Poética Arquitetônica

originada e produzida por um eu distinto do meu, a partir das possibilidades de percepção que permite a obra, mesmo que essa experiência rompa e/ou extrapole a concepção inicial do autor, pois própria obra admite e contem elementos que, de alguma forma, permitem e autorizam a recomposição do percurso de criação, através da identificação dos artifícios, dos procedimentos e das técnicas utilizadas no processo de criação.

Ao estranhamento inicial produzido pela produção estética e as possibilidades de interação que a própria obra causa, desperta a curiosidade e proporcionar a busca pelo reconhecimento da significação, motivando a percepção estética e a busca por novas experiências, ativadas pela realidade social e histórica e incorporadas subjetivamente, fornecendo subsídios para a tomada de consciência. Isso porque são o imaginário e a ideologia que dão sentido, significado e significação à realidade dos indivíduos que convivem e estão circunscritos em um ambiente social específico. Como seres que vivem não só a dimensão material (física), mas também uma dimensão afetiva (emocional) e cósmica (espiritual), a obra de arte tem sua valoração na habilidade, destreza e capacidade do criador de nela dispor e organizar dados, informações e conhecimentos capazes de gerar a sublimação dos instintos, impulsos, desejos e suscitar intuições capazes de provocar êxtase. A aptidão da obra de arte para produzir sinestesia e dialogar como os sentidos é um dos relevantes fatores para a sua valoração.

A sinestesia, como um conjunto de percepções e sensações interligadas por processos sensoriais, amplia a capacidade perceptiva, através do encadeamento conjugado de sensações e percepções que resultam em uma sequência interligada de efeitos sensoriais (visão, audição, olfato, paladar, tato). Quando de sua ocorrência, a sinestesia produz uma cadeia de sensações em dois ou mais níveis, causada pela percepção de uma sensação originária que tem como efeito um novo estímulo, que aciona e