A embriaguês, a ressaca e o lenitivo Final de expediente. Era sexta feira. Depois de uma semana corrida e cheia de possibilidades, restou a ele aquela sensação silenciosa de frustração. Embora não gostasse de beber quando estava psicologicamente instável, não resistiu ao desejo de tomar umas doses de qualquer coisa que o fizesse relaxar e se desligar do turbilhão de pensamentos que o afligia e o angustiava: dívidas, relacionamento, a carreira, o futuro, a morte... Quem sabe um porre não seria oportuno, pra desconectar e desligar, de forma radical, a sua mente do real... De imediato, aceitou o convite dos amigos para estenderem o expediente num barzinho a beira mar. Depois de muitas cervejas, doses de uísque, tira-gostos dos mais variados tipos e muita “conversa jogada fora”, a roda de amigos começou a ser desfeita e, um após o outro, cada um ia se despedindo e indo embora cuidar de seus compromissos: namorada, esposa, filhos, pais, suas obrigações os aguardavam. Ele, que nessas ocasiões, era um dos primeiros a ir embora, foi ficando... E bebendo... E ficando... E bebendo... Até que se viu sozinho. Sob o risco de não conseguir se levantar ou sair do recinto notou que não aguentava consumir mais nem uma dose sequer. Solicitou imediatamente a conta e pediu que chamassem um táxi. Seu carro, estacionado a poucos metros do botequim onde se encontrava, ficaria ali mesmo. Viria buscá-lo quando estivesse sóbrio, caso lembrasse aonde o deixou. O táxi solicitado logo chegou. Entre resmungos, cambaleios e tropeços, foi embora. Já no apartamento, com certo esforço, conseguiu abrir e fechar a porta. Jogou-se na cama vestido com os mesmos trajes que saiu pela manhã. Embora não possuísse nenhuma doença hepática, pancreática ou renal, esses três órgãos vitais (pelo menos para quem exagera na Lutero Rodrigues Bezerra de Melo | 89