíduos enfrentemarealidadedadore dosofrimento com umaatitude estética, transformando a experiência de viver em uma obra de arte
Nietzsche critica a moralidade cristã, que tende a negar os instintos naturais em favor de uma submissão passiva e moralidade de rebanho. Ele defende a criação de uma moralidade que surgiria a partir da vontade individual e da autoafirmação, onde a vida é vista como um fenômeno que deve ser vivido intensamente e não apenas suportado .
A famosa declaração "Deus está morto" enfatiza o colapso dos valores tradicionais e a necessidade de novos significados na vida, que não dependem de dogmas religiosos ou crenças metafísicas
Por fim, Nietzsche via a arte como uma forma vital de lidar com o pessimismo. Ele argumentava que a arte, especialmente a tragédia grega, permite ao ser humano confrontar e expressar a dor da existência, transformando a vida em algo mais que uma mera luta pela sobrevivência. A arte dionisíaca, portanto, é uma forma de redimir o pessimismo ao proporcionar uma forma de vivência que aceita a vida em toda sua complexidade, celebrando-a em vez de se afastar dela
Nesse contexto, o pessimismo em Nietzsche não é uma simples rendição à dor, mas um convite a transformar essa dor em força criativa e autêntica na busca contínua pela autoafirmação e novos significados na vida.
ATENÇÃO! PRAZO PRORROGADO PARA AS INSCRIÇÕES DO CONCURSO HISTÓRICO LITERÁRIO DO IHGM “O CENTENÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO “.
Poderão participar pesquisadores, professores da Educação Básica e estudantes universitários que tenham desenvolvido pesquisas sobre o tema do concurso.
Prazo prorrogado : até dia 28 de julho de 2025
Prêmio em dinheiro, R$ 2.000,00 (dois mil reais) para o primeiro lugar de cada categoria, certificado de participação, além de publicação no formato e-book e divulgação nos meios de comunicação.
Consulte o edital completo: https://ihgm.org.br/edital.php?
eve_id=5226 e inscreva-se!
Gabriela Santana é uma escritora maranhense conhecida por suas contribuições à literatura brasileira. Ela nasceu e cresceu em São Luís, Maranhão, onde desenvolveu seu amor pela escrita desde jovem. Gabriela é formada em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e tem se dedicado à literatura e à educação ao longo de sua carreira
Principais Obras
Vidas Entrelaçadas: Este romance aborda as complexidades das relações humanas e os desafios enfrentados por diferentes gerações em São Luís
Caminhos do Maranhão: Uma coletânea de contos que explora a rica história e as tradições do Maranhão, trazendo à tona personagens e eventos marcantes
Contribuições e Reconhecimentos Gabriela Santana é conhecida por sua dedicação à cultura maranhense e por suas contribuições significativas à literatura local. Ela participa ativamente de eventos literários e culturais, promovendo a literatura e a educação em sua comunidade
Luiza Cantanhede, cujo nome completo é Maria Luiza Cantanhede Gomes, é uma escritora e poeta maranhense, nascida em Santa Inês (MA) em 14 de julho de 1964. Ela é uma figura importante da literatura contemporânea do Maranhão e do Piauí, onde reside desde 1983, na cidade de Teresina
Sobre sua trajetória: Filha de lavradores, cresceu em um ambiente marcado pela oralidade e pelas histórias contadas pelos pais, o que influenciou fortemente sua escrita. Técnica em Contabilidade.
Vida literária: Iniciou sua carreira literária em Teresina, onde também criou sua filha, hoje formada em Arqueologia.
Obras publicadas:
• "Palafitas" (2016)
• "Amanhã serei uma flor insana" (2018)
• "Pequeno ensaio amoroso" (2019)
Participações e reconhecimentos: Participa de diversas antologias nacionais e internacionais, como: A Mulher na Literatura Latino-Americana; Encruzilhada de Versos; Ero das Eras
Premiações: Menção honrosa nos prêmios “Vicente de Carvalho” e “Álvares de Azevedo” da UBE-RJ
• Premiada no concurso “Novos Poetas Maranhenses” (2018 e 2019)
Instituições: Membra fundadora da Academia Piauiense de Poesia; Membra da Academia Poética Brasileira; Participa da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (coordenadoria Maranhão)
Sua poesia é marcada por uma linguagem sensível, com forte ligação às raízes nordestinas, à natureza e à vida simples do interior
Chegamos ao oitavo número da Revista Tijubina. Desta vez a homenagem é ao polígrafo maranhense Josué Montello, um dos mais importantes nomes da literatura brasileira do século XXI. Neste número, o autor de Os tambores de São Luís é homenageado em dois artigos. O primeiro tem a autoria da professora Samira Fonseca e traz à discussão uma das possibilidades de leitura do romance Cais da Sagração. Temos também um estudo sobre Uma Varanda sobre o Silêncio, assinado por José Neres. Nesta edição, também temos o aparecimento de uma nova Academia em nosso Estado. Trata-se da ALCASJR - Academia de Letras, Ciências e Artes de São José de Ribamar, que teve seus primeiros membros empossados no último dia de março deste ano. Por falar em Academia, a AML acaba de receber sua mais nova imortal, a professora e escritora Ceres Murad, que foi a estrela principal em uma concorrida cerimônia de posse na sede da AML Temos também nestas páginas uma homenagem ao artista plástico, pesquisador e escritor Antônio Miranda, um dos maiores pesquisadores da história e da cultura de São José de Ribamar. Outro texto que ilustra esta Revista é o estudo assinado pelo jornalista e poeta Mhario Loncoln, um dos grandes nomes de nossa modernidade. Muitos outros assuntos são discutidos aqui, como, por exemplo, a relação entre a literatura e a violência e a série adolescência, que levantou muitos questionamentos. O jornalista Félix Alberto Lima traz um olhar sóbrio e bastante aprofundado sobre essa série que vem conquistando fãs em todo o mundo. Boa leitura e até breve. SIGA-NOS NO INSTAGRAM: @revista_tijubina
ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA
Antonio Guimarães de Oliveira nasceu no povoado Lago Limpo, município de Lago Verde, Estado do Maranhão. Professor da Rede Pública Estadual, lecionando História, Filosofia e Ética. É especialista em Educação Ambiental pela Fundação Getúlio Vargas.
Através da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Vereadores de São Luís, uma das Casas Legislativas mais antiga do Brasil, foi homenageado com a medalha do mérito Simão Estácio da Silveira, a maior honraria dessa Câmara Municipal.
Recebeu das mãos do grão-mestre do Grande Oriente do Brasil no Maranhão a medalha José Guimarães Sousa, maior comenda da Maçonaria.
Foi agraciado com a Medalha Humanidade e Concórdia, ofertada pela Augusta e Respeitável Loja Simbólica Humanidade e Concórdia, nº 110. Loja Maçônica, fundada em 05 de maio de 1855. Loja Maçônica em funcionamento mais antiga no Maranhão.
Livros publicados
O Algodão no Mearim: É uma análise acerca do algodão pelo enfoque dos migrantes nordestinos que se instalaram nas cidades do vale rio Mearim, evidenciando-se o plantio e a comercialização do “ouro branco”.
O Parto da Insônia: Proporciona uma visão crítica, cômica e caótica do mundo em que vivemos. Põe o leitor a tirar suas conclusões acerca do mundo contemporâneo.
O Arquivista Acidental: Ao longo do livro, imagina o Autor o que podemos realizar e fazer, individualmente e/ou coletivamente, para que tudo isso termine e para que não se repita. O mundo encontra-se repleto de bons intencionados, porém, os resultados são deploráveis: se não somos capazes de tornar mais amena a vida na sociedade de que fazemos parte, o que estamos fazendo aqui?
Algodão: Ouro Branco (Tempo e Espaço): Representa o esforço do autor para registrar historicamente a cotonicultura como uma atividade econômica que foi capaz de forjar uma identidade diferenciada para a cidade de São Luís
A Fuga do Perfume: O existir não é difícil de ser visto. Ele está em qualquer circunstância da vida, basta irmos ao seu encontro. Mesmo estando na escuridão do óbvio, a sabedoria humana fulmina seus segredos. Com este título, Antonio Guimarães de Oliveira faz a sua viagem para um mundo de indagações, numa clarividência bem explícita da vida.
Estação Ecológica “Sitio do Rangedor”: uma proposta Educacional. Livro que explica como utilizar racionalmente o Sitio do Rangedor, visando práticas ambientais inclusivas.
São Luís: Memória e Tempo: Livro que reconta a história dos 400 anos da cidade e suas transformações por meio de bilhetes tipográficos, bilhetes postais, cartões postais, cartões fotográficos e álbuns de lembranças, em 8.500 imagens de diferentes locais. O livro tem registros importantes de grandes desenhistas e gravuristas. É considerado tão importante quanto outros quatros álbuns fotográficos da cidade: o da Tipografia Teixeira (1899), o álbum de Gaudêncio Cunha (1908), o de Godofredo Viana (1923) e o de Miécio Jorge (1950)”.
São Luís em Cartões Postais e Álbuns de Lembranças: Muitas foram as transformações de São Luís. Neste livro, o Autor faz uma viagem pelo acervo de grandes colecionadores e fatos ocorridos em São Luís. São imagens do tempo em que reinavam os bondes tracionados por animais, barcos, bailes familiares, surgimento do Tirirical, aviões plainando na Baía de São Marcos, lojas, tecelagens, cinemas, palácio e etc.
Pregoeiros & Casarões: Documenta o palco ludovicense do início do século XX, através dos gritos de pregoeiros vendendo diversidades – bugigangas, subindo e descendo as ladeiras ladeadas por sobrados e casarões desta amada São Luís.
Becos & Telhados: Livro que representa a contínua e recorrente viagem do autor ao passado de São Luís, através dos seus logradouros e edifícios históricos, que assim ajudam a contar a história por meio da sua iconografia fotográfica, produzida ao longo dos séculos XIX e XX, a partir da lente e olhar do fotógrafo de “plantão” da época, como um Gaudêncio Cunha, um Manassés, um Amorim, um Dreyfus Azoubel, um Clodomir Pantoja, um José Mendonça, um Ribamar Alves, um Chico Foto Flash, um Fernando Sah, um Foto Nômade, mas também, por anônimos e amadores. Este livro vem trazendo também, novas fotos e cartões postais ainda não mostrados, das ruas, becos, travessas, largos e avenidas, sempre destacando a duplicidade ou multiplicidade dos nomes das tradicionais e históricas artérias de São Luís do Maranhão.
Livros a publicar
A Luz, O homem, Gurupi e sua aldeia, Insurreição no arquivo, Adagas & punhais, Sobrados & palacetes, Sítios & chácaras, Rapazinhos & capitães, Extermínios & dois, O físico e o general, Pedreiros & faiscadores, Solidão & cárcere, Raiz & prefácio, Mariposas & rufiões, O senhor da razão, Estações & trens, Última pedra, Babilônia & Sião, Massada & Álamo, Chão descoberto, Sociedade de ombros vencidos, Tribos & aldeias, Gaiolas nos dedos, Os setes rosados do Apocalipse.
Academias
Membro efetivo das Academias Poética Brasileira e Maranhense Maçônica de Letras, em ambas patroneado pelo escritor e músico João Batista Lopes Bogéa.
Pertence à AMEI - Associação Maranhense de Escritores Independentes, associação que surgiu da vontade de vários escritores independentes maranhenses, sempre com o espirito de renovo da Athenas Brasileira. Ocupa a cadeira nº 09 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão-IHGM, como sócio efetivo, que tem como patrono o Historiador Bernardo Pereira de Berredo e Castro.
Artigos publicados
Publicou inúmeros artigos nos jornais Tribuna do Nordeste, Jornal Pequeno, Folha do Maranhão e Gazeta do Povo. Além dos mencionados trabalhos, desenvolve pesquisas sobre a história do Brasil e do Maranhão.
LIVROS PUBLICADOS
Algodão no Mearim, O Parto da Insônia, O Arquivista Acidental, Algodão: Ouro Branco (Tempo e Espaço), A Fuga do Perfume, Estação Ecológica “Sitio do Rangedor”: uma proposta Educacional, São Luís: Memória e Tempo, São Luís em Cartões Postais e Álbuns de Lembranças e o último lançamento.
DIA DA LITERATURA BRASILEIRA
Nesse dia relevante para poetas, escritor bjes, romancistas, cronistas, contistas, leitores, enfim, para quem gosta de poesias, poemas, livros, peças teatrais, crônicas, artigos e outras manifestações artisticas, comemoramos o dia nacional da literatura - tratando-se de uma pessoa criativa, imaginativa e produtiva. Sobre os escritores, Pablo Neruda, foi bastante feliz ao descrevê-los: "escrever é fácil você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as ideias."
No decorrer da nossa história, sempre tivemos grandes escritores, e não esqueço das citações de Clarice Lispector ao afirmar que, "enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta, continuarei a escrever", autora de grandes poemas. Já no passado recente, listaremos obras e nomes marcantes indispensáveis, visando entendimento e compressão dos diversos momentos e segmentos da intelectualidade em nosso país.
Sobre os grandes poetas/escritores brasileiros, nunca esqueço dessa citação: " O machado, era de Assis. A rosa, do Guimarães. A bandeira, do Manuel. Mas feliz mesmo era o Jorge, que era amado."Ei-los: Grande sertão: veredas (João Guimarães Rosa), Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), Vidas secas (Graciliano Ramos), A hora da estrela (Clarice Lispector), A rosa do povo (Carlos Drummond de Andrade), Macunaíma (Mário de Andrade), Morte e vida Severina (João Cabral de Melo Neto), Os sertões (Euclides da Cunha), O tempo e o vento (Erico Verissimo), A invenção de Orfeu (Jorge de Lima), Romanceiro da
Inconfidência, (Cecília Meireles), Crônica do viver baiano seiscentista (Gregório de Matos Guerra), As meninas (Lygia Fagundes Telles), Espumas flutuantes (Castro Alves), O ateneu (Raul Pompéia), Gabriela, cravo e canela (Jorge Amado), Poema sujo (Ferreira Gullar), Menino do engenho (José Lins do Rego), O guesa errante (Joaquim de Sousa Andrade – Sousândrade), O quinze (Rachel de Queirós), Primeiros cantos (Gonçalves Dias), Viva o povo brasileiro (João Ubaldo Ribeiro), Crônicas reunidas (Rubem Braga), Eu (Augusto dos Anjos), Romance da Pedra do Reino (Ariano Suassuna), O encontro marcado (Fernando Sabino), Sítio do Pica-pau Amarelo (Monteiro Lobato), Toda poesia (Paulo Leminski), Tu, não te moves de ti (Hilda Hilst) e outros grandes nomes.
Na minha terra, a bela São Luis, com seus casarões e sobrados fragmentados pelo tempo e falta de zelo, muitos já sem eiras e beiras, somos “avivados” por sombras imortalizadas do passado: Antônio Gonçalves Dias e sua “Canção do Exilio”, Joaquim de Sousa Andrade (Sousândrade), e seu errante e futurístico "O Guesa", Maranhão Sobrinho, um boêmio inveterado e seus “Papéis Velhos”, Antônio Lôbo, um tísico suicida e sua “Carteira de um Neurastênico”, Raimundo Correia e seus “Primeiros Sonhos”, Bandeira Tribuzi e sua “Louvação a São Luís”, José Chagas e seus telhados e a sua “Maré Memória”, Josué Montello e o ecoar de "Tambores sobre São Luís", Ferreira Gullar e o "Poema Sujo", Lago Burnett e sua "Estrela do Céu Perdido", Erasmo Dias, fanho e com uma rapidez cerebral inigualável, Bernardo Almeida, com um cigarro Carlton entre os dedos, vociferava "Éramos Felizes e Não Sabíamos", Waldemiro Viana e seu "Graúna em Roça de Arroz", Nauro Machado e a sua “Antibiótica Nomenclatura do Inferno”, Jomar Moraes, e seu "Encantador de Palavras", Nascimento Morais Filho, e seus "Azulejos e Clamor da Hora Presente", Carlos Cunha, e sua perfeição gramatical, Nonato Masson, e "Seu Corpo de Moça", José Sarney e "O Dono do Mar", Mhario Lincoln e seus “Significativos poemas”, José Maria Nascimento e seu “Poema Zero”, Manoel Guimarães e seu novo estilo (sem pontuação visível) se valendo de reticências e colchetes, somente, tentando construir e vivenciar aspectos de um passado sombrio, dentre outros aspectos... Humildemente, coloco-me nesse cenário. Hoje, autor de vários livros, como: O Algodão no Mearim; O Parto da Insônia; Artigos Diversos; O Arquivista Acidental; A Fuga do Perfume; São Luís: Memória e Tempo; Algodão: Ouro Branco; Estação Ecológica Sítio do Rangedor: uma proposta educacional; São Luís em Cartões Postais e Álbuns de Lembranças; Pregoeiros & Casarões; Becos e Telhados; Pêndulos & Fiéis; Adagas & Punhais. Coautor nos seguintes livros: Herança literária, República dos textos. Nas nuvens, 500 anos do nascimento do príncipe dos Poetas - Camões (2024), Que seja infinita enquanto dure... (Uma homenagem ao poeta Vinícius de Moraes), Mulheres Guerreiras, Cangaço em Perspectiva (O sertão em lutas), Sertão de Bravos, todas editados por importantes Academias e seus editores. Publiquei artigos, crônicas e editoriais nos diversos jornais que circulavam ou circulam no Maranhão, sendo impressos ou virtuais: Folha do Maranhão, Tribuna do Nordeste, Jornal Pequeno, Jornal Extra, Jornal O Imparcial, Jornal O Estado do Maranhão, Gazeta do Povo, e outros. Tenho um círculo de amizade, com inúmeros intelectuais e importantes Academias: Academia Poética Brasileira (Goreth Pereira, Joana Bittencourt, Joema Carvalho, Elisa Lago, Clevane Pessoa, Marcio Gleide Poeta, Joao Ewerton, Monica Puccinelli, Marcia, Luiza Cantanhêde, José de Ribamar Cordeiro, Domingos, Elias, Francisco Tribuzi, Jorge Junior, Rogéryo du Maranhão, Maria, Prof Paulo Rodrigues, Solange Leminski, Psicanal, Osmarosman, Maura Luza Frazão, Joizacawpy, Uimar Gama Junior Rocha, Anely Guimarãs Kalil, Eloy Melonio, carmen, N Lusa Martins, Kleber Lago, Daniel Mauricio, Raimunda Frazão, Edomir Oliveira, Alcina, Linda Barros, José Neres, José Raimundo Rodrigues, Mhário Lincoln, Leopoldo Vaz, Susana, Baia ,Lucia, Rogério Rocha, Augusto Pellegrini, Dirosa, Chiquinho França, Sharlene Serra, Keila Marta, Pedro Sampaio, Luciah Lopez, Silvana Mello, ElvBur, Wescley Brito), Academia Brasileira de Estudos do Sertão Nordestino (Adriano Carvalho, Dênis, Leonardo Gominho, Emmanuel, André Nunes, Ângelo Osmiro, Benedito Vasconcelos, Claudrmiro Avelino, Frederico Pernambucano de Melo, Gilmar Teixeira, Idemberg Sena, Ivanildo, José Anderson, Junior Almeida, Luiz Ferraz Filho, Yony Sampaio, Antônio Porfirio, Célia, Cristina Couto, Diana, Expedito, Gustavo, Cicinato, Gutemberg, Helena, Hildo, Ivan, João Paulo, Leandro, Luma Hollanda, Manoel Suassuna, Nivaldo Carvalho, Ricardo Beliel, Sousa Neto, Valdir Nogueira), Academia Maranhense Maçônica de Letras (Fernando César, Lourival, Wellington Santana, Adelson, Samuel, Batalha, José Maria Nascimento, Mauro Leray, Paulo Helder, Regis Furtado, Rogério Rocha, Sebastião Bonfim, Álvaro Sousa, Antônio, Franck Matos, Geraldo, Gerson, José Roberto, Lúcio, Mauro Rego, Nicolau, Raimundo
Marques, Toninho Bacute, Vaner Marinho), Academia de Letras e Artes Maçônicas (Antonio, Fernando, Giniomar, Ramssés Silva, Rogério Rocha, Anfrizio Meneses, Antônio, Paull Carvalho, João, Maurício, Mendes Galvão, Serra ), Academia Nacional dos Maçons Imortais (Expedito Ferreira Rillo, Izautonio da Silva Machado Junior, Felipe Formiga de Holanda Santos, Arisvaldo Santana da Rocha, Miguel Galhani, Adroaldo Dartora, Adilson Zotovici, Aildo Virginio Carolino, Bruno Bezerra de Macedo, Aderaldo Pereira, Antônio do Carmo Ferreira, José Valdeci Sousa Martins, Gildeci de Oliveira Leite, Adari Francisco Ecker, Elder de Lucena Madruga, Alfredo Di Giaimo Neto, Eliseu Kadesh, Abel Toletino de Oliveira Junior, Cadmo Soares Gomes, João Darcy Ruggery, Luiz Rodrigues Larso Karetens, Elio Figueiredo, Rogério Rocha, Roberto Scalercio Pires, Jarice Braga Ramos, Ruy Alberto Corrêa Altafim, Raimundo Augusto Conrado, Cláudio Nogueira, Régio José Oliveira Lima, Raimundo Carlos Alves Pereira, Arlindo Batista Chapetta, José Mariano Lopes Fonseca, Hélio Pereira Leite, Marcelo Chaim Chohfi, Jair Calixto Teixeira, Cleber Tomás Vianna, Marcos Fernandes Sobrinho, Guilherme Castro Cabral, José Robson Gouveia Freire, Luiz Abner de Holanda Bezerra, Newton Figueiredo Pinto, Souheil Sleman, Carlos de Lellis de Alencar Luna, Kleber de Toledo Siqueira, Alexandre Lopes Fortes, Newton Agrella, Antonio Guimarães de Oliveira, Zelito Magalhães, Mucio Bonifácio Guimarães, Marcilio Lima. Confrades Correspondentes da ANMI, como segue: Diego Pereira Franzen
Francisco Feitosa da Fonseca
Jonas de Medeiros
Cícero Caldas Neto
Pedro Jorge de Alcantara Albani
Ruy Alberto Pisani Altafim
Sérgio Akira Uyemura
Paulo Estevão Cruvinel
Alysson Frantz
Francisco Manuel da Costa Domingues
Gerson Occhi
Marcelo Feliz Artilheiro). Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Associação Maranhense dos Escritores Independentes, Instituto Maranhense de Genealogia e Heráldica. Membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa e outras instituições literárias do Brasil e outras plagas.
Alguns críticos ou mesmo leitores perguntam se ainda temos escritores, poetas/intelectuais com produções significativas, responde-lhes que sim. Vejamos: Herbert de Jesus Santos, José Alexandre Júnior, Ewerton Neto, Laura Amélia, Ivan Sarney, Luis Augusto Cassas, Joselito Veiga, Edmilson Sanches, Francisco Baia (Aiab), Kleber Lago, Luísa Cantanhede, Paulo Melo e Sousa, Linda Barros, Danilo, Sharlene Serra, Eloy Melonio, Chico Tribuzi, Salgado Maranhão, GIlmar, Ana Luisa Almeida* Ferro, Sônia Almeida, Raimundo Campos Filho, Antonio Noberto, Iramir Alves Araujo, Irandi Marques Leite, Déa Alhadeff, Euges Lima, Alex Brasil Poeta, Charles Simões, Osmar Gomes Dos Santos, Luiz Tadeu, Hilmar Ortegal, Ubiratan Sousa, João Pedro Borges, Turibio Santos, professor Trovão, Aymoré Alvim, José Márcio Leite, Jadiel, Ana Livia B. Vieira, Manoel Rubim da Silva, Manoel Barros, Paulo Meneses Pereira, Sanatiel Pereira, Elizabeth Abrantes, Alan Kardec Pacheco, Jáder Cavalcante, Helidarcy, Jucey Santana, Iuri, Natalino Salgado, Célio Sardinha, Chico Maranhão, Euclides Moreira Neto, Zema Ribeiro, Agenor Santos, Chico Viana, Marco Antonio Netto Teixeira, Marco Antônio Vieira da Silva, Lúcia Santos, Sérgio Habibe, Iran De Jesus Rodrigues dos Passos Passos, José Augusto, Battista Soarez, Lindivania Martins, Eugênia Neves, Josias Sobrinho, Socorro Teixeira, Pergentino Holanda, Gerude, Fernando Abreu, professor Fernando Novaes, Manoel dos Santos Neto, Bento Moreira Lima, SIlvana Pantoja, Cristina Murilo, Antonio Melo, Eliezer, Sérgio Sergio Victor Tamer, Cordeiro Filho, Márcia Manir, Cristiano Sardinha, Alexandre Lago, Joaquim Haickel, Joãozinho Ribeiro, Pedro Henrique Fonseca, Raimundo Balby Silva Silva, Adonay Moreira, professor João Melo Sousa Bentivi, professora Zefinha Bentivi, Roger Dageerre, Florisvaldo Sousa, Ricardo Miranda Filho, José Eulálio Figueiredo, Joaquim Itapary, Josias Sobrinho, Inaldo Lisboa, Lourival Serejo, Ney Bello, Firmino Freitas (in Memoriam), Couto, Aurora da Graça, Hélcio Silva, Bruno Tomé Fonseca, Regis Furtado, Nicolau Fahd, Dilercy Aragão Adler, Júlia Emília, Albert Mont Blanc, Wanda Cunha, Carlos Furtado, Hagamenon de Jesus, Sebastião Ribeiro, Cristiane Lago, Raimunda Frazão, Goreth Pereira, Rafaela Rocha, Sabryna Mendes, Roberto Franklin, Uilmar Junior, Carvalho Junior, Rogério Rocha, Arlete Nogueira da Cruz, Bioque Mesito, Antonio Aílton, Cléo Cleo Rolim, Daniel Blume, José Neres, Sônia
Almeida, Anely Guimarães, Luiz Jorge Ferreira, Rossini Corrêa, Arthur Prazeres, Zé Lopes, José Viegas, Aureo Mendonça, Fernando Reis, Jose Ribamar Alves Durans, Pedro Henrique Fonseca, Sergio Victor Tamer, Carlos Nina, Carlos Alberto Lima Coelho, Carlos Furtado, Chico Viana, Álvaro Urubatan Melo, Emanoel Viana, João Batista do Lago, Edomir Oliveira, Wescley Brito, José Martins, Ed Wilson, Paulinho Nó Cego, Marcos Boa Fé, Nerlir, Pedro Neto, Kalynna Dacol, Adonay Ramos, Barrozo Braga, Evandro Júnior, Neurivan Sousa, Wybson Carvalho, Ivone Silva Oliveira, Nonato Reis, José Carlos Sanches, Mário Luna, Ceres Fernandes, Wilson Martins, Wilson Cerveira, Antonio de Pádua Silva Sousa, Nicolau, Wellington Santana, João Francisco Batalha, Raimundo Marques, Diogo Gualhardo, Sebastião Moreira Duarte, José Loredo, Ramssés De Souza Silva, Ferreira da Silva, Leopoldo Vaz, Paulo Helder, Jacques Medeiros, Edison Vidigal, Libânio da Costa Lobo, Gentil Meneses, Luis Carlos Santos Sales, Maria Gema de Carvalho, Adailton Medeiros, Déo Silva, Cid Teixeira de Abreu, José de Ribamar Cardoso, Antônio Augusto Ribeiro (in memoriam), Anecy Calland Serra, Maria das Graças Costa e Costa, José de Ribamar Corrêa, Glória Corrêa, Antônio Pedro Carneiro, Raimundo Borges, Arthur Almada Lima Filho, Lourença, João Machado, José Ribamar R. Brandão, Joseane Maia, Iris Nendes, Frederico Ribeiro Brandão, Raimundo Nonato Medeiros, José Ribeiro Brandão, Naldson Carvalho, Inês Maciel, Elany Moraes, Renato Meneses, Jotônio Viana, Morano Portela, Jorge Bastianni, Silvana Meneses, Quincas Villaneto, Isaac Sousa, Ezíquio Barros Neto, Raimundo Palhano, Ruy Palhano, Alzenira Pinho, Raquel Pinho, professor José Kleber Neves Sobrinho (in memoriam), Ubiratan Sousa, professor Ramiro Azevedo, professor Manoel Carlos, Deusimar Serra, Ana Rosária, Alberto Pessoa, Carvalho Jr, Moisés Abílio (in memoriam), José Raimundo Gonçalves (in memoriam), Félix Alberto, José Carlos Aroucha, Celso Borges (in memoriam), Nathan Sousa, Adriana Araújo, Paulo Rodrigues, Kissyan Castro, Rogério Du Maranhão, Marcia, Neves, Carlos Furtado, Eduardo Sereno, Ana Luísa, Coronel Lopes, Igor Marcelo, Eliane Moraes, Érico Cantanhede, Fátima Reis, Graça Costa, Itamar, Josimael, Karla Soares, May Guimarães, Moisés Nobre, Morais, Pádua, Raimundo Barbosa, Raimundo Barbosa, Samuel Sá, Socorro Veras, Tiago, Zé Carlos, Francisco, Luiz Tadeu, Carlos Augusto, Flávio Braga, Francisco Padilha, Maria Vitória Bouças, Osmar Gomes, Wilson Chagas, Augusto Pellegrini, Antônio Melo, José Ribamar Alves Durans, Bruno Azevedo, Lourival, Diego Amorim, Manuel da Cruz Evangelista, e outros.
Acredito que é relevante tudo que escrevi nesse texto que trata desse importante dia, o dia da literatura brasileira. Saúdo a todos que, como eu, têm para com os livros, apreço, satisfação em produzi-los e lê-los. Folhear um livro e dele apreender algo, abstrair e sentir cheiro de letras é imensuravelmente prazeroso. Salve o dia nacional da literatura!!!
do WhatsApp de 2025-06-28 à(s) 23.53.48_d7450372.mp4
Vídeo
SHARLENE SERRA
Sharlene Serra nasceu em São Luís, Maranhão, Brasil. Ela é graduada em Desenho Industrial e Pedagogia, além de ser especialista em Educação Inclusiva. É uma educadora, palestrante e escritora com uma carreira consistente na literatura, focada em temas sociais e transformadores Ela é autora da "Coleção Incluir," que aborda a inclusão de pessoas com deficiência através de histórias que promovem empatia e compreensão. Além disso, Sharlene escreveu "Diário Mágico: um segredo para contar," que trata do tema do abuso infantil e serve como uma ferramenta de proteção para crianças
Sharlene Serra é membro de várias organizações literárias e culturais, incluindo a Academia Poética Brasileira, a União Brasileira de Escritores, e a Associação de Jornalistas Escritoras do Brasil. Ela também é premiada por seu trabalho em inclusão e acessibilidade
Talvez o seu maior erro não seja a falta de talento, mas o excesso de silêncio.
Você sente que carrega um livro dentro de si, uma história que pulsa, que pede para sair… mas o mundo ainda não leu nem a primeira linha.
E não é porque você não quer escrever é porque a dúvida paralisa.
Você se pergunta:
“Será que vão gostar?”
“Será que é bom o bastante?”
“E se ninguém ler?”
“E se eu não conseguir terminar?”
Mas aqui vai uma verdade que poucos têm coragem de te dizer:
Todo autor premiado já foi um iniciante inseguro.
O que muda o jogo não é o talento é a decisão de continuar escrevendo mesmo nos dias em que tudo parece duvidoso.
Porque escrever não é só colocar palavras no papel.
É enfrentar seus próprios fantasmas, dar forma ao que está preso dentro de você e, com coragem, permitir que o mundo veja.
E sabe o que é mais bonito?
É que alguém, em algum lugar, pode estar esperando pela sua história para se reconhecer nela… e continuar.
Então, não desista da sua voz.
Não subestime o poder do que você tem a dizer.
Seja com papel e caneta ou notas no celular, comece. Uma linha por dia. Um parágrafo por vez. Um capítulo por coragem.
E quando você decidir que está pronto para tirar seu livro da gaveta, estarei aqui para te guiar.
COLÓQUIO "MARIA FIRMINA DOS REIS: LITERATURA E ESCRAVIDÃO"
organizado pelo Centro de Estudos de História da América Latina da Universidade de São Paulo, o CEDHAL. O evento contará com a participação da professora Régia Agostinho da Silva, do Departamento de História da UFMA; da pesquisadora Luciana Diogo, Doutora em Literatura pela USP; e a minha.
Já a mediação será feita pelo professor Horácio Gutiérrez, do Departamento de História da USP e atual Diretor do CEDHAL.
O evento será realizado em formato virtual e pode ser visto pelo canal da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP no YouTube.
Para maiores informações, acessem o site da FFLCH: https://www.fflch.usp.br/174714
POSSE DE 3 NOVOS MEMBROS NO IHGV. OS CONFRADES DR. CÉSAR LINDOSO, JEDIAEL E LOURIVAL GOMES.
