Jongo e educação: a construção de uma identidade quilombola a partir de saberes étnico-culturais do

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2.2 Comunidade quilombola de Santa Rita do Bracuí: o protagonismo de uma comunidade de resistência jongueira Chega e chora, o canário chega e chora, quando a fruteira é murcha o canário chega e chora (Ponto improvisado em uma roda de jongo no Bracuí narrada por Seu Zé Adriano) O segundo ponto do desenho do campo é a apresentação da comunidade pesquisada e sua relação com o jongo. Santa Rita do Bracuí é o nome de uma comunidade remanescente de quilombo, situada na região Sul Fluminense, no município de Angra dos Reis. Com a abolição da escravatura, os descendentes de

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escravos permaneceram nas terras da Fazenda Santa Rita, que foram doadas a eles formalmente pelo fazendeiro Comendador José de Souza Breves, por meio do seu testamento, elaborado onze anos antes do fim da escravidão, em 1877. Não há um consenso sobre dados quantitativos a respeito dessa população. Nem mesmo o laudo e/ou o relatório antropológico (Bragatto, 1999; Mattos et al., 2009), sobre os quais nos debruçamos, fornecem informações sobre o número de famílias que atualmente ocupam a área, tampouco sobre o tamanho do território, uma vez que muitas terras foram perdidas devido a conflitos fundiários que vem assolando a comunidade. Tem-se a informação de que muitas famílias foram pressionadas a abandonar ou vender suas terras, recebendo pequenas indenizações. Outras optaram por vendê-las por conta própria, por vezes informalmente e sem a legalidade própria que a ação de compra e venda sugere. Uma das lideranças locais afirma que o número de famílias do quilombo de Bracuí gira em torno de 380, número este que foi contabilizado por um censo realizado pelos próprios moradores. Entretanto, essa informação é repassada com a ressalva de que tal número pode ser ainda superior, já que algumas famílias, apesar de não morarem mais no quilombo, têm também direito à terra. Logo, essa imprecisão quanto aos que não mais estão no território pode ter gerado um valor subestimado durante a pesquisa por eles realizada. Nesse panorama, prolifera a presença dos chamados “imigrantes” - categoria criada pelos quilombolas para designar pessoas “de fora” que vivem ou possuem


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6.2. Na escola não se aprende a ser quilombola

50min
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Figura 13 - Localização da E. M. Áurea Pires da Gama

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pages 174-175

6.1. A escola no quilombo de Santa Rita do Bracuí

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5.4. Corporalidade e memória corporal

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6. Jongo e educação escolar quilombola: alguns diálogos

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dia da festa de Santa Rita

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corporalidade

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não identificada

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5.2. Por uma antropologia da dança

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5.1. O corpo sob enfoques antropológicos

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4.2. “Dá licença galo velho, pinto novo quer saravar”

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5. O corpo no/do jongo

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4.3. “O jongo é de apresentação, não é mais de divertimento”

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4.1. “Se você é bom decifra o que eu quero te dizer”

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3.2. O nascimento do projeto “Pelos Caminhos do Jongo”

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4. Entre a tradição e a modernidade

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Figura 8 - Délcio Bernardo

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Figura 7 - Rota de deslocamento

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3.1. A história de vida de uma importante liderança jongueira

9min
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2.5. Breve aporte ao debate sobre uma Educação Quilombola

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3. O reavivamento do jongo

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protagonismo de uma comunidade de resistência jongueira

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visibilidade política no movimento quilombola Sul Fluminense

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2.4. O jongo na educação: pesquisas em foco

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Figura 6 - Jongueiros reunidos na sede da Arquisabra

12min
pages 61-67

1. Introdução

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3. As performances no jongo: espaço para a emergência da

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pages 5-14

Figura 1 - Mapa que localiza o quilombo de Santa Rita do Bracuí

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