Revista CDM Digital #34

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ano 12 - edição 34 dezembro de 2014

Índio quer universidade

Instituições de nível superior ainda não estão preparadas para receber os indígenas paranaenses nas salas de aula

revista corpo da matéria CURSO DE JORNALISMO PUCPR

Corpo da matéria

Ano 12 - Edição 34 - Dezembro de 2014

Revista Laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR

Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 Prado Velho, Curitiba PR

REITOR

Waldemiro Gremski

DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli

COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes

COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes

COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL Paulo Camargo (DRT-PR 2569)

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade

MONITORIA Carolina Mildemberger

Alunos - 5º Período Jornalismo PUCPR

Amanda Lopes Ribeiro, Andressa Paola Elesbao, Crislaine Franco da Rocha, Debora Helena Dutra Ferreira, Eduardo Manoel Nogueira Soares de Souza, Evelise Kruger Muncinelli, Everton Luis Almeida de Lima, Fernanda Bertonha, Franceslly dos Santos Catozzo, Geane Godois Leite, Giovanna Kasezmark dos Santos, Glaucia Inocência Périco, Isabel Maria dos Santos, Jaderson de Almeida Policante, Jeslayne Magalhães Valente, Leonardo Ferreira Fonseca de Siqueira, Marcio Luis Galan Junior, Monica dos Santos Seolim, Pedro Luiz de Almeida, Priscila Tobler Murr, Raphaela Pechini Viscardi, Renata Fernandes Valente, Thamiris Thibes Mottin, Thiago Miotto Vilas Bôas, Victor Hugo Mendes dos Santos, Victor Lucio Waiss

Imagem de capa: Victor Lucio Waiss - 5ºP Jornalismo

2 Revista CDM Jornalismo PUCPR
Jornalismo PUCPR Revista CDM 3 SOCIEDADE
Da aldeia, à universidade 4 CIDADES Eles preferem a canaleta 12 TECNOLOGIA Giz desprezado 18 ECONOMIA Jeanswear 20 SAÚDE Você conhece ELA? 22 O caminho dos sonhos 28 CULTURA Da rua para o shopping 32 A voz do Paraná 34 ESPORTE Punhobol 36

Da aldeia, à universidade

Índios paranaenses possuem reserva de vagas em universidades públicas do estado, mas ainda têm dificudade para se formar

“A

vistamos homens que andavam pela praia (…) Pardos, nus, sem coisa alguma que cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos e suas setas. (...) Mas não pude deles, saber fala nem entendimento que aproveitasse.” Este é um trecho da carta que Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei Ma nuel de Portugal, para descrever suas percep ções sobre a recém-descoberta terra, que, mais tarde, viria a se tornar o Brasil. Tantos séculos depois, fica claro que, quando o assunto é a população indígena, grande parte das pessoas sabe tão pouco quanto Caminha. Por algum motivo, o brasileiro não estuda, ou

não se interessa, pela cultura dos índios. Os mais de 800 mil indígenas brasileiros e 26 mil índios paranaenses passam despercebido pelos olhos da maioria das pessoas, mas já estão ocu pando outros espaços além das aldeias.

As terras do Paraná abrigam indígenas das etnias guarani, caingangue e xetá, com 40% deles vivendo em aldeias ou terras demarcadas. Alguns desses indivíduos resolveram enfrentar as dificuldades e ingressar no ensino superior, principalmente com o objetivo de ajudar suas comunidades e famílias, além de aumentar o nível intelectual e ingressar no mercado de trabalho.

Professora dá aula do idioma caingangue para crianças da aldeia Kakané Porã.

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Texto: Everton Lima e Franceslly Catozzo Fotos: Victor Waiss
Jornalismo PUCPR Revista CDM 5 sociedade

A questão no Paraná

No ano de 2001, a Câmara Legislativa do Paraná definiu a Lei 13.134, que garante ao estudante indígena o acesso ao ensino superior em todas as universidades estaduais, mais a Universidade Federal do Paraná (UFPR). O estado foi o primeiro no Brasil a instituir po líticas afirmativas étnico-raciais na legislação, exigindo que vagas suplementares fossem reser vadas para indígenas de comunidades parana enses, assim surgindo o Vestibular Indígena do Paraná. Entretanto, o ingresso ao ensino superior não é o único problema enfrentado pelos indígenas.

