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Capa - WCM2020

A saúde mundial pós-pandemia

Direto do Canadá, enfrentando uma temperatura de 0 º, o especialista internacional em cooperativas, Jean-Pierre Girard, falou sobre o futuro da saúde na pós pandemia e o papel das cooperativas, não apenas as do ramo Saúde, mas qualquer tipo de cooperativa. MARKETING

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Girard deixa claro que para que haja um cenário de saúde social é necessário a atuação de diversos ramos e atividades, não apenas ligadas à Medicina.

E ele tem autoridade para falar sobre o assunto. É um A apresentadora Ana Rita conversou com o especialista em cooperativas Jean-Pierre Girard especialista no cooperativismo, tema de seus estudos por 20 anos realizados em viagens pelo mundo. Girard fala da importância das cooperativas no momento atual para a construção de uma vida saudável para os cidadãos. condição de vida sofrem mais com problemas de saúde. “Eu acho que isso não é surpresa para ninguém. Mas as pessoas que vivem em países com alto nível de desenvolvimento humano têm 19 anos a mais de expectativa “A saúde precisa ser incluída em todas as políticas, e não apenas naquelas especificamente sobre a saúde”. Jean-Pierre Girard. Girard citou o efeito da pandemia na Califórnia, onde O que é Saúde? Inicialmente, Jean-Pierre começa pela definição de Saúde. De acordo com a OMS, trata-se de um estado de completo bem-estar físico mental e social. E não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade. Em segundo, é preciso saber o que faz com que nós tenhamos Boa Saúde. De acordo com a OMS, o primeiro fator que define uma boa saúde é o constitucional, do qual não temos controle, como o nosso sexo, a nossa genética. Em segundo, vem o estilo de vida, que envolve alimentação saudável e atividades físicas. Girard lembra que no Canadá, onde mora, apenas 16% dos adultos praticam o nível mais básico de atividades físicas para otimizar sua saúde. Não é suficiente, principalmente durante a pandemia do coronavírus. O especialista recomenda a todos que incluam na programação diária uma caminhada, natação, corrida, e encarem como um investimento inteligente no seu ativo mais importante, que a sua própria saúde. Uma terceira camada importante para a construção de uma boa saúde tem a ver com redes sociais e comunitárias. “Sem dúvida esse elemento é tão importante quanto o seu estilo de vida. Você é uma pessoa solitária? Ou tem uma boa rede de contatos com seus vizinhos? Você se envolve com a sua comunidade? Você tem alguma participação das atividades comunitárias? Ou da escola do seu bairro?”, pergunta. de vida do que as pessoas que vivem em países com baixo nível de desenvolvimento humano”. A disparidade socioeconômica impacta a saúde das pessoas. Para ilustrar, o especialista inclui dados de 2016, os compara com os dados da covid-19 e os fatores de risco da doença: “Quando fazemos uma comparação com o número de óbitos por hipertensão e diabetes, que facilmente são correlacionados a cardiopatias e AVC, encontramos maus hábitos de saúde, que incluem alimentação com muito sal, muito açúcar, gorduras pouco saudáveis, a falta de atividades físicas, como por exemplo, uma caminhada todo dia, todos esses são motivos que levam a isso. Temos evidências científicas associando o tabagismo ao câncer de pulmão e outros problemas respiratórios fatais, também associados a poluição atmosférica”. Covid-19 Girard fez um paralelo entre as condições de saneamento básico e o que provocou a covid-19 no mundo todo. Em Taiwan, a pandemia foi administrada de modo a provocar apenas sete casos de morte por covid-19 numa população de milhões de habitantes. “Por outro lado, nos Estados Unidos a administração da pandemia foi um fracasso total em nível Federal e a covid-19 pode ser correlacionado com dados socioeconômicos e culturais”, disse. 85% da população de ascendência hispânica sofreu com a doença, bem como as populações afro-americanas e aborígenes, que pagam caro pelos efeitos da covid-19. Para ele, somente com uma vacina eficiente poderemos controlar a situação negativa na saúde provocada pela pandemia. Todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela ONU estão associados a saúde. O fim da pobreza, o menor desperdício de alimentos, o apoio a agricultura local, o fim do desperdício da água, a criação de oportunidades de empregos para jovens, a promoção de cidades e comunidades sustentáveis, o fim da mudança climática, a tomada de atitudes e defesa dos direitos humanos, são citadas pelo especialista em cooperativismo mundial. Concluindo, Girard fez um panorama de tudo o que influencia a saúde: “Eu não tenho dúvida alguma que todas as cooperativas podem ter um papel ativo na construção de um futuro melhor para a saúde de sua comunidade. Como cooperado, administrador ou diretor, pergunte à sua organização o que podemos fazer para melhorar a saúde global de nossa comunidade. Trabalho em direção ao desenvolvimento sustentável. É claro que as atitudes são pequenas, mas serão relevantes na construção de um mundo melhor. O cooperativismo brasileiro tem um potencial enorme e pode ser um modelo inspirador para a próxima geração com relação à saúde Mundial”.

