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RUA DE SÃO PANTALEÃO
ROBERTO FRANKLIN
Na sexta feira vivi momentos de extremo saudosismo, ao levar a minha filha até o Hospital Juvêncio Matos, estacionei o carro próximo a Igreja de São Pantaleão, imediatamente bateu-me na lembrança bons momentos vividos naquela região, primeiro ao entrar naquele templo, lembranças foram sendo vividas, a emoção retornou naquela casa de oração. São Pantaleão viveu no século IV, foi um dos Catorze santos auxiliares, na igreja Católica ele é lembrado ao ser invocado contra o cancro e a tuberculose, é considerado também o patrono dos médicos, detalhe foi que seu sangue guardado e conservado por séculos na Itália, no dia 27 de julho ele se tornava líquido. Naquela Igreja lembro-me que lá foi celebrada uma missa de ação de graça pela conclusão ou do ginásio ou do científico do Colégio Dom Bosco, lá por várias vezes acompanhei a celebração das missas, sempre que ia até a casa da minha avó. Ao sair da Igreja de São Pantaleão mais uma lembrança, em frente deparei-me com uma escola, lembro-me que minha madrinha a Tia Lucy foi por muito tempo diretora, na época a escola se chamava Almeida Oliveira, mais tarde passou a Sotero dos Reis, uma homenagem ao maranhense, jornalista, poeta, professor e escritor brasileiro do século XIX. Minha avó materna morava na rua da Palha, sempre que ia até sua casa, descia a rua de Santana e dobrava na rua Cândido Ribeiro, passava em frente da fábrica de tecidos Santa Amélia, até hoje guardo o som dos teares da fábrica de tecidos a tecer fios para a fabricação dos tecido, a fábrica foi criada no século XIX em plena revolução industrial, em 1987 foi tombada pelo Iphan, sendo depois reformada acredito que pela UFMA para ali funcionar o curso de Hotelaria e Turismo. Como falei frequentei por muito tempo a rua da Palha, conforme dito, ali morava a minha avó materna Dona Dora, morava juntamente com um tio, com os seus cabelos brancos em sua totalidade eu a acariciava e achava lindo aqueles cabelos que pelo tempo se tornaram brancos, alvos e embelezavam seu rosto, meu tio era técnico em eletrônica, naquele tempo de rádio e televisão, ele possuía uma moto de pequena cilindrada, e nos divertia pedindo para que déssemos a partida, acreditem nunca conseguimos. Nas imediações da rua de São Pantaleão, mais precisamente na rua João Henrique antiga Rua da Cotovia, morava também um amigo, era o Geraldo Bogéa, frequentava muito a sua casa afim de estudar ou não, matérias para prova do nosso amado colégio Dom Bosco. Outra lembrança que imediatamente veio foi que o seu pai possuía um automóvel que até hoje quando vejo através de fotografias me apaixono, estou falando do Sinca Chanbord, carro elegante e bastante confortável, o Sinca foi produzido pela francesa do mesmo nome entre 1958 e 1961, lembrava muito os carros americanos, baseado no projeto do americano Dearbom da Ford, descendo a rua da Cotovia na direção da Rua Cândido Ribeiro existia uma padaria na esquina que vendia umas balas de leite, puro sabor da minha infância, até hoje o seu sabor é guardado nas minhas lembranças. Voltando as memórias da casa da minha avó Dora, no quarteirão em que ela morava, seguindo na direção da Rua Cândido Ribeiro na sua esquina da Rua da Palha morava a família do Dr. Marco Antônio Teixeira. Hoje a já descaracterizada Rua de São Pantaleão comparada aos tempos em que na sua totalidade era composta por residências, hoje já não existe mais, as casas hoje transformadas na sua maioria, virou clínicas e comércios principalmente assistência técnica de eletrodoméstico. Assim, lembro todas as vezes que ali passo, a casa da minha adorada Vó Dora, o sabor do bombom de leite, e as missas da igreja de São Pantaleão, minhas lembranças jamais serão descaracterizadas e permanecerão guardadas assim como eu as consegui.
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