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A felicidade em debate
O
debate sobre a felicidade reuniu o ex-primeiro ministro Tshering Tobgay, o presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues e a gerente de desenvolvimento humano do Sistema OCB, Gêane Ferreira. O mediador foi Pedro Lins. Gilson Rodrigues falou sobre Paraisópolis, uma favela-bairro paulistana. Disse que as dificuldades encontradas na cidade grande acabam por levar pessoas para as favelas, em condições de vulnerabilidade e tristeza. Paraisópolis é uma favela cheia de barracos rodeada de bairros que estão entre as regiões mais ricas do Brasil. Formada basicamente por trabalhadores da construção civil e que ajudaram a erguer muitos dos prédios que hoje rodeiam a favela. Para mudar a situação de pobreza dos moradores, foi criado um programa de otimização na comunidade cujo resultado é festejado por Gilson: “Nos últimos dez anos, conseguimos transformar nossa comunidade. Temos escolas, postos de saúde, estradas. A comunidade tem que ser vista como um lugar poderoso e não um lugar carente”. E as soluções funcionam para gerar renda. O PIB de Paraisópolis em 2019 foi de R$ 78 milhões. “É poderoso. A favela não é carente. Temos estabelecimentos comerciais e acreditamos na criação de nossa própria economia local”. Gilson gostou de saber dos novos índices do Butão e comparou com a de Paraisópolis. Os moradores são felizes por estar no local e reconhecem a potencialidade econômica da região. Uma pesquisa indica que 86% das pessoas de Paraisópolis se declaram felizes. “Entendemos que, por sermos poderosos, podemos nos transformar.”
inspiração veio do Butão: “A gente não para no resultado. A proposta do FIC é que cada indivíduo responda, olhe para si e pergunte o que ele pode fazer para melhorar o seu bem-estar, sua qualidade de vida, o que está na sua possibilidade como indivíduo, e também traçar um panorama enquanto organização”. As iniciativas brasileiras receberam elogio do ex-primeiro-ministro do Butão. Tchering disse que não tinha nada a aconselhar aos brasileiros: “Vocês não precisam de conselhos. Vocês não precisam de sugestões. Vocês devem nos dar sugestões”, disse. Quanto à influência do Budismo na política e economia do Butão, Tchering disse que, na verdade , todas as religiões pregam o amor aos outros. Os sentimentos pela humanidade podem ser incorporados nas cooperativas. Quanto aos movimento cooperativista no Butão, ele disse que o desenvolvimento moderno na economia do país é algo novo, e que as cooperativas são importantes: “Temos algumas cooperativas. De artesanato, Turismo, pequenas indústrias. Todo setor tem a sua própria cooperativa. E a maior parte delas estão fazendo um trabalho Fantástico”.
Felicidade no cooperativismo A Gerente de Desenvolvimento Humano do Sistema OCB, Gêane Ferreira, falou sobre a felicidade no cooperativismo. “A visão para o futuro da OCB é que em 2025 o movimento seja reconhecido pela competitividade, integridade e capacidade de promover a felicidade entre os membros e todas aquelas pessoas que estão relacionadas ao movimento cooperativo”. Geâne disse que desde 2014 a OCB desenvolve uma ferramenta, a Felicidade Interna do Cooperativismo (FIC), um índice para ajudar as cooperativas a monitorar a felicidade de seu quadro. A
Paraisópolis e a pandemia Gilson Rodrigues foi perguntado como Paraisópolis enfrenta a pandemia da covid-19 e falta de recursos. “A melhor forma de alcançar o objetivo é organizando a população. Nós nos organizamos através de um movimento chamado presidente de rua. A cada 50 famílias nós temos um voluntário para cuidar. O movimento se espalhou pelo país. Já temos 14 estados e 300 comunidades que estão fazendo o mesmo, distribuindo no Brasil mais de 1.000 cestas básicas, kits de higiene e mobilizando a população. E 83% dos nossos presidentes são mulhe-
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38 BR Cooperativo l Ano 2 l Nº 7 l Fevereiro 2021
Gêane Ferreira, Tsherign Tobgay, Pedro Lins e Gilson Rodrigues: em pauta, a felicidade
res. Nossa gestão é melhor do que a da cidade de São Paulo contra a covid e estamos muito orgulhosos disso. Tudo estava para dar errado. Nós tínhamos muitas famílias vivendo em uma área apertada. E as pessoas diziam que muita gente morreria. Agora, estamos salvando muitos e inspirando outras pessoas no Brasil”. Geâne anunciou para março de 2021 a previsão de lançamento da ferramenta FIC para as cooperativas brasileiras. Tchering aproveitou para falar como a Felicidade Nacional Bruta é medida no Butão: “É só perguntar para uma pessoa: Você está feliz? É a primeira coisa que deve considerar. E quando perguntamos para uma pessoa: Você está feliz agora? falando de uma felicidade hedonista de emoções. Já a Felicidade Interna Bruta é mais profunda. Tem a ver com a satisfação de vida, com o bem-estar amplo geral. E para medir isso temos nove categorias como eu já mencionei. Trabalhamos com uma amostra de 8.000 pessoas que passam por uma pesquisa. As respostas são analisadas pelo Centro de Estudo do Butão. Eles criam uma série de indicadores que nos dão um panorama geral da situação do Butão. O índice é de zero a um. O objetivo é verificar onde precisamos melhorar. E aí entram as políticas do governo”. Finalizando, Tchering Tobgay sugere aos jovens cooperativistas para que ouçam mais a própria consciência, a voz interior: “Nós, seres humanos, sabemos o que é certo e errado. A parte de nós que sabe o que é bom para o presente. Muitas vezes queremos acumular poder, a custo de nosso vizinho. Lá no fundo, temos a voz interna que diz o que está certo e o que está errado. A felicidade e o bem-estar precisam estar no cerne, no centro de todo benefício e de qualquer tipo de lucro de longo prazo sustentável. Por isso, o FIC é importante para o cooperativismo”, avalia o líder do Butão.
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