Hamilton Raposo de Miranda Filho é um psiquiatra renomado em São Luís, Maranhão. Ele é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão e possui especializações em psiquiatria clínica e forense. Além disso, ele completou uma extensão universitária em tratamento de dependentes químicos pela Universidade Federal de Santa Catarina
Atualmente, Dr. Hamilton é estatutário na Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão e professor no Centro Universitário do Maranhão. Ele tem uma vasta experiência na área de Medicina, com ênfase em psiquiatria clínica e forense
Dr. Hamilton também participa ativamente de congressos e jornadas de psiquiatria, contribuindo para o avanço da área. Ele é conhecido por sua abordagem atenciosa e humilde, recebendo elogios de pacientes por sua capacidade de identificar e tratar crises psiquiátricas com eficácia
Hamilton Raposo de Miranda Filho, além de sua carreira na medicina, também se aventurou na escrita. Ele publicou "A Utopia Revolucionária," um livro que mistura realidade e ficção ao resgatar o passado de alguns de seus ancestrais sertanistas e o ideal revolucionário comunista que permeou o sertão na década de 30. Este livro reflete sua capacidade de integrar sua experiência profissional com uma narrativa envolvente e histórica.
50 SABORES E LUGARES LUDOVICENSES (DO LIVRO MINHAS LEMBRANÇAS DE SÃO LUÍS).
A variedade de informações culinárias ou gastronômicas que aparece nos canais de televisão atiça o paladar e seduz aqueles que de restrições alimentares sobrevivem. O pecado da gula transcende a razão de qualquer um.
São Luís tem o charme e a tipicidade própria do maranhense no quesito gastronomia. A cidade tem paladares e odores inconfundíveis. Lugares e características que contam histórias e fascinam quem nasceu aqui ou tem o privilégio de morar na ilha mais bonita do Brasil. Pontuei 52 situações gastronômicas e dessas imagino que pelos menos 10 o leitor conheça e tenha tido o prazer de experimentar. Delicie-se e não morra de saudade, São Luís está sempre com a mesa pronta para te servir.
1-Jantar no Restaurante Palheta.
2-Pão cheio recheado com camarão seco, vendido nas ruas do centro de São Luís.
3-Cachorro-quente do Companheiro ou do Sousa, respectivamente, no Beco da Pacotilha e no estacionamento da Praia Grande (sem goumertização).
4-Caldo de ovos do João do Caldo.
5-Galeto da Base do Rabelo.
6-Calderada do Germano.
7-Sorvete de coco na casquinha.
8-Quebra-queixo.
9-Pirulito enrolado com papel de seda e vendido principalmente na Praia Grande e Praça Deodoro.
10-Peixe Pedra cozido ou frito em São José de Ribamar.
11-Peixe Serra frito com arroz de cuxá.
12-Torta de camarão seco.
13-Torta de caranguejo.
14-Sururu no leite de coco.
15-Juçara com farinha d’agua e camarão seco.
16- Arroz de Jaçanã (em tempos de politicamente incorreto e sem compromisso com o meio ambiente descia muito bem, mas hoje nem pensar).
17-Galinha de parida com pirão.
18-Peixada da Peixaria Carajás.
19-Caldo de cana do antigo abrigo da Praça João Lisboa ou do Bar do Cajueiro, na Rua Afonso Pena.
20-Queijo de São Bento.
21-Cola- Guaraná Jesus.
22-Frango assado na brasa do Restaurante Frango Dourado, no Anil.
24-Feijoada do Baiano.
25-Costela de porco da Base da Diquinha, no Diamante.
26-Gelado da Praia Grande (que os modernos costumam chamar de Reviver) ou do antigo Nhozinho Santos.
27-Bolachinha da Padaria Santa Maria e da Padaria Nossa Senhora de Fátima.
28-Cuscuz Ideal.
29-Roleto de cana vendido na Praça da Matriz, em São José de Ribamar.
30-Descascar e comer uma tanja na porta da Igreja de São José.
31-Kibe do Abdon, na Praça da 32-Misericórdia, ou de dona Nilza, na antiga Padaria do Anil.
33-Manga de fiapo com farinha d’agua.
34-Tiquira da Feira da Praia Grande.
35 -Cola Jeneve.
36- Sorveteria Elefantinho.
37-Pastel do Garoto do Bigode, na Praça Deodoro.
38- Murici amassado com açúcar.
39- Pamonhas vendidas pelas ruas do centro de São Luís.
40- Uma parada para encher o estômago na Churrascaria Filipinho.
41- Sorvete de ameixa do extinto bar do Hotel Central, para os saudosistas.
42- Quem está na casa dos 70 não esquece o sanduíche de pernil do extinto Moto Bar.
43- A Base da Lenoca quando ainda era na Praça Pedro II.
44- Espetinho de camarão do Jaguarema ou do Lítero.
45- Ingá, maria pretinha, canapu e guajuru.
46- Pizzaria Internacional na Cohab ou na Cohama.
47- Mocotó, sarrabulho ou cozidão do Mercado Central.
48- Bar do Amendoeira e o seu tradicional bode no leite de coco servido em sua calçada, no Olho d’Agua.
49- Quem frequentou a Praia da Ponta d’Areia antes do espigão não se esquece do Bar Tóquio, das peladas, da cerveja e do caranguejo.
50- Mocotó e feijoada da Base do Binoca, no Vinhais Velho.
51- A novidade do Hibiscus, na Vila Palmeira, na década de 1980.
52- Restaurante La Boheme frequentado pela turma da moda e do poder político da época.
Lembre-se que a sua memória afetiva e gustativa está sempre preservada. Alguns desses itens se perderam com o processo de crescimento da cidade, outros ainda resistem bravamente e nos identificam culturalmente. Bom apetite (ou boas lembranças) e ótima diversão!
Daniel Pereira Fontes Martins é um escritor e poeta de São Luís, Maranhão. Ele é conhecido por suas obras que exploram temas sociais e culturais, refletindo a rica história e diversidade de sua região. Daniel tem contribuído significativamente para a literatura maranhense, participando de eventos literários e publicando diversos poemas e contos que capturam a essência da vida no Maranhão
Daniel Pereira Fontes Martins nasceu e cresceu em São Luís, Maranhão. Ele desenvolveu seu amor pela literatura e pela poesia desde jovem, influenciado pela rica cultura e história de sua região. Daniel é formado em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e tem se dedicado à escrita e à educação ao longo de sua carreira
Principais Obras Daniel é conhecido por suas obras que exploram temas sociais e culturais, refletindo a diversidade e a história de São Luís. Algumas de suas principais obras incluem:
Caminhos da Ilha: Este livro de poesia captura a essência da vida em São Luís, com versos que retratam a beleza e os desafios da cidade
Histórias do Maranhão: Uma coletânea de contos que explora a rica história e as tradições do Maranhão, trazendo à tona personagens e eventos marcantes
Daniel Pereira Fontes Martins também participa ativamente de eventos literários e culturais, contribuindo para a promoção da literatura maranhense
A ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu, em 1993, o dia 3 de maio como o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
ESTIAGEM DE NOTÍCIAS - Quando acordaram naquela manhã de 30 de junho de 1945, os moradores de Nova York se depararam com uma inesperada notícia: Não havia notícias.
Como assim? Afinal, 1945 parecia ser um ano histórico: bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki; na Iugoslávia, vencidos os alemães, os vencedores matam-se entre si e o imperador Tito implanta o comunismo; em Berlim, o suicídio de Hitler; nazistas são julgados pelo Tribunal de Nuremberg; criação da ONU e do FMI... (Enquanto isso, no Brasil, afora a deposição de Getúlio Vargas, vai-se mesmo de letra e música: Drummond publica “Rosa do Povo” e Villa-Lobos termina suas “Bachianas Brasileiras”).
E agora? Bom, pelo menos para os moradores que fossem leitores dos oito principais jornais diários da maior cidade dos Estados Unidos, a solução seria a busca de fontes alternativas de informações. Porque durante aquele dia e por pelo menos as duas semanas seguintes seus jornais locais preferidos não chegariam à sua casa nem ao local de trabalho nem estariam disponíveis nas bancas: os entregadores declararam sua própria guerra e entraram em greve.
Foi aí que Bernard Berelson teve um estalo e, com outros pesquisadores, durante aquela estiagem de notícias, resolveu perguntar aos habitantes de Nova York ledores de jornais como é ficar sem eles, que falta os jornais lhes faziam.
* * *
VÍCIO DE ORIGEM - Para qualquer lado que se vire, o jornal encontra quem o critique. Como o mais clássico e o mais charmoso representante dos meios de comunicação de massa, o jornal paga até hoje o preço que pioneirismos cobram o qual nem os discursos de pretensa independência e tampouco a prática de denúncias contra “os poderosos” conseguem quitar.
Isto porque, AO LONGO DA HISTÓRIA, JORNAIS VIERAM-SE IMPREGNANDO DE UM VÍCIO DE ORIGEM: RELAÇÕES DE MALDISFARÇADA DEPENDÊNCIA COM PESSOAS OU INSTITUIÇÕES QUE DETÊM PODER, SEJA ESTE ECONÔMICO, POLÍTICO OU SOCIOCULTURAL. OU TODOS ELES. FOI assim na antiga Roma, com a cinco vezes centenária “Acta Diurna”, que nasceu ligada ao imperador Júlio César. Foi assim no Brasil, com a “Gazeta do Rio de Janeiro”, o primeiro jornal feito no País, criado em 1808, por obra e graça de Dom João 6º, e convenientemente substituído, catorze anos depois, por um “Diário do Governo”.
PERGUNTAS, PERGUNTAS... - Hoje, os jornais brasileiros autoproclamados independentes parecem ser, para muitos, rebeldes sem causa. Têm uma responsabilidade, os jornais? E, se têm, qual é? Quem definiu essa responsabilidade? Está afinada com o que pensa, quer e age a sociedade? É UMA RESPONSABILIDADE ATIVA, QUE PROVOCA, OU PASSIVA, QUE REFLETE? ESTÁ A SERVIÇO DAS CAUSAS DE UM GOVERNO, COMO NA EXUNIÃO SOVIÉTICA, OU DE UM MERCADO, COMO NOS ESTADOS UNIDOS?
Muitas das vezes, acreditando-se uma instituição com fim determinado e causas nobres, o jornal, no dia a dia, está funcionando como instituição intermediária, de cujos recursos e possibilidades se utilizam outras instituições para comunicar, e exercer, seu poder na sociedade. A constatação não seria nenhuma novidade. Durante séculos assim o fez a Coroa inglesa, para promover os interesses do Estado –– o direito divino do rei. Também, a Igreja, para manter sua supremacia o direito do rei divino.
FASCÍNIO - De todos os veículos de comunicação, o jornal impresso é o que exerce maior fascínio e, para alguns, maiores preocupações, embora não tenha a velocidade, instantaneidade e penetrabilidade dos meios eletrônicos entre eles, a televisão, o rádio, a rede mundial de computadores (Internet).
O ESTADO E O PODER ECONÔMICO NORMALMENTE DESENVOLVEM UM HUMOR CICLOTÍMICO EM RELAÇÃO À FUNÇÃO INFORMATIVA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA, ESPECIALMENTE DOS JORNAIS. DÃO A
IMPRESSÃO DE QUE, NO FUNDO, QUEREM TODOS OS JORNAIS AO SEU LADO O TEMPO TODO. MESMO QUANDO DISCURSAM ACERCA DA NECESSIDADE DA CRÍTICA E DA DENÚNCIA RESPONSÁVEIS, PARECEM FAZÊ-LO A CONTRAGOSTO. Não raro a História tem registrado o câmbio, a mudança de visão e de procedimento de grupos que lutavam contra o Poder, e tinham no jornal um grande aliado, os quais, uma vez tornando-se o Poder, viam no mesmo jornal o maior inimigo. OS MONARCAS E OS PURITANOS INGLESES, OS FEDERALISTAS NA REVOLUÇÃO AMERICANA E OS COMUNISTAS EM DIVERSOS PAÍSES PRATICARAM, ALTERNADAMENTE, O QUE ANTES CRITICAVAM: O CONTROLE RÍGIDO DOS JORNAIS E, PIOR, SUA TRANSFORMAÇÃO EM INSTRUMENTOS AUXILIARES DE IMPLEMENTAÇÃO DA NOVA ORDEM POLÍTICA QUE PREGAVAM.
O PAPEL - Atualmente, isso parece ser “estimulado” (“incredibile dictu”) por uma ainda não devidamente consensada, fixada, responsabilidade que o jornal teria ante a sociedade. Ou, em palavras bem próprias, o papel do jornal.
Entretanto, SERIA RECOMENDÁVEL QUE, ANTES DE DEFINIR O QUE ELE É (isto é, seu papel), O JORNAL SE PERGUNTASSE PARA QUEM ELE QUER SER. Por exemplo: É verdadeiro que o jornal serve mesmo à sociedade ou somente aos que o leem e, naturalmente, por osmose, aos que, de alguma forma, são sensibilizados pelos conteúdos que o jornal disponibiliza?
A resposta não parece fácil. Uma abordagem pragmático-estatística (seja lá o que isso queira dizer!) poderia afirmar que o jornal exerce seu papel (aqui ainda não definido) somente junto aos seus leitores. Argumentaria que o jornal não serve à totalidade da sociedade onde está presente, pois esta inclui os que não sabem ler, os que sabem e não se dão a esse “luxo” ou, ainda, por razões econômicas ou geográficas, não têm acesso às fontes de leitura, entre elas o jornal.
Outra abordagem defenderia que, para que a sociedade seja servida pelo jornal, não é obrigatório embora seja desejável que todas as pessoas que a constituem o leiam e exemplificaria que a campanha para instalação de uma nova indústria, ou para a aprovação de uma determinada lei, pode ser reforçada pelo jornal, daí podendo resultar ganhos sociais não previstos na tal abordagem pragmático-estatística.
Isto posto, sem querer simplificar nem esgotar o assunto, poder-se-ia resumir que, acerca de quem é o público-alvo do jornal, ele é, efetivamente, a sociedade: O JORNAL PENSARIA NA COLETIVIDADE DOS INDIVÍDUOS AINDA QUE AGINDO NA INDIVIDUALIDADE DOS LEITORES. Ou, na linguagem da contemporaneidade: pensar globalmente, atuar localmente, ou localizadamente.
O PAPEL (2) - Estabelecido que o jornal serve à sociedade, resta definir qual o papel do jornal junto a ela. O jornal tem um interesse próprio, algo que só a ele seja peculiar?
Ou é ele uma entidade mediadora das demais forças sociais?
OU, DEPENDENTE, É TÃO-SÓ UM “OFFICE-BOY” DE INSTITUIÇÕES POLÍTICA, ECONÔMICA E CULTURALMENTE MAIS PODEROSAS QUE OUTRAS?
OU, AINDA, HISTORIADOR DO EFÊMERO, COMPORTA-SE COMO SECRETÁRIO “AD HOC” DO TEMPO, A LAVRAR AS ATAS DO QUOTIDIANO?
É UM INFORMANTE, UM INTÉRPRETE, UM PERSUASOR?
É AGENTE OU USUÁRIO?
É SOPRO QUE VIVIFICA OU SOPORÍFERO QUE ENTORPECE?
Jornais e jornalistas têm pregado que é sua missão a defesa da liberdade e a busca da verdade. Estariam tentando dizer que o relato dos casos do dia a dia esconde/revela uma causa histórica, transcendental, sagrada, sempiterna?
Talvez o papel do jornal não esteja ainda sendo corretamente interpretado no teatro social. TALVEZ FALTE AO JORNAL DAR MAIS VOZ A MAIS PERSONAGENS. É NECESSÁRIO CIDADANIZAR O JORNAL. Provocar mais o cidadão comum. Prestar-lhe mais serviços.
O VEÍCULO JORNAL DEVE PERCORRER, OU CRIAR, NOVOS CAMINHOS: EM VEZ DA MÃO ÚNICA QUE TRANSPORTA AS DECISÕES DO PODER ATÉ O POVO, OPTAR PELA VIA PREFERENCIAL QUE LEVA A VOZ DO POVO ATÉ OS OUVIDOS DO PODER. Caso contrário, a sociedade corre o risco de ser governada por entes virtuais, não presenciais, seres cujos contornos só são conhecidos pelo que é dado para consumo nos meios de comunicação de massa.
O jornal serve tanto para FAZER PODER quanto para PODER FAZER. Em um aspecto, como agente do poder, amarra o cidadão e escurece-lhe as vistas. No outro, com o poder de agente, desfaz-lhe os nós e faz-se-lhe a luz.
COLUNAS RESISTENTES - O papel do jornal assume importância crescente. Ao final das pesquisas realizadas em Nova York, em 1945, as respostas conduziam para uma leitura: a ausência de jornais era percebida pelos leitores, individualmente, como uma perda. Hoje, é quase certo, a percepção assumiria caráter coletivo. E, embora outros meios atualmente possam suprir eventuais suspensões de circulação, os leitores continuariam a esperar que o jornal pudesse trazer, na manhã de hoje, organizadinhos em colunas, os fatos e opiniões que na noite de ontem estiveram circulando meio caoticamente no éter das transmissões eletrônicas.
Se o papel do jornal na sociedade ainda não parece ter sido definido substantivamente, não há dúvida de que já o foi no aspecto adjetivo: qualquer que seja o papel, repita-se, ele é importante. Historicamente, apesar de disfunções havidas e ainda existentes, esse papel foi essencial.
Pois se a construção da sociedade, como a queremos hoje e como a pretendemos amanhã, tem repouso nos pilares da democracia, esta, por sua vez, se estruturou em colunas igualmente resistentes: as colunas do jornal.
EDMILSON SANCHES
Edmilson Sanches é um renomado escritor, jornalista, consultor e palestrante de Caxias, Maranhão. Ele é bacharel em Administração Pública e licenciado em Letras, com uma carreira diversificada que abrange várias áreas da literatura contemporânea
Biografia Edmilson Sanches nasceu em Caxias, Maranhão, e tem se destacado como uma das grandes vozes literárias do Brasil. Ele é conhecido por suas crônicas, artigos e livros que abordam temas variados, desde política e administração pública até educação e cultura
Principais Obras
Educação e Cultura, Política e Administração Pública: Um Caxiense a Serviço dos Capixabas: Este livro é uma coletânea de palestras e artigos que Edmilson Sanches apresentou na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, abordando a importância da educação e da cultura na sociedade
Imprensa: De Quarto Poder a Quarto do Poder: Neste livro, Edmilson Sanches explora o papel da imprensa na sociedade contemporânea, discutindo suas transformações e desafios
Contribuições e Reconhecimentos Edmilson Sanches é membro ativo da Academia Imperatrizense de Letras (AIL) e tem colaborado na criação de outras academias de letras em cidades maranhenses. Ele é frequentemente convidado para palestras e eventos literários, onde compartilha seu conhecimento e experiência com um público diversificado
Ele é profundamente inspirado por grandes nomes da literatura brasileira e internacional, além de figuras históricas e culturais que marcaram sua trajetória.
Influências Literárias de Edmilson Sanches
Gonçalves Dias: Edmilson Sanches tem uma forte conexão com Gonçalves Dias, um dos maiores poetas brasileiros, também nascido em Caxias, Maranhão. A obra de Gonçalves Dias, especialmente a "Canção do Exílio," é uma referência constante em seus escritos.
Ulisses Braga: A obra "Carta Urgente – Da ‘Revolta Cidadã’ à Utopia Brasil" de Ulisses Braga é uma influência significativa para Edmilson, especialmente em suas reflexões político-filosóficas
Literatura Clássica e Contemporânea: Edmilson também é influenciado por uma ampla gama de autores clássicos e contemporâneos, tanto brasileiros quanto internacionais. Ele aprecia a profundidade e a diversidade de estilos e temas presentes na literatura mundial
Temas e Estilos Edmilson Sanches aborda temas variados em suas obras, incluindo política, administração pública, educação, e cultura. Seu estilo é marcado pela crítica reflexiva e pela capacidade de integrar diferentes perspectivas literárias e históricas
194 anos da Biblioteca Pública Benedito Leite!
Criada em maio de 1831, a BPBL é a segunda biblioteca mais antiga do Brasil e um verdadeiro símbolo da memória bibliográfica maranhense.
Com um acervo de mais de 140 mil exemplares, guarda obras raras, manuscritos e a mais completa coleção de jornais maranhenses do Conciliador (1821) aos dias atuais.
Referência em acessibilidade, a Biblioteca é aberta a todos os públicos e oferece:
Visitas guiadas
Empréstimo domiciliar
Biblioteca Braille Espaços de leitura para crianças, jovens, adultos e bebês
Telecentro, exposições, contações de histórias, sessões de cinema, lançamentos de livros e muito mais!
A BPBL também coordena: o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas e o Escritório de Direitos Autorais no Maranhão.
A BPBL é um espaço de inclusão, leitura, convivência e preservação do conhecimento.
Parabéns, Biblioteca Pública Benedito Leite!
São 194 anos preservando saberes e inspirando novas histórias!
LANÇAMENTO DO LIVRO DE FERNANDA BRITO, PROFESSORA DO IFMA.
Prefaciei a próxima publicação dela, que sairá após o período de férias.
Fernanda Carvalho Brito é uma escritora, poeta e professora maranhense, conhecida por seu trabalho no Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Ela é mestre em Turismo e Hotelaria pela UNIVALI e graduada em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atualmente, Fernanda é professora de português e espanhol no IFMA Campus São Luís – Monte Castelo
Principais Obras
Os Encantados do Rio Preguiças: Este livro, lançado recentemente, celebra o imaginário maranhense com lendas do Rio Preguiças. A obra mistura aventura e tradição, contando a história de dois amigos que embarcam em uma jornada mágica pelas águas do Rio Preguiças, encontrando figuras míticas como a pequena Mãe d’Água e o peixe encantado
Histórias do Maranhão: Uma coletânea de contos que explora a rica história e as tradições do Maranhão, trazendo à tona personagens e eventos marcantes
Caminhos da Ilha: Este livro de poesia captura a essência da vida em São Luís, com versos que retratam a beleza e os desafios da cidade
Contribuições e Reconhecimentos Fernanda Carvalho Brito é conhecida por sua dedicação à cultura popular e ao imaginário coletivo do Maranhão. Seu trabalho é uma homenagem às belezas naturais e às tradições das comunidades ribeirinhas da região de Barreirinhas
ACADEMIA VITORIENSE DE LETRAS
Nessa noite de sábado (3), estivemos na Academia Vitorinense de Letras para prestigiar o lançamento do livro "Em Instantes" de José Alberto Sampaio Ferreira, o marco da fundação de Vitória de Mearim em 1833 e a posse de José Antonio Nunes Aguiar na cadeira que tem como patrono João da Mata Moraes Rego. A Academia Vitorinense de Letras é presidida pelo promotor de justiça e escritor, Dr. Washington Cantanhede, um dos ilustres descendentes do fundador de Cantanhede/MA, o português Faustino Mendes Cantanhede. O povoamento de Vitória do Mearim (antiga Nossa Senhora de Nazaré), teve entre outros acontecimentos, o casamento entre Mariana de Araújo Cantanhede, bisneta de Faustino Cantanhede e Bento Maciel Parente (neto do governador da capitania do Maranhão de mesmo nome).
Atribuir aos docentes a responsabilidade pelas falhas educacionais é estratégia que desvia o foco das verdadeiras causas
Por Valter Mattos da Costa*
“A cultura é algo anterior ao conhecimento, uma propensão do espírito, uma sensibilidade e um cultivo da forma que dá sentido e orientação aos conhecimentos.”
(Mario Vargas Llosa)
Quando a cultura é reduzida a números e metas, esvazia-se sua função de orientar e dar sentido à experiência do conhecimento. A sensibilidade pedagógica cede espaço à lógica fria do desempenho, e o espírito formativo da escola se perde no labirinto da cobrança e da punição. Atribuir ao professor a responsabilidade pelos fracassos do sistema é negar justamente essa dimensão cultural profunda que, como disse Vargas Llosa, antecede e sustenta o próprio saber.
As salas de aula tornaram-se arenas onde se travam batalhas silenciosas. Não são apenas os desafios pedagógicos que pesam sobre os ombros dos professores, mas também a crescente responsabilização por resultados que escapam ao seu controle.
O discurso dominante, muitas das vezes, atribui ao professor a responsabilidade central pelas falhas educacionais, ignorando variáveis estruturais amplamente documentadas. Os pesquisadores Cláudio Cavalcanti, Matheus Nascimento e Fernanda Ostermann demonstram que o desempenho dos alunos está fortemente condicionado por fatores sociais e institucionais, e não exclusivamente pela atuação docente (“A falácia da culpabilização do professor pelo fracasso escolar”, Revista Thema, 2018).
Como se não bastasse, a responsabilização recorrente recai também sobre os índices de aprovação. Muitos professores, acusados de não tornarem suas aulas suficientemente “atraentes”, são pressionados a promover seus alunos em massa, mesmo diante de evidentes déficits de aprendizagem.
Essa prática, longe de representar um avanço educacional, atende sobretudo à necessidade de gerar estatísticas artificiais que sirvam aos interesses das gestões públicas, ocultando o fracasso estrutural do sistema sob uma aparência de eficiência.
Ao focar exclusivamente no desempenho dos professores, desconsidera-se o impacto de fatores como infraestrutura inadequada, falta de recursos e políticas educacionais inconsistentes. Esses elementos, muitas vezes negligenciados, desempenham papel crucial na qualidade do ensino.
A pressão por resultados imediatos leva à adoção de métricas que não refletem a realidade das escolas públicas. Avaliações padronizadas, descontextualizadas das especificidades locais, tornam-se instrumentos de julgamento, não de melhoria.
Essa abordagem punitiva contribui para o desgaste emocional e profissional dos docentes. Sentem-se desvalorizados, desmotivados e, em muitos casos, culpabilizados por problemas que transcendem sua atuação individual.
Além da responsabilização moral, impõe-se ao professor uma precarização material profunda: os salários indignos pagos no Brasil refletem não apenas descaso orçamentário, mas uma tentativa sistemática de deslegitimar sua autoridade e autonomia pedagógica.
O sistema educacional brasileiro, em vez de construir uma rede de apoio e valorização aos seus profissionais, opera, frequentemente, por meio de mecanismos que isolam os docentes e deslocam a responsabilidade para a base da pirâmide. Professores acabam sendo tratados como principais responsáveis pelos resultados escolares, mesmo quando, reiterando, atuam em condições de extrema precariedade, marcadas por sobrecarga, escassez de recursos e ausência de suporte pedagógico contínuo.
Essa inversão de responsabilidades tem sido denunciada por Nigel Brooke, pesquisador britânico em políticas educacionais, que analisa os efeitos da responsabilização docente no Brasil. Em artigo na Cadernos de Pesquisa, ele mostra como essas práticas, importadas de modelos estrangeiros, atribuem aos professores
e gestores o ônus pelos maus resultados dos alunos, ignorando desigualdades sociais e limitações estruturais das redes públicas (“O futuro das políticas de responsabilização educacional no Brasil”, Cadernos de Pesquisa, 2022).
A solução para os desafios da educação pública não reside na culpabilização dos professores, mas na construção de políticas que reconheçam e enfrentem as desigualdades estruturais. É necessário um compromisso coletivo com a valorização do magistério e a equidade educacional (um princípio que corrige as desigualdades no ensino).
Somente ao reconhecer a complexidade do cenário educacional e ao promover ações integradas será possível avançar rumo a uma educação pública de qualidade para todos.
*Professor de História, especialista em História Moderna e Contemporânea e mestre em História social, todos pela UFF, doutor em História Econômica pela USP e editor da Dissemelhanças Editora
Poeta João Batista do Lago é membro-efetivo da Academia Poética Brasileira.
Esse cara, no meu bestunto, é uma das mais ricas vozes vivas da poesia brasileira. Porque João Batista do Lago é um poeta maranhense com solstícios constantes de Brasil. Ele emerge da sua caverna platônica em busca do ontem renovado, agregando, de forma esplendidamente moderna, as experiências das sombras de sua vida.
Ele não morre. Mas mata a angústia e a solidão, com a frieza de uma caneta que escreve com o suor de sua imaginação, enquanto usa a linguagem jâmbica. Há dentro dele uma coleção de Dante's, há Infernos e Céus que se confundem com o Olimpo, cheio de confusos deuses; quem sabe, com zunidos gravídicos para além do Deus de Spinoza.
João Batista, enquanto poeta, é; a sua poesia, é! E em sendo, vira mito, Touro Encantado nos Lençóis Maranhenses. Desta forma, corro um risco imenso tentando penetrar nas entranhas desse João - um Muro de Jericó, quase intransponível - com os portões da alma muito bem fechados, a fim de que hipócritas não consigam entrar. Porém, em meu auto-niilismo, vou usar as trombetas da coragem e enfrentarei (mesmo sendo o último mensageiro inorgânico), esse desafio.
Destarte, enfileiro os poemas enviados por ele em ordem aleatória e vou mergulhar nesse infinitório agregado de Goethe, Heidegger, Leo Strauss, Habermas, Ludwig Wittgenstein, Hannah Arendt, Maurice Blondel, Emmanuel Levinas, Zygmunt Bauman, Edmund Husserl, Henri Bergson... Nem necessário falar que quando se trata de João Batista Gomes do Lago, "o gozo é mais embaixo", como me disse certa vez o poeta Manoel Serrão da Silveira Lacerda um amigo comum, ao se referir que a gente precisa mergulhar mais fundo na poética de JB do Lago, para entendê-la, como também, por osmose, tentei fazer com Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Pitágoras de Samos, Xenófanes de Cólofon, Parmênides de Eleia, James Lovelock...
Com tanta bagagem, Serrão me confidenciou sobre o poeta dos Itapecurus: "Feito dor./ Feito verbo./ Feito carne./ Feito nós infestos de agruras abstêmias,/ Idem inglórios epítetos insultuosos". Então lancei minha rede ao mar e recorri aos salvadores citados acima, tateando com a vara bussólica, a fim de iluminar meu caminho de linotipista, para interpretar os versos de João Batista.
Com "Paideia: A formação do homem grego", do imortalíssimo Werner Jaeger, senti-me suficientemente preparado para vociferar: "Eu posso, eu vou fazer!". Não sei se acertei nessa minha tentativa.
Assim, fiz-me polígrafo para entender as entranhas imaginárias do poeta João Batista do Lago, batizado que foi nas águas surrealistas do rio Itapecuru.
Mhario Lincoln
SER
De João Batista do Lago
“Não!
Eu não nasci dos meus pais.”
― Sou filho do complexo nada; do Caos mais que perfeito.
O poema “SER” de João Batista do Lago é uma exploração profunda da identidade e existência humanas. Ele desafia a noção convencional de nascimento e ancestralidade, proclamando-se como “filho do complexo nada; do Caos mais que perfeito”. Corajosamente indo aonde poucos poemas e pensadores do século XX foram, JB desafia a noção convencional de nascimento e existência, propondo que somos filhos do “complexo nada; do Caos mais que perfeito”.
Imediatamente chamei à mesa o filósofo Jean-Paul Sartre, para compactuar essa 'matrix batista' com o que o francês afirmou: “a existência precede a essência”. Segundo Sartre, primeiro existimos e só então definimos quem somos, através de nossas ações e escolhas.
Desta forma, Lago parece sugerir que não somos meramente produtos de nossos pais biológicos, mas sim seres complexos moldados pelo caos existencial, fato que me levou a considerar a possibilidade de que nossa verdadeira origem esteja além da biologia: no reino metafísico do “nada” e do “caos”. Aterrorizante?
Nem tanto para quem estudou Theodore Adorno, sociólogo alemão, que abordou o conceito de 'Caos' de diferentes maneiras. Em uma delas, "(...) as palavras são pequenas formas no maravilhoso caos que é o mundo; formas que focalizam e prendem ideias, que afiam os pensamentos, que conseguem pintar aquarelas de percepção". As ideias de Lago e Adorno parecem xifópagos quando há sensibilidade única de entender o ‘caos’ como algo comum ao Mundo e a quaisquer que sejam as experiências humanas.
ESPELHO FRAGMENTADO
De João Batista do Lago
Quem sou eu!? Que lugar é este!?
(...) Eu não consigo lembrar…
Tudo está muito fragmentado…
Meus pensamentos estão todos quebrados...”
Passei algumas boas horas tentando escrever algo que me parecesse coerente ao todo (fragmentado aqui) desse poema entranhesco - “Espelho Fragmentado”, de João Batista do Lago. Ao princípio se fez dúvida se eu escrevia o que estava sentindo. Depois se fez verbo quando chamei para a mesma mesa Albert Camuso conceito do absurdo. Sim, seria absurdo a ideia de que a vida é inerentemente sem sentido e que qualquer tentativa de encontrar ordem ou propósito é em vão?
