Jongo e educação: a construção de uma identidade quilombola a partir de saberes étnico-culturais do

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enfoque permite uma análise acerca dos processos de sistematização no que tangem a sua transmissão e apreensão, o que nos leva a crer que a corporalidade, não apenas aquela referente ao jongo, é um elemento presente e socialmente valorizado no âmbito da chamada educação/formação quilombola. Sendo assim, através do estudo da corporalidade do jongo, será possível analisarmos a coletividade na qual ela se insere, assim como a formação e manutenção de suas identidades. Mas, para além disso, pensar na corporalidade expressa por meio do jongo, traz-nos uma possibilidade de reflexão acerca da corporalidade afro-brasileira como conteúdo pedagógico, principalmente no que tange à Lei 10.639/2003, ou, de outro prisma, de refletirmos sobre uma “educação diferenciada” que remeta à corporalidade, valorizando-a enquanto conteúdo político-pedagógico, que pode vir a trazer particularidade às práticas educativas

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vinculadas à formação e valorização da identidade étnica. Mas, sobre estes últimos aspectos citados, que envolvem a relação do jongo com uma educação para as relações étnicorraciais ou com uma “educação diferenciada” para comunidades quilombolas, discorreremos, mais detalhadamente, no próximo capítulo. 5.2 Por uma antropologia da dança Neste subcapítulo nos debruçaremos sobre algumas pesquisas etnográficas realizadas no campo da antropologia da dança. Este, apesar de não configurar uma linha de estudos consolidada na antropologia, traz-nos subsídios importantes para pensarmos o caso do jongo. Aliado aos estudos da performance, que serão abordados, mais detalhadamente, no item 5.3, tais pesquisas nos auxiliam no processo de análise descritiva da prática do jongo. Dentre algumas das questões que emergem da leitura deste conjunto de trabalhos que abordam a temática da dança sob o viés da antropologia, destacamos os seguintes: a dança é um elemento sempre coletivo - e nunca individual - e, portanto, assume função social específica de acordo com o contexto cultural no qual se insere; os processos de transmissão e apreensão da dança, ocorridos respectivamente das gerações mais velhas para as gerações mais novas, , concretizam-se por meio da inserção propriamente dita destas últimas em sua


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6.2. Na escola não se aprende a ser quilombola

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Figura 13 - Localização da E. M. Áurea Pires da Gama

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3.2. O nascimento do projeto “Pelos Caminhos do Jongo”

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4. Entre a tradição e a modernidade

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Figura 8 - Délcio Bernardo

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protagonismo de uma comunidade de resistência jongueira

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visibilidade política no movimento quilombola Sul Fluminense

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2.4. O jongo na educação: pesquisas em foco

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Figura 6 - Jongueiros reunidos na sede da Arquisabra

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1. Introdução

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Figura 1 - Mapa que localiza o quilombo de Santa Rita do Bracuí

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