Outros fatores determinantes para uma boa saúde são o local em que a pessoa reside, os níveis de poluição, os Caso de sucesso deu em Arroios Externos, 65 km de distância da capiriscos de segurança, o acesso ao saneamento, água potável, Jean-Pierre Girard liderou uma pesquisa mundial tal do Paraguai. Em 1975, 38 produtores de cana-deas escolas as instalações de saúde. As condições gerais socioeconômicas culturais e ambientais também são fatores de boa saúde apontados por Girard. Ele corrobora com o conceito de que um país que tem alto nível de qualidade de vida é melhor do que um país que tem uma distância muito grande entre a camada mais rica e mais pobre do país. Cooperativismo e a saúde Girard deixa claro que os sistemas de saúde representam apenas 15% do impacto da saúde de uma pessoa. “Mesmo com o melhor sistema de saúde do mundo a sua própria saúde não estará garantida”. Com a vivência de quem percorre o cooperativismo pelo mundo, Girard acredita que pessoas com nível mais baixo de POSTS FACEBOOK: 108 com cooperativas do setor de saúde em 2014. Sua equipe comparou dados de mais de 50 países. As informações foram processadas em mais de 9 idiomas. Entre eles o português. Os casos relevantes ocorreram na África e na América do Sul. Em Adis Abeba, na Etiópia, a cooperativa de cafeicultores começou a estudar os determinantes sociais da Saúde, implementando atitudes que promovesse o bem-estar da comunidade, além da criação de emprego em uma área muito pobre. Essa cooperativa utilizou parte do seu superavit para melhorar a situação de saúde de diversas pessoas. Eles financiaram 10 postos de saúde, água potável, transporte, etc. Afinal de contas, todas essas medidas acabaram melhorando a saúde da comunidade. Na América do Sul, no Paraguai, a experiência se -açúcar resolveram criar uma cooperativa. Ao longo do tempo, decidiram assumir o controle da cadeia de valor e cortar sua dependência de um Cartel, criando uma refinaria e também um rótulo bio. A adoção do Bio como modelo de negócios não é apenas uma estratégia para atender as necessidades de um número cada vez mais de clientes. Também ajuda a proteger os seus trabalhadores das doenças provocadas pelo uso de defensivos agrícolas. A Mandovi também se certificou com o rótulo da organização Fair trade, ou seja, comércio justo. Essa cooperativa utilizou parte dos dividendos dos cooperados para melhorar o desenvolvimento da comunidade. Esse investimento na comunidade ajudou a melhorar os hábitos alimentares. O impacto foi além da geração de empregos, mas também na saúde da comunidade. 113

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BR Cooperativo l Ano 2 l Nº 7 l Fevereiro 2021 ALCANCE POSTS:

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