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Nota do autor
Afé como passo primeiro para a resistência. Estes poemas nasceram de um movimento natural, da digestão das horas no final do dia, de um desabafo, quando soprava o ar quente, sem palavras, para o mundo frio. A poesia é a consciência dessa entrega. Soprando o vento desenhou-se em reação de resistência.
São 47 poemas transformados em espaço crítico para pensar os dias em suas necessidades, dores, alegrias, quase como um caminho des/feito pela força e pelo segredo dos silêncios. Escrevi estes versos para transformar as experiências em palavra, e pouco a pouco a própria palavra fez-se saída. A escrita reúne constatações para realizar novos capítulos de um tempo particionado em poesias. Ao passo que organizava o livro, entendia que resistir não era fugir dos arranjos do mundo lá fora.
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Os poemas foram sendo personificados aos poucos em ações, conceitos, planos, filosofias e geografias ⸺ tipos de ventos diversos. Entre sopros, alísios, monções, os títulos sugerem des/ caminhos em temas das ruas, de nós, com releituras de versos de poetas contemporâneos ou não, um conjunto que também dialoga com os tempos. Com formas livres e dentro de um ritmo particular, a estética dos poemas se faz folha ao vento, alheia e parte de algo maior. Um livro que foi escrito para ser sentido como o vento.
A alegria em ver este trabalho publicado mora justamente na partilha do “resistir”. Ter sido contemplado com este livro é uma prova a mais de que a poesia existe como função e com ela estaremos sempre prontos.
Tiago D. Oliveira