A confusão se apossou de minha pena, da mesma forma que o ‘eu poético’ construiu esse poema, especialmente quando li: “Não, eu não tenho esses rostos; esses rostos que estou vendo não são meus!”. Seria uma forma lírica de expressar, o autor, sensações de desconexão e confusão? Ou o 'eu lírico' passou a questionar, durante a feitura da escrita, a (frágil) identidade do autor (“Quem sou eu!?”) e do seu ambiente real (“Que lugar é este!?”)? A imagem do “espelho fragmentado” pode ser um símbolo da identidade fragmentada do 'eu lírico' de João Batista, que não consegue reconhecer a si mesmo ou entender seu lugar no mundo? No fundo, um excepcional uso da liberdade poética.
SONETO
DO FIM
De João Batista do Lago
De tudo que há na vida
A morte sempre será Única certeza vívida
Que por certo findará (...)
No útero da terra mãe
Finalmente retornados
Ao eterno peito das mães
Entre certezas e incertezas, “Soneto do Fim” de João Batista do Lago me força a trazer à mesa o existencialista Martin Heidegger, um dos grandes pensadores do século XX. Foi exatamente ele que argumentou se a consciência da morte é fundamental para a compreensão da existência humana. E respondeu: "(...) ao nos confrontarmos com a morte, somos levados a questionar o significado e o propósito de nossas vidas (...)".
Então, se todos nós sustentamos que somos radicalmente livres e responsáveis por dar sentido as nossas vidas, por que nos deixamos influenciar pela certeza da morte? A resposta do próprio João Batista é intrigante, mas maravilhosa: “útero da terra mãe”, sugerindo um retorno à natureza após a morte, uma ideia que tem paralelos com muitas crenças espirituais e filosóficas.
Entra aqui, de forma genial, o inglês James Lovelock, o primeiro a propor uma forma científica da palavra 'Gaia', cuja máxima seria o conceito de homeostase biológica, onde os seres vivos são 'sistemas reguladores do Planeta' e assim, estão sempre vivos, mesmo que em constantes mudanças e transformação. Daí, minha ideia do 'pós-mortem-húmus', nas subliminares do poema.
VELÓRIO
De João Batista do Lago
No meio da sala velo minh’alma
Que me olha com dentes escancarados
Abrigada nos quatro cantos do mundo
Donde sorri das minhas dores
E qual punhal que sangra ventos
Rasga o meu profundo nada
(...)
No meio da sala velo minh’alma que aos poucos se afasta…
E de mim voa.
Confesso meu bestunto ao revelar aqui que foi nesse poema de JB que pela primeira vez consegui visualizar, efetivamente, o desencarne de um 'eu lírico', do corpo físico do poeta. Isso acontece em “Velório”. Mais uma vez, o autor se vê em encruzilhadas existenciais quando tenta lidar com temas de morte, perda e a natureza efêmera. Aí, como disse acima, vi o 'eu lírico' pairando sobre o corpo e velando sua própria representação física. Há claríssima desconexão entre o corpo e o 'sujeito lírico'. Na doutrina espírita, Alan Kardec diria: "o cordão fluídico, que liga o corpo físico ao perispírito, estaria rompido".
Zygmunt Bauman, a quem convido agora para a mesa, também falou extensivamente sobre a modernidade líquida ou, "um tempo caracterizado pela transitoriedade e pela incerteza". Destarte, ouso-me afirmar, no
contexto dos versos batistas, serem esses, expressões de máxima ansiedade e incerteza. Fato também não tão desastroso, pois acompanham nossas vidas neste Mundo em constantes mudanças. Finalmente, peço a opinião de Arthur Schopenhauer, aqui do meu lado, sobre o seguinte verso: “No meio da sala velo minh’alma que aos poucos se afasta…”. E ele, imediatamente responde: "(...) pode ser visto como um momento de percepção aguda da natureza dolorosa da vontade. A alma, ou a vontade individual, está se afastando, talvez sugerindo um desejo de escapar do sofrimento inerente à existência".
Em tempo: Schopenhauer também foi influenciado pelas filosofias orientais e acreditava na possibilidade de negação ou renúncia à vontade como um caminho para a libertação do sofrimento. Assim, na carona, e conhecendo muito bem meu amigo João Batista como o conheço, acredito que esses versos (metáfora) estejam ligados diretamente à crescente desigualdade e alienação na sociedade moderna.
DA MORTE DE DEUS
De João Batista do Lago “Deus está morto” gritou o poeta. Verberou o louco.
Assim falou Zaratustra. (...)
Contudo, ninguém lhes emprestaram ouvidos; todos imersos estavam em seus afazeres. E todos zombaram do velho filósofo: uns sorriram; outros, pilhérias disseram; uns meneavam a cabeça em plena gozação, outros acreditavam que ouviam um louco, que teimava em insistir no seu axioma: “Deus está morto!”.
Meu caro amigo João Batista do Lago. Até agora não havia lhe respondido essa correspondência porque mergulhei em dias constantes, a fim de tentar entender o que está aí escrito. Óbvio que eu começaria com 'Zaratustra'. Mas não! Quis ir um pouco além da margem cálida do rio Itapecuru. Por isso me aventurei mergulhar nas profundezas da mente de quem ora leio e sempre admirei. Para isso, tive que convidar para se sentar ao meu lado o magnífico Slavoj Žižek, esse filósofo esloveno que se envolveu muito com as ideias de Nietzsche. Ou seja, alguém que - com certeza - segue a mesma linha de pensamento expresso por JB, nesse poema: a proclamação de Friedrich Nietzsche “Deus está morto”! Slavoj Žižek, em um ensaio, publicado na internet, por sua vez, falava sobre as críticas feitas ao proclamo de Nietzsche - "Deus está morto" - com indiferenças e zombarias. Žižek respondeu a essas críticas argumentando que “(...) vivemos em uma era pós-ideológica, onde as grandes narrativas ou sistemas de crenças (como a ideia de Deus) não têm mais o poder que costumavam ter”. E complementa: "(...) essa indiferença, invés de nos libertar, nos aprisiona mais do que nunca aos sistemas de poder e controle que são ainda mais difíceis de perceber e resistir porque eles são apresentados como ‘naturais’ (...)”.
Consciente, JB alerta através desses belos versos acima, algumas vezes incompreendidos. Contudo, mesmo que grite no deserto, seus versos sempre serão como as pedras sonoras, assentadas nas grandes e solitárias paredes das igrejas antigas, onde qualquer ruído, produz reverberação constante, servindo de trilha sonora para o ato de expulsar demônios ou anjos, dependendo da linguagem almática de cada privilegiado leitor. A mim, caro poeta, esses versos me fizeram um bem danado!
O INFINITIVO SECULAR
maio 6, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Opinião, Poesia Ano 13 – vol. 05 – n. 36/2025 https://doi.org/10.5281/zenodo.15350081
SER, ESTAR, FAZER. Verbos no tempo infinitivo que me deram dor de cabeça quando o saudoso prof. Botão nos falava, com entusiasmo, sobre Os Lusíadas.
Devo confessar que dentre as coisas que me detém com preocupação, mas boas lembranças, é a obediência aos tempos verbais, porquanto meu pai, também, me fez várias advertências como vasto conhecedor do idioma, inclusive de algo que confesso nunca ter aprendido com a “decoreba” exigida na época: a análise sintática.
Desde quando verbo é sujeito? – Dizia ele energicamente a mim, ao responder-lhe sobre a estrofe “Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas”.
Mas ao menos não me vejo confundindo tempo infinitivo com o presente do indicativo com a abundância que se vê nas redes sociais. Um calvário nosso de cada dia, como se o celular de hoje fosse ainda feito em pedra, como na época dos Flintstones.
Fato é que o tempo infinitivo nomeia o verbo e – no caso deste breve escrito – qualifica um status perpétuo (daí o secular no título) do Brasil, pois quando se pensa que a conjugação começará eis que surgem os especialistas e palpiteiros a defenestrarem a mudança de hábito:
– Quem disse que podes avançar sem permissão? Acaso não sabes que sabemos de tudo um pouco e nossas vestes sinalizam potência e poder? Pois saibam que a linguagem neutra existe e nós, embora saibamos que constitucionalmente o idioma oficial seja o português, queremos declarar e declaramos, com ênfase varonil, que, para o Brasil, “todes” também pertence ao idioma.
Para mim, não. Fui aluno de bons professores. Isto não passa de dialeto com nuances de delírio de uma patologia aguda.
Bom, como na Casa Verde de Machado no Brasil seus Bacamartes (“dotores” ou não) se proliferam com a prepotência típica e a ignorância notória a desafiar até mesmo o tempo verbal. Já temo pela lei da gravidade. Embora me sirva de mote não vim conjugar verbos, mas sintetizar que somos um país em que SER delinquente, ESTAR cometendo crimes e FAZER discursos como se nada estivesse acontecendo transparece quase uma característica das classes dirigentes (expressão amarelada pelo tempo, mas me custa lembrar de outra).
Falo de pessoas que SÃO invariavelmente óbvias, são por ESTAR no lugar de poder em que FAZER com que se saiba de um escândalo a cada novo dia é mais do que uma novena, é um verdadeiro Rosário de contas infinitas em que o Deus nos acuda virou prece aos aflitos lesados por essa gente esperta.
Quando se imaginou que Mensalão, Petrolão e corrupção eram rimas defenestradas da realidade, porque descobertas, eis que surgem os arautos da moralidade e, mergulhados em traquinagens, devolvem à cena do crime quem ainda tinha mais a revelar: o APOSENTÃO, como não poderia deixar de ser, para rimar com CORRUPÇÃO.
O Brasil tem dessas coisas. Quando beneficia uma trupe o permissivo entra, projeta-se, expande-se, é tolerado e parece que aquelas mesmas pessoas que um dia falaram em abuso de autoridade se investem de arautos como os que um dia, sem ver culpa, condenaram o Salvador à morte de cruz.
O tempo verbal é dos piores porque o infinitivo tornou-se gerúndio, já que a gatunagem persiste, insiste e não desiste, desejando que paguemos mais uma conta para junta-la às muitas contas que já pagamos. Enquanto a linguagem vai para o buraco do poço o homem é condenado ao infortúnio da miséria e as elites soberbas caminham indiferentes, embora, bem saibam, são complacentes como o hímen visto na medicina legal, sujeito a intempéries, mas resistente. Quanto a eles, não são incorruptíveis. Sabem conjugar os verbos, mas adoram o gerúndio, pondo em evidência o vocábulo mais ouvido nos últimos tempos neste país: a impunidade – continuam roubando, “ad saeculum ad saeculorum”.
Não há verbo que resista ao tempo quando gerúndio rima com submundo. E assim caminha o covil, que também rima com aquela dama que os pariu.
JOSÉ EWERTON NETO entrevistado por PAULO RODRIGUES
Capas do livro O ofício de matar suicidas (1999), reedição de O prazer de matar, de José Ewerton Neto.
1. Paulo Rodrigues – José Ewerton Neto, o Fernando Pessoa afirmou: “A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta”. Você pensa a literatura da mesma forma que o Pessoa?
José Ewerton Neto – Não. Inclusive não sei porque as pessoas têm tanta admiração por essa frase que originou outra, de Ferreira Gullar, muito repetida. Ora, penso que a vida não basta para todo mundo já que ninguém quer morrer. Não basta para o artista, como também não basta para o médico, para qualquer camelô, para o mais humilde carroceiro e, nem por isso, todo mundo é artista. Acho que a literatura existe – ou a arte em geral – como expressão da necessidade que algumas pessoas têm de transmitir algo pensado e que lhe foi revelado como um dom, graças à sua capacidade imaginativa. Como todo trabalho na vida e todo exercício profissional alguns fazem isso com talento, a maioria não. Simples assim. Não acredito nessa interpretação de que alguém só porque escreveu uma poesia (que ninguém sabe ainda se é boa) ou tentou escrever uma história (idem) só por isso possa de antemão inferir que foi dotado de um destino especial, transcendente e distinto de todos os demais seres humanos que não são artistas.
2. Paulo Rodrigues – Você é um grande romancista, contista, cronista e também um poeta potente. Há proximidade entre a prosa e a poesia? Como observa essa questão?
ABC bem-humorado de São Luís (2014), José Eweron Neto
José Ewerton Neto – O ‘grande’ fica por conta de sua delicadeza, mas, sem dúvida, diria que há muita proximidade e até que ambas sejam gêmeas, oriundas da mesma mãe, a Literatura. Acontece que, muitas vezes, alguns leigos ou até mesmo escritores incautos tendem a achar que se trata da mesma coisa ou que quem exerce uma, pode exercer a outra. Nem todo grande poeta ou grande escritor exerceu, à todas as luzes, como Edgar Allan Poe, Jorge Luis Borges e Machado de Assis, incursões vitoriosas em ambos os gêneros. O poema que mais gosto em língua portuguesa é A Mosca Azul, de Machado de Assis, mas tem gente do mundo literário que nem sabe que Machado foi um grande poeta. Voltando à sua pergunta a principal distinção que vejo entre os dois gêneros está na sua execução e prática que, no caso da poesia, pode ser menor em tamanho (tornando-se, a princípio, mais breve). Assim não demanda, quase sempre, a mesma carga de dedicação, disciplina e tempo, o que faz com que a proliferação do exercício poético redunde, pela disseminação e fragmentação, em mais erros que acertos. Lembro uma frase de um grande violonista que dizia que o Violão era o instrumento mais fácil para se tocar mal e o mais difícil para se tocar bem. Julgo que o mesmo se pode dizer da poesia e a grande profusão de poetas na Internet comprova isso. Há muita quantidade, qualidade nem tanto, infelizmente. (Embora eu considere salutar essa proliferação e fragmentação, sempre preferível à falta de adesão ou à indiferença).
3. Paulo Rodrigues – Ewerton, o romance O prazer de matar foi premiado no Concurso Cidade de São Luís e publicado pelo SIOGE. Fale um pouco sobre ele. José Ewerton Neto – Este romance marcou minha estreia na cena literária maranhense numa época em que minhas obrigações profissionais como engenheiro metalurgista, trabalhando na Alumar, mal me davam tempo de escrever crônicas publicadas nos jornais. Acontece que, por essa época, tive de fazer uma cirurgia e aproveitei a convalescença para colocar nas páginas uma ideia que tivera: de um personagem inusitado, matador simplório e, ao mesmo tempo trágico, que se oferecia para matar suicidas por falta de outra opção para sobreviver. Por sugestão do saudoso amigo e escritor Jomar Moraes enviei os originais para José Louzeiro, que, para surpresa minha, recomendou o livro com palavras que vieram a compor a contracapa da primeira edição premiada. Isso me estimulou a que dois anos depois tirasse férias de 20 dias para poder escrever outro romance com uma nova ideia e nascia assim A Ânsia do prazer, também laureada. O curioso é que entre a primeira edição do romance, em São Luís, até uma terceira edição nacional pela editora Arte Pau Brasil, SP, com o título O ofício de matar suicidas, aconteceram dois casos, na vida real, semelhantes aos relatados no livro, o que comprova o dito de Oscar Wilde de que a vida é que imita a ficção, muito mais do que o vice-versa.
4. Paulo Rodrigues – Na poesia, o livro Cidade Aritmética obteve, em 1995, o prêmio Sousândrade, no Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís. Fale um pouco sobre a experiência com a poesia.
José Ewerton Neto – Eu já havia tido uma experiência anterior no gênero com o livro Estátua da Noite, de poemas, este sim, o meu primeiro livro, editado pelo SIOGE e cuja orelha foi feita por Erasmo Dias, de quem me tornara amigo. Nessa época eu já morava no Rio de Janeiro, trabalhava na Cia. Siderúrgica Nacional e as demandas profissionais me afastavam das atividades literárias. Não fiz lançamento, nem sabia direito como era isso rsrs e o sonho da literatura parecia longínquo. Somente quando retornei a São Luís e escrevi O Prazer
de matar e o livro teve excelente repercussão da crítica maranhense voltei a pensar em publicar os poemas que eu produzira anos atrás e dos quais Erasmo Dias apreciara até mais que os de Estátua da Noite. Da composição originou-se esse livro de poemas com construções formatadas como uma Engenharia na segunda parte e com alusões à Matemática na primeira. Tenho a pretensão de acreditar que esse é um dos poucos livros de poesia, escritos no Brasil, somente com temas matemáticos.
5. Paulo Rodrigues – Ewerton, quando você se tornou um leitor de literatura? Qual é o lugar dos livros na sua vida?
José Ewerton Neto – Comecei a gostar de ler desde criança primeiro através de revistas em quadrinhos, inclusive fotonovelas, até romances que comecei a gostar quando deparei, por acaso, nas prateleiras da estante da minha saudosa tia professora Rosa Ewerton com o livro A Marca do Zorro de Jonhston McCulley (um deslumbramento!). Posso dizer que a leitura foi uma das maiores dádivas recebidas durante a minha vida e pela qual serei eternamente agradecido a Deus. A leitura, com todas as possibilidades que traz é uma felicidade! Confesso, não entendo que nas escolas se obrigue um estudante ainda em formação à leitura obrigatória de livros antes de lhe dar condições, primeiro, de ler aquilo que lhe traga prazer. Claro que um mestre tem por obrigação sugerir a leitura de determinados livros, mas sugerir é uma coisa, obrigar outra e a leitura só se tornará a felicidade (que tive e tenho) se vier junto ao “prazer” de estar lendo o livro que se tem nas mãos.
A ânsia do prazer (1994), de José Ewerton Neto
6. Paulo Rodrigues – Como você enxerga o romance contemporâneo brasileiro e maranhense?
JoséEwerton Neto– Oromancemaranhensepraticado em São Luís, nãotem amesmavitalidadedaprodução poética. As condições de subsistência, como se sabe, são precárias para um escritor local que pretenda extrair seu ganha-pão da prática de narrativas longas já que estas demandam muito mais tempo e dedicação. Essa pode ser uma das explicações para isso. Bons romancistas maranhenses são Ronaldo Costa Fernandes e José Sarney de envergadura nacional, e ambos não residem aqui. Nacionalmente, temos bons autores mas sinto que o romancista brasileiro, diante da concorrência internacional (que é muito boa, até porque os livros que vêm de fora traduzidos, já foram referenciados) permanece no dilema entre agradar o público ou a crítica, e acaba não se estabelecendo em nenhuma dessas intenções. Dos romances brasileiros muito comentados recentemente Li Torto Arado que não me agradou. Ganhei de presente e pensei que não fosse gostar de Bambino a Roma, de Chico Buarque, por causa da leitura que fizera de seus primeiros romances, mas esse livro me surpreendeu agradavelmente.
7. Paulo Rodrigues –Falepara os leitores sobre o livro A Última Viagem de Gonçalves Dias e Outros Contos. É um livro de ficção? Ou é mais um trabalho de pesquisa?
José Ewerton Neto – Admiro os pesquisadores, mas além de não saber praticar acho extenuante o trabalho de pesquisa. O surgimento da ideia, apareceu justamente em uma conversa com o escritor e pesquisador Agenor Gomes (que fez um trabalho marcante no gênero sobre a vida de Maria Firmina dos Reis). Eu sugeri a ele: “Agenor, já que a última viagem do poeta dá margem a tantas contradições, você faz um trabalho de pesquisa sobre a mesma e eu fico com a ficção, que é a parte mais fácil”. Enfim, como tenho dito nas entrevistas, A última viagem de Gonçalves Dias tenta suprir as lacunas e os mistérios ocorridos em uma
viagem nunca suficientemente esclarecida, com forte dose de conteúdo poético, como forma, também, de homenagear esse escritor tão querido de todos nós.
8. Paulo Rodrigues – Quais são os novos projetos literários do Ewerton Neto?
José Ewerton Neto – Você acredita, o livro vencedor do último prêmio Odylo Costa, filho, do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, (tão tradicional e tão desprezado, pelas autoridades) foi um título deste autor chamado O que dizem os olhos. Ficaria muito grato se alguma instituição, empresa, secretaria, ou universidade, se dispusesse a publicá-lo até mesmo como forma de servir de recado às autoridades, pois, emborao regulamento contemplasseapublicaçãodo livro,estanãofoirealizada,o queconstitui umagrosseira transgressão da Lei que impõe o Concurso, criado com o propósito de estimular a produção cultural maranhense. Independentemente disso, sempre tenho títulos prontos em diversos gêneros (na crônica até por obrigação)pois sou colaboradorassíduodositedoImirante,paraondemigrouo jornal OEstadodoMaranhão.
9. Paulo Rodrigues – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.
José Ewerton Neto – Escrevam. Como disse José Saramago, para escrever um romance é muito simples: “Comece com uma letra maiúscula e no final você coloca um ponto. E, no meio, você põe a ideia”.
Porém, antes disso, há algo que considero fundamental: Leiam, leiam muito, leiam bastante, não parem de ler.
O menino que via o além (1996/2001), deJosé Eweron Neto.
POEMAS DO AUTOR
I – Do livro Cidade Aritmética
AOS NÚMEROS
Ao número um que às vezes me cabe
Nas vezes em que não estou mais em mim mesmo
Ao número dois que em si desabe
A vontade de partir de mim vagando a esmo
Ao número três que de mim arranque
Uma ponte de seguir do um ao último
Ao cinco, ao dez que não estanquem
Essa ânsia de ir além de número em número
Ao número mil cuja extensão
Me sirva de estação, lugar e hora
Ao milhão em que logo após eu chegue um vão
Viajante com saudade de ir embora
Para lá, mais além, bilhão, trilhão
Até o mais alto infinito da memória
Onde o esquecimento jamais turve essa ilusão
De que fui além do um, de mim, de sempre e agora
FIGURAS GEOMÉTRICAS
1. 1. Cilíndrica
A mulher cilíndrica é um gato
Que aos círculos, sobe, foge
Mas ao rodar não se lembra
Que é escrava do próprio giro
E nem adianta arranhar
As transparentes paredes
Desse anel que se projeta
Num céu que não acaba
Muito menos recordar
Que esse anel tem fronteiras
É crescer, crescer, até que,
De repente, a vida surja como tampa
2. Esférica
A mulher esférica
É um coração que vibra
Em todas as direções
Como um pião girando
Em torno do próprio espanto
Longe de seu lugar e hora
Como um ponteiro que
Descompassado cai da abóboda do tempo
É logo capturado pela dança
Da ilusão e do sonho
E roda ribanceira abaixo ou acima
Ao sabor dos impulsos de amor e dor.
3. Cônica
Mulher cuja altura dela foge
Toda vez que em círculos de prazer se deita
A acariciar às escondidas
O mais profundo poço de si mesma
Altura que dela foge e, de repente, Às ribaltas, aos voos, as asas
Quase lhe leva junto
Num momento de ternura e rosas
Porém, ao bater com a cabeça no céu
Sua altura para num ponto, uma cruz
Mas não ela que pacientemente faz
Do novelo desse sonho seu capuz
REGRA DE TRÊS SIMPLES
Todo mundo tem
Sua regra de três
Aviso, chão, bala
Céu, lua, destino
Mulher, filho, mulher
Passa a vida inteira
Tentando resolvê-la
E simplesmente
Um dia acha a incógnita
E morre.
INFINITO
O infinito na Matemática
Mal consegue disfarçar
Sua sina de impostor
Suas mãos, úmidas de estrelas
Ao cravar-se nas fórmulas
Da essência dos signos se apropria
E reluz a insana farsa
De caber-se no tempo sendo eterno
Na fração sendo infinito
Pela soberba talvez de sendo tudo
Imaginar que só lhe basta
Vestir-se do avesso para ser nada.
TANGENTE
O mar era ainda mais o mar
E o palpitar de tudo que era vida
Batia no muro do céu e refletia-se
Em sua amplidão e superfície
Um pássaro que sobrevoava
A longa calma em azul sobre a marinha tombou
E do céu caiu oblíquo, projétil carnal de luz
Ponte pênsil entre as amarras de espuma e nuvem
Pedra dura em rota marítima pouca de destino
Mas, a medida que afundava
As ondas se infestavam dos fantasmas
De seus ossos, aquosos, cintilando
Entre as espumas como vagas ou centelhas
Um músculo do mar moveu-se então
Como um murmúrio da história
Arrancado de entre as águas, ponto de ardor,
Pleno de morte, partícula de sal tocada pela dor
E o pássaro continuou então sua trajetória
De onde há pouco pousara por descuido
Por um instante tangente à superfície do mar
HIPOTENUSA
A Hipotenusa
Por hipótese seria
Uma mulher dentro
De um triângulo
E por hipótese se soltaria
Viajando no próprio nome
Dos lados que a constrangem
Da fórmula que lhe limita
E ainda por hipótese
Rasgaria o teorema
Que a cobre como um lençol
Para arder em seu vôo mulher
Um novo triângulo que lhe queima
Como um sol
E, não mais por hipótese, mas em real
Mandaria às favas, nessa noite
Sua vida reta, retângula
Ainda que amanhã bem cedo
No lar continue igual à soma dos quadrados dos catetos.
ÓRFÃO
Seja de prece o teu rosto
e tuas longas mãos como um rosário
e eu poderia te enforcar com um terço
e, depois, secar as minhas culpas na tua alma de santa
PÁTRIA
Pouco depois
Do solo
O que teria de vir?
Quase
À maneira das asas
Uma oração
Atravessada
No espaço
Chama-se Pátria
A esse cordão
De gritos iguais
Que o solo Reclama Para seu adorno.
JOSE RIBAMAR EWERTON NETO [Súmula biográfica]
José Ewerton Neto nasceu em Guimarães, MA, em 4 de abril de 1953, sendo o segundo filho de Juvenil Amorim Ewerton (magistrado) e de Teresa de Jesus Martins Ewerton.
Dois anos após iniciar os estudos de Engenharia Civil em São Luís transferiu-se para Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, onde se diplomou em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal Fluminense, em julho de1976. Trabalhou em várias empresas do ramo siderúrgicoatéaposentar-seem 2007exercendo ocargo de Engenheiro Especialista Sênior, na Alumar (Consórcio de Alumínio do Maranhão), empresa do grupo ALCOA em São Luís, MA.
Ingressou na Academia Maranhense de Letras em outubro de 2008, onde ocupa a cadeira 11, cujo patrono é João Francisco Lisboa, sucedendo ao poeta Manoel Caetano Bandeira de Melo.
[Súmula Literária]
Em 1979 publicou seu primeiro livro Estátua da Noite, de poesias, editado pelo SIOGE.
Em 1985 teve o conto um dia na Copa do Mundo de 1954, premiado em segundo lugar no concurso nacional de minicontos, da revista Manchete, de circulação nacional, sobre copas do mundo de futebol.
Em 1993 seu romance O prazer de matar foi premiado e editado pelo SIOGE. Em 1999 o romance foi reeditado pela editora Revan, Rio de Janeiro, com o título de O oficio de matar, ocasião em que foi resenhado por importantes veículos de divulgação literária nacional, como o Caderno Prosa e Verso, do jornal O Globo, Rio; Caderno Ideias do Jornal do Brasil; revista Bravo, etc.
Em 1994 sua novela A ânsia do prazer foi premiada na categoria novela do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís e editada pela entidade promotora do concurso, FUNC (Fundação Cultural da Prefeitura de São Luís)
Em 1995 seu livro Cidade aritmética, de poesias, obteve o prêmio Sousândrade do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís e foi publicado pela FUNC
Em 1996, sua novela infanto-juvenil O menino que via o além foi premiado e editado pela FUNC. Em 2001 foi reeditada pela Editora Escrituras de São Paulo, ocasião em que foi considerada altamente recomendável para leitura pela seleção anual da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil.
Em 1998 teve publicado o livro de contos A morte dos Mamonas Assassinas e outros contos, premiado no concurso da Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão, SECMA
Em julho de 2000 foi vencedor do prêmio literário Marianela Vasconcelos, pelo conjunto de poesias, promovido pelo Concelho Municipal de Sever do Vouga, Portugal.
Em 2004 seu conto Volte ao meu romance, recebeu menção honrosa no concurso nacional Paulo Leminski, da Universidade de Toledo, no Paraná e foi incluído na antologia nacional dos melhores contos do concurso.
Em 2007 classificou-se em segundo lugar no concurso da Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão, SECMA, na categoria romance, com o livro O infinito em minhas mãos, editado em 2009.
Em 2007 classificou-se em primeiro lugar na categoria contos do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís com o livro Ei, você conhece Alexander Guaracy? Publicado em dezembro de 2009.
Em novembro de 2008, uma terceira edição de 20 000 exemplares do livro O menino que via o além foi adquirida pela Secretaria de Cultura de Belo Horizonte para compor o acervo das bibliotecas do Ensino Público, após licitação para a qual concorreram grandes nomes da atual literatura infanto-juvenil e clássicos tradicionais.
Em janeiro de 2010 o conto de sua autoria Também as ondas recebeu menção honrosa e foi selecionado pelo 19º concurso de contos Luís Vilela, Ituiutaba, MG, para fazer parte de uma antologia nacional com os dez melhores contos do concurso publicada em 2011.
Em 2011 seu conto Pequeno Dicionário de Paixões Cruzadas recebeu menção honrosa na edição 22º do Concurso Paulo Leminski e foi selecionado para uma antologia dos melhores contos do concurso cuja coletânea foi publicada em 2013.
Em 2014 lançou o livro de crônicas O ABC bem-humorado de São Luís.
Em 2015 a Editora Arte Pau Brasil, de São Paulo, publicou a terceira edição do livro O Prazer de matar com o nome de O oficio de matar suicidas
Em 2015 foi laureado no Concurso Literário Cidade de São Luís, da FUNC, prêmio Graça Aranha, de contos, com o livro O que os olhos dizem, a publicar.
Em 2016 publicou o livro O entrevistador de lendas, edição da Academia Maranhense de Letras.
Em 2019 foi publicado o livro de contos Pequeno Dicionário de Paixões Cruzadas, edições AML.
Em 2021 publicou o romance A ilha e o céu de Berenice selecionado pela Lei Aldir Blanc
Em 2023 publicou o livro de crônicas A verdadeira história de Tudo e tudo mais, Edições AML.
Em 2024, publica o livro de contos A última viagem de Gonçalves Dias… e outros contos. Edições AML
MÃE LEOA.
Aymoré Alvim, APLAC, AMM, ALL.
Bendita és tu, mulher, Por toda a vida.
Divina imagem do Eterno aqui na terra, Que defende e protege a quem tu geras
Com o teu amor sublime e inefável.
Teu compromisso com Deus é infinito, Arquétipo do amor imensurável, Que acolhe e perdoa sem limites
Num gesto intenso, profundo, admirável.
Tens sempre uma palavra de carinho
Que justificam todas as ofensas
Esqueces bem depressa as desavenças
Mas guardas na memória as virtudes.
Recompensas? Não buscas, Só te doas
De coração aberto aos que criastes. Não adiante crescerem, Adultos forem
Pois não desistes de orientá-los.
Feliz eu bendirei a vida toda
O amor com que defendes tuas crias. Por isso é que te chamam mãe leoa, Por isso é que te amo, Mãe querida.
Rute Ferreira, escritora - foto: divulgação
Um conto sensível e impactante de RUTE FERREIRA
A ESTRANHA MANIA DAS ABELHAS
[Rute Ferreira]
Para Ismênias, Olgas e Adelaides.
Amália apanhou o último caco da boneca quebrada do chão e verificou onde ele se encaixava naquele rosto delicado e pálido de porcelana. Estava furiosa e deixou o fragmento cair no pequeno porta-joias, como os outros pedacinhos.
Agora, tudo que queria era esquecer aquilo, e sofria ao recordar suas últimas palavras. Foram tão pesadas, e ela agora se sentia tão hostil. E o pior: a mãe não havia feito ou dito nada que justificasse um comportamento tão agressivo da parte dela desta vez.
Dona Maria Quaresma! gritou da rua uma voz anasalada, que Amália reconheceu como a do vendedor de mel, leite e farinha. Foi até a penteadeira, viu os olhos vermelhos no espelho e achou difícil entender que eram seus olhos, tão inchados como estavam. A voz tornou a chamar o nome da mãe de Amália.
— Já vai!
Quando abriu a porta, a cara fechada do vendedor se abriu num largo sorriso. Amália o fitou em silêncio.
Eu trouxe o mel que dona Maria Quaresma encomendou começou ele, tirando de um samburá o produto que Amália conhecia bem. Adoçavam com ele quase tudo, e, em outros tempos, ela havia desejado o mel puro. Aquilo tinha sido há muito tempo.
Tudo bem respondeu ela, a voz fraca e baixa para que ele não notasse que sofria. Não queria virar assunto, sobretudo entre vendedores, cujas mulheres à noite adorariam saber que ela, Amália Quaresma,
estava lutando contra alguma coisa, justamente ela, cuja vida sempre fora tão plácida, exceto por um momento.
