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MARKETING
Inovação no mundo e no mercado cooperativo
Samara Araújo, Gustavo Mendes e Maurício Benevenutti: debate sobre inovação
E
ntender o modelo de negócio das empresas e ficar atento à inovação dessas organizações é importante para o cooperativismo. Este foi o tópico dominante do bate-papo sobre Inovação no Mundo e no Mercado Cooperativo, moderado pelo cofundador da Coonecta, Gustavo Mendes, com a participação da coordenadora de Inovação do Sistema OCB, Samara Araújo, e do palestrante empreendedor e sócio da StartSe, Maurício Benevenutti. Eles lembraram que, na história da industrialização do mundo, as fábricas passaram a agentes dominantes após a Revolução Industrial. Hoje, a evolução do digital faz com que os agentes econômicos dominantes sejam a plataforma e o ecossistema de negócios. Ambos alimentam a evolução da economia digital e global. Benvenutti falou de sua experiência vivendo no Vale do Silício, e o porquê da região na Califórnia (EUA) ter se destacado nas últimas seis décadas, construindo uma parte das inovações do mundo. A lista de empresas inovadoras inclui Uber, Netflix, Tesla, HP, entre outras. “Naquela região, concentrando tantos negócios e transformando a sociedade, um ponto é muito claro para quem está no Vale do Silício: quanto mais etapas existirem entre a empresa e o seu consumidor final, mais problema. Isso representa um problema porque você não conhece esse cliente, você se distancia dele, você não sabe seus hábitos”, afirma. O desenvolvimento da tecnologia, o maior acesso ao computador, a internet, fez com que as antigas indústrias, com dez camadas a serem vencidas até chegar ao cliente final, agora estejam sendo substituídas por indústrias como apenas uma ou duas camadas.
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18 BR Cooperativo l Ano 2 l Nº 7 l Fevereiro 2021
As plataformas conectaram provedores de serviços ao cliente, diretamente. Um exemplo, as gravadoras de música. Hoje, a Spotify conecta diretamente produtora e ouvinte. “Assim,dá para ganhar muito espaço, porque elas eliminam camadas e camadas e camadas da indústria e promovem entregas, uma experiência diferente, com uma rapidez e custo menor”, conta. Perguntado se o digital concorre com o presencial, Bevenutti diz acreditar que a tecnologia potencializa o trabalho: “Acredito que o online potencializa o analógico. O cooperado que enxergar como a tecnologia pode potencializar e maximizar o resultado do que faz certamente colherá bons e excelentes frutos nos próximos anos”, defende. Aprendizado constante Samara foca no aprendizado constante. Ela explica que as cooperativas têm muito a aprender com a disrupção tecnológica e a entrada no mundo digital: “Algumas cooperativas já estão bem avançadas, outras ainda estão aprendendo, mas a gente precisa aprender todo dia, porque todo dia tem uma novidade nesse setor”. A vantagem do cooperativismo, para Samara, é o fato de o sistema já conhecer questões como o coletivo, as redes, as comunidades. “É realmente um trunfo que a gente tem. O cooperativismo já conhece muito dessa questão de coletivo. O que a gente precisa é transpor nosso conhecimento para o universo digital. Esse efeito de rede é muito desejado e é foco de todas as plataformas digitais”, conta. A oportunidade de hoje é favorável para levar o ganha-ganha do cooperativismo para dentro do mundo online. O
que a coordenadora de inovação da OCB revela que já está acontecendo: “Muita gente acha que a questão do cooperativismo de plataforma é algo que tenha que ser criado do zero. Existe sim esse potencial enorme. Mas existe um potencial gigante para cooperativas tradicionais fazerem nessa transformação. A forma como elas vão conseguir chegar a isso é aprendendo mais desse universo digital e fazendo intercooperação”, destaca. Benvenutti explica que a experimentação faz parte da característica do empreendedor, que não fica fazendo planos. Trabalha com que tem e não tem medo de falhar. Ele falou da importância da falha para a obtenção do sucesso: “Essas sucessivas experimentações vão construir um caminho para uma solução. Quando você não tem um planejamento muito sólido no horizonte muito longo, você tem que se permitir errar, falhar e aprender com os erros. E isso é muito comum no universo de vários dias das empresas de tecnologia. Quando você erra você está diante da melhor oportunidade da vida de você aprender”, diz. Samara tomou como base a fala de Maurício sobre a importância da falha, dizendo que o desafio do cooperativismo é o de encontrarmos o nosso jeito: “Para mim, o futuro do cooperativismo de plataforma é a gente conseguir encontrar o nosso jeito. Não vamos copiar Uber, Amazon. A gente não vai porque se a gente fizer isso a gente não vai dar certo. Porque o modelo de negócio é completamente diferente. E para a gente conseguir encontrar o nosso modelo de fazer as coisas a gente precisa experimentar, colocar a mão na massa. Cabe a cada cooperativa encontrar o caminho”, finaliza Samara.
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