Jongo e educação: a construção de uma identidade quilombola a partir de saberes étnico-culturais do

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Por último, finalizamos este capítulo no item 5.4 buscando promover uma breve análise entre a prática cultural/corporal e a luta pelo reconhecimento e, portanto, pelo território, promovida pelo movimento quilombola jongueiro de Bracuí. Faremos aqui uma análise com ênfase nos conceitos de corporalidade e memória corporal no processo de subjetivação e construção da identidade quilombola na comunidade, assim como no discurso sobre sua formação histórica. 5.1 O corpo sob enfoques antropológicos Nosso objetivo aqui é trazer uma abordagem antropológica sobre o corpo enquanto instrumento privilegiado e representativo em pesquisas no campo das ciências humanas e sociais.

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“O corpo é revelador de sociedades inteiras” (Soares, 2001, p. 1). Neste contexto, percebemos o corpo como espaço no qual se produz linguagem e existência no mundo. Como nos lembra Morin (1973), desde o nascimento, todo o indivíduo começa a receber a herança cultural, que determina sua formação, sua orientação e seu desenvolvimento enquanto ser social, o que ocorre também em função dos padrões corporais a serem seguidos. Se levarmos em consideração que as práticas culturais expressam-se por gestos, não podemos esquecer que esta linguagem é, ao mesmo tempo, orgânica, cultural, social, e que instaura também uma forma de comunicar. “Os gestos são considerados um sistema comunicativo, e obedecem a regras e normas preconizadas pela cultura vigente” (Mendes, 2002). Segundo Braunstein e Pépin (1999), o corpo não se revela apenas enquanto componente de elementos orgânicos, mas também como fato social, psicológico, cultural e religioso. Sua subjetividade está sempre produzindo sentidos que representam, diferenciadamente, sua cultura, desejos, paixões, afetos, emoções, enfim, o seu mundo simbólico. Além dos aspectos culturais, sociais, psicológicos e religiosos relacionados ao corpo, a noção de historicidade não pode ser descartada. Nenhuma comunidade, sociedade ou grupo nasceu pulando, saltando, arremessando, jogando ou jongando. Cada uma destas práticas corporais foi construída de acordo com determinada época histórica, como respostas a certos estímulos, desafios, ou necessidades (Coletivo de autores, 1992).


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6.2. Na escola não se aprende a ser quilombola

50min
pages 176-210

Figura 13 - Localização da E. M. Áurea Pires da Gama

3min
pages 174-175

6.1. A escola no quilombo de Santa Rita do Bracuí

1min
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5.4. Corporalidade e memória corporal

6min
pages 167-170

6. Jongo e educação escolar quilombola: alguns diálogos

3min
pages 171-172

dia da festa de Santa Rita

1min
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corporalidade

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pages 156-161

não identificada

5min
pages 163-165

5.2. Por uma antropologia da dança

11min
pages 150-155

5.1. O corpo sob enfoques antropológicos

11min
pages 144-149

4.2. “Dá licença galo velho, pinto novo quer saravar”

12min
pages 127-132

5. O corpo no/do jongo

5min
pages 141-143

4.3. “O jongo é de apresentação, não é mais de divertimento”

14min
pages 133-140

4.1. “Se você é bom decifra o que eu quero te dizer”

10min
pages 122-126

3.2. O nascimento do projeto “Pelos Caminhos do Jongo”

15min
pages 110-118

4. Entre a tradição e a modernidade

5min
pages 119-121

Figura 8 - Délcio Bernardo

1min
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Figura 7 - Rota de deslocamento

29min
pages 94-108

3.1. A história de vida de uma importante liderança jongueira

9min
pages 89-93

2.5. Breve aporte ao debate sobre uma Educação Quilombola

8min
pages 78-82

3. O reavivamento do jongo

11min
pages 83-88

protagonismo de uma comunidade de resistência jongueira

1min
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visibilidade política no movimento quilombola Sul Fluminense

29min
pages 45-60

2.4. O jongo na educação: pesquisas em foco

18min
pages 68-77

Figura 6 - Jongueiros reunidos na sede da Arquisabra

12min
pages 61-67

1. Introdução

14min
pages 15-22

3. As performances no jongo: espaço para a emergência da

9min
pages 5-14

Figura 1 - Mapa que localiza o quilombo de Santa Rita do Bracuí

1min
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