Também trouxe leite, farinha e camarão. Com a Semana Santa chegando é capaz dela querer, hein? Um pargo com molho de camarão, o que a senhora acha? Eu não tenho o peixe, mas posso conseguir se dona Quaresma quiser. E o camarão é dela, já sabe que dou até desconto.
Acho que não, o camarão dessa vez não.
Mas, dona Amália, imagine, semana que vem esse camarão vai custar o dobro, talvez o triplo do que eu estou vendendo agora. Não posso deixar dona Quaresma sem camarão.
Amália pareceu pensar um momento, mas não voltou atrás.
Eu vou ficar só com o mel.
Só o mel? Mas dona Am…
Só o mel, sim. E por favor, não venha mais aqui.
O homem arregalou os olhos de susto, balbuciando desculpas.
Não interrompeu Amália , não venha mais, porque vamos viajar. Vamos nos mudar um tempo, pro sítio no interior. Não vai ter quem o receba aqui. Pegue.
Ele recebeu o dinheiro, agradeceu e foi embora, não sem antes perguntar quando elas pretendiam voltar.
Não sei ainda Amália respondeu, fechando a porta.
De volta à penumbra da casa (pois tudo estava fechado, portas e cortinas cerradas), Amália olhou a boneca quebrada sobre o sofá, enfeitando o sono de dona Maria Quaresma. Paciente, ela levantou o cobertor, preocupada com o surto de gripe que podia chegar à sua casa, e sentou-se perto da mãe.
A garrafa de mel brilhava como um ponto luminoso na mesinha de canto, e Amália a segurou. O rótulo era artesanal, como todo o resto. Sabia de onde vinha o mel, era uma fazenda perto de casa, e se não fosse tão preguiçosa, talvez comprasse a garrafa por um preço menor, direto com o produtor, pensou. Lembrou de dois anos antes, quando ela e a mãe foram visitar a fazenda, que, além de mel, também tinha queijo e um pequeno açude.
Não dá pra acreditar que elas façam algo tão doce disse dona Quaresma.
Elas quem? Amália perguntou, distraída.
As abelhas… respondeu a boa senhora e, ao se deparar com o olhar de incompreensão da filha, completou: — Afinal, elas têm ferrão.
Nem todas.
Bom, mesmo assim. Sempre que penso numa abelha, lembro de dor. Parece que sinto a picada bem aqui no braço, como daquela vez que você era pequena.
— Elas ferroaram seu pescoço.
Mesmo assim, Amália. Abelhas me fazem pensar em dor, é isso que quero dizer. Sinto como se a dor e esse insetinho fossem assim, ligados pra sempre. Como se fosse a mania delas isso de fazer doer. E, agora, sentada naquela luz que entrava pelas frestas e iluminava a cabeça branca de sua mãe, Amália sentia mesmo que abelhas doíam, que essa era uma parte daquela estranha mania das abelhas, mesmo aquelas sem ferrão. Abriu a garrafa de mel e colocou um pouco no dedo indicador para provar. A doçura a fez fechar os olhos, e ela aproveitou o momento com prazer. Dor e doçura, pensava agora, lembrando do que dona Quaresma havia dito: não dava mesmo pra acreditar que elas faziam algo tão doce.
Amália desejou como nunca que a mãe estivesse viva. Deus, como ela tinha trabalho! Custava-lhe tanto deixar a mãe daquele jeito, apresentável para as visitas, ou para ela mesma. Custava-lhe ter aprendido tanto
sobre conservação de cadáveres, e ter estudado aquilo tudo sobre os egípcios, mas nada disso custava mais do que a separação definitiva de ambas. Porque agora, Amália sabia, estariam para sempre separadas. Com a separação da alma ela já lidava há mais de um ano, quando a mãe morrera de um ataque fulminante do coração, mas agora teria de lidar com a separação do corpo da mãe e isso lhe doía mais. Porém aquilo já estava ficando insustentável, e pesando muito para ela, mesmo que, sendo solteira e sem nenhuma esperança ou desejo de se casar, ela tivesse à frente muito tempo para cuidar do corpo morto de sua mãe na sala. De modo que era essa a situação: Amália Quaresma, trinta e nove anos, estava cansada de cuidar do cadáver de sua mãe, como vinha fazendo há um ano, desde a morte daquela, e agora se sentia culpada por ter de lhe preparar os ritos fúnebres adequados.
E, naquela manhã, quando viu que os dedos da mãe se estragavam, não importando quão bem ela cuidasse deles, Amália ficou furiosa e atirou na parede a boneca de porcelana que fazia companhia à dona Maria Quarema, quebrando-a em uma centena de pedacinhos, que mais tarde ela tentaria colar. Mas desistiu, dando-se conta da inutilidade da tarefa, do excesso de cuidado, dos olhares dos vizinhos. E entendeu que precisava separar-se da mãe, definitivamente.
Naquela noite, e nas duas seguintes, mal conseguiu dormir, decidindo o que faria, com quem falaria, detalhes de velório com os quais ela não queria lidar. Todos poderiam embalsamar seus próprios mortos, assim ela estaria sossegada agora, pensava. Uma pena que a técnica, tão boa, não virava moda por aqui.
Foi precisamente na Sexta-Feira Santa que Amália decidiu. Pegou o caco da boneca, que deixara na caixinha de joias, a garrafa de mel e um pouco de dinheiro que guardavam numa lata de leite. Abriu as persianas e janelas, desligou todas as lâmpadas, destrancou todas as gavetas. E tendo feito isso, pegou de novo na mão de sua mãe, que dias antes a deixara em fúria, e a beijou, sentindo a morte encostar em seus lábios e repelir seu toque. Ajeitou os cabelos ralos da mãe e saiu porta afora, pensando naquela estranha mania das abelhas de fazer doer, em sua mãe e de si mesma, e desapareceu, como se ela mesma vivendo sua própria Paixão, como ele, como o filho de Deus.
Rute Ferreira – foto: divulgação
RUTE FERREIRA é maranhense, de São Luís. É autora dos livros Terra Batida, Bordado em Ponto Corrente, A Urdidura da Matéria, A Estranha Mania das Abelhas e Eu te Serviria Meu Coração com Vinho Branco.
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
O 13 de Maio é um dia histórico no Brasil, pois marca a data em que a escravatura foi abolida em nosso país. Essa conquista foi fruto de uma longa luta popular, liderada pelo movimento abolicionista, que buscava pôr fim à exploração e opressão dos escravos.
A abolição da escravatura foi oficializada pela Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. Essa lei determinou que todos os escravos no Brasil seriam libertos, pondo fim à exploração e opressão que durou séculos.
A luta abolicionista no Brasil foi liderada por muitas personalidades, como André Rebouças, Luís Gama, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Rui Barbosa, Quintino Bocauva, Padre Diogo Feijó, João Cordeiro, que se destacaram na luta pela abolição da escravatura. O movimento abolicionista também contou com o apoio de muitos brasileiros que se opunham à escravatura e buscavam uma sociedade mais justa e menos opressora.
Antes da Lei Áurea, foram promulgadas várias leis que visavam limitar a escravatura e preparar o caminho para a abolição. A Lei do Ventre Livre, de 1871, foi uma das primeiras leis abolicionistas, pois determinou que os filhos de escravas nascidos após essa data seriam livres. A Lei dos Sexagenários, de 1885, também foi uma vitória para o movimento abolicionista, pois determinou que escravos com mais de 60 anos seriam libertos.
A abolição da escravatura teve consequências importantes para a sociedade brasileira. No entanto, a falta de medidas para inserir a população negra na sociedade brasileira após a abolição contribuiu para a perpetuação das desigualdades raciais no Brasil.
O legado da abolição da escravatura no Brasil é complexo e multifacetado. No entanto, é importante lembrar que a luta pela abolição foi uma conquista importante para a humanidade e que continua a inspirar a luta pela igualdade e justiça social no Brasil e em todo o mundo.
(ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA.
PAULO RODRIGUES
entrevistado por ANTONIO AÍLTON
ANTONIO AÍLTON ENTREVISTA
O POETA
PAULO RODRIGUES
Paulo Rodrigues (Caxias, 1978) é graduado em Letras e Filosofia. Acadêmico de Direito. Especialista em Língua Portuguesa.Professor de língua materna e literatura da rede estadual de ensino. Foi secretário de educação de Santa Inês e gerente regional de educação do Vale do Pindaré.
É poeta, prosador, ensaísta e jornalista.
É autor de vários livros, dentre eles, O Abrigo de Orfeu (Editora Penalux, 2017); Escombros de Ninguém (Editora Penalux, 2018).
Ganhou o prêmio Álvares de Azevedo da UBE/RJ em 2019, com o livro Uma Interpretação para São Gregório.
Venceu o prêmio Literatura e Fechadura de São Paulo em 2020, com o livro Cinelândia
Conquistou o prêmio Marcus Vinicius Quiroga de Poesia da UBE/RJ em 2024, com o livro Moinhos.
É membro efetivo da academia Caxiense de Letras e da Academia Poética Brasileira.
Paulo Rodrigues e seu filho Paulo Neto: sublime poesia
1. Antonio Aílton – Paulo Rodrigues, o franco-caribenho Édouard Glissant disse, em um ensaio, que a poesia “é um grito poético cuja função é reunir a morada, o lugar e a natureza da comunidade”. Fale um pouco de como você vê essa relação entre lírica e comunidade/sociedade na poesia feita hoje no Brasil, e a importância disso para a tua própria?
Paulo Rodrigues – Aílton, meu poeta querido, o questionamento é instigante. Édouard Glissant, que foi um importante escritor e intelectual caribenho, observou muito bem a relação da escrita literária e a vida do povo. Ele baseou seus estudos em vários momentos em Marx e na Psicanálise. Eu tenho uma formação marxista. Estou convicto que a única leitura científica do modo de produção capitalista é a construída pelo o autor de O Capital. Omundo estáorganizado paraexploraro trabalhador,quevendesuaforça detrabalho parasobreviver e, nesse processo, o capitalista se apropria da mais-valia, gerando o lucro e por outro lado gera a destruição do planeta. O capitalismo é concentração, destruição e crise. Para termos uma ideia, o último relatório da Oxfam aponta que 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população. O Brasil é a 10ª economia do mundo e temos nove milhões de pessoas passando fome. As contradições do capital não podem nos cegar. Esses dados me atravessam como uma espada de Samurai.
Por que fiz esse introito? Porque preciso reafirmar que a minha produção literária não pode fechar a retina para a realidade material concreta. Busco construir literatura de alta qualidade, no entanto não esqueço o ensinamento de Louis Althusser: “a literatura não se limita a refletir o mundo exterior, mas sim a mostrar criticamente como nós, como seres sociais, vivemos a realidade”.
Ferreira Gullar foi considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Poema Sujo e Dentro da Noite Veloz são livros com poemas críticos, engajados (no sentido mais amplo do termo). A Rosa do Povo do Carlos Drummond de Andrade, que é certamente o grande livro de poesia das nossas letras faz uma leitura sociológica da humanidade. Miró de Muribeca abordou desigualdade, violência e melancolia em seus textos para levantar um corpo-poesia de muita potência.
Então, a minha experiência com a linguagem toca o chão das minhas geografias. Concluo com uns versos do Gullar: “Meu povo e meu poema crescem juntos/ como cresce no fruto/ a árvore nova”.
2. Antonio Aílton – Por que insistir na poesia, após tantos anúncios do seu fracasso ante o mundo de demandas e tecnologias que atualmente se coloca, o que ela pode dizer a este mundo que outra linguagem não pode dizer?
Paulo Rodrigues – É preciso insistir com a poesia, porque eu só existo através dela. Fui salvo pelas imagens de Castro Alves, Fernando Pessoa, Ana Luiza Amaral, Nuno Júdice, Frederico Garcia Lorca, Ferreira Gullar, Fernando Abreu, Adélia Prado, Rainer Maria Rilke, Lila Maia, Antonio Aílton e outros tantos.
Eu venho de uma geografia dramática. Vinte dos meus amigos de infância foram assassinados. Cortaram o pescoçodo meumelhoramigodaescola,numa calçadanoRio deJaneiro. Um professor deLínguaPortuguesa chamado Pedro Filho apresentou para nós os encantos e as lições do texto literário. Agarrei-me ao simbólico para não naufragar.
O Octavio Paz afirmava: “A palavra é o próprio homem. Somos feitos de palavras”. A nossa existência depende quase que exclusivamente das palavras.
A poesia pode comunicar silêncios, encantamentos, liberdade, profundidades humanas como nenhuma outra área do saber humano vai falar.
3. Antonio Aílton – Poeta, você é de Caxias, Maranhão, uma cidade com forte tradição e identidade poética, terra de Gonçalves Dias, de Salgado Maranhão, de Wybson Carvalho. Mais recentemente também tivemos dali o “fenomênico” Carvalho Júnior, levado pela Covid. Como foi que a poesia te tocou, ou te agarrou, qual a tua conexão poética com o impulso desse espaço?
Capa de O Abrigo de Orfeu
Paulo Rodrigues – A poesia me salvou. Não é apenas uma metáfora. Meu pai morreu quando eu fiz dez anos de idade. Ficamos numa situação sociológica delicada: minha mãe, minhas irmãs e eu. Comemos o pão que o diabo amassou. Eu tive a sorte de encontrar a literatura na quinta série, na antiga Escola Estadual Inês Galvão. Comecei a ler com a certeza que o único caminho possível era aquele.
Lembro do susto enorme que tomei ao ler o Barco Bêbado do Arthur Rimbaud. Os versos ficavam gritando dentro de mim por vários dias: “Toda lua é cruel e todo sol, engano”.
Caxias é para mim uma referência. Gonçalves Dias, Coelho Neto, Salgado Maranhão, Wybson Carvalho, Renato Meneses e o saudoso Carvalho Junior me ensinaram sobre a minha aldeia tanto quanto Alberto Caeiro: “Por isso a minha aldeia é tão grande/ como outra terra qualquer/ Porque eu sou do tamanho do que vejo/ E não do tamanho da minha altura”.
Sou membro efetivo da Academia Caxiense de Letras, Casa de Coelho Neto. Os autores que estão lá têm relevantes serviços prestados à cultura maranhense. A minha poesia abriga as dores e as tragédias da Travessa do Tamarineiro.
4. Antonio Aílton – T. S. Eliot dizia no ensaio Tradição e Talento individual que “nenhum poeta, nenhum artista de qualquer arte, tem seu significado completo sozinho”. Você tem construído um trabalho riquíssimo, com projetos em união, parceria e afetividade com a turma do Vale do Pindaré. Fale um pouco sobre o que isso representa para você, e sobre quem é essa turma?
Paulo Rodrigues – T. S. Eliot tem razão. Sozinho até o café fica amargo. O João Cabral de Melo Neto complementa o axioma: “Um galo sozinho não tece uma manhã:/ ele precisará sempre de outros galos”. Eu,LuizaCantanhêde,EvilásioJúnior,CarlosVinhorth,AnnaLizeLuísHenriquefundamosocoletivoVozes do Vale. Nossa intenção é ampliar a formação do leitor proficiente usando o texto literário contemporâneo. Levamos o livro, o autor, atividades literárias para escolas públicas e universidades do Vale do Pindaré.
No dia 30 de maio, por exemplo, nós estaremos na UEMA – Campus Santa Inês. Vamos trabalhar uma mesa dedebatecomotema:A IMPORTÂNCIADALITERATURACONTEMPORÂNEANAUNIVERSIDADE. Em 2024, publicamos uma antologia cujo título é: O QUE NÃO CALOU DENTRO DE NÓS. E lançaremos outra antologia em 2025, porque entraram mais cinco autores para compor o referido coletivo: Maura Luza, Altemar Lima, Ezequias Silva, Rilnete Melo e Marcelo Henrique.
Acredito que a leitura é fundamental para salvar o filho do trabalhador e da trabalhadora. Como colocava Paulo Freire: “A leitura verdadeira me compromete de imediato com o texto que a mim se dá e a que me dou e de cuja compreensão fundamental me vou tornando também sujeito”.
Capa de Escombros de Ninguém – Paulo Rodrigues
5. Antonio Aílton – O que você tem lido, Paulo, e que de alguma forma te tocou, e talvez te tenha trazido um novo olhar sobre o mundo, sobre tua obra, e que agradaria compartilhar com a gente?
Paulo Rodrigues – Eu li recentemente a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen. Fiquei muito comovido, muito influenciado, pois tudo amplia nossa sensibilidade. Devo confessar, poeta, que eu gosto bastante de reler. Por exemplo, reli a obra completa do Graciliano Ramos. Ele nos ensina a escrita concisa, objetiva, que busca a máxima expressão com um punhado de palavras.
Devorei Marxismo e Filosofia da Linguagem do Mikhail Bakhtin. Acredito que todo escritor deve aprofundar as leituras em filosofia da linguagem.
Jorge Luís Borges, o autor mais premiado da Argentina, é meu companheiro diário. Leio como se estivesse bebendo água.
Por fim, estou encantado com o livro ALFINETES da Luiza Cantanhêde. É uma poesia cheia de inundações, refúgios e acolhimentos.
6. Antonio Aílton – Há um projeto, na tua produção poética, de estabelecer uma relação marcada entre a estética, a ética e a política, especialmente em obras como Uma interpretação para São Gregório, e nos três livros que você chamou de “A trilogia do humano” (Cinelândia, A claridade da gente e Cordilheira)? Quais tem sido tuas buscas e o que representa essa poesia?
Capa de Uma interpretação para São Gregório – Paulo Rodrigues
Paulo Rodrigues – Não é obra do acaso mesmo. Foi um projeto pensado e trabalhado realmente. O diálogo estética, ética e política atravessa a minha poesia. Preciso esclarecer que não o faço de forma panfletária. Eu quero produzir alta literatura, mas tenho consciência que não posso perseguir apenas ritmo e imagens.
Na montagem sociológica do capital, corpos e linguagem são adestrados. A poesia não pode concordar, portanto ela deve se apropriar da revolução, da subversão, do grito.
Como afirmou o IsaacSouzanoposfácio: “Cordilheira pareceseroterceiro ato destaepopeiados oprimidos”. E é mesmo!
Na verdade, encerrei esse projeto estético com livro Cordilheira, lançado pela editora Patuá no final de 2024. Moinhos, meu livro novo de poemas, que venceu o Prêmio Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro em 2024, inaugura um novo trabalho estético. Tenho certeza que os leitores vão perceber.
Eu busco algo que o Zé Ramalho explica na canção AVÔHAI: “Eu tenho a palavra certa pra doutor não reclamar”.
7. Antonio Aílton – Não é segredo para ninguém que você tem arrebatado prêmios importantes, nacionais e internacionais. Fale-nos desses prêmios e sobre a própria importância deles para a obra de um autor.
Paulo Rodrigues – Venci alguns concursosimportantes.Porexemplo, tivea sortedeganharoprêmio Álvares deAzevedodaUBE/RJem2019,comolivro Uma Interpretação para São Gregório.Logodepois, conquistei o prêmio Literatura e Fechadura de São Paulo em 2020, com o livro Cinelândia. E em 2024, ganhei o prêmio Marcus Vinicius Quiroga de Poesia da UBE/RJ, com o livro Moinhos (que é inédito). A cerimônia de premiação vai acontecer na Academia Brasileira de Letras no dia 26 de maio do ano em curso.
Eles ajudam a divulgar a obra do autor. Não podemos negar.
Eu não escrevo pensando em concurso. Escrevo para provocar a sangria no açude das minhas dores.
8. Antonio Aílton – Como você vê a atual poesia brasileira e maranhense, em termos de significação, experiência criativa e representatividade.
Paulo Rodrigues – Há um discurso diluído e esvaziado em boa parte da lírica coetânea. Por outro lado, há a ampliação da micrologia do cotidiano que é fertilizante para a literatura.
Eu sou um leitor atento da poesia contemporânea brasileira. Li recentemente N.D.A do Arnaldo Antunes e achei maravilhoso, surpreendente. Alice Ruiz faz uma poesia minimalista de muita qualidade. A Conceição Evaristo trabalha identidade e memória com maestria. Mel Duarte com o livro Negro Nua Crua joga luz nas desigualdades do nosso país. Ela é uma das organizadoras do Slam das Minas, iniciativa fantástica que inclui as pessoas através da poesia.
A poesia contemporânea produzida no Maranhão é riquíssima. Vou citar alguns: Salgado Maranhão, Antonio Aílton,LilaMaia,FernandoAbreu,BioqueMesito,NeurivanSousa,LauraAméliaDamous,Samuel Marinho, Eduardo Júlio, Luiza Cantanhêde (são poetas indispensáveis na cena atual).
Capa de A Claridade da Gente – Paulo Rodrigues
9. AntonioAílton–Você,comoumimportantemediadorentrepoesiaeeducação,temdesenvolvido um trabalho, diríamos, revolucionário na região de Santa Inês. Como você concebe o papel do poeta na educação e como esse trabalho tem transformado vidas nessa região.
Paulo Rodrigues – Em todas as sociedades há poetas. Na Grécia Antiga a poesia era uma experiência de aprendizagem, portanto o poeta educava o povo. Albert Camus no ensaio OARTISTA E SEU TEMPO deixou claro: “O poeta nunca deixa de criar perigosamente”. É um ser capaz de arrancar a humanidade da caverna de Platão.
A poesia é uma ferramenta pedagógica. Ela ensina sobre as subjetividades do homem melhor que a ciência. Pode ampliar a compreensão do mundo.
Eu desenvolvi o projeto Balaio Literário que levou a literatura contemporânea do nosso estado para escola pública em 12 municípios do Vale do Pindaré. Foi uma experiência plurissignificativa sobretudo para os estudantes.
Em Alto Alegre do Pindaré, os meninos e as meninas estão encenando seus poemas autorais. É um espetáculo.
O Darcy Ribeiro tinha razão: “a escola pública é a maior invenção do mundo, pois permite que os homens sejam herdeiros das bases do patrimônio mundial mais importante que é a cultura”.
10. É possível engajar (mais) leitores na amplitude da poesia? Deixe um recado para eles.
Paulo Rodrigues – Sim, Aílton. A escola e a universidade são fundamentais para esse engajamento. Os educadores precisam incluir no currículo o trabalho com a poesia clássica e a poesia contemporânea. O texto poético é promotor de muitas aprendizagens. Eu uso as metáforas (em sala de aula) para promover a liberdade do pensamento, a problematização sobre a fragilidade humana. O resultado é sempre muita comoção. Eu quero dizer aos jovens, aos leitores, aos professores, que leiam os grandes poetas. Eles ajudam a compreender as tragédias e a finitude do homem. O filósofo Aristóteles afirmava: “Não compete ao poeta narrar exatamente o que aconteceu; mas sim o que poderia ter acontecido, o possível, segundo a verossimilhança ou a necessidade”. O autor da Arte Poética nos coloca que o poeta é um criador de universos que “faz do nada como Deus”, portanto devemos ampliar nossas vertigens através da poesia.
Capa do livro Cordilheira – Paulo Rodrigues
POEMAS
DO LIVRO CINELÂNDIA (EDITORA FOLHEANDO, 2021):
NINGUÉM DISFARÇA O AZULEJO QUEBRADO
Alex Cabeça de Gato bebeu pingos de chuva nas calçadas do Rio de Janeiro.
Perdeu o cobertor, mudou de endereço.
Olha para o céu de papelão em punho.
A água ainda corre e afunda o piso que baixou.
O CORAÇÃO NÃO PODE CEGAR
É só um desenho esquecido na gaveta da escrivaninha, tem poeira, restos de lápis de cor, um contrato de locação e um livro de Octávio Paz cochilando sobre ele.
É só um desenho; os limites foram sacrificados pela inflação, balança comercial, dólar (a tesoura fez só o pelo sinal).
Não carrega a placa do Profeta Gentileza.
É só um desenho:
não é um colírio, a Fortaleza de San Carlos de La Cabaña, o Memorial da Balaiada, tão pouco a Praia dos Carneiros, em Pernambuco.
É só um desenho.
MARIA DA PENHA OU ISABELLE ADJANIR
Quando eu disser não, é não.
Não acelere o carro, não mande flores, não desenhe coração nas paredes.
Não é não.
Não insista, não provoque Sísifo, com subidas intermináveis.
O amor não quer aeróbica. Deita no chão e se esfrega.
Quando eu disser não é não.
O motel secou, as unhas têm freios, a carroça atravessa o boi.
Se insistir acabou o sereno, é verão.
levo uma faca, na cintura.
ROLIÚDE
Sentava-se na esquina, de costas pra rua.
A mesma camisa, a mesma calça, os mesmos sapatos.
Era um homem invisível.
Catava feijão.
Nunca ouviu falar em mais-valia.
Sonhou com um barranco, na Serra Pelada.
Curou-se da doença.
Não do feijão.
DO LIVRO A CLARIDADE DA GENTE (EDITORA PENALUX, 2023):
O poeta Paulo Rodrigues em lançamento de A claridade da Gente
BATALHA CAMPONESA
não limpem o corpo do morto. a gaiola com duas talas (quebradas).
deixem lá!
as unhas arrancadas com golpes de foice; fiapos de sangue no mar.
deixem lá!
os espinhos que juntaram os dois pedaços de braços como se fosse paixão.
deixem lá!
não limpem o corpo do morto… no
O LATIFÚNDIO TEM O PALETÓ SUJO DE SANGUE
o jornal noticia que se passaram vinte e cinco anos da chacina dos trabalhadores rurais em Eldorado dos Carajás.
uma foto com as covas em fila mostrou-me o medo em preto e branco.
homens olhavam de lado nunca em direção aos caixões. os meninos juntavam raízes como se adivinhassem o aumento da conta.
não sei se Dorothy Stang estava lá.
se ela chorou.
se Valentim Serra falou de amor e outras quinquilharias.
Jane Julia sofreu emboscada, mas não entregou a foice
nem a revolução.
A ENÉSIMA EUCARISTIA
no dia do nascimento de Jesus Matilde foi encurralada por um influencer da Cracolândia.
rasgou a roupa, limpou o sangue e enfrentou as ruas do centro com o bico dos seios apontando outra esquina
e pintou a boca de catchup sem trocar sexo por pão.
Deus não é o mesmo (em todo lugar).
DO LIVRO CORDILHEIRA (EDITORA PATUÁ, 2024):
EL CIELO DE NICANOR
Chove muito nesta manhã em Santiago, no Chile.
Cruzo os braços na janela; os telhados respiram profundamente e param por um segundo.
Como eu queria ajoelhar-me outra vez diante de La Chascona.
Ler poemas de guerra, ajoelhar-me naqueles azulejos azuis.
Deitar-me de abraços abertos, olhando para as nuvens sob aquele céu sem nuvens.
Rir como uma criança.
Chorar quando o livro se fecha.
A GUERRA CIVIL ESPANHOLA
A ditadura sumiu com Frederico García Lorca; enterrou o corpo, o sinal na boca, as sobrancelhas, os gestos, as mãos, os pés.
Ele estava vestido?
Carregava uma bandeira com a palavra liberdade? Olhava para cima como se fizesse o último verso para o carrasco? Tinha uma rosa colada no paletó?
Franco não deixou rastro nem pista. O amante espera pelo poeta
em Huerta de San Vicente sentado sobre os seis poemas galegos desde agosto de 1936.
Aos domingos, chora e bebe vinho; na semana é sério, hetero, treina boxe.
Os turistas não querem a assinatura, anunciando o fim da guerra. Fazem fotos na Plaza de Santa Ana e comoram a didática da vida, nos bares.
Eu só consigo pensar no tamanho do buraco para um milhão de mortos.
O pai de meu pai amarrou pedras e geleiras nos olhos sujos de mar.
Não reduziu o pantanal nas lágrimas, ainda bêbado de desertos não secou o desejo de vingança como se fosse um navio negreiro.
Varre os abismos da manhã com os cabelos da boneca de sua penúltima neta, que reclama por um passeio na cidade.
O pai de meu pai não sabe das diferenças entre os povos da América do Sul, tentou escrever a apalavra Sudão no reboco novo da cozinha e não conseguiu. Chorou feito criança quando Putin espalhou as pedras da Terceira Guerra Mundial.
Encostou no ombro de Tereza e removeu um camelo que estava estacionado entre os dois.
O pai de meu pai sentiu vontade de abraçar todos os vinte seis filhos, de beijar os pés do Clemente, que se enforcou no paiol do arroz numa Sexta-feira Santa e ele não foi ao velório.
UMA CARTA DE CIGANA NO ALFORJE DE MEU AVÔ
Sentiu vontade de arrancar os ossos de Maria Joana e limpá-los como se extraísse cristais de uma terra seca e bárbara.
O pai de meu pai se detém olhando para as mãos: são cordilheiras derretendo.
Antonio Aílton, entrevistador, é poeta, professor, pesquisador, autor de MARTELO & FLOR: forma e experiência na poesia brasileira contemporânea (EDUFMA, 2028).
LEMBRANÇA DE WALTER RODRIGUES, O PRIMEIRO BLOGUEIRO DO MARANHÃO
Manoel Dos Santos Neto
No domingo passado (dia 18 de maio), completaram-se 15 anos do falecimento de um grande jornalista: Walter Rodrigues. Ele nasceu em Belém (PA) e, ao chegar em São Luís, trabalhou em diversos jornais e periódicos. Foi diretor de Redação do jornal O Estado do Maranhão e também trabalhou em O Imparcial, O Debate e Jornal Pequeno.
Com textos polêmicos e controvertidos, Walter Rodrigues tornou-se uma referência no jornalismo político. Ele foi o primeiro blogueiro do Maranhão, quando passou a assinar o “Blogue do Colunão”, uma inovadora página na internet que tratava sobre fatos políticos e relacionados a temas de direitos humanos, além de outros assuntos de repercussão nacional.
O blog era uma versão online do informativo impresso “O Colunão”, idealizado e produzido por ele em São Luís, e que circulava aos domingos encartado no Jornal Pequeno. Admirado por colegas de profissão, Walter ganhou respeito e prestígio por sua forte atuação na imprensa maranhense.
Houve uma fase em que ele deixou de encartar sua coluna política no JP. Criou o “Colunão” apenas na versão eletrônica, tornando-se o primeiro blog do Maranhão.
Conheci Walter em novembro de 1992, quando comecei a trabalhar na Assembleia Legislativa. Nessa época, houve uma acirrada disputa pela Mesa Diretora da Alema. Foi a ocasião em que Nagib Haickel venceu a eleição para a presidência da Casa, impondo dura derrota a seu adversário, o então deputado Roberto Rocha.
Nas tardes de sábado, eu, Walter Rodrigues e Ademário Cavalcante tínhamos o hábito de nos reunir informalmente no antigo Abrigo do Largo do Carmo para conversar sobre as notícias dos jornais. Nessa época, Ademário, muito bem informado, escrevia diariamente os editoriais do Jornal Pequeno e Walter Rodrigues, com seu “Colunão”, colecionava muitos desafetos, principalmente pelo seu estilo de escrever.
Fazia o dever de casa como bom jornalista: apurava a informação, ouvia as partes, formava seu juízo, escrevia o seu artigo e publicava denúncias. Acho que foi até hoje o jornalista que mais respondeu a processos na Justiça do Maranhão em razão dos textos que publicava. Mas ele tinha a seu favor um brilhante profissional: o advogado Abdon Marinho.
Para Walter Rodrigues, o maior patrimônio do jornalista era a sua credibilidade perante a opinião pública, o respeito perante suas fontes e a correção da informação. Ele abominava a picaretagem que começava a se alastrar no jornalismo. Infelizmente, com o passar dos anos, percebe-se que o cenário piorou muito. Hoje, supostos jornalistas envolvem-se em práticas anti-éticas, como trair suas fontes, fazer print de conversas privadas e enganar seus leitores. Os supostos jornalistas agridem cada vez mais a dignidade da profissão.
Walter Rodrigues morreu em São Luís na noite de 18 de maio de 2010. Deixou uma lição de vida e um imenso vazio no jornalismo autêntico e verdadeiro.
CERES COSTA FERNANDES
Remédio bom para presunção é levar, de vez em quando, um soco nos cornos. Este conselho, nada sutil, mas verdadeiro, é receita de um amigo diplomata. Entenda-se aí que a linguagem é figurada. Foi esse o impacto que tive quando tentei usar a Internet, o telefone público ou simplesmente me situar nas ruas de cidades russas. Imaginem uma pessoa leitora desde a mais tenra infância, familiarizada, antes mesmo de dominar as palavras, com as letras que se exibem nos muros, nas fachadas de lojas, em manchetes de jornais, nas embalagens de alimentos, deparar com tudo isso escrito no alfabeto cirílico, sem a tradução correspondente em qualquer língua ocidental. Agora entendo o que diziam os jesuítas a respeito do alfabeto japonês: que o mesmo teria sido criado pelo diabo para impedir a catequização dos nipônicos. Desculpa inadequada para o meu caso, considerando que não estou sendo catequizada e que a criação do alfabeto russo é atribuída a um santo, São Cirilo.
