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Das Dez Pragas aos Dez Mandamentos
Ricardo Gorodovits e Raul Gottlieb
Pensem num ator de teatro. A cada noite encena a mesma peça. Se ele o fizer de forma mecânica, atendo-se ao texto e às marcações anteriormente ensaiadas e exaustivamente repetidas, sem buscar o elemento novo que fará daquela apresentação algo especial e diferenciado, não dará, nem ao público, nem a si mesmo, o melhor de si, sua mais genuína emoção. Não haverá verdadeiro prazer, nem crescimento. Não se criará um laço real entre a narrativa e os que dela participam, seja como atores, seja como espectadores.
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Não será diferente no nosso Seder de Pessach, assim como não será diferente na celebração de todas as festas judaicas do calendário. Buscamos a cada ano novas perspectivas que nos mantenham conectados com as narrativas que conhecemos tão bem, que nos exijam reflexão e nos permitam cumprir a orientação que recebemos: sentirmo-nos como se cada um de nós tivesse também saído do Egito em direção à liberdade.
Recitar a Hagadá meticulosamente e cumprir todas as etapas do ritual não será suficiente para satisfazer o legado da nossa tradição. A cada ano, a cada festa, temos que introduzir novas reflexões. Também podemos inovar no ritual, mantendo, contudo, a centralidade temática de cada festa.
Uma das abordagens possíveis sobre a festa de Pessach – que celebra a saída dos hebreus do Egito – é a sua ligação com a festa de Shavuot – que celebra a entrega dos dez mandamentos no Sinai. Esta ligação está consagrada em nossa tradição pela contagem do Omer, dos 49 dias entre as duas festas. Os Dez Mandamentos são o contraponto referencial das dez pragas, estas na negação e destruição de uma sociedade injusta, aqueles na afirmação e construção de que há um caminho para a fruição de uma sociedade plena em justiça.
A cada noite, desde o segundo dia de Pessach até o dia anterior a Shavuot, se introduz em nossas orações uma frase (precedida por uma brachá, para denotar a intencionalidade do ato) que indica o progresso da contagem dos dias, criando assim uma corrente indissolúvel entre as duas festas.
Nenhum outro par de festas de nosso calendário tem esta ligação. Até mesmo nos Iamim Noraim (os “dias temíveis” entre Rosh Hashaná e Yom Kipur) não se faz uma contagem. O que, então, terão Pessach e Shavuot em comum, para merecerem esta ligação? Uma resposta talvez esteja nos dois célebres “números dez” presentes em ambas: as dez pragas e os dez mandamentos.
Pensemos, portanto, nas duas coleções de dez itens.
As dez pragas representam a destruição do universo imperial e escravizador egípcio, no qual os hebreus estiveram imersos por centenas de anos. A desconstrução daqueles deuses, de seu rei, de sua riqueza e de seu poder. As dez pragas são a negação do Egito, desse estereótipo do mal que se manifesta pelo esmagamento das liberdades individuais que o Egito simboliza na Torá. Uma cultura em cujo poder, se não estivermos solidamente sustentados por outro conjunto de referências, acabamos por acreditar.
E esse novo conjunto de referências é encontrado ao final da contagem do Omer: os Dez Mandamentos.
Apesar de serem considerados mitsvot, e portanto obrigações, em hebraico os Dez Mandamentos são denominados Asseret Hadibrot: as dez declarações (literalmente “os dez dizeres”). São os elementos de construção de um novo quadro referencial, ao qual somos obrigados, não pela punição possível por eventuais transgressões, mas pelo pacto que firmamos ao aceitá-los e por sua essência positiva para autoconhecimento e para a plenitude da convivência com o outro. Os Dez Mandamentos são o contraponto referencial das dez pragas, estas na negação e destruição de uma sociedade injusta, aqueles na afirmação e construção de que há um caminho para a fruição de uma sociedade plena em justiça.