A evasão dos indígenas é considerada alta, já que, das pessoas que ocuparam as 460 vagas oferecidas desde o primeiro Vestibular Indíge na, em 2002, somente 38 se formaram. Isso trouxe a necessidade de um acom panhamento que só se firmou em 2006, com a criação da Comissão Universidade para os Índios (CUIA), composta por professores que auxiliam esses estudantes.

O vice-presidente estadual da CUIA e coorde nador da comissão na Universidade Estadual de Londrina, Wagner Amaral, fez uma pesqui sa e aponta algumas dificuldades que levam ao abandono do curso, entre elas, a discri minação. “Existe um preconceito de outros para com eles e também um autopreconceito. Muito se sentem inferiorizados, invisíveis e que não são percebidos dentro da universidade.”

Caciporé Jorge Correia de Lima, 65 anos, é pajé da aldeia Kakané Porã, em Curitiba, pertencente a etnia caingangue. Ele conseguiu

uma vaga na Faculdade de Artes do Paraná (FAP), no curso de Teatro, por meio do vestibular comum. Ele conta que sofre por ser indígena. “Estou tendo muita discriminação dentro da faculdade. Quando eu vou fazer alguma performance no teatro, sempre valo rizo a minha cultura e eles não deixam. Que rem fazer a cultura dos gregos e dos romanos, mas quando se fala na cultura indígena, ela é afastada.”

Vinda de um povo considerado guerreiro, Sandra Terena, 30 anos, se formou com auxílio de uma bolsa da Fundação Nacional do Índio (Funai). Possui graduação em Jornalismo pela

eu vou fazer

Universidade Positivo e pós em Comunicação Audiovisual pela PUCPR, em Curitiba, sendo autora de um premiado documentário sobre os povos indígenas.

Ela defende a escolaridade a nível superior dos índios e diz que isso ajuda a garantir mais direitos. “O indígena usava muito a ferramenta de guerra. Hoje em dia, a luta é com a caneta. Se vocêwnão souber falar, escrever um bom texto ou articular um bom discurso, como você vai reivindicar o que você precisa?”.

Sandra também enfrentou problemas financei ros e dificuldades com o deslocamento, já que pegava cinco ônibus para chegar até a universidade. Atualmente, o enfrentamento de tudo isso valeu a pena. “Hoje me sinto realizada.”

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“Quando
alguma performance no teatro, sempre valorizo a minha cultura e eles não deixam”.
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“O indígena usava muito a ferramenta de guerra. Hoje em dia, a luta é com a caneta.”

Onde estão os estudantes indígenas

Distribuídos em oito universidades no Paraná, os alunos precisaram comprovar a sua origem indígena para se matricularem, mas inicar o curso não significa que ele será concluído.

O mapa revela a proporção de estudantes que ingressaram no curso em 2013, por meio do Vesti bular Indígena, mostrando os que evadiram e concluíram a graduação no mesmo ano.

* Dados do Relatório Estudantes Indígenas IES Públicas Paraná 2010-2014 e da coordenação das universidades. *UNESPAR não possui dados, pois seu pri meiro vestibular será em 2014.

Concluintes

Evadidos Outros (Ainda matriculados ou trancados)

Sede do XIV Vestibular Indígena inscrições vão até o dia 24 de outubro, dias 18 e 19 de dezembro no campus Guarapuava.

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sociedade
11 1 3 UEM 33 Unioeste Unicentro 20 Única universidade ano de preparação começarem o curso

universidade do estado a oferecer um preparação antes dos indígenas curso superior.

Indígena do Paraná 2015. As outubro, com provas nos campus Cedeteg de

Os cursos mais procurados na universidade são Pedagogia, Educação Física e Administração.

w

A UFPR oferece vagas pelo Vestibular Indígena e pelas co tas federais. No ano de 2014, 51 alunos estavam matriculados, mas a instituição não oferece números de evasão ou ingresso.