Os leitores podem perguntar: mas como? Então, não se preparou, estudando um pouquinho de russo, qualquer coisa aí, só para o trivial? Até que tentei, não com muito empenho, confesso, tenho um livrinho com as palavras e expressões mais corriqueiras adquirido na véspera da viagem, mas o cérebro gasto e desinteressado absorveu umas poucas palavras para falar, e duas para ler: entrada e saída – que tenho muito medo de incêndio. De resto, perdi a vergonha e andava que nem aqueles meninos de escola levados a passeio pela professora, agarradinhos um na roupa do outro em fila indiana. Quando embarcados no naviogaiola do nosso cruzeiro fluvial, era diferente, o grupo brasileiro falava espanhol, inglês, francês, ou tudo misturado, e ainda arriscávamos umas palavrinhas de russo e a tripulação entendia tudo. Ou não.
Nos museus, nos palácios, nas obras de arte faziam a concessão de colocar umas letrinhas em inglês debaixo do texto em russo. E que obras de arte! Só para conhecer a famosíssima coleção dos gênios da pintura mundial, pertencente ao museu Hermitage, conjunto suntuoso de prédios, aí incluído o palácio de inverno de Pedro, o Grande, conjugação harmoniosa de arquitetura com riqueza e bom gosto – que nem sempre andam juntos –, valeria ter feito a viagem.
De São Paulo a Madrid, voo no container da TAM; de Madrid a Moscou, voo charter no avião que pertencera ao Real Madrid, descartado certamente por não ser mais seguro (cruzes!), espaçosos bancos de couro, ornados com o brasão do time, um luxo só, enfim, desfrutamos um pouco do conforto do grande time de futebol. Em Moscou, o esperado: Praça Vermelha, Kremlin, Catedral de São Basílio, mil igrejas em estilo bizantino, um deslumbre, principalmente à noite. O outro lado da moeda se mostrou na estrada contorno da grande cidade a caminho ao porto fluvial, apareciam moradias coletivas – assemelhadas a presídios - em decadência, pinturas descascadas, janelas com papelões fazendo às vezes de vidros, umas poucas favelas de containers e espanto para nós: fumacentas termoelétricas, próximas a residências, à beira da própria capital. Alguns companheiros descobriram até palafitas, confesso que não cheguei a vê-las. Perguntas sobre o regime de ontem e de hoje. Curiosidades e observações obrigatórias de turistas que devem encher a paciência dos locais. Turista é tudo igual. Até então, o previsível.
Mas, aí, aconteceu o Rio Volga. O nome desse rio faz parte do imaginário da minha infância: lembro meu pai cantarolando alguma ária de “Os barqueiros do Volga”, totalmente inadequada para o timbre de voz e a precária afinação dele. Mercê da estropiada canção, o Volga crescia no meu encantamento, representando algo envolto em brumas, longínquo e inacessível. Eis que navego em suas águas, lisas de tão mansas, de Moscou a São Petersburgo. Se não há mais barqueiros, há imensos lagos e eclusas cheias de gaivotas. Nas margens, as elegantes dachas e as modestas casinhas das aldeias salpicam de cores o verde escuro dos pinheiros nativos e o claro das plantações de eucaliptos. E, de repente, cidades milenares carregadas de história, com suas igrejas bizantinas pintadas de vermelho e seus domos dourados em forma de suspiros, recortados contra o céu, passam por nós, iluminadas e imponentes como transatlânticos. O imaginário não sofreu danos.
E há as “noites brancas”. Fenômeno ocorrente de maio a julho, quando as cores do ocaso permanecem misturadas a nuvens brancas, dando às noites um lusco-fusco brilhante, se isso é possível. No Volga o efeito é redobrado, o céu se derrama e se espalha na superfície lisa do rio. Dormir torna-se opcional tal o fascínio da noite. Ruim é a ressaca no dia seguinte, principalmente quando o barco atraca em uma aldeia onde o meio de transporte são as próprias pernas, e se tivermos sorte, um riquixá, puxado a bicicleta.
Fiquei a matutar como cidades edificadas em lonjuras geladas, média de -40° no inverno, quase sem meios de comunicação, no mínimo três meses por ano – o Rio Volga e os lagos ficam congelados de dezembro a março –, puderam florescer.
Dias depois, exauridos por tanta beleza, chegamos a São Petersburgo. Mas isso já é outra história, que talvez eu conte. Por hoje fica o impacto do soco, ainda zunindo nas ouças. Uma lição de humildade aprendida? Espero. E, sem dúvida, a compreensão da dor de andar por entre as gentes sem a capacidade de ler.
Num sobradão arruinado, Tristonho, mal-assombrado, Que dava fundos prá terra. ( "para ver marujos, Ttituliluliu! ao desembarcar").
...Morava Manuel Furtado, português apatacado, com Maria de Alencar! Maria, era uma cafuza, cheia de grandes feitiços. Ah! os seus braços roliços! Ah! os seus peitos maciços! Faziam Manuel babar...
A vida de Manuel, que louco alguém o dizia, era vigiar das janelas toda noite e todo o dia, as naus que ao longe passavam, de "Oropa, França e Bahia"! Me dá uma nau daquelas, lhe suplicava Maria. Estás idiota , Maria. Essas naus foram vintena Que eu herdei da minha tia!
Por todo o ouro do mundo eu jamais a trocaria!
Dou-te tudo que quiseres: Dou-te xale de Tonquim! Dou-te uma saia bordada! Dou-te leques de marfim! Queijos da Serra Estrela, perfumes de benjoim... Nada.
A mulata só queria que seu Manuel lhe desse uma nauzinha daquelas, inda a mais pichititinha, prá ela ir ver essas terras "De Oropa, França e Bahia"... Ó Maria, hoje nós temos vinhos da quinta do Aguirre, uma queijadas de Sintra, só prá tu te distraire desse pensamento ruim... Seu Manuel, isso é besteira! Eu prefiro macaxeira com galinha de oxinxim! "Ó lua que alumias esse mundo de meu Deus, alumia a mim também que ando fora dos meus..." Cantava Seu Manuel espantando os males seus. "Eu sou mulata dengosa, linda, faceira, mimosa, qual outras brancas não são"... Cantava forte Maria, pisando fubá de milho, lentamente no pilão... Uma noite de luar, que estava mesmo taful, mais de 400 naus, surgiram vindas do Sul... Ah! Seu Manuel, isso chega... Danou-se de escada abaixo, se atirou no mar azul. "Onde vais mulhé?"
— Vou me daná no carrosé! Tu não vais, mulhé, mulhé, você não vai lá..." De madrugada, na praia, dois corpos o mar lambia...
Seu Manuel era um "Boi Morto", Maria, uma "Cotovia"!
E as naus de Manuel Furtado, herança de sua tia?
continuam mar em fora, navegando noite e dia... Caminham para "Pasárgada", para o reino da Poesia!
Herdou-as Manuel Bandeira, que, ante a minha choradeira, me deu a menor que havia! As eternas naus do Sonho, de "Oropa, França e Bahia"... Ascenso Ferreira
RODRIGUES
1 Paulo Rodrigues – José Ewerton Neto, o Fernando Pessoa afirmou: “A literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta”. Você pensa a literatura da mesma forma que o Pessoa?
José Ewerton Neto – Não. Inclusive não sei porque as pessoas têm tanta admiração por essa frase que originou outra, de Ferreira Gullar, muito repetida. Ora, penso que a vida não basta para todo mundo já que ninguém quer morrer. Não basta para o artista, como também não basta para o médico, para qualquer camelô, para o mais humilde carroceiro e, nem por isso, todo mundo é artista. Acho que a literatura existe - ou a arte em geral - como expressão da necessidade que algumas pessoas têm de transmitir algo pensado e que lhe foi revelado como um dom, graças à sua capacidade imaginativa. Como todo trabalho na vida e todo exercício profissional alguns fazem isso com talento, a maioria não. Simples assim. Não acredito nessa interpretação de que alguém só porque escreveu uma poesia (que ninguém sabe ainda se é boa) ou tentou escrever uma história (idem) só por isso possa de antemão inferir que foi dotado de um destino especial, transcendente e distinto de todos os demais seres humanos que não são artistas.
2 Paulo Rodrigues – Você é um grande romancista, contista, cronista e também um poeta potente. Há proximidade entre a prosa e a poesia? Como observa essa questão?
José Ewerton Neto – O ‘grande’ fica por conta de sua delicadeza, mas, sem dúvida, diria que há muita proximidade e até que ambas sejam gêmeas, oriundas da mesma mãe, a Literatura. Acontece que, muitas vezes, alguns leigos ou até mesmo escritores incautos tendem a achar que se trata da mesma coisa ou que quem exerce uma, pode exercer a outra. Nem todo grande poeta ou grande escritor exerceu, a todas as luzes, como Edgar Allan Poe, Jorge Luis Borges e Machado de Assis incursões vitoriosas em ambos os gêneros. O poema que mais gosto em língua portuguesa é A Mosca Azul, de Machado de Assis, mas tem gente do mundo literário que nem sabe que Machado foi um grande poeta. Voltando à sua pergunta a principal distinção que vejo entre os dois gêneros está na sua execução e prática que, no caso da poesia, pode ser menor em tamanho (tornando-se, a princípio, mais breve). Assim não demanda, quase sempre, a mesma carga de dedicação, disciplina e tempo, o que faz com que a proliferação do exercício poético redunde, pela disseminação e fragmentação, em mais erros que acertos. Lembro uma frase de um grande violonista que dizia que o Violão era o instrumento mais fácil para se tocar mal e o mais difícil para se tocar bem. Julgo que o mesmo se pode dizer da poesia e a grande profusão de poetas na Internet comprova isso. Há muita quantidade, qualidade nem tanto, infelizmente. (Embora eu considere salutar essa proliferação e fragmentação, sempre preferível à falta de adesão ou à indiferença) .
3 Paulo Rodrigues – Ewerton, o romance O prazer de matar foi premiado no Concurso Cidade de São Luís e publicado pelo SIOGE. Fale um pouco sobre ele.
José Ewerton Neto – Este romance marcou minha estreia na cena literária maranhense numa época em que minhas obrigações profissionais como engenheiro metalurgista, trabalhando na Alumar, mal me davam tempo de escrever crônicas publicadas nos jornais. Acontece que, por essa época, tive de fazer uma cirurgia e aproveitei a convalescença para colocar nas páginas uma ideia que tivera: de um personagem inusitado, matador simplório e, ao mesmo tempo trágico, que se oferecia para matar suicidas por falta de outra opção para sobreviver. Por sugestão do saudoso amigo e escritor Jomar Moraes enviei os originais para José Louzeiro, que, para surpresa minha, recomendou o livro com palavras que vieram a compor a contracapa da primeira edição premiada. Isso me estimulou a que dois anos depois tirasse férias de 20 dias para poder escrever outro romance com uma nova ideia e nascia assim A Ânsia do prazer, também laureada. O curioso é que entre a primeira edição do romance, em São Luís, até uma terceira edição nacional pela editora Arte Pau Brasil, SP, com o título O oficio de matar suicidas, aconteceram dois casos, na vida real, semelhantes aos relatados no livro, o que comprova o dito de Oscar Wilde de que a vida é que imita a ficção, muito mais que o vice-versa.
4 Paulo Rodrigues – Na poesia, o livro Cidade Aritmética obteve, em 1995, o prêmio Sousândrade, no Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís. Fale um pouco sobre a experiência com a poesia.
José Ewerton Neto – Eu já havia tido uma experiência anterior no gênero com o livro Estátua da Noite, de poemas, este sim, o meu primeiro livro, editado pelo SIOGE e cuja orelha foi feita por Erasmo Dias, de quem me tornara amigo. Nessa época eu já morava no Rio de Janeiro, trabalhava na Cia. Siderúrgica Nacional e as demandas profissionais me afastavam das atividades literárias. Não fiz lançamento, nem sabia direito como era isso rsrs e o sonho da literatura parecia longínquo. Somente quando retornei a São Luís e escrevi O Prazer de matar e o livro teve excelente repercussão da crítica maranhense voltei a pensar em publicar os poemas que eu produzira anos atrás e dos quais Erasmo Dias apreciara até mais que os de Estátua da Noite. Da composição originou-se esse livro de poemas com construções formatadas como uma Engenharia na segunda parte e com alusões à Matemática na primeira. Tenho a pretensão de acreditar que esse é um dos poucos livros de poesia, escritos no Brasil, somente com temas matemáticos.
5 Paulo Rodrigues – Ewerton, quando você se tornou um leitor de literatura? Qual é o lugar dos livros na sua vida?
José Ewerton Neto – Comecei a gostar de ler desde criança primeiro através de revistas em quadrinhos, inclusive fotonovelas, até romances que comecei a gostar quando deparei, por acaso, nas prateleiras da estante da minha saudosa tia professora Rosa Ewerton com o livro A Marca do Zorro de Jonhston Mc Culley (um deslumbramento!). Posso dizer que a leitura foi uma das maiores dádivas recebidas durante a minha vida e pela qual serei eternamente agradecido a Deus. A leitura, com todas as possibilidades que traz é uma felicidade! e, confesso, não entendo que nas Escolas se obrigue um estudante ainda em formação à leitura obrigatória de livros antes de lhe dar condições, primeiro, de ler aquilo que lhe traga prazer. Claro que um mestre tem por obrigação sugerir a leitura de determinados livros, mas sugerir é uma coisa, obrigar outra e a leitura só se tornará a felicidade (que tive e tenho) se vier junto ao “prazer” de estar lendo o livro que se tem nas mãos.
6 Paulo Rodrigues – Como você enxerga o romance contemporâneo brasileiro e maranhense?
José Ewerton Neto – O romance maranhense praticado em São Luis, não tem a mesma vitalidade da produção poética. As condições de subsistência, como se sabe, são precárias para um escritor local que pretenda extrair seu ganha-pão da prática de narrativas longas já que estas demandam muito mais tempo e dedicação. Essa pode ser uma das explicações para isso. Bons romancistas maranhenses de envergadura nacional são Ronaldo Costa Fernandes e José Sarney e ambos não residem aqui. Nosso país tem ótimos autores mas sinto que o romancista brasileiro, diante da concorrência internacional (que é muito boa, até porque os livros que vêm de fora traduzidos, já foram referenciados) permanece no dilema entre agradar o público ou a crítica, e acaba muitas vezes não se estabelecendo em nenhuma dessas vertentes. Dos romances brasileiros muito comentados recentemente Li Torto Arado que não me agradou. Ganhei de presente e pensei que não fosse gostar de Bambino a Roma, de Chico Buarque ( por causa da leitura que fizera de seus primeiros romances) mas esse livro me surpreendeu agradavelmente.
7 Paulo Rodrigues – Fale para os leitores sobre o livro A Última Viagem de Gonçalves Dias e Outros Contos. É um livro de ficção? Ou é mais um trabalho de pesquisa?
Admiro os pesquisadores, mas além de não saber praticar acho extenuante o trabalho de pesquisa. O surgimento da ideia, apareceu justamente em uma conversa com o escritor e pesquisador Agenor Gomes (que fez um trabalho marcante no gênero sobre a vida de Maria Firmina dos Reis). Eu sugeri a ele: “Agenor, já que a última viagem do poeta dá margem a tantas contradições e mistérios, sendo , portanto, um tema fascinante, você faz um trabalho de pesquisa sobre a mesma e eu fico com a ficção, que é a parte mais fácil.” Rs Rs. Enfim, como tenho dito nas entrevistas, A última viagem de Gonçalves Dias tenta suprir as lacunas de uma viagem nunca suficientemente esclarecida, com forte dose de conteúdo poético, como forma, também, de homenagear esse escritor tão querido de todos nós.
8 Paulo Rodrigues – Quais são os novos projetos literários do José Ewerton Neto?
José Ewerton Neto – Você acredita, o livro vencedor do último prêmio Odylo Costa, filho, do Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, (tão tradicional e tão desprezado, pelas autoridades) foi um título deste autor chamado O que dizem os olhos. Ficaria muito grato se alguma instituição, empresa, secretaria, ou universidade, se dispusesse a publicá-lo até mesmo como forma de servir de recado às autoridades,
pois, embora o regulamento contemplasse a publicação do livro, esta não foi realizada, o que constitui uma grosseira transgressão da Lei que impõe o Concurso, criado com o propósito de estimular a produção cultural maranhense. Independentemente disso, sempre tenho títulos prontos em diversos gêneros (na crônica até por obrigação) pois sou colaborador assíduo do site do Imirante, para onde migrou o jornal O estado do Maranhão.
9 Paulo Rodrigues - Deixe uma mensagem para os nossos leitores.
José Ewerton Neto – Escrevam. Como disse José Saramago, para escrever um romance é muito simples: “Comece com uma letra maiúscula e no final você coloca um ponto. E, no meio, você põe a ideia”
Porém, antes disso, há algo que considero fundamental: Leiam, leiam muito, leiam bastante, não parem de ler. Jamais.
DEVOLVAM A NOSSA QUADRA!!!!
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Licenciado em Educação Física
Novas diretrizes para o exercício da função ‘professor de educação física’ foram estabelecidas pelo MEC através da PORTARIA Nº 320, DE 26 DE MAIO DE 2025 Dispõe sobre a Matriz de Referência do componente específico de Licenciatura em Educação Física, no âmbito do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas e da Prova Nacional Docente (PND), a partir da edição 2025. Em seu Art. 7º dispõe que: A prova do Enade Licenciaturas e da Prova Nacional Docente, no componente específico, tomará como referencial o processo de ensino e aprendizagem de Educação Física, articulando aspectos teórico-práticos do ensino com os seguintes objetos de conhecimento:
I. Dimensões históricas e filosóficas da Educação Física;
II. Dimensões sociológicas e antropológicas da Educação Física;
III. Dimensões morfofuncionais do movimento humano;
IV. Desenvolvimento humano e aprendizagem motora;
V. Regulamentações e normatizações na Educação Física escolar;
VI. Educação Física escolar na área de linguagens;
VII. Educação Física na Base Nacional Comum Curricular (BNCC);
VIII. Educação Física nas etapas e modalidades da educação básica;
IX. Manifestações da Educação Física: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, lutas, danças, práticas corporais de aventura;
X. Concepções teórico-metodológicas da Educação Física escolar;
XI. Fundamentos didático-pedagógicos da Educação Física escolar;
XII. Prática educativa e dimensões do conhecimento na Educação Física escolar;
XIII. Avaliação na Educação Física escolar;
XIV. Educação Física escolar inclusiva;
XV. Educação Física, qualidade de vida e saúde;
XVI. Pesquisa em Educação Física;
XVII. Educação Física escolar na contemporaneidade; e
XVIII. Tecnologias e inovação em Educação Física escolar.
Estes os conhecimentos exigidos para o recrutamento e a seleção de servidores públicos federais em diferentes órgãos eentidades públicas doGoverno Federal, com provaúnicaaplicada nomesmo diaparatodos os cargos.
Notem queem seu item 9 consta: Manifestações da Educação Física: brincadeiras e jogos,esportes, ginásticas, lutas, danças, práticas corporais de aventura A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) organiza essas manifestações em seis unidades temáticas principais: Brincadeiras e Jogos - Atividades lúdicas que estimulam a criatividade e a socialização. Exemplos: amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, bolinha de gude; 2. Esportes - Modalidades organizadas com regras específicas, promovendo competição e cooperação. Exemplos: futebol, basquete, vôlei, atletismo; 3. Ginásticas - Práticas que envolvem movimentos sistematizados para condicionamento físico e expressão corporal. Exemplos: ginástica artística, rítmica, aeróbica; 4. Lutas - Modalidades que enfatizam estratégia, disciplina e respeito ao adversário. Exemplos: judô, karatê, capoeira, boxe; 5. Danças - Expressões culturais e artísticas por meio do movimento. Exemplos: dança contemporânea, balé, samba, forró; 6. Práticas Corporais de Aventura - Atividades realizadas em ambientes naturais ou simulados, promovendo desafios físicos e emocionais. Exemplos: escalada, rapel, trilhas, parkour.
Como se observa, todas atividades práticas!!! Na Legislação vigente, a educação física e esportiva deve ser oferecida em tres aulas semanais, em dias alternados, com a duração de, pelo menos, 50 minutos. Hora/aula. Em nenhum lugar há a determinação de que essas aulas sejam ministradas, em caráter teórico, uma única vez por semana.
Alguns anos passados, quando a Educação Física escolar entrou em crise – mais uma das suas diversas, alguém fez uma tradução errada. Colocou que 1/3 das aulas deveriam ser de conteúdo teórico. Um terço... considerando a carga horária de tres aulas semanais, decidiram então que, das tres, uma deveria ser teórica. A tradução correta seria: ‘a terça parte das aulas”, e não ‘um terço das aulas’. São interpretações diferentes!!!
Em cada aula, das tres prescritas, no mínimo, deveria ser dedicada à teoria. Para que o aluno soubesse do que estava para fazer, na prática da atividade física.
O que os estabelecimentos de ensino, em especial, os da rede particular fizeram? Reduziram a carga horária para uma aula semanal, e teórica, e pior, na maioria das vezes, on-line, aproveitando-se das condições dos tempos de pandemia.
Pois bem, na maioria dos estabelecimentos de ensino do Maranhão não existe a prática da educação física curricular. Apenas atividades extracurriculares, oferecidas como serviço à parte, através das famigeradas ‘escolinhas de esportes’, normalmente, só futebol e voleibol, judô e as vezes capoeira.
Normalmente, do 1º ao 5º anos não há oferta de educação física. A legislação determina que, do 1º ao 3º ano seja em forma de recreação, todos os dias de aula, de pelo menos 30 minutos; do 6º ao 7º ano, atividades prédesportivas, pelo menos, tres vezes por semana, com duração de, em media, 50 minutos; no ensino médio, idem. Na maioria dos estabelecimentos particulares, aplica-se somente ao ensino médio, naquela única aula semanal, teórica e, preferencialmente, on-line!
Numa das maiores cidades do Maranhão, semana passada foi oferecida vaga para professor de educação física, 40 horas semanais, com um salário de R$ 1.500,00, mensal!!!
Não existe um piso salarial para professor de educação física!!! E a falta de ética dos professores da área que permite essas distorções. Os da rede pública, com um piso salarial de graduado, se omitem, não participando das aulas, não oferecendo as aulas, pois é mais como, para eles, uma única aula semanal, virtual, de que ter que planejar e oferecer atividade prática. Na maioria das escolas da rede pública não existem condições para essas aulas, por falta de sla de aula adequada – a quadra ou outro espaço -, material instrucional: bolas, redes, equipamentos... e principalmente, cobrança por parte da coordenação pedagógica ou da direção... enfim, unem-se a fome com a vontade de comer...
Pergunto-me: se se exige do professor, para o exercício profissional, todo esse conhecimento, para não fazer nada, então porque manter a educação física no currículo?
Devolvam nossa quadra!!!!
O outro lado da moeda, é que ouvindo docentes dos diversos cursos de formação profssional, depara-se com um quadro assustador: ninguém, dos alunos, quer estudar, ler, qualquer coisa que seja.
Depoimento de um professor de curso de formação docente: “Os estudantes se formam sem ler um livro, capítulo delivroouartigo. Nãocompram livrode jeito nenhum!Temos que forneceromaterial das disciplinas em PDFs para eles através do SIGAA. QUE ELES NUNCA NÃO LÊEM! les não seguem nem páginas de EF, exercícios físicos ou científicas nas redes sociais; Agora se tu perguntaresqual é o vídeo de sucesso no Tik Tok ou no Kway, eles irão te mostrar 10, na hora!; Uma geração de imbecilizados!”
Em contrapartida, alunos de uma escola de tempo integral estão se manifestando nas redes sociais, exigindo a liberação da quadra poliesportiva de sua escola. A escola foi toda reformada, recentemente, mas a sala de aula do professor de educação física, não foi liberada!!
QUANTO CUSTA UM PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA?
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Licenciado em Educação Física.
Mestre.
Numa das maiores cidades do Maranhão, semana passada foi oferecida vaga para Professor de Educação Física, 40 horas semanais, com um salário de R$ 1.500,00, mensal!!! Só esse professor, se contratado, atenderia toda a demanda da escola inteira!!! Afinal, escolas particulares oferecem, em sua grade curricular, uma única aula semanal, teórica, preferentemente, on-line!
O valor do salário-mínimo está em R$ 1.518 em 2025, de acordo com comunicado emitido pelo governo federal. Um funcionário pode custar à empresa entre R$ 2.100 e R$ 3.400 por mês, dependendo dos benefícios e encargos trabalhistas. Este valor é significativamente maior que o salário base, devido a encargos como FGTS, contribuições previdenciárias, férias e décimo terceiro.
Embora se afirme que não existe um piso salarial para o Professor de Educação Física, ele existe sim!!! Pois piso salarial do professor para 2025 é de R$ 3.042,36 (três mil e quarenta e dois reais e trinta e seis centavos), quando em Jornada Completa de Trabalho Docente (25 horas semanais).
De acordo com a legislação vigente, porém, o valor do piso salarial nacional do professor da educação básica para 2025 é de R$ 4.867,77 para uma jornada de 40 horas semanais. No Maranhão, o valor do piso salarial para professores com licenciatura é de R$ 6.867,68 para a mesma jornada de 40 horas semanais, de acordo com uma notícia do governo do Maranhão
O piso salarial dos professores na rede estadual do Maranhão continua bem acima do piso nacional. A comparação não deixa dúvidas: R$ 6.867,68 no Maranhão; e R$ 3.845,63 no Brasil. Esses valores já incluem o reajuste de 33,24% anunciado pelo governo federal no mês passado para o piso nacional. Ou seja, o Maranhão paga R$ 3 mil a mais do que o mínimo exigido pela lei para aqueles que fazem jornada de 40 horas. Para a jornada de 20 horas, a diferença também é grande. No Maranhão, o piso é de R$ 3.433,84; o piso nacional é de R$ 1.922,81.Pela lei, os Estados e municípios que pagam menos que o piso nacional vão ter que reajustar os valores até chegar à quantia definida pelo governo federal. Já os Estados que pagam acima do piso nacional, incluindo o reajuste, não têm a obrigação legal de reajustar.
Negociações salariais são responsabilidade dos Sindicatos!!! No estado do Maranhão, o Sindicato dos Professores de Educação Física é o SINPROESEMMA (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estadual e Municipais do Estado do Maranhão). O SINPROESEMMA representa os trabalhadores em educação, incluindo os professores de Educação Física, e atua em defesa dos direitos e interesses da categoria. Além disso, o SINDEDUCAÇÃO também atua na representação dos professores de educação, embora não se especifique apenas a Educação Física, de acordo com SINDEDUCAÇÃO
CREF21/MA: É o Conselho Regional de Educação Física do Maranhão, responsável pela regulamentação e fiscalização da profissão, não sendo um sindicato.
Se pesquisarmos, esses valores variam de estado para estado, de função para função. Embora não reconheça o termo ‘educador físico’, mas sim, profissional de educação física, vamos a alguns valores: Primeiro, esclarecendo que o sistema CONFEF/CREF é um órgão fiscalizador do exercício profissional, protege a sociedade dos maus profissionais, ou de leigos que exercem a profissão. Não regulamenta salários ou negociações salariais. Isso, é função do Sindicato. O dos Professores de Educação Física do Maranhão está inativo!!!
As informações da tabela acima são referentes ao salário médio de um Educador Físico, considerando o porte da empresa e tempo de experiência do profissional. As informações foram retiradas do SINE - Site Nacional
de Empregos, um serviço que atua em todo o Brasil como classificado online de vagas de emprego, promovendo o contato entre empregador e trabalhador.
A carreira de educador físico é voltada para o desenvolvimento e promoção da saúde por meio de atividades físicas. Esse profissional pode atuar em diversas áreas, como academias, escolas, clínicas de reabilitação, esportes, etreinamento personalizado. Seutrabalho inclui a elaboração de programas de exercícios, orientação sobre hábitos saudáveis, e acompanhamento do desempenho físico de indivíduos ou grupos. A profissão exige conhecimento técnico em anatomia, fisiologia, nutrição e biomecânica, além de habilidades de motivação, empatia e comunicação. A carreira também demanda constante atualização, pois a área está em constante evolução, com novas técnicas e abordagens. O educador físico pode seguir especializações, como personal trainer, fisiologia do exercício, ou treinamento esportivo, ampliando suas oportunidades no mercado de trabalho.
Atualmente, o salário médio de um personal trainer é de R$ 2.676,56 para uma carga de 35 horas semanais, conforme dados do Portal Salário e do Novo CAGED. Em 2025, a remuneração para personal trainers pode variar entre R$ 2.603,46, no piso salarial, e R$ 5.379,48, no teto, dependendo de fatores como o setor da empresa, a localidade, a qualificação do profissional, sua experiência e a política salarial da organização.
O Professor de Educação Física tem como salário inicial o valor de R$ 2.904,28, com a possibilidade de alcançar um rendimento máximo de até R$ 5.891,11. A média salarial para profissionais nessa área no Brasil é de aproximadamente R$ 2.824,96. A Graduação em Educação Física é a formação frequentemente escolhida para adesão nesse campo profissional.
No Brasil, não há um piso salarial nacional para professores de educação física. O piso salarial é definido pelos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs), que são órgãos de fiscalização e regulamentação da profissão
A média salarial do professor de educação física varia de acordo com a região do Brasil. Conforme dados do site salário, a remuneração média desses profissionais é:
• Piso Salarial - R$2.825
• Média Salarial- R$2.904
• 1º Quartil- R$1.746
• Salário Mediana-R$ 2.200
• 3º Quartil -R$ 4.864
• Teto Salarial- R$ 5.891
Omercado detrabalho paraprofissionais de educaçãofísica éconsideradopromissor,com boas oportunidades de emprego e salários. Isso se deve a uma série de fatores, incluindo: o aumento da conscientização sobre a importância da atividade física para a saúde e o bem-estar; o crescimento da indústria do fitness; a expansão de programas de educação física nas escolas. De acordo com o Ministério da Economia, o número de profissionais de educação física no Brasil cresceu 22% entre 2019 e 2022. A projeção é que esse número continue a crescer nos próximos anos.
Como se pode observar, o profissional que se dedica à educação física e esportiva tem um salário menor do que qualquer outro profissional com a mesma qualificação.
Quando, em 1903, se criou o Departamento de Educação Física no Maranhão, foi contratado um professor austríaco, que dava aulas no Rio de Janeiro. Veio para o Maranhão ganhando, àquela época, a metade do salário de um professor normalista... e para complementar o salário, igualando-o aos demais professores, criou-se o cargo de chefe do DEFE, também com 50% do salário das funções similares. Então, desde então, essa prática se perpetua!!! A Profissão não é, nem nunca foi valorizada. A culpa? Dos professores/profissionais que a exercem, pois um quer derrubar o outro, de qualquer modo, oferecendo-se, para a vaga, trabalhar por menos!!!
Ah sim, o Sindicato não funciona porque os seus membros-associados não querem pagar a anuidade. Inadimplência!!! E depois, reclamam...
COLUNA Diogo Gualhardo
O DOUTOR IVES GANDRA E O “CRIME DE HERMENÊUTICA”
A expressão foi cunhada por ninguém menos que Ruy Barbosa, com o propósito de repudiar juízes que imputavam penas aos juristas que faziam nada mais que mera interpretação da lei.
O advogado mencionado no título dispensa apresentações. É o maior jurista brasileiro vivo, tendo escrito diversos livros consagrados e participado ativamente da vida política brasileira no século XX. Hoje com noventa anos e um corpo envelhecido, tem uma atividade jurídica de dar inveja aos advogados jovens. Comenta diariamente decisões em sua rede social no Instagram e atrai a audiência de milhares de profissionais da área e gente que se interessa pelo tão maltratado direito pátrio.
Pois que, a fortuna do país que tanto ama, e a instituição que ajudou a construir, lhe impuseram um processo interno. Bem, a Ordem dos Advogados do Brasil, instituição da qual faço parte, já não é mais a mesma há algum tempo. Antes combativa contra o autoritarismo, hoje não raro o chancela. O procedimento que busca puni-lofoiabertoapedido,principalmente,daAssociaçãoBrasileiradeImprensa,aABI.Essaéminhatristeza maior e motivo de vergonha, pois um dos seus fundadores foi o deputado maranhense Dunshee de Abranches, um aguerrido republicano do começo dos anos mil e novecentos e que sempre utilizo em minhas pesquisas sobre história do direito e da política. Deve estar se revirando no túmulo agora. Rezarei por sua alma hoje! Mas, qual o fundamento do infeliz processo? O “crime de hermenêutica”. A expressão foi cunhada por ninguém menos que Ruy Barbosa, com o propósito de repudiar juízes que imputavam penas aos juristas que faziam nada mais que mera interpretação da lei. Não minto. É exatamente essa a acusação que pesa contra o doutor Ives Gandra: a interpretação que fez do artigo 142 da Constituição, segundo sua leitura, teria institucionalizado o Poder Moderador a partir do elemento militar.
