Jongo e educação: a construção de uma identidade quilombola a partir de saberes étnico-culturais do

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mesma. A atenção dos que estavam de fora era grande para com o jongo. Alguns se aproximaram e fortaleceram a roda, batendo palmas, já outros apenas observaram com olhares atentos. Inferimos, a partir da descrição etnográfica aqui apresentada, que a categoria jongo de apresentação nada mais é que o jongo do Bracuí, que pode ser assistido atualmente em seu próprio território - em datas festivas, como o dia da padroeira Santa Rita, ou no formato próximo do que vem sendo feito em Campinho da Independência, denominado de turismo étnico-ecológico

49

- assim

como pode ser assistido em espaços externos ao quilombo. 5.4 Corporalidade e memória corporal

PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0913511/CA

Chegamos até aqui com alguns elementos que nos trouxeram subsídios para uma reflexão em torno do jongo como prática corporal/cultural. Esta, enquanto uma dança coletiva, expressa uma corporalidade sobre o meio no qual está inserida, o que pode ser observado por meio da performance, que ocupa um lugar central na reprodução da tradição. Portanto, pretendemos abordar, nesse momento, a relevância da memória em torno de uma tradição em Bracuí para a construção de um discurso histórico sobre sua condição étnica, bem como o fortalecimento desta identidade. Partindo do princípio de que a memória é a principal responsável por instituir um discurso histórico comum sobre a origem e a formação de grupos étnicos, discurso este imprescindível, no caso dos quilombolas, ao longo do processo de regularização fundiária por parte das instituições responsáveis principalmente nas fases iniciais de reconhecimento e certificação - tomamos como foco os suportes materiais para sua transmissão. Quais são os meios pelos quais a memória pode ser transmitida? Para responder a esta questão, remetemo-nos, mais uma vez, ao exercício feito por Peter Burke (1992), que pretendeu sistematizar alguns possíveis suportes 49

Percebemos que a comunidade de Bracuí vem refletindo, ainda de forma incipiente, mesmo que o jongo já tenha entrado nesse circuito, sobre a possibilidade de turistificação cultural e patrimonial de alguns dos seus saberes tradicionais, assim como de seus patrimônios naturais. Utilizando-se de ruínas ainda presentes no território da comunidade, eles vêm pensando na criação de um museu a céu aberto, que contemple sua história e memória.


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6.2. Na escola não se aprende a ser quilombola

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pages 176-210

Figura 13 - Localização da E. M. Áurea Pires da Gama

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pages 174-175

6.1. A escola no quilombo de Santa Rita do Bracuí

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5.4. Corporalidade e memória corporal

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dia da festa de Santa Rita

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corporalidade

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não identificada

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3.2. O nascimento do projeto “Pelos Caminhos do Jongo”

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4. Entre a tradição e a modernidade

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Figura 8 - Délcio Bernardo

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3.1. A história de vida de uma importante liderança jongueira

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protagonismo de uma comunidade de resistência jongueira

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visibilidade política no movimento quilombola Sul Fluminense

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1. Introdução

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3. As performances no jongo: espaço para a emergência da

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Figura 1 - Mapa que localiza o quilombo de Santa Rita do Bracuí

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