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6 1 26 13 15 28 1 4 UEL 33 UEPG UENP UFPR 51

As principais dificuldades do indígena na universidade, segundo o professor Wagner Amaral

Limite da escolarização básica: muitos desses indígenas vêm de escolas públi cas ou escolas da própria aldeia, que não preparam os estudantes para o ensi no superior. Em nível nacional, as escolas indígenas mostraram baixo aproveitamento, de acordo com o Ministério da Educação (MEC).

3. 5.

Deslocamento: a distância en tre a aldeia e as universidades é também um empecilho na hora de cursar o ensino superior. Muitos se deslocam de cidades vizinhas para as sistir às aulas. Língua portuguesa: as etnias presentes no Paraná podem se comunicar com as línguas guarani, caingangue e xetá, mas o que prevalece nas aulas é o português. Se o indígena não conhece a língua, ele não acompanha as aula.

2. 6.

Timidez: como não se sentem tão à vontade, alguns indígenas podem se tornar mais tímidos, o que atrapalha na retirada de dúvidas com o professor e na apresentação de traba lhos e seminários.

4.

Preconceito: pode vir dos outros ou dele próprio.

Financeiro: indígenas têm direito a bolsa de R$ 633 para continuar na universidade e R$ 949, caso tenham a guarda de um filho, mas a CUIA entende que essa quantia é ainda insufi ciente, já que muitos têm família e acabam ajudando na aldeia.

Informática: apesar de muitos jovens indígenas se comuni carem de maneira virtual, isso não significa que dominem ferramen tas tecnológicas. Eles podem ter difi culdades com o word e power point, por exemplo.

Descoberta da juventude: para algumas comunidades indígenas, não existe o jovem, mas a criança e o adulto. Os indígenas começam a ir para a universidade novos e já com filhos e descobrem a balada, as grifes, o shopping e o boteco. Acon tece uma crise, porque ele é jovem na cidade, mas tem uma família constituída na aldeia.

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1. 8.
7.

Ajudando na aldeia

Muitos dos indígenas que ingressam no ensino superior escolhem os cursos pensando no que podem ajudar dentro da aldeia. Sandra Terena usou seu conhecimento para ajudar na comunidade, e hoje é presidente da ONG Aldeia Brasil, que luta pelo direito dos indígenas e dá mais voz a seu povo. Já o pajé Caciporé tem o objetivo de levar o teatro até a aldeia, valori zando mais a sua cultura.

A estudante do ensino médio Fernanda Vargas Lima, 16 anos, é caingangue e já pensa em seu futuro e no das pessoas que vivem ao seu redor. A jovem quer fazer o curso de Agro nomia para ajudar seu povo e, este ano, fará o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para treinar para o vestibular.

A maior parte dos matriculados na universi dade, que hoje somam 196 estudantes, prefere a área da educação ou da saúde, onde podem trabalhar em conjunto com a comunidade em escolas indígenas e unidades de saúde próxi mas às aldeias.

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Sandra Terena: Reprodução Fernanda Vargas Lima Caciporé Jorge Correia de Lima

Eles preferem a canaleta

Eduardo Souza, Jaderson Policante, Marcio Galan Na falta de ciclovias em condições de uso, ciclistas dizem preferir utilizar as vias exclusivas de ônibus ao invés de faixas para bicicletas

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Se você anda de ônibus, possivelmente já deve estar cansado de ver bicicletas tran sitando em vias exclusivas para ônibus. Desde o horário mais tranquilo, até o mais movimen tado, lá estão ciclistas passeando pelas chamadas canaletas. Embora seja comum, a ação é ilegal e divide opiniões.

Para quem anda de ônibus, ver o motorista freando a cada vez que precisa desviar de al gum ciclista é sempre um susto, como conta a aposentada Marisa Lenz. “Acho um abuso por parte deles [os ciclistas]. Não percebem que quem mais tem a perder com essa teimosia são eles mesmos. O lugar deles é na ciclovia!”, diz. Marisa tem seu argumento respaldado pelos decretos n.° 696/95 e n.° 759/95, em vigor desde 1995, durante a gestão do então prefeito Rafael Greca (na época, pelo PFL), que proí bem o compartilhamento das canaletas pelas bicicletas.

