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COEXISTÊNCIA E COLONIALISMO
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o mês de outubro passado a Universidade Al-Azhar do Cairo, a maior instituição religiosa muçulmana sunita do mundo, promoveu o Simpósio Internacional “O Islã e o Ocidente: Diversidade e Integração”. O site do governo egípcio “State Information Service” (sis.gov.eg) definiu o objetivo do encontro como sendo “o de retificar a imagem do Islã e dos muçulmanos que é retratada erroneamente no Ocidente e integrar de forma positiva os muçulmanos às comunidades onde vivem”. Em sua participação, o Grande Imam da Al-Azhar, Sheik Ahmed el Tayyeb, indicou o período do Al-Andalus (o estado Islâmico construído entre os séculos 8 e 13 na Península Ibérica) como um modelo de coexistência pacífica entre o Islã, o
Cristianismo e o Judaísmo. Mesmo se esquecermos os períodos em que a coexistência não foi nada pacífica, a escolha do exemplo é muito curiosa. O Al-Andalus não é um exemplo de cooperação e sim de colonização! A Península Ibérica foi conquistada militarmente em 711 pelo general Tariq ibn Ziyad e colonizada por membros da tribo Quraysh, original da Península Arábica (onde hoje fica a Arábia Saudita), que é a tribo do Profeta Maomé. Templos cristãos, como a catedral San Vicente, em Córdoba, foram convertidas em mesquitas, uma taxa especial foi imposta aos cristãos e aos judeus e as posições mais proeminentes na condução do Estado eram reservadas exclusivamente aos muçulmanos.
74 | d e v a r i m | Revista da Associação Religiosa Israelita-A R I
O Al-Andalus não foi o único caso de colonização islâmica na Europa. Os Turcos Otomanos conquistaram e colonizaram vastos territórios europeus, que se espalham por Bulgária, Sérvia, Macedonia, Croácia, Kosovo, Hungria, Albânia, Georgia e Balcãs. Em campanhas militares parcialmente bem-sucedidas, os muçulmanos chegaram às portas de Viena e por pouco não entraram em Paris. Claro que tudo isto está no passado, assim como está no passado a muito mais curta colonização europeia no Norte da África e no Oriente Médio. Contudo, o mundo ficaria mais tranquilo se o modelo de coexistência pacífica proposto pelo Islã não tomasse como exemplo a sua colonização da Europa. ü