Jongo e educação: a construção de uma identidade quilombola a partir de saberes étnico-culturais do

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(Montero, Arruti, Pompa, 2009). O que importa, em nosso caso, é a compreensão dos modos de produção e operação de sentido do discurso e da apropriação local criados em torno do jongo: uma mediação que é pensada como um campo de produção de significados, trabalhada na constituição dos próprios agentes. O próximo passo, portanto, é a descrição do nascimento de um projeto educativo não formal em Bracuí, que teve como principal objetivo, e também mérito, trazer as crianças e jovens para o jongo, de forma que eles se voltassem para o interior de sua comunidade, adentrando a luta por reconhecimento e, consequentemente, pelo território. Entretanto, tal luta passa a ser redimensionada por meio do fortalecimento de sua identidade enquanto remanescentes de quilombo que, enquanto tal, detém uma “especificidade cultural” chamada jongo. É nesse sentido que se torna relevante descrevermos o nascimento do projeto

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descrito anteriormente, já que este introduz o público jovem na temática de luta e regularização fundiária à qual a população quilombola, em geral, é submetida. 3.2 O nascimento do projeto “Pelos caminhos do jongo” Se o reavivamento do jongo em Bracuí ocorreu inicialmente através de uma iniciativa informal de retomá-lo com pequenas rodas no galpão da Igreja, organizadas pelo Délcio e pelos velhos jongueiros da comunidade, sua apropriação por parte das crianças e jovens ocorreu, principalmente, a partir do projeto “Pelos caminhos do jongo”. A implementação desse projeto trouxe uma gama de responsabilidades para os jovens quilombolas que, além da identidade jongueira, passaram a assumir um diálogo direto com o poder público através da visibilidade permitida pela prática do jongo. Mas, antes de chegarmos a ele, cabe descrevermos brevemente o percurso que o originou. Como já descrito anteriormente, o primeiro passo para reconstruir o jongo na comunidade e torná-lo um instrumento de mediação externa foi dado por Délcio Bernardo. Ainda que isso só tenha sido possível devido ao reconhecimento de Bracuí enquanto uma comunidade de resistência jongueira, o protagonismo da iniciativa de Délcio é confirmado por nós sob dois vieses diferenciados: o primeiro é pela fala do próprio educador popular, com o qual fizemos duas longas entrevistas em profundidade; já o segundo é pela fala dos jongueiros mais antigos


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6.2. Na escola não se aprende a ser quilombola

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Figura 13 - Localização da E. M. Áurea Pires da Gama

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3.2. O nascimento do projeto “Pelos Caminhos do Jongo”

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4. Entre a tradição e a modernidade

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Figura 8 - Délcio Bernardo

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Figura 7 - Rota de deslocamento

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3.1. A história de vida de uma importante liderança jongueira

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2.5. Breve aporte ao debate sobre uma Educação Quilombola

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3. O reavivamento do jongo

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protagonismo de uma comunidade de resistência jongueira

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visibilidade política no movimento quilombola Sul Fluminense

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2.4. O jongo na educação: pesquisas em foco

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Figura 6 - Jongueiros reunidos na sede da Arquisabra

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1. Introdução

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3. As performances no jongo: espaço para a emergência da

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Figura 1 - Mapa que localiza o quilombo de Santa Rita do Bracuí

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