Parece natural, portanto, buscar um comparativo entre ambos, e, de fato, ao longo dos tempos muitos compa
rativos foram feitos, tal como o do RabiO Shabat é um momento cômodo. Diz a Torá: “… toda a água do no Michael Shelomo Bar-Ron. 1 Os comparativos que conhecemos analisam as duas listas na mesma ordem. de mergulho do homem em sua percepção de Nilo se transformou em sangue … E todos os egípcios tiveram de cavar perto do rio para beber água, pois não podiam beber Contudo, nos parece mais interessante finitude, de identificação a água do Nilo …”. Os egípcios não poque elas sejam comparadas na ordem incom toda a Criação à diam beber a água do Nilo, mas podiam versa, pois, enquanto as pragas crescem sua volta, conclamando beber água de outras fontes. Os peixes em intensidade até a destruição final da opressão faraônica, os mandamentos começam no auge e decrescem em relevânpara que façam parte de seu mundo também morreram, mas havia outro tipo de comida disponível. Assim, o primeiro par de nossa lista cocia, caminhando desde uma primeira soo outro, o diferente, o loca lado a lado duas situações desconforlene afirmação universal até um mandaestrangeiro, bem como táveis, mas nenhuma delas causa um mal mento eminentemente íntimo e pessoal. Isto faz sentido, pois as construções retodos os seres vivos. irreparável. Os mandamentos chegam ao fim recomendando o controle aos maus almente caminham de dentro para fora. pensamentos, que podem limitar a capaInvariavelmente começa-se com as bases na qual o edifícidade de cada indivíduo assumir o controle de seu desticio se apoia e se termina com o acabamento exterior das no; as pragas começam com um simples alerta: a opressão paredes. Já as destruições trilham o caminho inverso: cotem seu preço para todos os que com ela são coniventes. meça-se pelas muralhas exteriores e vai-se avançando pelas várias camadas, até chegar à desmontagem do centro. Não mentir – Sapos [M9 − P2]
Assim que nos parece razoável que, ao buscar um parasuas dificuldades. se tornaram sangue – também não foi mais que um inlelo entre as pragas e os mandamentos, o façamos de forO segundo degrau da escada coloca lado a lado o manma invertida, comparando o décimo mandamento com a damento de não prestar falso testemunho (ou seja, não primeira praga, depois o nono mandamento com a segunmentir) com o da proliferação e invasão dos sapos nas cada praga e assim por diante até o ápice, onde estarão lado sas do Egito. a lado o primeiro mandamento e a décima praga. Diferente da inveja, a falsidade causa um efeito per
Foi o que fizemos a seguir. nicioso na sociedade. Não se restringe àquele que mente, mas atinge um grupo mais amplo de pessoas, que podem Não invejar – Sangue [M10 − P1] 2 tomar atitudes equivocadas a partir da manipulação do
O décimo mandamento – não invejar, não cobiçar – ciso que se acredite na mentira e isto nem sempre aconteregula algo que não causa dano algum a terceiros. O que ce, pois fontes fidedignas podem adquirir mais valor. pode sim causar o dano é alguma ação deletéria provoOs sapos estavam em toda parte: “… entrarão em seu cada pela inveja. Caso os mandamentos anteriores (não palácio, em seu quarto e em sua cama, e nas casas de seus cormentir, não roubar, não trair, não assassinar) sejam cumtesãos e de seu povo, em seus fornos e suas panelas …”, descrepridos, a inveja se torna inócua para a sociedade. Ela cauve a Torá. E isto é algo que efetivamente causa um grande sa um sentimento ruim na pessoa invejosa e pode gerar a estorvo. Mas, tal qual a mentira, os sapos podem ser afasimobilidade daqueles que veem nos outros a razão para tados e mantidos à distância.
Da mesma forma, a primeira praga – as águas do Nilo Não roubar – Piolhos [M8 − P3] mentiroso. Contudo, para que ela tenha este efeito é preNa terceira praga a terra, a base do sustento humano, se transforma: “… e insetos cobriram as pessoas e os animais; 1 2 http://www.torathmoshe.com/2015/02/ten-plagues-for-ten-statements-at-sinai/ Para maior clareza, numeramos os pares adotando M para denotar os mandamentodo o pó da terra se transformou em piolhos por toda a tertos e P para as pragas. ra do Egito … a terra ficou arruinada por causa dos insetos”.