Data venia, discordo da opinião do eminente jurista e meu prefaciador. Contudo, o faço dentro do debate intelectual. Jamais tal coisa justificaria um processo. O ex-ministro da corte suprema, Marco Aurélio Mello, há de concordar comigo: não estamos mais, no seu dizer, em “tempos estranhos”, e sim em “tempos muito, muito estranhos”, onde até Ruy Barbosa foi descartado…
Por falar em STF, o ministro Alexandre de Moraes, sempre tratado com muita urbanidade quando referido pelo doutor Ives Gandra, não o respondeu com a mesma cortesia. Ao contrário, disparou contra ele uma indireta: “É sempre bom repetir: o artigo 142 não tem absolutamente nada a ver com o poder moderador, e os juristas que assim escrevem não são juristas, são golpistas”. Engraçado, porque o ministro Dias Toffoli tem uma tese sobre o Supremo ser o Poder Moderador e não lembro do seu colega de toga tê-lo chamado de golpista.
Em meu livro “Princípios de Direito e Política da Monarquia”, editado pela prestigiosa Resistência Cultural (pode ser adquirido nas plataformas digitais) eu comento como, desde a deposição de D. Pedro II, que o Poder Moderador é disputado pelo Executivo, pelo STF e pelas forças armadas. Trata-se de um debate da república brasileira, que inclusive foi recentemente pronunciado pelo tribunal que deveria guardar a Constituição e seus valores.
Por fim, quero afirmar, categoricamente, que não se pode achar que hermenêutica jurídica é golpe de estado. A se entender pelo contrário, o próprio Ruy Barbosa correria, hoje, risco de prisão. Que tempos muito estranhos esses que atravessamos!
DIREITO E LITERATURA
José Neres
Todos os grandes juristas que conheço demonstram um imenso interesse pela leitura em geral e, particularmente, pela literatura. É fato corriqueiro encontrar operadores do Direito – advogados, promotores, juízes, desembargadores... conversando acerca da viabilidade da leitura de alguma obra à luz de alguns preceitos jurídicos. Sem contar que a literatura, serve como fonte de argumentação para diversas sustentações orais dos operadores do Direito.
É também bastante comum encontrar nas faculdades de Direito a formação de grupos de estudos dedicados a dissecar o inter-relacionamento entre teatro, poesia e prosa de ficção com as questões teóricas levantadas por professores e/ou demais convidados. Embora algumas pessoas possam considerar essa prática meio artificial, trata-se de um excelente recurso para aproximar os futuros profissionais de situações que, embora sejam fictícias, encontram alguns reflexos nas questões cotidianas.
A seguir, comentamos uma pequena lista de livros que mantêm algum tipo de relação explícita entre esses dois importantes campos do conhecimento humano. Claro que é uma lista pessoal, cheia de lacunas, e que pode ser ampliada por qualquer outra pessoa que se interesse pela temática.
Alguns livros são constantemente revisitados quando o assunto é o entrecruzamento entre a Literatura e o Direito. Um deles é “O Processo”, uma das obras-primas escritas pelo escritor tcheco Franz Kafka (18831924). Desde as primeiras linhas do romance, quando o narrador anuncia que “Alguém deve ter caluniado Josef K., porque foi preso uma manhã, sem que ele houvesse feito alguma coisa de mal”, o leitor já começa a mergulhar em um emaranhando de questões que podem ser discutidas quanto à legalidade das ações e quanto aos métodos empregados pelos perseguidores. É uma obra indispensável a quem já enveredou ou pretende enveredar pelos terrenos do Direito e que considera a literatura como parte de sua formação.
Outro livro que abre caminho para muitas discussões é “Crime e Castigo”, de Fiodor Dostoiévski (18211881). Logo ao entrar em contato com a figura de Raskólnikov, o jovem que “não estava acostumado com multidões e [que] nestes últimos tempos, sobretudo, fugia do convívio de seus semelhantes”, o leitor mais atento percebe que aquela personalidade arredia dará margens para um mergulho na essência humana, com implicações jurídicas de seus atos.
Uma obra que oferece diversas possibilidades de leitura e que destina uma atenção especial às questões relacionadas com o Direito é “A Confissão de Lúcio”, romance de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916). O interesse do narrador desde o início do livro é convencer o público de que ele – Lúcio – não foi o responsável pelo crime de que foi vítima seu melhor amigo – Ricardo de Loureiro. O fato de Lúcio haver estudado Direito na Faculdade de Paris e de conhecer os meandros do Direito Processual da época serve como elemento
complicador para a narrativa. Esse livro oferece também excelente oportunidade de estudo sobre a psicologia humana.
Ainda relacionado com aspectos legais e psicológicos, temos o romance “Dom Casmurro”, um dos livros mais conhecidos de Machado de Assis (1839-1908). Ainda hoje, o livro desperta o interesse pelas questões relacionadas às relações parentais. Há inúmeros casos em que os professores utilizaram esse livro como base para a criação de júris simulados, principalmente com ênfase na centenária questão envolvendo a dúvida sobre o adultério (ou não) de Capitu. Porém além disso, o livro também pode dar margens para outras discussões envolvendo o Direito de Família.
As relações familiares podem também ser bastante exploradas no “Livro de uma sogra”, de Aluísio Azevedo (1859-1913). Nesse romance, o autor apresenta aos leitores um (para a época) inusitado contrato de namoro envolvendo um jovem apaixonado, sua amada e a futura sogra. O que hoje pode ser visto com algo corriqueiro deve ter despertado al longo do tempo muitas discussões acerca da legalidade ou não de tais contratos.
Muitas são as obras que poderiam trazer à tona as discussões sobre os Direitos Humanos, porém, neste breve artigo, vou ater-me a apenas dois trabalhos artísticos: o poema “Hombre preso que mira a su hijo”, de escritor uruguaio Mario Benedetti (1920-2009); e o romance “Os que bebem como os cães”, do romancista piauiense Assis Brasil (1929-2021). Em ambos os casos, as personagens são vítimas de torturas por parte do Estado e, privadas de liberdade por conta de acusações hipotéticas fundamentadas principalmente em um olhar totalitário que é denunciado em cada linha dos textos. As imagens exploradas pelos dois escritores são chocantes e rementem a diversos questionamentos sobre os direitos primordiais que tantas vezes são negados às pessoas.
“Incidente em Antares”, de Erico Veríssimo (1905-1975), é outro livro que traz muitas questões jurídicas que podem ser discutidas, desde as relações trabalhistas – importante notar que boa parte da narrativa se passa durante um movimento grevista ocorrido naquela cidade fictícia – passando pelas muitas lições de Direito Eleitoral e Direito Administrativo aventadas durante o famoso embate verbal entre o advogado Cícero Branco e o meritíssimo juiz da cidade. Ao logo da história é também levantada a dúvida sobre se os mortos teriam ou não que obedecer aos ditames legais preconizados pelos códigos judiciais que foram escritos para tratarem exclusivamente de pessoas vivas. O livro trata ainda de Direitos Humanos, relações familiares, corrupção, fraudes e de tantos ostros assuntos que podem ser estudados nos cursos de Direito.
Um dos casos judiciais mais controversos do final do século XIX, o crime cometido pelo desembargador Pontes Visgueiro contra a menina Maria da Conceição, conhecida como Mariquinhas já foi explorado em diversos trabalhos de cunho jurídico, mas também serviu de base para a elaboração do romance “A Tara e a Toga”, uma livre adaptação literária escrita pelo romancista maranhense Waldemiro Viana (1946-2020). A partir da leitura desse livro, é possível explorar diversas situações jurídicas envolvendo as personagens e os acontecimentos que servirão como base para a elaboração da narrativa.
A relação da literatura com os diretos de pessoas menores de idade pode ser discutida a partir da leitura de livros como “Capitães da Areia” (Jorge Amado, 1912-2001); “Aracelli, meu amor” e “Pixote: A infância dos mortos” (José Louzeiro, 1932-2017), “Querô” (Plínio Marcos (1935-1999), “O Estudante” (Adelaide Carraro, 1926-1992), “O alucinado som de tuba” (Frei Betto, 1944), “A rebelião dos órfão” (Assis Brasil, 1929-2021)e “Um destino provisório”(Lucy Teixeira,1922-2007).Sendo queoúltimolivrocitado foiescrito a partir das observações da autora, que era graduada em Direito, com relação a uma lei específica a ser aplicada em caso de ato delituoso cometido por menores em situação de conflito com a lei. Dessas observações, nasceu esse belo e contundente romance.
Esses são apenas alguns exemplos de obras que fazem o entrecruzamento da Literatura com o Direito. Mutas outra poderiam ser citadas, como é o caso de “O sol é para todos” (Harper Lee, 1916-2016), “A firma” (John Grisham, 1955), “1984” (George Orwell (1903-1950), “A sangue frio” (Truman Capote, 1924-1984), “O casamento” (Nelson Rodrigues, 1912-1980)... Porém a lista jamais se esgotará. Ainda bem! Já que são duas áreas que estão sempre se renovando e trazendo novos olhares e novas produções.
O importante é continuar lendo... e estudando.
PAULO RODRIGUES É PREMIADO PELA UBE-RJ, NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
Paulo Poeta, como é conhecido, ficou em primeiro lugar no Prêmio Marcus Vinicius Quiroga, na categoria Poesia, com o livro “Moinhos”
Momento da premiação (Foto: Reprodução)
Por: Da Redação28 de Maio de 2025
O poeta de Santa Inês, Paulo Rodrigues, é vencedor do concurso internacional de literatura da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro (UBE-RJ), e torna-se destaque entre os autores contemporâneos. A solenidade de premiação foi realizada no dia 26 de maio, às 15h, na sede da Academia Brasileira de Letras.
Paulo Poeta, como é conhecido, ficou em primeiro lugar no Prêmio Marcus Vinicius Quiroga, na categoria Poesia, com o livro “Moinhos”. O prêmio literário é considerado um dos mais importantes do segmento no Brasil. No Maranhão, já receberam a premiação Ferreira Gullar, Salgado Maranhão e Nauro Machado.
“No Maranhão tem muitos poetas produzindo com muita qualidade, tais como: “Luiza Cantanhêde, Antonio Aílton, Fernando Abreu, Bioque Mesito, Lila Maia e outros tantos. Fico extremamente feliz porque é um prêmio internacional, com participação de todos os países de língua lusófona e nós conseguimos ficar em primeiro lugar. A poesia é o ar que eu respiro”, comentou o poeta.
“Com imensa alegria e profunda admiração, celebramos a conquista de Paulo Rodrigues, poeta, ensaísta, membro da Academia Caxiense de Letras e força pulsante da cena literária maranhense”, destacou a poeta Luiza Cantanhêde.
JOÃO MOHANA, O PSICÓLOGO DE DEUS
(O SIGNIFICADO PLENO DE UMA VIDA)
LUÍS AUGUSTO CASSAS
“O Senhor deu-me como recompensa uma língua, E dela me servirei para louvá-lo” Eclesiástico.
– 1 –
Toda a bela e profunda obra do escritor João Mohana, romanesca, ensaística, psico-espiritual, teatral, teológica – é escrita sob a influência do signo da Estrela: iluminar a noite escura da alma, de que nos fala João da Cruz, para a grande viagem humana de reencontro com o sol interior.
Ela traz em seu bojo a sarça ardente da inquietação do espírito, a marca indelével de quem conhecendo o insubstituível sentido de sua vida – por sabê-la imperfeita e finita - sabe que a existência só realiza o seu verdadeiro sentido, quando essa missão se dirige para a transcendência, para o Outro, para uma causa nobre, cujo conteúdo de valores, fundado no Amor, o faça realizar as pazes com o destino e, a partir daí, lançar as redes para a efetivação desse destino, com capacidade para viver a alegria e suportar o sofrimento em Si e no Outro.
Ao contrário de um Sartre, dos cafés de Montmartre, que cunhou em sua dialética o sentido de que “o inferno é o outro”, Mohana parece contradizê-lo, para afirmar (sem dizê-lo) em toda a sua extensa obra que o “céu é o outro”. E o homem só poderá realizar esse céu na dimensão terrena, vencendo as muralhas do egoísmo quando, esquecendo-se de si, ultrapassar o arame farpado do ego, lançando-se à aventura sublime do amor ao próximo.
Elisabeth Lukas aborda com profundidade essa questão: “Infelizmente, até as velhas palavras bíblicas – “ama o teu próximo como a ti mesmo” - foram usadas para conclusões errôneas. É totalmente errada a ideia de que devemos nos amar para depois sermos capazes de sentir amor pelo próximo. Na verdade, o amor a Si mesmo é um automatismo que faz parte de uma vida plena de sentido: o amor ao próximo, porém, é uma realização transcendente.” E conclui Elizabeth Lukas: “Portanto, é preciso primeiramente afastar o olhar de si próprio para depois amar uma outra pessoa: ao afastar o olhar de Si, regenera-se a função automática do gostar de Si mesmo. Ao olhar para os outros, estabiliza-se a próxima autoconfiança. Quem gosta dos outros, automaticamente se gosta também.”
Contra-argumentando a frase prometeica e reducionista de Freud que afirmava “onde está o Id, tornar-meei Ego”, João Mohana, acrescentaria, com propriedade, o conceito de Victor Frankl: - “Ora, o ego só se torna ego perante o tu”. Com essa cosmovisão, aproximar-se-ia do enfoque existencialista de um Kierkegaard, que pregava que a porta da felicidade abre para fora. Ela se fecha para quem, tentando abrir, a empurrar.
No caso concreto, “o Tu”, “o Outro”, em Mohana, adquire fundamentalmente o contorno de um existencialismo cristão adquirido na confluência de seu conhecimento de médico, psicólogo e vocação de pastor de almas. Esse existencialismo cristão – que captura o rosto desnudado da mística - dirige-se em Mohana para o casamento da alma e do espírito na comunhão da individuação com a salvação, visando através da catarse – purificação, união, iluminação, - o encontro da Noiva (Alma) com o Noivo (Espírito), realizando o casamento alquímico da união dos opostos: coração e mente, fé e razão, sol e lua, cuja meta é a fusão com Deus.
A sua psicologia, portanto, é uma psicologia da salvação que abre caminho para a realização ontológica em que o homem restabelece o seu encontro – não com o atman, não com o centro, nem com o inconsciente , - mas em Deus, em cuja essência repousa Cristo, do qual fala Paulo, somos como membros do mesmo corpo. Cristo é o coração.
Espírito irrequieto, culto, brilhante, perscrutador, catequético, toda a grande pregação pastoral de Mohana, parece ter encontrado a sua base no cruzamento da logoterapia de Victor Flankl com o ensinamento pastoral
de Paulo. Neste, encontra-se vivida e impagável a assertiva de que mesmo sendo vítima da fatalidade do destino, o homem, ainda assim, é capaz de exercitar o seu livre arbítrio em comunhão com a vontade do alto. Pela rica experiência de lidar com o sofrimento humano, Mohana entende que a recuperação do sentido da vida é que conduz o homem à sua realização, e não a busca do prazer (psicanálise) e vontade de poder (psicologia adlerriana) que coabitam-lhe secundariamente. Essa síntese, que foi costurando como ápice de sua mística psico-espiritual reforça em si o ideário cristão ora et labora, que em sua vida de médico e sacerdote, traduz-se diuturnamente na sua tarefa de curar e consolar. No caso, em espécie, o consultório também se torna oratório místico, ponto de fusão entre a razão e a fé.
– 2 –
Guiado por uma imorredoura pedagogia do amor – a arte de ajudar a descobrir o sentido da vida, a milhares que o leram, em suas inumeráveis edições, ou o frequentaram em conferências, seminários, sessões de aconselhamento - esse homem tocado pelo fogo de Deus é ardente interrogador dos mistérios da vida. Em seu mister de salvação, tudo o toca e o faz encantar-se. A todos quer salvar, ajudar, restabelecer, ressurgir. Uma palavra no momento certo pode significar tudo. Ensina que adversidades, neurose, dores, são como nuvens escuras mas passageiras e têm que ser tratadas como tal. O que interessa é o que fica. O céu azul. O sol voltando a brilhar. São os valores transitórios que o homem abraçou em detrimentos dos valores eternos, que o fizeram mergulhar na angústia, na depressão. Daí, o tédio da vida, a perda do significado da existência. Conhecedor de que o núcleo gravitacional do amor é a família, dirige-se aos jovens, aos solteiros, a casados, a profissionais, leigos e padres: mesmo entre os seus colegas de Igreja, a sua postura, por vezes é incomodativa: o homem tem que conhecer a sua alma, em profundidade e largura, para poder ajudar e a cumprir os desígnios do céu ( leia-se a propósito, Padres e Bispos Autoanalisados). O que Mohana afirma é que o mundo está doente, sujo, e quer ajudar a limpá-lo. O sabão da alma é o verdadeiro conhecimento de si. Quem não conhece as suas fraquezas, permanece sempre em queda . Para tanto, acredita que a ressureição da noção terapêutica do pecado (Plenitude Humana) é regra de higiene moral fundamental que contribuirá para o restabelecimento da paz interior.
Nos próprios livros de teologia, nunca consegue disfarçar o lado analítico de sua fome de verdade. Em A Cristo por Paulo, depois de traçar esplendorosamente o retrato de um dos maiores epígonos do Cristianismo, nem por isso fica tolhido. Investe contra Paulo. Desnuda-lhe a alma , a investigar-lhe a expressão “espinhos na carne” ou “anjo de Satanás”, que muitos em centenas de anos, não conseguiram decifrar.
Seria o efeito da malária incurada? Seria o orgulho? A vaidade? Algum outro defeito de caráter? A confrontação de outros textos de Paulo, permitiu-lhe a elucidação da questão: “a fácil irascibilidade, o temperamento colérico, violento”.
Ao fazer a análise do perfil psicológico de Paulo, por quem nutre especial admiração e de quem (de certa maneira) copia o instigante modelo pastoral de conversão, não estará Mohana fazendo a própria análise? De certo modo, responde à interrogação, referindo-se a Paulo: “Temperamento é herdado, temperamento não se troca. Educa-se, trabalha-se, labuta-se em cima dele, e ainda assim ele estará sempre derrubando a gente”. Luta-se pelo que não tem. Não lutava Gandhi por serenidade? Não lutava S. Francisco por castidade, atirando-se sobre os espinheiros para calar a ânsia da carne?
Perfeição só em Deus.
Leitor de Santo Agostinho, tem em mira a lição de que só pela humildade, penetra-se no reino espiritual. Para demonstrá-lo interpreta a famosa máxima, contida no Evangelho, “Sede perfeitos, como vosso Pai é perfeito”, atribuindo o significado da perfeição apenas ao amor, reconhecendo que, para nós, seres humanos e imperfeitos, seria cilada fatal para a imersão no orgulho (O Mundo e Eu).
Mas Mohana confia no fato de que a aceitação de nossa verdade pessoal é sólido instrumento de restauração em Cristo. O pecado do homem – segundo ele – realça a santidade de Deus não só pelo contraste, mas pela oportunidade de manifestar a misericórdia. E acredita que a saúde espiritual verdadeira nos salva da depressão e da neurose, além de ser instrumento contra o orgulho, desarmando qualquer tentativa de autodivinização.
Em Os Mais Belos Encontros de Cristo, outro título teológico, retorna a sua incursão na temática do “bom combate”, que todos devemos travar:
- “Custando a chegar, Cristo quer que ninguém olvide essa verdade: de nós depende lançar a rede, e dele depende o cardume”.
O que pretende ensinar - e o faz com didática mestria - é o apelo ao exercício da perseverança na luta contra nossos defeitos, resistentes à nossa dor. Nunca devemos desistir dos propósitos de salvação. Mas o reencontro do homem consigo mesmo é apenas a metade do caminho. A outra metade está na decolagem, no caminho para Deus. Em sua mensagem de esperança, demonstra que quedas são apenas alavancas para o soerguimento.
A luta é nossa. Mas a vitória é do céu.
– 3 –
Toda a saga mohanense é obra de profunda alquimia espiritual destinada a socorrer o homem contemporâneo – aos que têm fé, aos que querem aumentá-la e aos que não a têm – diante de suas interrogações perante o sofrimento e a vida, fazendo-o trilhar o verdadeiro significado da existência.
Nela, se casa e se bifurca o paradoxo profundo das duas verdades de que fala a cabala: a verdade ideal e a verdade real. Uma, eterna, a outra, do reino do agora. Como padre, ele sabe que o casamento é um sacramento indissolúvel, apesar das separações e divórcios. Como médico e psicólogo, entende que o divórcio ou a separação é uma situação irremediável para conciliação de interesses afetivos antagônicos. Ele está e sempre estará em conflito, dividido entre a fé e a razão. Por isso, sua dor como a do homem espiritual que padece de situação idêntica, é maior do que a maioria dos homens.
Essa chaga, no plano do hermetismo cristão, equivale à quinta chaga: a chaga do coração, resultante do conflito entre a Misericórdia e a Verdade. Sangue e água. E é entendida por autor anônimo dedicado ao mistério da Cabala e do hermetismo ético, como “Sagrado Coração”, causada no plano simbólico, como aquela “por um dos soldados que lhe transpassou o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e água.” (Jo 19,34)
Aos que lhe criticam os excessos, porventura existentes em algumas de suas obras, como no polêmico A Vida Sexual dos Solteiros e Casados, há de se compreender, ainda, que o Autor em referência só chegou ao sacerdócio aos 35 anos de idade, período anterior em que exerceu a Pediatria e já era escritor reconhecido com dois romances premiados: Maria da Tempestade e O outro Caminho. Além da obviedade do fato de como psicólogo saber largamente que a base do êxito do relacionamento sexual está contido na afetividade, sendo o sexo apenas consequência de percurso. Daí, ser dirigido – em função de sua visão de sacerdote cristão – para a higiene moral , não como ato idealizado, etéreo, mas como uma verdadeira alquimia céu e terra, entre o homem e a mulher, em que alcançam a transcendência pela comunhão a dois, da realização do amor.
Ficará sempre em aberto essa questão do comportamento afetivo-sexual entre um homem e uma mulher e a efetivação do amor a dois. Há de se respeitar, todavia, a pluralidade de entendimento que divergem radicalmente. O livro também cumprirá a sua missão para muitos.
Numa época que alguém já diagnosticou como de esquizofrenia espiritual – por vivermos num tempo em que o intelecto se dissociou da espiritualidade, – e o cristianismo, como nunca, se vê bombardeado por dezenas de leituras desvirtuadoras, em que “a vontade do poder” sobrepõe-se ao autêntico sentido da graça – a razão maior da mística cristã – , a obra de Mohana, toda ela, é uma verdadeira e atualizada releitura do autêntico Cristianismo, aberto às exigências e ao sofrimento do homem moderno, e se impõe, necessária e obrigatoriamente, como obra de autor, iluminado para o descortinar do significado da vida.
“O que deve iluminar tem que suportar o seu arder”, diz Wirdgangs. A frase enquadra-se plenamente para Mohana, lúcido e irrequieto, na travessia atemporal da sua jornada espiritual e que desembarca no centenário, em 15 de junho de 2025.
Recolhido ao casarão colonial da família, à Rua Afonso Pena, 119, em companhia dos irmãos Ibrahim, Julieta, Olga, Kalil Laura e Alberto, Mohana viveu, até a convocação celeste, em pleno ardor septuagenário, sob contínua e intensa atividade psicológica e pastoral para salvar seu rebanho. Mas o vigor da juventude, apesar da doença, permaneceu sustentada pelo brilho refulgente de sua fé e missão salvífica, cuja obra, em irradiação, continuará iluminando indefinidamente, mercê da gloria de Deus, a paixão dos homens.
PROGRAMAÇÃO DO CENTENÁRIO DE JOÃO MOHANA
Dia 12 de junho, quinta.Às 19h30m. Homenagem sessão solene na Academia Maranhense de Letras. Rua da Paz. Palestrantes, o acadêmico Lourival Serejo discorrerá sobre a obra de Mohana. A escritora Sonia Almeida discorrerá sobre a figura intelectual e espiritual do Padre Mohana.E o Juiz José Americo Costa, discorrerá sobre a dimensão terapêutica e o Grupo de Jovens criado pelo Padre Mohana, do qual participou.
Lançamento de nova edição do livro Sofrer e Amar.
Posteriormente, será lançado na Livraria Amei, no Shopping São Luis, na Av. Carlos Cunha.
DIA 15 de Junho, domingo, às dez horas. Igreja da Sé.
Data do Aniversário de João Mohana.
Missa Solene celebrada pelo Arcebispo Metropolitano de São Luis, Dom Gilberto Pastanha, auxiliado por padres do clero.
DIA 03 a 12 de OUTUBRO.
Feira do Livro de São Luis ( Felis)
João Mohana será o patrono.
A OBRA DE JOÃO MOHANA, UM TESTEMUNHO DE UM HOMEM DE FÉ E RAZÃO, EM TEMPOS DE CRISE
E DESOLAÇÃO ESPIRITUAL.
A obra de João Mohana alcança 43 títulos dentre romances consagrados, como O Outro Caminho, Prêmio de Melhor Romance da Academia Brasileira de Letras, de 1952, e Maria da Tempestade, popularizado por seu sucesso de crítica e público.A versatilidade da palavra mohanense abarca muitas dimensões, como a construção e montagem de peças teatrais, como, Por Causa de Inês , Abraão e Sara, etc. e seu monumental estudo sobre A Grande Música do Maranhão, que subsidiou relevantes ensaios posteriores.
Mas é na seara da espiritualidade que se enforma a rica seara e potencialidade essencial. Foi um dos principais autores a escrever direto para o público sobre as questões dos conflitos da alma, a relevância da espiritualização, a necessidade dos bispos e padres serem auto-analisados, a vida sexual dos solteiros e casados, o sofrimento, o amor e o casamento. Destacam-se, A Vida Afetiva dos que Não se Casam, Sofrer e Amar, Ajustamento Conjugal, Plenitude Humana, Não Basta Amar para ser Feliz no Casamento, A Cristo Por Paulo. Registre-se,ainda, cerca de dez áudios, vídeos e dvd, produzidos sobre temática psico-espiritual. Dez de suas obras foram traduzidas para outros idiomas, entre elas, Amor e Responsabilidade, A Vida Sexual dos Solteiros e Casados, Sofrer e Amar. Os direitos autorais de suas obras lhe permitiram viajar pelo mundo como forma de aprofundamento cultural e observação espiritual.
A OBRA DE MOHANA ESTÁ VISÍVEL NA AMAZON, MERCADO LIVRE E OUTROS
A responsabilidade de manter viva a obra de João Mohana, mesmo após o seu falecimento, há 30 anos, está acesa para gáudio de leitores, curiosos e pesquisadores. O irmão Ibrahim, assumiu esse encargo, foi substituído em seguida pelo sobrinho, José Antonio Mohana Pinheiro, engenheiro mecânico, que tornou-se detentor de toda a obra mohanense.
A partir de 2021, José Antonio promoveu com a Editora Molokai, o relançamento dez obras do seu acervo editorial.
A saber: O Mundo e Eu; Amor e Responsabilidade; Autoanálise para o êxito Profissional; Orando com os Grandes orantes; Céu e Terra no Casamento; Liberte seu Filho da Insegurança; A Vida Afetiva dos que Não se Casam; O Outro Caminho; Maria da Tempestade e,agora, Sofrer e Amar, pela Terra Cultural.
A bem da verdade, registre-se que nos sites mais importantes do cenário literário como a Amazon, Mercado Livre e outros, estão com ampla visibilidade as obras de Mohana. Em São Luis, podem ser encontrados na Livraria AMEI, no Shopping São Luis.
O MÊS MAIS BONITO
CERES COSTA FERNANDES
Diz Aluísio Azevedo, em O Mulato, que junho é o mês mais bonito de São Luís. Concordo ao pensar no alvoroço dos arraiais, no som dos tambores que se ouve ao longe, reproduzindo-se como cantos de galos em gigantescos e longínquos quintais, anunciando as brincadeiras de bumba-meu-boi em toda a Ilha. Nesses dias, paira um frisson contagiante entre os jovens e entre os mais velhos que conservam na memória dos corpos os meneios das danças e as batidas dos pandeirões e das matracas. Ao chamado das toadas, reúnem forças esquecidas e mergulham o corpo e a alma nas brincadeiras.
Mas a beleza de junho referida por Aluísio não é a da festa popular, e sim a do clima, diz ele: “Aparecem os primeiros ventos gerais, doidamente, que nem um bando solto de demônios travessos e brincalhões que vão em troça percorrer a cidade, assoviando a quem passa, atirando ao ar o chapéu dos transeuntes, virando-lhes do avesso os guarda-sóis abertos, levantando as saias das mulheres e mostrando-lhes brejeiramente as pernas. Manhãs alegres! O céu varre-se nesse dia como para uma festa, fica limpo, todo azul, sem uma nuvem. A natureza prepara-se, enfeita-se; as árvores penteiam-se, os ventos gerais catamlhe as folhas secas e sacodem-lhe a frondosa cabeleira verdejante...”
O trecho é ufanista, eufórico, contrastante com o olhar pesado de crítica e ironia com que o jovem Aluísio vê sua terra natal (não tão diverso do de Eça de Queirós quanto à sua Lisboa). Não esqueçamos que Aluísio seguia fielmente a estética do naturalismo, avessa a “patrioteiras” e bairrismos. O tom negativo do romance deve-se, também, às rusgas e arranca-rabos em que o autor se meteu com os clérigos e representantes da sociedade local.
É nesse descrever o clima da Ilha que Aluísio me confunde. Desde muito, ouço falar: abril, chuvas mil; maio, chuva e raio; junho, chuva em punho. E as chuvas, o tempo carregado de nuvens, pouco vento e muito calor, estão aí para desmentir o autor de O Mulato. Junho, em São Luís, ainda é mês de chuva e calor.
Lembro-me de domingos desiludidos, em plenas férias de julho, com chuvas, ainda que fracas e esparsas, quando meu pai declarava que não iríamos à praia: o tempo não estava bom. Esse veredito assemelhava-se a um anúncio do fim do mundo.
Agosto sim, e aí vou discordar de Aluísio, é o mês mais bonito. É o mês das serenatas, dos ventos, dos redemoinhos, da temperatura amena, dos luares enormes, marés altas e pores do sol inigualáveis.
Em dias mais calmos vividos em nossa cidade, era possível chegar do trabalho, pegar os filhos em casa, atravessar a única ponte e, em minutos, já na Ponta d’Areia semideserta, estacionar onde se encontra, hoje, o Iate Clube, assistir de camarote ao pôr do sol e esperar para ver as luzes da cidade acenderem-se. Crivada de luzinhas, a São Luís colonial das casas construídas em diferentes planos de terreno que se superpõem, vista á distância, assemelha-se a um presépio. No alto, na ponta que, altaneira mira o mar, destaca-se a alva imponência do Palácio dos Leões. Um deleite para o olhar!
Ver as luzes da cidade se acenderem! Parece coisa de matuto. Até pode ser, mas de uma matuta com desejos de incentivar nos filhos pequenos a apreensão do belo. Não fui agraciada com algum filho artista, vai ver que o meu DNA não ajudou, mas espero que as luzinhas mágicas desses momentos, meia volta ainda se acendam lá dentro deles.
Fica a dúvida: junho já foi mesmo agosto em São Luís? Segundo Aluísio, sim. Em 1881, pelo menos. Com as aceleradas mudanças climáticas daqui a quantos anos, que mês será agosto, por aqui?
CENSURAR É PRECISO?
A PENA DO PAVÃO, Ano 13 – vol. 06 – n. 42/2025
A censura voltou. Descaradamente voltou. E voltou com a complacência de quem deveria repudiá-la com vigor. A própria imprensa é coadjuvante nessa violação constitucional direta, clara e consciente do Supremo Tribunal Federal.
Lembro dos anos de chumbo quando muita coisa era proibida na imprensa, nas letras e artes em geral, e a acidez de alguns agentes a serviço do “dedurismo” nos punham todos à mercê de ignorantes capazes de confundir a capital de JK com O Capital de Marx.
Naquela época acreditávamos que era verdadeira a luta da esquerda pela democracia e nos seduzimos por vozes que hoje são apenas cúmplices do que antes denunciavam. Chegaram ao poder, refestelam-se e seguem chafurdando na mesma lama.
Felizmente estou entre os que conseguiram se salvar, pela capacidade de discernimento.
Triste é ver asseclas de uma ditadura de toga pautando o que será pautado por tribunais, confidenciando ao vivo trocas de mensagens em WhatsApp com autoridades judiciárias, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Não é! Um dia a maré toma outro nível e bate na bunda de quem hoje se acha protegido e acima do bem e do mal.
