Sobre cavalos na ponta do lápis dissera que o sinal da cruz era pela hora torrencial a despertar as entranhas ao mínimo conceito anal de uma gente a morrer. quando sacrificaram a carne, o sangue ornou os caminhos, cartografias do tempo flexionado nos gritos, nas cenas do segundo ato, assim. repetindo o sinal da cruz, o coração bateu na boca quando o gelo do cano da arma encostava e caminhava em sua pele. quase como uma forma de afeto, dada ao riso de seu feitor. uma vida inteira passada a limpo até o desfecho, atravessar a sinaleira sem olhar para trás: assim quereria o poema. saberia sobre o verso sem precisar inventá-lo. imaginando uma primeira lição, deu-lhe um soco, o velho, na força do estômago, dizendo-lhe sensibilidades - vai e agora escreve, não precisa inventar mais nada. nada.
Tiago D. Oliveira
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