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PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0913511/CA
Figura 13. Localização da E. M. Áurea Pires da Gama
Apesar de localizada no território quilombola, curiosamente, esta não é classificada pelo censo escolar como escola quilombola. Mesmo compreendendo que a simples classificação atribuída pela direção escolar não “implica a existência de qualquer diferenciação na sua forma física, nos métodos pedagógicos, na sua gestão, na composição e formação dos seus professores ou nos materiais didáticos utilizados” (Arruti, 2010 p. 8), entendemos que há um problema político e/ou de desconhecimento por parte dos gestores no tocante à correta forma de classificar as escolas localizadas nesses territórios étnicos51. Trazemos abaixo a fala de uma das gestoras da Secretaria Municipal de Educação de Angra dos Reis, em sua palestra proferida no Seminário Panorama Quilombola, realizado no ano de 2009, na PUC-RIO, que demonstra o desconhecimento sobre a questão quilombola e a classificação das escolas
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A Escola Municipal de Campinho, localizada no território do quilombo Campinho da Independência, também não é classificada como escola quilombola no censo escolar, e sim como escola rural. Tal fato corrobora, no mínimo, para a reflexão sobre uma resistência por parte dos gestores e das Secretarias de Educação em aceitar e legitimar uma política educacional que contemple as demandas de uma “educação diferenciada,” colocada pelo movimento quilombola e assegurada por legislação específica, voltada para os seus costumes, saberes tradicionais e modos de vida. No contexto desta comunidade, tivemos oportunidade de entrevistar uma das gestoras que trabalha dentro da Secretaria Municipal de Educação de Paraty. Fica evidente que há uma enfática recusa política em classificar a escola como quilombola, o que é justificado pelo fato desta atender também alunos não quilombolas. A referida gestora não compreende e não concorda com a demanda da comunidade de Campinho por uma escola quilombola.