Para quem tiver o mínimo de senso sobre a responsabilidade constitucional assumida e jurada e o mínimo discernimento do que seja nacionalidade e pátria, há de repudiar essa gente que se põe acima da Constituição como se ela fosse apenas um muro entre uma elite carcomida e inimputável e o resto de um povo assaltado, assombrado, tripudiado e manipulado pela desinteligência do poder.
A mim pouco resta a fazer. Mas o que a mim resta farei com clareza. Se censurar é uma necessidade de sobrevivência da democracia eu me permito desaconselhar (porque nem censuro e nem queimo livros) meus alunos e aos estudantes de Direito em geral: todo estudante que usar livro de direito constitucional escrito por ministros do STF corre um sério risco de ter insucesso. Não pelo que os livros contêm, mas pelo que na prática deles se distancia a realidade.
Sou dos que defendem que não se pode pôr como ideia em escritos o que não se consiga guardar com decência na vida pública. A menos que haja uma evolução de ideias e o convencimento da novidade científica bata à porta. Não é o que ocorre no caso.
A Constituição da República de 1988 possui normas expressas proibindo (censurando mesmo) a censura. Não há espaço hermenêutico que, de forma sã, permita ao STF reduzir o que consta do Marco Civil da Internet -Lei 12.965. O que lá existe basta e lá está há algum tempo, desde 2014.
Demais disso, há Códigos estabelecendo tipos penais e regras processuais em vigor que incidem sobre o espaço virtual. E não demanda grande esforço para compreender.
O que faz o STF é mergulhar em seara imprópria ao confessar que esperou o Congresso Nacional e este nada fez. Mas não cabe ao tribunal esperar, pois a competência é do parlamento que estabelece suas pautas, como qualquer órgão que possua poder de deliberação. No máximo o tribunal pode decidir casos específicos, por força do que prevê a própria Constituição da República.
Não pensem os políticos que essa conta será apenas do eleitor. Eles também serão alcançados. Não pensem, de igual modo, os militares, que não serão atingidos. Não passarão de estafetas em breve futuro. Esta será sua destinação, com o dever de continência.
Aqui sequer falo dos juristas que dantes eram – como se dizia no Maranhão de minha infância, arari de festa junina. Eles, há muito, foram condescendentes com esse quadro, inclusive, ao silenciarem diante do “Caso Ives Gandra”.
O que fará o STF é censura, sejamos claros, porque não há tergiversação que possa esconder o desvio constitucional diante das regras expressas a partir dos artigos 5º e 220 da Constituição da República. Se censurar é preciso, fica dito: desaconselho o uso de obras acadêmicas produzidas pelos ministros do STF que votarem a favor da censura. Pelo menos enquanto existir liberdade de cátedra na Academia.
Alberico Carneiro, poeta, romancista e editor - foto: divulgação
ALBERICO CARNEIRO – especial 80 anos – entrevistado por ANTONIO AÍLTON
TwitterFacebookWhatsAppCompartilhar
ANTONIO AÍLTON ENTREVISTA
O POETA E EDITOR
ALBERICO CARNEIRO
Alberico Carneiro nasceu em Primeira Cruz – MA, 15 de maio de 1945. Poeta e romancista brasileiro. Editor, por muitos anos, do Suplemento Literário e Cultural JP Guesa Errante, suplemento cultural e literário do Jornal Pequeno. Dirigiu o setor de Editoração e Assuntos Culturais do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), tendo criado, na entidade, o suplemento Vagalume, em 1988, órgão premiado nacionalmente. É o autor de, entre outros títulos, O diário de um alcoólatra (1973), O Andrógino (1975), O Jogo das Serpentes (1985), As Damas Negras em Noite de Núpcias (1994), Ilha do Amor: tratado do amor natural (2013). Alberico é um poeta profícuo e possui vários livros inéditos.
1. Antonio Aílton – Alberico Carneiro, você acaba de completar 80 anos. Transformou-se num “octógono”, como você diz, brincando com o “octogenário”. É certamente a amplitude do vivido,
Capa de Ilha do Amor – Tratado do amor natural
um acervo íntimo de experiências. Qual o significado íntimo desses 80 anos, em termos de experiência vital, gozo, doação e plantio para o mundo?
Alberico Carneiro – Aprendi com a maturidade ou com a experiência que a pressa é inimiga da criação, da invenção e que a maturidade é um resultado, que se tem, após várias leituras de si mesmo e do mundo. As leituras acontecem, suspeito, na gestação, em família, em salas de aulas, durante viagens territoriais ou geográficas ou através de estudos ou leituras de livros, de filmes, de composições musicais, de conversas, diálogos, da Natureza e das artes em geral; através da leitura da alegria e da dor; do bom humor e da bílis; das temporadas na zona de conforto e fora dela; através da convivência com o amor e a vivência com a solidão. Basicamente, somos produto dos desafios das leituras de fora e dentro da essência do ser, para uma consciência de fome e sede, de pobreza e riqueza, de extrema miséria e riqueza físicas e espirituais, cujos desdobramentos incidem sobre personalidade, moral, caráter, senso de dignidade, respeito mútuo, contemplando o si mesmo e o próximo, os semelhantes, os dessemelhantes e os que, por convenção, consideramos diferentes.
Enfim, a maturidade propõe a leitura da vivência sobre o que, quanto mais estudamos, muito pouco sabemos, existência e morte. Fundamental: ouvir mais e falar menos, usando o recurso da sabedoria do silêncio, como forma de reflexão sobre a fala, a palavra do outro. Às vezes, é necessário retornar à sabedoria da ignorância plena, primacial, para poder usar a máxima do poeta espanhol João da Cruz, “Para ser pleno é necessário, antes, esvaziar-se”.
Por último, não acredito no que me fazem pensar sobre outras pessoas, antes de conhecê-las. Há mais surpresas no conhecimento do que nas ficções. Eu nasci num lugar simples, no hoje, município de Primeira Cruz, em 15 de maio de 1945, e estou ligado à Terra Natal, pelas folhas da placenta e pelo cordão umbilical. E a minha biografia decorre daí, da minha infância, de onde me vem a energia de viver nos altos ou baixos da viagem humana, de maneira inarredável. Quando me sinto à mercê ou refém de fragilidades, é na criança do Arquipélago do Farol de Sant’Ana, de Primeira Cruz, que recarrego as energias, acompanhado por Mirugodém.
2. O que tem sido a poesia para ti, ao longo dos anos em que você foi tomado para seu caminho. Em que momento houve o encontro com ela, como se deu isso, e qual tem sido o seu papel em tua vida, desde então.
Alberico Carneiro – A poesia para mim é como uma entidade que me complementa, extensão de um outro eu que criei para me dar suporte de sobrevivência espiritual, subjetiva, anímica, emocional, por fora da realidade cronológica. Aconteceu, quando tive consciência do stress da rotina e necessitei criar, paralelamente à vida cotidiana, uma persona de ficção, como forma de poder sustentar alguns trampos do
cotidiano. Sem a ficção, a vida é insuportável. Acho que Nietzsche, Fernando Pessoa e Ferreira Gullar disseram isso de outra maneira.
3. Antonio Aílton – Na estrofe de um poema seu, “Simulacro”, você diz, poeticamente, é claro, numa belíssima síntese: “Sou quem me inventei./ O real não existo./ Coroai-me rei, serei rei/ como todos, protagonista”. Como você percebe sua contribuição e seu protagonismo para as nossas letras e para nossa cultura de modo geral, dentro desse olhar sincero, com simplicidade, mas sem falsa modéstia, que você sempre cultivou?
Alberico Carneiro – A hora do fazer poético se constitui de solidão e silêncio. É como num parto. O poeta gera, concebe, gesta, dá à luz e, depois, cria. É um processo entre o criador e o ser criado, como na Criação do universo por Deus, a partir do nada, daí porque o poeta, em essência, quer dizer, não a pessoa, mas o Vate, desse ponto de vista, é, como réplica, um deus. A literatura para mim é vanguarda e, também, é válida como tal. Creio que a palavra chave para um resultado bom é inventar (invenção): Non nova, sede nove. ( Não novo, mas diferente). Às vezes, como tantos escritores, vivo com um tema na cabeça por longo tempo. Sou aquele catador de tichas, baganas, bitocas e guimbas da madrugada, que o sol descarta ao crepúsculo, no chão de folhas mortas. Gosto de quando o estalo vem e acendo uma dessas guimbas, para viver o quanto é caro o barato do baseado da invenção. Para mim, a poesia tem a missão de salvar pessoas de situações difíceis, não só a poesia das palavras. Se ela mata, então, Deus não é poeta. A minha contribuição é esta, como sugestão: – Rale, crie, invente e se reinvente, quer dizer, faça seus próprios sulcos com os próprios pés. Sem o simulacro a arte está irremediavelmente perdida.
4. Antonio Aílton – Qual sua compreensão sobre o papel da literatura, especialmente da poesia, hoje, em termos de Brasil e de Maranhão?
Alberico Carneiro – Houve quem dissesse que a poesia não serve para nada. Talvez alguns poemas não sirvam para nada. Mas a poesia, que é obra de criação, de inspiração, iluminação, epifania e insight é tudo que nos restou para peitar a morte, pois a poesia nos tira do tempo cronológico e nos põe no fluxo da memória, que anula as unidades de tempo. E quando ela é colocada em alguma forma de arte, constitui um tesouro sem precedentes. Acho que Bergson, quando criou a teoria do tempo psicológico, deu leveza a todas as formas de arte. Sei que há os polemos, as polêmicas de Heráclito, um gênio de quem muito gosto, como poeta. É dessa poesia, que o Maranhão e o Brasil nos deram e dão, que nos amamentam com o melhor colostro. Falei sobre o assunto em algumas páginas do Vagalume e do JP Guesa Errante. Se o Governo do Estado e o Municipal, de São Luís, investissem 1% do que gastam em propaganda, em Literatura, com certeza, estaríamos no ranking dos melhores holofotes. Mas Literatura não é diversão, distração e entretenimento, então, como não dá voto aleatoriamente, aqui, estamos no mato, os cachorros contra nós.
5. Antonio Aílton – Como professor de Língua e de Literatura, você já ensinou em cursinhos, em universidades, como a UEMA, mas tem educado também os poetas. Um dos pontos que você enfatiza é a necessidade de diferenciarmos POESIA de POEMA. Como você concebe essa diferença, e quais os equívocos que o poeta pode cometer, a esse respeito?
Alberico Carneiro – Se um poeta põe poesia de excelência em seus poemas, não vai mudar nada se ele disser que seus textos são poemas ou poesias. O contraditório que lanço, em relação a esses estatutos, são mais uma questão de considerar matéria e memória distintas, o que a Teoria Literária e a História da Literatura endossam. A forma é material; a expressão é intangível, indizível. A Poética, de Aristóteles; Defesa da poesia, de Sir Philip Sidney, Uma defesa da poesia, de Percy Bysshe Shelley e o ABC da literatura e A arte da poesia, de Ezra Pound, A poética do silêncio, de Modesto Carone, A dor dorme com as palavras, Mariana Camilo de Oliveira, A obscuridade da poética de Paul Celan, discutem bem o assunto, que é, às vezes,
controverso. Mas não vamos fechar a questão. Pessoalmente, só me detive nesse quesito, porque, como aluno e professor preciso delimitar certos pressupostos.
6. Antonio Aílton – Fale-nos um pouco sobre a escrita e as propostas estéticas que você quis apresentar no percurso que vai de O andrógino (1975) ao sensivelmente erótico A Ilha do Amor (2013), passando pelo O jogo das serpentes (1985).
Capa do romance O andrógino, de Alberico Carneiro
Alberico Carneiro – Antes, publiquei O diário de um alcoólatra, cujo título original era O homem caramujo, com o qual concorri ao Concurso Cidade de São Luís e fui premiado. Não é um diário. Esse título foi um equívoco. O jogo das serpentes já tem alguns poemas seminais. Ilha do amor é uma obra de gêneros mistos, da qual gosto muito. O Andrógeno, confesso, foi um romance que fiz por desafio de conversa com uma cineasta paulista, que foi minha colega, na Faculdade de Letras, em São Luís, lá pelos idos de 1969. Seria um roteiro cinematográfico. O texto prova isso. Eu ainda não tinha senso de autocrítica, nem sabia fazer roteiro cinematográfico. Para sobreviver, fui professor por quase toda minha vida. A partir de 1988, quando fiz Mestrado UEMA/UFRJ, do qual não defendi Dissertação, portanto não concluí, após assistir às aulas de professores brilhantes, como Fred Góes, tudo mudou, do vinho para a água. Mas todos meus livros são filhos da persona literária que criei para meus escritos. Eu os amo a todos, principalmente os mais frágeis. Também há um outro livro de poemas, Um cão só plumas, 183 p., incluído no Memorial de Primeira Cruz, tomo n. 2., 1999. E há o tomo I, do Memorial de Primeira Cruz, 1998. Quanto a minha inquietação com as formas, tem explicação. Sou fruto do Litoral de Primeira Cruz, onde o povo, essencialmente, inventa línguas e estórias. O que escrevo tem a ver com a oralidade. E eu sou, com prazer, fruto desse berço, criador de neologismos, tiras, gírias, lendas, mitos. Tudo, absolutamente tudo, em mim, vem dessas raízes.
7. Antonio Aílton – Alberico, vejo você na vivência da prosa e, sobretudo da poesia, como alguém inquieto em relação à criação artística, que está sempre atualizado, promovendo a inovação, educando, buscando a conexão com o presente e com futuro. Qual tem sido o teu caminho de criação/produção mais recente, e teus projetos de escrita? O que podemos esperar?
Capa de O diáriao de um alcoólatra – Alberico Carneiro
Alberico Carneiro – Quando comecei a deixar de ser professor, comecei, de fato, a me dedicar ao escritor. Aí minha cabeça passou a ser um laboratório da escrita. Isso lá por 1988, na época do curso de Mestrado. Aposto, a partir daí, do Ilha do Amor e de outros trabalhos mais recentes, inéditos, numa safra e colheita melhor, como em Um grão de nós, Viagem ao condomínio dos neurônios, Os subterrâneos do celeiro etc. Em prosa, há o material do Vagalume e do JP Guesa Errante, além de um romance, Até que a morte nos separe, na gaveta. Com esse texto, recebi carta de classificação entre os 30 finalistas do Concurso Casa de las Américas. Creio que nos anos de 1980.
8. Antonio Aílton – Você sempre foi o nosso grande editor de suplementos. Chegou a receber prêmios fora do Maranhão pelo talvez maior suplemento cultural e literário que já houve aqui, o Também editou por anos o fenomenal Guesa Errante, no Jornal Pequeno, com a saudosa Josilda Bogéa e colaboradores. Qual a importância desses trabalhos para tua vida e qual o significado desses suplementos para a história da literatura e da cultura no Maranhão?
Alberico Carneiro – Nos Suplementos Culturais & Literários, Vagalume, e JP Guesa Errante, estão 21 anos de dedicação às letras maranhenses, da minha parte e de outras pessoas, entre elas, o saudoso Jorge Nascimento; o saudoso jornalista, escritor e cinéfilo José Frazão, Wilson Martins e Maria José Vale de Oliveira, no caso do Vagalume e, no caso do JP Guesa Errante, a saudosa professora e jornalista Josilda Bogéa Anchieta, o jornalista, compositor, cantor e escritor, poeta Cesar Teixeira, o cineasta Frederico Machado, Antonio Aílton, Bioque Mesito, o cinéfilo Vicente Júnior, Celso Borges, Ricardo Leão, além de outros.
Capa do Suplemento Vagalume – Ano V, n. 16, out./nov. 1992.
Capa Suplemento Literário e Cultural JP Guesa Errrante – anuário 3, 2005.
9. Antonio Aílton – Além dos nossos próprios esforços com aquilo que criamos, ofertamos e fazemos, enquanto escrita e criação, o que nos falta, em relação ao poder público e privado, num estado como o Maranhão?
Alberico Carneiro – Nas últimas duas décadas, depois que o SIOGE foi extinto por Decreto, em 1994, quer dizer, o Serviço de Obras Gráficas e ficou só o de Imprensa, o Diário Oficial, vivemos um momento de decadência de incentivos, quer dizer, na contramão da História. Tivemos os áureos tempos também do Concurso Cidade de São Luís, da Prefeitura Municipal da Capital do Maranhão. Não temos mais o Concurso da SECMA, como uma expressão capaz de estimular os amantes das palavras. Falta sensibilidade em relação ao que pôs o nome do Maranhão, no topo, no Brasil e em Portugal, a Literatura. Faltam escritores, como gestores nas instituições culturais. Como disse o saudoso escritor Bernardo Coelho de Almeida, éramos felizes e não sabíamos. Verdade. Quando a Literatura Maranhense teve como gestores Arlete Nogueira da Cruz Machado, Bernardo Coelho de Almeida, Reginaldo Teles, Jomar Moraes, Benedito Buzar, Lino Moreira, Laura Amélia Damous a Literatura foi prioridade.
10. Antonio Aílton – Que recado você deixa aqui à leitora, ao leitor? Que poema do teu coração você nos deixaria aqui, como selo de abraço da tua poética?
Alberico Carneiro – As leitoras e os leitores são para os autores e suas obras de criação literária, como os seres humanos em relação a Deus, isto é, sem os seres humanos Deus não existe, embora exista. Assim, também, acontece com os livros, que hospedam protagonistas, personagens e figurantes, que dormem em prateleiras de estantes de bibliotecas ou livrarias. São cadáveres que precisam de alguém que os abra e ressuscite. E esse papel de messias dos livros só é desempenhado pelos leitores/leitoras, que são coautores, pois a poesia só passa a existir, quando alguém a acessa, via leitura. Sim, aí a poesia estará em seu devido lugar ou espaço, não no texto lido ou no leitor, mas entre estes entes, num subtexto que cada leitor cria e em que se torna porta voz da mensagem dos livros lidos, já transformados em lázaros. E os poemas de meu coração que deixo para leitoras e leitores são alguns inéditos de que se podem tornar coautores, se publicados e lidos.
Poemas
(Inéditos de 2021 a 2025)
A poesia
A poesia não mora. Ela namora. Quem mora é o poema. A poesia não tem casa, só tem caso e esporádico, sem vínculo de casamento.
A vantagem de ser invisível é poder entrar numa página e, se preciso, se for imprescindível, fugir do excesso de vocábulos.
Sem som, nem imagem e nem imaginem a poesia se hospedar apenas em palavras, palavras, palavras, palavras.
A poesia, no entanto, per segue os cegos até descobrirem que o indizível não tem cor po esia não tem cor po, só se cor po, on de se hos pe de
(Poema inédito, 2024, in Mirugodém)
Ucrânia
06-03-2022
Ainda não há uma fórmula fácil sobre viver. Espero que ninguém a esteja procurando. Enquanto isso, os irracionais apostam em sobreviver.
Há dias de sol e outros nublados.
Nada mais elementar do que uma incerteza. Sem alternância, você não veria a Lua descendo e subindo para os quartos de suas fases de festas noturnas.
Há hipótese e dúvida em cada projeto e a única certeza é que ainda não há certeza sobre coisa alguma.
É provável que Sísifo saiba que não há uma segunda via e que o plano B é apenas um amortecedor camicase.
O improvável é a base da lei das probabilidades e a esperança continua mantendo o alarme falso sobre a existência de para quedas, estepes ou airbags.
Para quase 8 bilhões de pessoas atônitas, ainda não caiu a ficha sobre como um único homem pode operar igual ao Corona Vírus.
Estupefato, o mundo não entende o êxodo e o exílio de um pedaço do coração da Ucrânia.
(Poema inédito, 2022, in O Orobus)
Camicase 06-08-2023
Subir, sem tal vez seja fácil. Alguém não sabe que todos os degraus são falsos?
Salto. O pulo não é prática exclusiva de camicases.
Minha natureza está em quando o para quedas não abre no voo em queda livre, quando não há amor tece
O que você leva dessa leva de terra de sua gleba de sete léguas?
O que você leva do planeta Terra, além dos sete palmos, onde seu corpo, também, como os corpos de todos, ficará sob silêncio e treva?
Por que, então, em vida, você zomba dos demais, como se fosse uma exceção à regra, embora finja ignorar que não, sob máscara de bagagem quilométrica?
Pense em sua alma, que precisa estar leve, livre para dar curso à jornada da alma, sem cacarecos.
Só o amor te dá luz, na hora do silêncio enorme da solidão da morte.
Então, suba ao palco do teatro da vida, apenas para representar o seu papel e deixar algum recado, para fazer funcionar e valer a pena a continuação do espetáculo.
(Poema inédito, in Amarcura)
Antonio Aílton, entrevistador, é poeta, crítico literário, pesquisador, autor de MARTELO & FLOR: Horizontes da forma e da experiência contemporânea.
DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE
Em 1972, a Organização das Nações Unidas - ONU realizou a primeira Conferência sobre o Ambiente Humano, também conhecida como Conferência de Estocolmo. No evento, veio a lume uma declaração municiada com 26 princípios e um Plano de Ações que deveriam orientar as atitudes humanas, atividades econômicas e políticas de forma a garantir maior resguardo ambiental ao planeta. Em virtude do dia da realização da conferência ter sido 5 de junho, ficou instituído desde então essa data como o Dia Mundial do Meio Ambiente. O evento global foi motivado pelos alertas de diversos estudiosos preocupados com a questão ambiental. Cabe lembrar o surgimento, em abril de 1968, do famoso Clube de Roma, em razão da realização de um encontro de trinta especialistas de diversas áreas - educadores, cientistas, economistas, humanistas, dentre outros - reunidos na Accademia dei Lincei, em Roma, sob a instigação do empresário industrial italiano Aurelio Peccei, visando a discussão dos dilemas presentes e futuros da humanidade.
O Clube, também denominado de “Colégio Invisível”, debruçou-se sobre questões extremamente pertinentes, examinando o “complexo de problemas que afligem os povos de todas as nações: pobreza em meio à abundância, deterioração do meio ambiente, perda de confiança nas instituições, expansão urbana descontrolada, insegurança de emprego, alienação da juventude, rejeição de valores tradicionais, inflação e outros transtornos econômicos e monetários”, o que provoca deterioração social. Hoje, passados quase 60 anos do primeiro encontro do grupo, tais questões permanecem desgraçadamente atuais.
Os estudiosos chegaram à conclusão de que existem 5 (cinco) fatores que limitam o crescimento racional (super-população, produção agrícola, recursos naturais, produção industrial e poluição). As previsões desalentadoras provocaram declarações preocupantes, como as do então Secretário-Geral da ONU, U Thant, que, em 1969, afirmou o seguinte: “não desejo parecer excessivamente dramático, mas, pelas informações de que disponho...só posso concluir que os membros das Nações Unidas dispõem talvez de dez anos para controlar suas velhas querelas e organizar uma associação mundial para...melhorar o ambiente humano, controlar a explosão demográfica e dar às tentativas de desenvolvimento o impulso necessário. Se tal associação mundial não for formada...então será grande o meu temor de que os problemas que mencionei já tenham assumido proporções a tal ponto estarrecedoras que estarão além da nossa capacidade de controle”. Hoje, essa reflexão sobre a possibilidade de fuga do controle da situação pode ser resumida numa expressão bastante usada ultimamente: ponto de não retorno (conceito que diz que existe um limite além do qual seria impossível qualquer sistema retornar ao seu estado anterior).
Outro grande passo em termos de alerta global para o assunto em tese foi deflagrado em 1987, por intermédio do chamado Relatório Bruntland. Esse documento foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU e presidida pela então Primeira-Ministra da Noruega, Gro Bruntland. No varejo, o relatório exercitou uma visão crítica sobre o modelo de desenvolvimento adotado pelas nações industrializadas e imitado pelos países em desenvolvimento, no qual o uso excessivo dos recursos naturais foi denunciado como prática daninha, pois tal procedimento não leva em conta a capacidade de sobrevivência e de recuperação dos ecossistemas. Esse famoso Relatório inaugurou o
termo desenvolvimento sustentável, definido como um modelo que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer as suas próprias necessidades”. Cinco anos depois, em 1992, foi realizada no Rio de Janeiro a famosa ECO-92, evento global que produziu, além da sensibilização das sociedades e das elites políticas, alguns documentos oficiais fundamentais: A Carta da Terra, a Agenda 21, um dos principais resultados da conferência, documento que estabeleceu a importância de cada país se comprometer em refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. Da ECO-92 surgiu também a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima - CQNUMC, tratando das mudanças climáticas globais. Da assinatura dessa convenção, que entrou em vigor em 1994, foi estabelecido um quadro para ações internacionais sobre mudanças climáticas, e daí surgiu a Conferência das Partes (COP), evento anual que reúne países para discutir a questão ambiental e encontrar “medidas para combater as mudanças climáticas, avaliar o progresso das políticas ambientais e definir novos compromissos para a redução de emissões de gases de efeito estufa”. Neste ano, será realizada aqui no Brasil, em Belém, a COP-30. Infelizmente, tais alertas e promessas de ações a serem feitas têm sido jogadas repetidamente para escanteio pelos líderes mundiais, o que vem colocando o planeta numa desagradável e apocalíptica sinuca de bico.
No rol das tentativas de salvaguardar o meio ambiente, cabe citar Os Objetivos do Milênio - ODM, metas estabelecidas pela ONU no ano 2000, com apoio de 191 nações. Dentre as metas, destaca-se a “garantia da qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente”. Essas determinações foram ampliadas pela própria ONU, através de outro documento, que se conhece hoje como Objetivos do Desenvolvimento SustentávelODS. O objetivo 14 prevê a “conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”. Por sua vez, o Objetivo 15 adverte que é preciso “proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”. Complementando, “fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável” é a meta do Objetivo 17.
Dando prosseguimento às discussões sobre questões ambientais, cabe citar o Protocolo de Kyoto, tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, documento gerado na ECO-92, primeiro acordo juridicamente vinculante que estabelecia metas de redução de emissões de gases para os países desenvolvidos (causadas pelas indústrias, por veículos a combustível fóssil, etc.) e os que, à época, apresentavam economia em transição para a industrialização, considerados os responsáveis históricos pela mudança atual do clima. Criado em 1997, o Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, de 55% do total de países-membros da Convenção que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões medidas no ano de 1990.
Vale ressaltar o comprometimento da igreja católica com a questão. Basta citar a já histórica Encíclica "Laudato Si”, publicada em 2015 pelo falecido Papa Francisco, antes do Acordo de Paris, cuja essência reside na ideia de que "tudo está conectado". Com proposições antenadas com o pensamento ambientalista atual, a Encíclica afirma que “a humanidade e a natureza são partes de um mesmo todo, e a degradação ambiental tem impactos sociais, econômicos e espirituais”. O texto cobra ainda a “responsabilidade coletiva na preservação do planeta, incentivando um olhar ecologista integral e ações para mitigar as mudanças climáticas, promover a sustentabilidade e garantir um futuro para as próximas gerações”.
O Acordo de Paris foi mais uma tentativa de elaboração de propostas para salvar o planeta, e surgiu na COP 21, em 2015, na França; estabelecia um acordo que visava limitar o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2 graus Celsius, com o objetivo de se alcançar 1,5 graus Celsius. Esse é um acordo também juridicamente vinculante, “significando que os países signatários têm o dever de cumprir os compromissos assumidos” na Conferência. Aprovado pelos 195 países integrantes da CQNUMC, o documento cobrou a redução das emissões de gases de efeito estufa no contexto do desenvolvimento sustentável.
A degradação da natureza, perpetrada pela espécie humana, tem relação direta com a desordem espiritual do próprio homem. O físico David Bohm (1917 / 1994), mistura Caósmica de cientista e filósofo, no seu livro A Totalidade da Ordem Implicada, afirma que a fragmentação do indivíduo e da sociedade é um erro crasso que “vem ocasionando a poluição, a destruição do equilíbrio da natureza, a superpopulação, a desordem política e econômica em escala mundial, e a criação de um ambiente global que não é saudável”. Bohm foi um visionário que engendrou um novo paradigma, estruturado na ideia de que qualquer coisa existente abriga dentro de si a totalidade do Cosmos, entendido como amálgama indissociável entre matéria e consciência, o contrário da fragmentação detectada.
É o que nos falta neste momento, consciência crítica, a centelha de luz coletiva que talvez nos salve da destruição iminente. Apostar nessa possibilidade pode ser a única tábua de salvação na aventura existencial da destrambelhada espécie humana neste planeta. Voltaremos a escrever sobre a temática ambiental neste espaço antes da realização da COP-30, inclusive abordando questões polêmicas já criadas neste ano aqui no Brasil em relação ao assunto, para ampliar a reflexão sobre esta pauta crucial para a sobrevivência do planeta.
Paulo Melo Sousa é poeta, jornalista, professor, membro da Academia Ludovicense de Letras e presidente da Academia Alcantarense de Letras, Ciências, Artes e Filosofia – ALCAF
*MHARIO LINCOLN
Sabe aquele livro que você vê na prateleira, capa linda aí corre para ler e não passa da página 10? Esse é um livro sem alma. Sem respostas. Um livro composto por argumentações pessoais e intransferíveis, onde ninguém consegue transpor a barreira egóica do autor.
É um livro sem alma porque quem o escreveu o fez para ele mesmo, apenas para mostrar ao maior número de pessoas 'sua grande obra', sem nem mesmo levar em conta que aquele texto impresso ali é, literalmente, só para o autor entender.
E se a gente for definir um livro sem alma é exatamente assim: a alma se despede das folhas e o livro vira um corpo inerte em uma cova rasa. Logo começará a exalar odores ruins e os sonhos soçobram diante da ideia de que escrever um livro é escrever exclusivamente para o autor ler e ponto final. Assim, mesmo que se distribuam milhares de cópias, a ninguém será dado o direito de comentar, criticar, induzir, indeferir, argumentar, sugeri, aconselhar...
E qual seria o futuro do livro sem alma? Servir de moeda de troca nos Saraus, decoração na estante da sala, ser capa de Facebook, ou folha de rosto do Instagram; ou, simplesmente, um peso de mesa.Compre online os livros best-sellers
Porém, um livro que tem alma, geralmente vem ao encontro das perguntas mais interiores do leitor. Perguntas abissais até... E quando esses questionamentos batem com as respostas de um livro com alma, 'abracadabra', o milagre acontece!
Pode até não virar um bestseller, porque bestsellers, na maioria dos casos, só o viram bestsellers, enquanto produtos de marca das editoras e da grande mídia que, também, integram o bolo percentual das vantagens numerárias.
E como surgem os livros com alma? São os livros escritos NÃO para alcançar a fama - a passageira fama –nem para mostrar para os ‘coleguinhas’ que o autor ‘sabe escrever’ ou que também, ‘tem um livro publicado’. PORÉM para compartilhar, dividir, repartir uma ideia que possa servir para algo ou alguma coisa lá na frente. Que tenha algo que possa a ser citado.
Aliás, meu pai, quando cheguei afoito e eufórico com meu primeiro livro de Direito às mãos, saído da impressora naquele instante, ele olhou, pediu calma e me deu uma das maiores lições que recebi até hoje: “... filho, só se considere autor quando alguém de seu círculo ou de fora dele, citar seu livro em algum momento. Antes, ele é apenas um papel impresso”. Curto e grosso! À princípio não entendi. Anos depois, após estudar calorosamente em vários livros com alma, voltei a raciocinar sobre o que meu pai José Santos disse e imediatamente linkei com várias sábias palavras, que aprendi, lendo. Dentre elas, Platão quando em "Fedro", discute a importância da escrita e dos livros como uma forma de transmitir conhecimento e ser o ‘start’ para uma interação direta entre pessoas. Isso é lindo! Outro grande sábio, Agostinho de Hipona, em "Confissões", fala sobre a importância da interpretação dos livros, inclusive da Bíblia, como orientação singular. Já Michel de Montaigne valorizava tanto os livros que um dia disse que eles, “(...) são instrumentos de autoconhecimento e reflexão”, e a leitura de um bom livro, deveria ser uma experiência pessoal e não apenas acadêmica”. Acertou em cheio, não?
Pois bem, livros com alma são bem diferentes, pois, antes de mais nada, incitam a importância da leitura para adquirir conhecimento e desenvolver o pensamento crítico. Ou seja, o autor dá a chance ao leitor, para suspeitar, dialogar, discutir, discordar do que ali está escrito. Exatamente essa chance do diálogo ou da discordância é que deixa os escritores egoístas e doentes, furiosos porque eles jamais serão donos da verdade, ou como o próprio Sócrates ensinava: “ninguém possui um conhecimento absoluto ou definitivo da verdade”.
Enfim, o livro com alma é um livro que consegue distribuir ideias com o leitor, que é o objetivo legítimo da obra. E essa legitimação, essa imersão do leitor diante das ideias plurais (e não só pessoais) do autor, que soa como um carimbo cartorário, aquele mesmo que concede Fé Pública ao documento.