Em vez de alimentos a terra passa a proO terceiro mandamento O assassinato está um degrau acima da duzir coisas imprestáveis e repugnantes. O roubo tem um efeito semelhante. O contato, a colaboração e a solidariedade cria, portanto, um homem livre, com traição, por causar um dano irreversível, atentando contra o bem mais precioso do ser humano. Igualmente os efeitos do asentre as pessoas deve produzir benefícios responsabilidades sassinato são mais agudos que os da traipara todos. Mas quando as relações resulindividuais bem ção: a desconfiança nos relacionamentos e tam na subtração de propriedade a intedefinidas. E a a cessação da cooperação entre as pessoas ração solidária entre as pessoas passa a ser pautada pela desconfiança e se torna imprestável e até mesmo repugnante. liberdade é a base das sociedades prósperas, é muito mais intensa. Em paralelo ao assassinato temos a quinta praga, a peste entre os animais,
Ao chegarmos neste terceiro degrau, já imunes à destruição uma traição da natureza que mata os sepodemos perceber uma sociedade que se econômica das res que estão sob o cuidado dos homens, dissolve e se torna inviável, e outra que, respeitadas as regras estabelecidas, comsociedades opressoras. que se rendem ao desespero diante de sua impotência para a preservação da vida. põe um conjunto harmônico e viável. ção fiel para este mandamento é “Não assassinarás”.
Honrar aos pais – Sarna (úlceras) [M5 − P6] Não trair – Enxame de insetos/animais [M7 − P4]
Desde a terceira praga – oitavo mandamento trilha
É difícil determinar a natureza exata da quarta praga, mos um caminho que, do lado dos mandamentos, tratou pois a Torá a descreve como “mistura” (arov), mas não dede controlar as ameaças à solidariedade e à cooperação e fine o que compõe este coletivo. Nossa tradição a define do lado das pragas fez crescer a desconfiança na sociedacomo sendo de animais selvagens, mas ora os trata como de opressora. “feras”, ora como animais peçonhentos. Chegamos agora ao par quinto mandamento e sexta
Provavelmente esta imprecisão é intencional e denota praga. O mandamento trata do ponto máximo na solidagrupos de animais descontrolados que saem de seu comriedade, que é o relacionamento entre uma geração e a que portamento habitual. a precedeu. O instinto faz com que os pais cuidem dos fi
Da mesmo forma, o adultério é uma metáfora de toda lhos de forma natural. Mas quando os pais envelhecem a situação na qual o humano deixa prevalecer seus instintos necessidade deste cuidado troca de sinal e sua concretizaanimalescos em detrimento do controle que deve exercer ção já não é natural, justificando, então, que haja um manpara permitir a vida respeitosa numa sociedade que coladamento que estabeleça regras de conduta neste relacionabora harmonicamente para o bem comum. mento. Há portanto uma relação que se torna completa
O mandamento contra a traição visa impedir que a pela existência em dois planos distintos, um mais tangídesconfiança prevaleça nos relacionamentos e bloqueie a vel, outro intangível. Um por elos naturais, outro por elos cooperação que faz o ser humano se distinguir dos aniconstruídos pelo homem. mais. Aprendemos que cada um é responsável pelo outro, Já a praga parece ter dupla função. Por um lado, impeestabelecendo-se um elo de confiança construtiva. Responde definitivamente qualquer tipo de interação entre os husabilidade em hebraico é “arevut”, mesma raiz de “arov”, manos, pois se todos estão doentes ao mesmo tempo não quem sabe já sinalizando que a quarta praga se vincula à há quem cuide do outro. Por outro, agravando esta situaquebra da responsabilidade e da solidariedade humana. ção, a sarna provoca chagas e ulcerações, que, apesar de tomar a todos, faz com que um não queira olhar para o ouNão matar – Peste [M6 − P5] tro. Portanto, há um duplo impedimento no estabeleci
A grande maioria das traduções da Torá traduz o sexto tro intangível, exatamente no caminho oposto do que o mandamento como sendo “Não matarás”. Porém, a tradumandamento estimula. mento de qualquer relação, novamente um tangível e ou

Lembrar e guardar o Shabat – Granizo [M4 − P7]
O par quarto mandamento – sétima praga e o par que vem a seguir, terceiro mandamento – oitava praga, guardam algumas semelhanças. Ambos têm, a nosso ver, um foco na capacidade humana de associação em sociedades organizadas, que buscam simultaneamente a riqueza, por meio de sua livre capacidade criativa e produtiva, e o bem estar social, equilibrando a ocupação do espaço e do tempo, o exercício do controle sobre a natureza alternado com a percepção de fazer parte deste mesmo tecido natural, no que aqui optamos por denominar como coesão social.
