O GAGO ROBERTOFRANKLIN Retornando de São José de Ribamar, como faço todas as terças feiras, sempre venho pela MA 204, que vai nos levar até o Alphaville, chegando até a MA 203, aquela inacabada que liga o Olho D’água à Raposa. Pois bem, nesta terça resolvi tomar o desvio que foi feito, pois a obra ainda não acabada impede de irmos até o retorno do Olho D’água, neste caso peguei a esquerda em direção à nova Litorânea, pela Rua São Carlos, confesso que ainda não havia ido nesta direção, realmente a nova litorânea está muito bem feita, sinalizada, acredito que depois que terminarem a urbanização ficará realmente uma Litorânea de fazer inveja a outras capitais. Observando bem e tentando me localizar, parei em frente àquela descida da Rua Rio Claro, aquela que na época todos desciam para chegar à praia do Olho D água, vi que do lado esquerdo de quem desce à praia, ainda se encontra a Clínica de repouso onde funcionou o famoso Cabo Submarino. Nesse momento começou o meu saudosismo. Como todos já devem saber, não é que vivo do meu passado, mas o que vivi guardo até hoje na memória. Pois bem, olhando para a minha direita, de frente para a Rua Rio Claro, ao nível da nova Litorânea, procurei e não mais encontrei sequer o resquício de onde funcionou o famoso e saudoso restaurante O Gago, que encerrou suas atividades no ano de 1975, segundo informações. O restaurante foi testemunha de grandes amores, amizades e tantas outras coisas. Sempre aos sábados à noite, logo após as festas de carnaval, descíamos para saborear sua famosa peixada. Quem da minha geração não frequentou o Gago, naqueles tempos, logo após as festas de carnaval, porém aos domingos depois da praia, a frequência também era grande. Como falei anteriormente, aos sábados, após às festas do Jaguarema e do Lítero, muitos desciam para a Praia a fim de saborear a peixada, a concorrência era grande. Para ocupar uma de suas mesas teríamos de ter paciência, a espera era enorme, lembro-me de filas para pegar uma mesa. Às vezes ficávamos até pela manhã, quando acabávamos de comer a peixada esperávamos que o sol nos cumprimentasse, e até poderíamos tomar um banho nas águas do Olho D’água. Com a construção da Litorânea, ali tudo mudou. Tentaram apagar da minha memória aquela extensão de praia totalmente desabitada, e que hoje somente com algumas referencias nos situamos. Lembram-se das famosas corridas de submarinos que, nas noites de sábado íamos assistir?... Explico: corrida de submarino era quando, na época encontrávamos as meninas nos seus pontos da nossa Ilha e as levávamos para a praia, (risos). Às vezes alguns chegavam a dormir, e quando acordavam o mar já estava batendo à porta do carro. Tudo era mais fácil, a violência ainda não imperava em nossa Ilha, tomávamos conhecimento alguns casos isolados. O Olho D’água era, a princípio, um bairro de final de semana, poucos ainda moravam lá. Era um bairro de veraneio, que aos finais de semana ou em férias principalmente nas de julho, os proprietários de casa desciam para lá, quem não ia para o Olho D’água ia para São José de Ribamar. Lembro-me da praia, sempre aos domingos a sociedade maranhense descia para a praia, ali lotava: carros, pessoas, vendedores de ostra, de castanhas ou picolés etc. a transitar. Era uma verdadeira invasão, ali ficávamos até umas 13 horas, quando retornávamos para o almoço, ou íamos para o Gago, ou para o Jaguarema, que saudades. Pois é, tentaram apagar da minha memória o restaurante O Gago, mas felizmente não conseguiram. Embora descaracterizada pela construção da nova Litorânea, ainda guardo na memória a minha praia do Olho D’água, que frequentei e onde vivi momentos inesquecíveis.