Assim, quando você tentar ler um livro que não diverte, não define nada, não aconselha, não reclama, não chora, não abandona, não clama, não odeia, não ama... fuja dele, rápido, mesmo que tenha na capa a mais linda das ilustrações e o mais digno prefaciador. Apenas fuja dos hologramas fluídicos que embaçam a visão e o entendimento e acabam por fazer o leitor retroceder em seu legítimo direito de escolha.
*Mhario Lincoln é poeta, jornalista e Editor-sênior do Facetubes (www.facetubes.com.br)
JOAQUIM NAGIB HAICKEL
Sempre que posso, depois do sagrado Caldo do Seu João, na Rua do Sol, vou com meu irmão, Nagib, ao Mercado Central, garimpar coisas para comprar.
Na última vez que lá estivemos, paramos em uma barraca para comprar umas atas, sapotis, mangas e pitombas, frutas que lembram muito nossos país. Estávamos ali quando se aproximou de nós um senhor. Ele tinha uma cara conhecida, mas não me lembrava o nome dele.
Nos cumprimentou e disse que conheceu nosso pai, disse que ambos trabalharam na Fábrica Santa Isabel, nos anos 1950. Que conheceu nossa mãe, do tempo em que ela trabalhava na secretaria de fazenda do município.
Ele contou muitas histórias, inclusive dos times de futebol de salão de papai e tio Samuel Gobel. Ficamos lá durante um bom tempo. Ele se lembrando de sua juventude e nós bebendo daquela fonte.
Ele contou que ao deixar a fábrica, se dedicou aos estudos, constituiu família, formou-se, trabalhou durante toda a vida e que hoje goza de uma confortável aposentadoria, na companhia de sua esposa, filhos, netos e até bisnetos.
No meio de nossa conversa ele disse uma coisa que me deixou muito feliz e recompensado. Disse que meu pai estaria orgulhoso de mim, por tudo que fiz depois que ele faleceu. Disse que ele acompanhou meu trabalho na política e acompanha o que faço na literatura, no cinema e o trabalho no MAVAM. Fiquei surpreso que ele soubesse sobre o MAVAM!...
Quando já íamos nos encaminhando para finalizar a nossa prosa, ele me disse que em que pese ele não ter tanto conhecimento quanto eu sobre política, que ele acredita que as coisas que estão acontecendo no Brasil, que todas as arbitrariedades que estão sendo cometidas pelos poderes da república, tanto no executivo, quanto no legislativo e principalmente no judiciário, vão acabar levando nosso país a um verdadeiro desastre. E finalizou de maneira catastrófica: “O que o STF tem feito, quase justifica a ação daqueles idiotas que tentaram dar um golpe de estado. É em momentos como esse, que as revoluções francesa e russa se justificam plenamente”.
Fiquei abismado, e bastante preocupado, pois aquele senhor que demonstrou durante todo o tempo em que passamos conversando, ser uma pessoa equilibrada, correta e de bem, e ele realmente é tudo isso, cogita que para resolver a crise criada pela desenfreada polarização, a generalizada judicialização de nossa sociedade, é justificável que se recorra a força.
Saí dali com as frutas que fui comprar, mas também com a cabeça cheia de questionamentos, difíceis para um sujeito como eu, com o meu perfil, minha formação e meu modo de pensar e me colocar perante as coisas da vida, conseguir digerir correta e satisfatoriamente.
Era como se ao invés de termos comprado as frutas de preferencia de nossos país tivéssemos comprado pepinos, jilós e pimentas para prepararmos uma salada de difícil digestão.
"A Universidade Estadual do Maranhão (Uema) foi uma das instituições protagonistas no desenvolvimento do Robô Maria Firmina, ferramenta de inteligência artificial premiada com o 3º lugar no 5º Prêmio Conexão Inova, durante o evento Convergência 2025, realizado em Belo Horizonte (MG). A premiação é uma das mais importantes do setor público brasileiro voltada à inovação.
O projeto foi desenvolvido em parceria com o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) e a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), com apoio técnico da Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (DTIC) do TJMA.
A Uema teve papel essencial na idealização e desenvolvimento do Robô Maria Firmina, por meio da atuação do professor Antonio Fernando Lavareda Jacob Júnior, especialista em inteligência artificial aplicada ao Direito. A ferramenta utiliza técnicas de aprendizado de máquina para analisar petições iniciais de processos cíveis e identificar automaticamente precedentes qualificados, como Recursos Repetitivos (RR) e Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR).
O objetivo central da solução é promover a uniformização das decisões judiciais, aumentar a segurança jurídica e reduzir o tempo de tramitação dos processos no âmbito do Judiciário.
O Robô Maria Firmina foi oficialmente lançado em abril de 2024 e seu nome é uma homenagem à escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, referência histórica na literatura abolicionista do Brasil."
“O OVO OU A GALINHA?”
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Licenciado em Educação Física. IF-MA (aposentado) Mestre em Ciência da Informação
Noticia recente, com o título de “DE ILUSTRE DESCONHECIDA À ROBÔ QUE LEVA
O SEU NOME”,enaltecendoMariaFirminados Reis.Quandolembroquandotudocomeçou.Foino Instituto HistóricoeGeográficodoMaranhão,sobapresidênciadeTelmaBonifácio. Ingressamos,Dilercyeeunaquele sodalício a convite de Telma, nossa colega no Doutorado em Ciências Pedagógicas, do CEFET-MA, em convenio com Cuba.
Na época, publicava uma revista eletrônica, a “Nova Atenas de Educação Tecnológica”. Fui convidado para ingressar no IHGM por conta disso, pois precisavam de um editor para a REVISTA DO IHGM, e o formato eletrônico driblava as despesas de publicação em papel. Fui...
Dilercy foi a um evento no Chile, “Mil Poemas para Pablo Neruda”, da qual participou. Trouxe a idéia, para ser implementado algo semelhante pelo IHGM. Me opus, pois se tratava de reunir poesias de um determinado autor.NãoerafazerHistória,objetoprincipaldoIHGM.Vencido,começamosaelaboraro“ProjetoGonçalves Dias”, com a condição de recuperar a História e a Memória do autor maranhense... aceito, ambos passamos a constituir a comissão, Dilercy e eu.
Tal qual o projeto chileno, de exaltar o principal autor nacional, nos propusemos a exaltar Gonçalves Dias como o principal brasileiro, lançando o projeto, com a reunião de ‘Mil poemas para Gonçalves Dias’. A ideia era de que os participantes da exaltação a Neruda pudessem escrever sobre/para Gonçalves Dias. Pouco conhecido fora do Brasil e Portugal, começamos a reunir trabalhos relevantes “Sobre Gonçalves Dias’ e a distribuir essas informações pelo mundo afora, principalmente aos países de língua portuguesa. Era desconhecido na África – Angola e Moçambique -, assim como em Macau e São Tomé e Príncipe.
“Sobre Gonçalves Dias” ficou sob minha responsabilidade. Coçamos a distribuir os textos, e a seguir, receber as poesias exaltando o vate caxiense. Foram quatro anos de intenso trabalho. Como resultado, quatro livros: “Mil Poemas para Gonçalves Dias”, em dois volumes, sendo 999 num único volume de mais de 890 autores de todo o mundo, e um separado, o milésimo, de autoria de Alberico Carneiro, posto que contava com cerca de 130 páginas! O Mestre Alberico, quando nos enviou, disse: “estou a mais de 30 anos trabalhando nesse poema; tirem de minhas mãos, não aguento mais...”. Dois volumes. O terceiro, foi a publicação de “Sobre Gonçalves Dias”, com o material que havíamos reunido, alguns, escritos por nós, e distribuído as centenas de participantes, dos quatro cantos do mundo. O quarto volume, foi o Relatório do projeto, ao seu término, para o IHGM, que recebeu o título de “Relatório de Viagem”, titulo de um dos trabalhos de Gonçalves Dias, e que reuniu poemas e artigos, impressões da viagem, quando do lançamento da Antologia. Diga-se que essa Antologia recebeu um premio, internacional, de melhor antologia publicada no mundo!!! Naquele ano.
A UFMA, através de sua Editora e financiamento da Fundação Sousandrade, deveria publicar esse material. Autorizada, editou a ‘boneca’, em cinco exemplares de cada – das tres primeiras -, e a submeteu aos organizadores. Aprovada, deveria ter sido publicado 1.500 exemplares de cada, um para cada autor participante – cerca de 880 – e os demais distribuídos ou colocados à venda. Não aconteceu.
Paralelamente, publiquei as obras na Internet, utilizando-me da ferramenta ISSUU, que obteve mais de 250 MIL acessos!!! E cerca de 150 MIL pessoas baixaram os volumes. Hoje, esse numero é bem maior! Continua sendo acessado, lido, baixado, e servido de referencia a vários outros trabalhos, em especial de pós-graduação. Sucesso...
Mas voltemos à Maria Firmina dos Reis. Quando da fundação da Academia Ludovicense de Letras – ALL, em decorrência do Projeto Gonçalves Dias, diga-se de passagem. A Dilercy escolheu Maria Firmina como patronesse de sua cadeira. Dai começar a escrever sobre a mesma, para elaboração de seu Elogio ao Patrono. Como disse Dilercy, ao comentar o comentário que abre esse artigo, ‘era uma ilustre desconhecida’. Só que não!!!
Da mesma forma que o Projeto Gonçalves Dias, o Projeto Maria Firmina dos Reis procurava reunir poesias de exaltação à essa maranhense – quase desconhecida, no Maranhão!!! -: “190 poemas para Maria Firmina dosReis”,eovolumebiográfico,“SobreMariaFirminadosReis”.Reuni,então,85(oitentaecinco!)trabalhos acadêmicos – monografias, dissertações, teses, artigos, livros... – que falavam da vida e da obra de Maria Firmina! Esse material que começamos a distribuir, com as indicações de suas localizações e acesso, para que as pessoas pudessem fazer poesias exaltando a Maria Firmina. Essa biografia, publicada com vários cortes depois, recebeu um premiode‘melhorbiografiapublicadanoBrasil’,da UniãoBrasileira dos Escritores. Teve sua publicação em papel, bancada pela ALL e Dilercy, e a on-line, utilizando-me da ferramenta ISSUU. Novo sucesso de público: mais de 100 MIL acessos, leituras e baixas.
Descobrimos que, em Santa Catarina, à época, havia um grupo de estudos sobre Maria Firmina; depois que começamos a divulgar sua biografia e solicitar poemas em sua homenagem, exaltando-a, vários outros grupos de estudos, em diversas universidades brasileiras, começaram a ser formados. Dilercy continuou a sua árdua tarefa em disseminar informações sobre sua Patronesse. Livros e livros foram, e são, escritos, a partir daí. Nascimento de Moraes passou a ser um autor conhecido internacionalmente, posto que foi dos primeiros a publicar sobre ela.
Hoje, Maria Firma é uma personalidade internacional. Reconhecida como ‘primeira romancista brasileira’.
Ora, os livros “Sobre...” ambos os autores recuperadas as memórias, veio primeiro do que as ‘Antologias’, frutos final desses projetos...
JOSÉ CHAGAS E ‘LA
Mhario Lincoln é editor-sênior da Plataforma Nacional do Facetubes e presidente da Academia Poética Brasileira, com sede nacional em Curitiba-Paraná.
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln/Orquídea Santos
18/06/2025 às 09h22 Atualizada em 18/06/2025 às 10h00
Arte: ginai/mhl
ORQUÍDEA SANTOS: Em recente palestra para alunos de Letras o jornalista e poeta, presidente da Academia Poética Brasileira discorreu sobre um tema muito forte e polêmico. Mas "com conceitos pessoais e intransferíveis", como ele fez questão de frisar. Mhario falou sobre 'la reconnaissance académique’ do poeta que se tornou maranhense pela pena, José Chagas. A plateia atenta a esse tema muito forte, questionou situações e evidências. E por quê? Segundo um dos participantes, as leituras expostas nas redes de informação, nunca olharam o “Chagas por esse prisma. Sempre repassaram informações da felicidade conjugal plena entre ele e alguns outros literatos, nascidos na terra de G.Dias”. Abaixo, reproduzimos na íntegra, a essência do que disse Mhario Lincoln:
CHAGAS e ‘la reconnaissance académique'
*Mhario Lincoln
Na primeira oportunidade que tive de conversar com uma pessoa estudiosa da literatura maranhensemuito respeitada e aplaudida em Brasília – sobre o porquê de José Chagas não ter a mesma 'reconnaissance académique' de outros contemporâneos, escutei dele: "(...) Possivelmente suas ideologias. Algo aconteceu após a publicação do 'Maré Memória'(...)".
Logo depois da pergunta notei certa resistência dele em confidenciar outras coisas para mim; logo eu, um jornalista e curioso da literatura. Assim, pediu licença e deu de costas.
Na verdade, fugindo, eu, um pouco, do mesmo texto romântico e regional de sempre, acho que José Chagas surgiu no contexto como figura central na literatura maranhense, a partir dessa obra poética onde foram intercaladas facetas pouco utilizadas na década de 1970: a profunda compreensão do ambiente físico de São Luís do Maranhão, com nuances sociopolíticas muito fortes e com denunciantes insights; especificamente em "Maré Memória", de 1973.
Acredito que a partir daí, Chagas passou a tecer uma narrativa lírico-gritante, onde encarnou a relação intrínseca entre o homem e o contexto social (no poema do mesmo nome) representado literalmente pela lama e pelo mangue, fato que transcendeu – naquele instante - ao regionalismo poético gonçalvino - até então, muito usado nas construções poéticas de alguns de seus contemporâneos poetas.
José Chagas passou, então, através desse novo modo elaborativo, a abordar questões muito mais universais da existência humana. Por isso a construção lírica de "Maré Memória" foi ‘quase’ comprometida, pois as marcas indeléveis do contexto são, sem dúvida, as metáforas que associam o homem aos seres do manguezal, invisíveis, solitários, pobres e indigentes. Nos versos iniciais:
"Olha aí a palafita Crescendo sobre a maré. O homem que nela habita Caranguejo ou peixe é."
Desta forma, o poeta José Francisco das Chagas, nascido em Santana dos Garrotes - PB, 29 de outubro de 1924, portanto neste 2025 a completar 101 anos, se vivo estivesse, passou a estabelecer de forma direta, uma analogia entre o habitante das palafitas e os seres que se enterram na lama do mangue, revelando uma fusão entre o humano, o desumano, mesmo que natural fosse esse ‘inhumain’.
Essa representação simbólica evidencia a condição de marginalização e a perda de identidade, temas recorrentes em sua obra. E isso, com certeza, mexeu com algumas pessoas ligadas a parte política do mundo literário maranhense. E não agradou muito.
Mas, convido agora, para a mesma mesa o imenso Jomar Moraes, que um dia me confidenciou: “a poesia de José Chagas captura a essência do homem maranhense, inserida em um ambiente que é ao mesmo tempo abrigo e prisão, beleza e decadência”. Moraes era sensacional.
Pois bem! Essa dualidade explorada principalmente no poema "Maré Memória", repito, onde o movimento da maré serve como metáfora, igualmente, para a fluidez da "memória e da existência", nas palavras completadas de Jomar Moraes, explicita a estética adotada por Chagas para combinar tanto a simplicidade e a profundidade existencial, com uma linguagem acessível, sem sacrificar a densidade temática.
Por outro lado, há de se notar a perfeita regionalização do poeta paraibano e a sua adaptação ao 'modus vivendi' do cenário poético inserido em sua produção, com detalhes incríveis e referências sobre mangue e palafitas, muitas delas nas cercanias do braço do rio anil, ainda pululantes, 51 anos depois do poema ter sido escrito.
Tal observação realista só enriqueceu o texto ao situar o leitor em um local específico, mas com implicações praticamente universais. Tanto que o poeta Nauro Machado - outro, dos mais cultuados poetas maranhenses - observou que José Chagas - nessa lírica palafitária - transcendeu o particular para atingir o universal, "fazendo do mangue um símbolo da condição humana”. Perfeito!
Vale também notar que a estrutura do poema "Maré Memória", com rimas alternadas e um ritmo cadenciado, reflete o movimento constante da maré, reforçando a temática central. As belas, enquanto arte, reproduções de imagens relacionadas à água e à lama acabaram criando uma atmosfera opressiva, evidenciando a luta do indivíduo contra forças além de seu controle, algo que é aplaudido até hoje. Na minha opinião, Chagas buscou não apenas retratar a realidade social, mas também provocar uma reflexão introspectiva. E tal fato deve ter "ferido suscetibilidades...", pensamento a mim revelado por um membro da Academia Maranhense de Letras, já falecido. Esse confidente tinha certa razão, mesmo que esses versos de Chagas, não se limitassem a uma crítica social direta.
Porém, “Maré Memória” explorou a dimensão existencial do ser humano; e isso foi mais que genial. Por essa razão, a beleza extraordinária do poema, pois essa abordagem o alinha a outros grandes nomes da literatura brasileira, como, por exemplo, João Cabral de Melo Neto, com quem compartilha a precisão na escolha das palavras e a profundidade temática. E mais: impossível não o incluir esse poema dentro dos parâmetros do
estudo de Dominique Maingueneau, linguista francês e professor emérito da Universidade Sorbonne, com vasta obra publicada explorando a relação ‘entre texto e contexto social’
Por isso, a influência de José Chagas na literatura maranhense – e deveria ser muito mais na literatura brasileira - é extremamente importante. Tanto que o escritor e ensaísta Wilson Marques em texto que li, diz com letras maiúsculas que “a obra de Chagas é um patrimônio cultural de São Luís, essencial para compreender a identidade e a alma maranhense”. Concordo plenamente porque, apesar dos anos depois, a poesia de Chagas não apenas retrata o Maranhão, como também contribui para a construção de sua memória literária forte e não invasiva.
Evoé, Chagas!
*Mhario Lincoln é presidente da Academia Poética Brasileira
Referências:
MACHADO, Nauro. A Poética de José Chagas. São Luís: Editora Maranhense, 1978.
MARQUES, Wilson. “José Chagas e a Identidade Maranhense”. Revista Literatura Hoje, n. 12, 1990.
MORAES, Jomar. Entre o Mangue e a Maré: A Poesia de José Chagas. São Luís: Academia Maranhense de Letras, 1985.
Dominique Maingueneau (1950). França.
IMENSA
POESIA MÍNIMA – de Silvana Menezes & Anna Liz
As escritoras maranhenses, Anna Liz e Silvana Meneses, lançam em breve o livro Poesia Mínima, que trata de um diálogo por meio de uma poética minimalista. O livro será publicado pela editora Terra Cultural, gerenciada pelo sr. Kleber Castro, um grande incentivador de autores maranhenses. Sobre essa obra dessas duas poetas, as escritoras Wanda Cunha e Laura Amélia tecem as suas impressões:
Poeta Silvana Meneses, em recital
Poesia mínima é uma obra que de per si traz um primoroso diferencial: reúne duas escritoras maranhenses da literatura contemporânea de grande quilate literário: Anna Liz e Silvana Meneses. A matéria-prima de suas poesias é a emoção das palavras em sua articulação, que tem como mérito alcançar o leitor por meio da sugestão, da influição e da fruição. Abraçando a poética minimalista, as autoras evocam temas como a vida, o amor, a solidão, a nostalgia, a natureza, numa abordagem introspectiva que não exclui o mundo de fora. Seus eus-poéticos conversam, argumentam, ponderam, confessam, revelam, refletem… É o garimpo do sentir no quebra-cabeça e coração de palavras que exprimem a leveza, a rapidez e a exatidão que a literatura minimalista assegura.
Wanda Cunha
Presidente da Academia Maranhense de Trovas, membro da Academia Brasileira de Letras e Artes
Minimalistas
Poeta Anna Liz
À primeira vista, talvez sob a influência do título (Poemas Mínimos) supõe-se uma leitura sem redemoinhos, sem corredeiras, sem sustos! Nada mais enganador; logo, logo nossa sensibilidade é puxada para o mais profundo estado de pura emoção, para o exato lugar onde mora a poesia e seus sortilégios. Lugar onde moram duas poetas que decidiram discutir em poesia, a poesia; lugar cheio de atalhos que se encaminham para um único destino: a beleza e o sentido da vida!
As autoras deste livro nos entregam uma poesia como um organismo ao qual nada precisa ser acrescentado, porque dispensável, e do qual nada pode ser retirado porque absolutamente necessário. Donas de um ritmo particular, visceral que norteia e determina a composição do poema, onde elementos próprios de uma poética lírica, intimista e confessional se condensam, resultando a Grande Arte que consiste em encerrar em um único verso, um sentido completo, universal.
Laura Amélia Damous Poeta e membro da Academia Maranhense de Letras
O livro divide-se em cinco partes: Mínima metapoesia, A mínima lírica da vida, A mínima lírica do amor, A lírica da solidão e A lírica da natureza
Da Mínima metapoesia:
meu jeito de escrever é sangrando escrevo versos jamais lidos mas é assim que sobrevivo (Anna Liz)
escrevo, quais palavras expulsam meus sentimentos? espremo tudo dentro de mim e aposto nesse perigo (Silvana Meneses)
Da “Mínima lírica da vida”: agarro-me (como quem desiste) ao fio solto de vida (Anna Liz)
tem uma vida pendurada nos meus olhos que se arrasta lá fora tem uma vida pedindo pra ser salva aqui dentro (Silvana Meneses)
Da “Lírica do amor”:
estou cansada do amor a escrita não me protege (Anna Liz)
amargura amar cura (Silvana Meneses)
Da “Lírica da Solidão”:
tudo fere minha solidão tenho pressa de silêncio (Anna Liz)
minha solidão tem asas, mas não sai do meu pé (Silvana Meneses)
Da “Lírica da Natureza”:
sou aridez mas tenho frestas: frestas/nascentes frestas/luz (Anna Liz)
me deixo ser semente em pleno deserto (Silvana Meneses)
Ao final, descobre-se nesta obra o renascimento de poesias em novo contexto, nos “diálogos mínimos”, no palco de uma conversa poética que só eleva a literatura minimalista maranhense. E o que fica como resultado deste projeto de poesia a quatro mãos é a certeza de que Anna Liz e Silvana Menezes são duas escritoras talentosas que sabem articular com esmero e propriedade os seus textos. E que bom que cada uma é única naquilo que escreve e sente! Eis aqui, pois, um trabalho literário magistral. É ler para crer
Wanda Cunha
Presidente da Academia Maranhense de Trovas, membro da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas
Lembro Dylan Thomas, poeta galês, “poesia é aquilo que me faz rir, chorar ou uivar…”. Tudo o que interessa à poesia é o encanto que nela existe, por mais trágico que seja; tudo o que importa é o eterno movimento que há por trás dela, a vasta corrente subterrânea da dor, da loucura , da pretensão, da exaltação ou da ignorância humanas; a função da poesia é a celebração do Homem!
E em celebração à poesia as vozes de duas poetas se unem e se intercalam e nos convidam a participar dessa imensa poesia mínima.
Laura Amélia Damous
e membro da Academia Maranhense de Letras
Poeta
A partir desta sexta-feira (20/6) e sem data para encerrar, estarei publicando, neste grupo, poemas (um a cada dia) dos meus dois livros, a saber: Dentro de Mim (abril/2015) e Travessia (set/2021). Espero que apreciem e se houver razão ou motivação comentem.
Fonte da imagem: Reprodução de página do Livro do Centenário da Academia Maranhense de Letras
MARIA LUÍZA LOBO – AINDA UMA INCÓGNITA
José Neres
Há muitas nuvens e mistérios envolvendo a história da literatura maranhense. Embora hoje já contemos com um bom número de pesquisas acerca das letras do Maranhão, ainda há muito por descobrir.
Um desses mistérios envolve a vida e a obra da professora e escritora Maria Luíza da Cunha Lobo, filha do casamento do intelectual maranhense Antônio Lobo com Dona Lucrécia Izaura da Cunha Lobo.
Em primeiro lugar, nem mesmo se tem certeza sobre o ano exato do nascimento dessa escritora. Pesquisando em jornais antigos, é possível encontrar diversas homenagens a ela prestadas por ocasião de seu aniversário, em 02 de março, mas é preciso uma busca mais aprofundada em cartórios, igrejas e demais arquivos para dirimir dúvidas.
É pelas páginas dos jornais antigos que se fica sabendo também que, em agosto de 1916, logo após o triste e trágico desaparecimento de seu pai, que ela e sua mãe comunicam aos amigos a mudança para a rua Colares Moreira, nº 47. Provavelmente tal alteração de endereço se deu por conta dos traumas deixados na antiga residência da família, que não suportou continuar vivendo no lar onde perdeu seu pai.
Os rastros deixados por Maria Luíza Lobo são poucos, mas nos permite visualizá-la em novembro de 1921 fazendo provas de Álgebra, História, Língua Portuguesa e demais disciplinas no Liceu Maranhense. Foi possível encontrar também nos arquivos pessoais do grande pesquisador Jomar Moraes, uma dedicatória de Antônio Lobo para sua filha em dedicatória na folha de rosto do livro A doutrina transformista e a variação microbiana. O livro foi publicado em 1909, mas o autógrafo (à minha querida filha Maria Luíza) é datado de 9-9-1913.
Poucos são os registros sobre sua vida pessoal, mas no dia 15 de abril de 1925, na página 3 do jornal A Folha do Povo, foi possível localizar essa interessante nota sobre seu noivado.
O Sr. Leocádio Martins Ribeiro, sócio da conceituada firma Rodrigues Drumond e Cia, no domingo último, pediu em casamento a inteligente e prendada Maria Luíza Lobo, filha do ilustre jornalista Antônio Lobo. Aos jovens distintos noivos, elementos de relevo da nossa culta sociedade apresentamos nossos votos de felicidade
Seguindo os caminhos trilhados pelo pai, ela também mergulhou no mundo do magistério e pode ser encontrada ministrando aulas de Geografia para a turma do terceiro ano na escola que levava o nome de seu genitor. Percebe-se também que, em 1928, ela pede licença remunerada para tratamento de saúde, fato que se repete no ano seguinte.
Os jornais também nos informam que pela Portaria Governamental do dia 30 de agosto de 1946, ela foi nomeada para fazer um estágio na Capital Federal, com bolsa no valor diário de Cr$ 50,00. Nessa época, ela ocupava o cargo de professora de Sociologia Educacional na Escola Normal do Instituto de Educação. No mesmo ano, mas no mês de outubro, Maria Luíza Lobo foi nomeada Consultora-Técnica do Diretório Regional de Geografia.
No ano seguinte, em 1947, essa notável intelectual foi encontrada em Florianópolis, representado o Maranhão no Primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos. Nesse mesmo período, é possível encontrar diversas referências a sua atuação em diversos campos do saber como, por exemplo, a música, o civismo e as relações interpessoais. Algumas de suas palestras sobre casamento, divórcio, menores abandonados e educação podem ser encontradas em jornais antigos do Maranhão e de outros estados da federação.
Quem sabe um dia apareça um/a pesquisador/a que aceite o desafio de vasculhar a vida e a obra dessa mulher que tem passado despercebida em nossa historiografia!!!
Ainda não descobrimos a data do falecimento dessa escritora, no entanto, foi possível identificar que sua mãe faleceu em 1953, no Rio de Janeiro, e que seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista. A notícia fala que ficam uma filha – “a poetisa Maria Luísa Lobo, e dois sobrinhos, o senhor Dácio Souza, comerciante, e dona Maria do Carmo Santos, viúva do pranteado Nhozinho Santos”, o que indica que até a quele anos nossa escritora ainda seguia seu caminha na face da terra. Depois disso, há poucas informações. No entanto, parece que o ano mais significativo da vida intelectual de Maria Luiza Lobo foi o de 1935. Foi nesse ano que ela publicou, pela Officina Industrial Graphica, do Rio de Janeiro, seu livro intitulado Traços na Areia, que foi recebido com elogios por parte de Domingos Barbosa, que revelou, em seu texto que:
“Ao receber o volume, que se intitula “Traços na Areia”, assaltou-me à mente – enchendo-me o coração de saudade, – uma série de recordações.
E de todas a mais viva foi exatamente ela, Maria Luíza, que eu revi tamanhinha, barafustando e tagarelando em meio aos que amiúde nos reuníamos na Biblioteca do Mestre, para ela o melhor dos pais, para nós o melhor dos companheiros.
A precocidade de sua inteligência já se revelava agudamente vivaz, faz com que o volume recebido não seja, propriamente, uma surpresa.”, segundo texto reproduzido em O Imparcial de 11 de julho de 1935.
O livro, que aparentemente é uma coletânea de crônicas, foi bem recebido pela imprensa da época e recebeu diversos elogios. Infelizmente, trata-se de uma obra que a qual ainda não tivemos acesso. Foi em 1935 também que Maria Luiza Lobo se inscreveu para a cadeira nº 3 da Academia Maranhense de Letras. Cadeira esta que estava vaga desde a segunda metade de 1926, quando houve o passamento de João da Costa Gomes, que era conhecido literariamente como João Quadros. Consta que Maria Luíza Lobo foi eleita, mas por algum motivo até agora desconhecido, não tomou posse. Mesmo assim em vários documentos e em várias revistas, ela é apresentada como pertencente aos quadros de sócios efetivos da AML. Infelizmente não conseguimos localizar a ata dessa eleição e não há outros registros formais disponíveis sobre esse acontecimento. Fato é que essa cadeira só voltou a ser ocupada em 1939, com a eleição e posse de Assis Garrido.
Sendo verdadeira essa informação, Maria Luíza da Cunha Lobo é a primeira mulher a ser eleita para a Academia Maranhense de Letras. Seria bom se alguém se dispusesse a aprofundar essas anotações!!!
Terminamos essas breves, esparsas e incompletas informações sobre essa escritora maranhense com a reprodução de dois de seus poemas publicados em jornais e revistas. O primeiro – Ave, Brasil – foi publicado no Semanário de Orientação Católica, de 1954. E o segundo foi reproduzido da Revista Aspectos – ano I. Boa leitura!
AVE, BRASIL
(Maria Luiza Lobo)
Meu Brasil, meu Brasil, ó minha terra! O meu país natal idolatrado! Terra grandiosa e rica em que se encerra O nosso orgulho, pelo teu passado!
O teu nome Refulge entre as mais belas Constelações do firmamento azul, Em letras de ouro escrito, nas estrelas Do majestoso Cruzeiro do Sul!
Nessa cruz misteriosa que reluz, Numa benção de paz no céu de anil, Terra de Deus! Terra de Santa Cruz! Bendito sejas sempre, ó meu Brasil!
Terra Formosa! Terra em que as campinas São sempre verdes e a sorrir nas flores! Brasil, terra de sol, Terra das minas, Paraíso das aves multicores!
Terra de extensas e opulentas matas. E grandes rios de mortal beleza! Terra das fontes e das cataratas! Maravilha sem par na natureza!
Pátria de um povo Nobre e generoso, Temente a Deus e que ama seu país! Que tem fé no futuro e, valoroso, Trabalha sempre pra te ver feliz.
Ave, Brasil, ó meu país natal! Teu nome viva em nossos corações. Só temos um desejo, um só ideal: – Ver-te a mais forte e rica das nações!
Por ti, conquistaremos a vitória, E a morte enfrentaremos a sorrir. Confia em nós, Brasil, e espera a glória Que haveremos de dar-te no porvir!
(Maranhão: Semanário de Orientação Católica 16 de dezembro de 1945.pág. 03)
PAISAGEM TROPICAL
Maria Luiza Cunha
Pleno deserto, ardente, ao sol do meio-dia, Pleno deserto, nu, todo em fogo abrasado. Árida vastidão, de amarga nostalgia. Terreno ressequido, estéril, requeimado.
Areal cintilante, à luz de um sol candente, Que vermelho aparece e rubro se agasalha, Causticante, cruel, impiedoso, inclemente, Como um campo de guerra após uma batalha.
É uma orgia de sol, num perpétuo verão! Catarata de fogo, insondável,imensa… É tão vasta, que escapa aos raios da visão, E é tanta luz, que ofusca e vibra, de intensa.
Muito ao longe, se veem uns morros isolados, Recobertos de pó, de fogo consumidos, Calcinados do sol, austeros, escalvados, Alevantando aos céus os cumes ressequidos.
Por toda a parte, enfim, calor, e mais dor… Em derredor, o vácuo… inteira solidão!... Aspérrima rijeza, à calma do equador!...
Pleno aluvio de luz!... Pasmosa inanição!...
Pelo fofo areal, movediço e escaldante, Lá vai a caravana, em marcha sonolenta… Arrimado ao bordão, o Beduíno, adiante, Os camelos conduz na estrada poeirenta.
E lá vai, pausadamente, até sumir-se nessa Fímbria de ouro e carmim que ao longe se divisa… Serás nesse horizonte, além que o céu começa E o rútilo deserto enorme finaliza?