O mandamento de lembrar e guardar e lembrar o Shabat é um dos mais revolucionários da Torá. A noção de que as pessoas podem ter (ou precisam de) uma semana com seis dias produtivos e um de descanso é contraintuitiva, visto que o ciclo da natureza é incessante (sendo então incessante a necessidade de cuidar dos campos e dos animais) e que se acumularia mais riqueza, que se traduz em mais bem-estar quanto mais elástico for o horário produtivo. Mas o Shabat não se define apenas pela questão econômica, pela ação individual e pela interrupção das tarefas produtivas. O Shabat é um momento de mergulho do homem em sua percepção de finitude, de identificação com toda a Criação à sua volta, conclamando para que façam parte de seu mundo também o outro, o diferente, o estrangeiro, bem como todos os seres vivos.
A parada semanal é algo que nenhuma outra cultura da antiguidade abraçou. Os romanos tachavam os hebreus de preguiçosos, por conta do Shabat. Mesmo assim, os hebreus dobraram a aposta criando um ano inteiro de descanso para a terra após seis anos de cultivo. É a extensão do conceito a uma parcela ainda mais ampla da natureza, sua porção inanimada.
Todos reconhecem hoje os benefícios e a necessidade da pausa na produção, tanto para as pessoas como para a terra. Mas nem todos percebem que o Shabat está muito além desta pausa, reproduzindo em si um microcosmo do

conceito de coesão social que mencionaA opressão sempre lavra humana, em lugar de utilizar-se esta mos acima. Do outro lado, a sétima praga também está diretamente ligada à estrutura terá um fim, enquanto que a liberdade voz para tecer a melodia compartilhada da coesão social. O terceiro mandamento cria, portansocial e à economia. Só que com o sinal triunfará, por mais to, um homem livre, com responsabilitrocado. O desastre provocado pelo graatribulado e doloroso dades individuais bem definidas. E a linizo foi total: “Por toda a terra do Egito o que seja o caminho. berdade é a base das sociedades próspegranizo destruiu tudo o que estava exposras, imunes à destruição econômica das to, fosse humano ou animal; também dessociedades opressoras. truiu toda a erva do campo e despedaçou todas as árvores”. Com o granizo, a inexistência da coesão social da sociedaNão idolatrar imagens – Escuridão [M2 − P9] de opressora tornou-se definitiva, não haveria mais volta. eximindo de sua parte no pacto que criou nossa religião. cial ou seu distanciamento da mesma, deixam a esfera huO empobrecimento material e espiritual causado pela inEstamos a um degrau do ápice. O edifício da sociedasistência da manutenção do sistema repressor e controlade justa está quase todo pronto ao mesmo tempo em que dor contrasta com o enriquecimento das sociedades de lise aproxima a derrocada da opressão. A praga da escurivre economia e livre pensar. dão causou “uma treva [tão densa] que podia ser tocada” e ela paralisou os egípcios: “As pessoas não podiam ver umas Banalizar o nome de Deus – Gafanhotos [M3 − P8] às outras, e por três dias ninguém se moveu”.
O que não havia sido destruído pelo granizo, foi destocada) temos um mandamento que exclui a possibilidade truído pela oitava praga: “Gafanhotos invadiram toda a terde qualquer tangibilidade da luz divina. Um mandamento ra do Egito … em uma densa massa … e devoraram toda erva que introduz a imaterialidade e, portanto, a imutabilidado campo e todo fruto das árvores que haviam sobrevivido ao de da Fonte das leis básicas da sociedade. Os dez mandagranizo, e não restou verde algum, árvore ou erva do campo, mentos emanam de Deus e a ausência radical de Sua repreem toda a terra do Egito”. sentação e compreensão o coloca fora do alcance da ma
Como o texto da Torá indica, há uma continuidade nipulação humana. Suas leis não podem ser modificadas. direta entre a sétima e a oitava pragas. Ambas destroem a “Não assassinarás” é incondicional e não há razão de Estabase econômica da sociedade opressora, quebrando a coedo que possa modificar este decreto. Idem para o descansão social e indicando que os resultados positivos para o so do Shabat e para todo o restante da lista. escravizador são apenas passageiros. Deus é mantido no escuro para que a humanidade al
Do outro lado, o terceiro mandamento proíbe banalicance a claridade da liberdade e da justiça. Do outro lado, zar o nome de Deus: “Vocês não jurarão de maneira vã pelo o faraó é a representação em forma humana do deus Sol, nome do Eterno, seu Deus”. sua luz absoluta impedindo-lhe a visão. Seu poder absolu
Se comprometer em nome de Deus reduz a responsato o cega, a opressão provoca a escuridão. O opressor cobilidade individual, pois atribui a força da palavra (e, por meça por não enxergar o oprimido como um ser igual a consequência, das ações) a algo que lhe é externo, como ele. E como nenhum de nós é igual um ao outro, a tendênse suas decisões não fossem efetivamente suas. Ao vincucia é o ciclo se ampliar até o ponto em que nada mais é vilar essas decisões e suas consequências a Deus você está se sível e o opressor sozinho já não vai mais para lugar algum. Por consequência, sucesso ou fracasso, busca da coesão soEu sou o Eterno – Morte dos Primogênitos [M1 − P10] Contrastando com uma escuridão tangível (que pode ser mana para serem atribuídos a Deus. Reduz-se a relação do Chegamos ao auge das duas listas. De um lado a ruptuhomem com Deus a uma submissão de criado, em lugar ra total com o passado, uma vez que, na Torá, os primogêde elevá-la à liberdade de criatura. Reduz-se a relação entre nitos simbolizam a continuidade e, portanto, sua aniquios homens a uma rede esgarçada pelo pouco valor da palação representa a descontinuidade da transmissão da cul
tura egípcia. O Egito não acaba com a morte dos primogênitos, mas a geração que se segue às pragas não é a herdeira da geração anterior, ela tem que se reinventar do zero.
Em contraste temos a eternidade de Deus, o Criador do mundo que, segundo nossa teologia, não tem nem fim nem começo. Que existia antes do Bereshit e que é para sempre. Ou seja, a opressão sempre terá um fim, enquanto que a liberdade triunfará, por mais atribulado e doloroso que seja o caminho. O homem foi criado para viver conforme o seu livre arbítrio, para celebrar os pactos que julgar melhores para si, dentro de um bem definido contexto, de respeito à dignidade e aos direitos de todos.
E vejam que o Egito de hoje não é herdeiro dos Faraós. Mas os judeus de hoje não apenas preservaram a herança de Abraão, Isaac, Jacó e Moisés como ampliaram (e continuam ampliando) a sua visão de mundo.
Conclusão
O estabelecimento da comparação entre as pragas e os mandamentos, em ordem invertida, permite vislumbrar a escada que leva de um lado à derrocada da sociedade e do outro lado à sua perenização. Conseguimos enxergar cinco gradações:
Degraus
1 – 2
3 – 6
7 – 8
9
10
Destruição
Incômodo
Desconfiança
Derrocada da coesão social
Perda da visão
Descontinuidade
Construção
Conforto
Solidariedade
Florescimento da coesão social
Ampliação da visão
Eternidade
Fizemos este exercício sem a pretensão de buscar verdades absolutas nem de negar a validade de qualquer outra forma de comparação. Procuramos tão somente adicionar um pouquinho de beleza e significado ao nosso texto fundacional e às nossas festas. Esperamos que você encontre valor em nossa reflexão e ficaremos ainda mais felizes se você derivar significados para além do que apresentamos neste texto.
Ricardo Gorodovits é engenheiro, ativista comunitário e membro do conselho editorial da Devarim.
Raul Gottlieb é engenheiro, ativista comunitário e membro do con selho editorial da Devarim.