Quando os decretos entraram em vigor, um acidente fatal com um garoto de 10 anos que pegava “rabeira” em um biarticulado chocou a opinião pública. Ainda hoje, não é raro ver quem se arrisque praticando a mesma “brinca deira”.

Segundo dados do Comitê de Análise de Aci dentes de Trânsito, nos últimos quatro anos, pelo menos um ciclista morreu por mês nas ruas de Curitiba e região. Em 2013, foram 14 mortes. Embora não haja um número exato de quantos acidentes ocorreram em canaletas, dados do Batalhão da Polícia de Trânsito mos tram que os três cruzamentos mais perigosos da cidade são cortados por linhas do expresso biarticulado – localizados nas avenidas Mare chal Floriano, Sete de Setembro e República

Argentina. Juntos, registraram 55 acidentes no ano passado.

Mesmo nas vias compartilhadas flagrantes de imprudência: Ciclista na contramão e pai carregando o filho sem os equipamentos de segurança.

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Crédito: Marcio Galan
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nutos pela Se pela corro mais de pelado que naleta. canaleta é mais seguro!” Felipe Ribeiro, estudante.
Crédito: Marcio Galan
“Demoro

Mais seguro

De fato, o lugar ideal para o ciclista é a ciclovia. No entanto, ainda hoje, nem todas as grandes cidades as comportam. No caso de Curitiba, os espaços destina dos às bicicletas ainda são limitados, e a grande maioria das avenidas da cidade não oferece um espaço exclusivo para esse meio alternativo de transporte. Na falta delas, o Código de Trânsito Bra sileiro aconselha que os ciclistas utilizem a rua, dividindo o espaço com os carros. É um direito assegurado para os ciclistas. No entanto, muitos ciclistas se sentem mais seguros na canaleta, como é o caso do estudante Felipe Ribeiro. Ele costuma utilizar as faixas de ônibus mesmo quan do há ciclovias paralelas. “Demoro dez minutos a mais pela ciclovia. Se eu vou pela rua, corro muito mais risco de ser atropelado do que pela canaleta. Uso a canaleta porque é mais seguro!”

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Crédito: Eduardo Souza
“Demoro dez minutos a mais pela ciclovia. Se eu vou pela rua, corro muito mais risco de ser atropelado do que pela canaleta. Uso a canaleta porque seguro!” estudante.

Reformulação

Além de terem poucas opções, os ciclistas sofrem com a qualidade das ciclovias de Curitiba. “Não existe motivo para andar pelas ciclovias, do jeito que elas estão. Você anda e treme por causa das raízes, entorta o aro devi do aos buracos, perde tempo porque as pessoas

andam nela. Aliás, os únicos que gostam das ciclovias são os pedestres, pois as calçadas con seguem ser ainda piores”, completou Felipe. A Prefeitura de Curitiba, por sua vez, quer mu dar esse quadro e tornar a bicicleta um meio viável e atrativo para a população. Proposta de campanha do atual prefeito Gustavo Fruet (PDT), o Plano Diretor Cicloviário de Curi tiba previa a reformulação das ciclovias ainda hoje existentes e a criação de novos espaços dedicados ao ciclista, estendendo a malha cicloviária para 300 km.

Passados dois anos, o projeto começou a sair do papel no início deste ano, quando a Ave nida Sete de Setembro foi transformada na primeira via calma da cidade – carros e bici cletas compartilham a via, sendo a velocidade máxima permitida limitada a 30 km/h. Outra obra que já foi iniciada foi o do Parque de Bolso do Ciclista, que situado num pequeno espaço entre as ruas São Francisco e Presidente Faria, tem como objetivo servir de ponto de encontro para o cicloativismo.

O plano prevê a criação de 90 km de ciclor rotas, 80 km de vias calmas e 130 km de vias cicláveis (entre ciclovias, ciclofaixas e passeios compartilhados entre pedestres e ciclistas). Também há um decreto, em fase final de elaboração, que irá assegurar 5% das áreas de estacionamento em prédios residenciais e comerciais para ciclistas e motociclistas. Ainda segundo o documento, “o Plano Diretor Cicloviário de Curitiba deverá ser implantado até o final da atual gestão do prefeito Gustavo Fruet, não depende de legislação complemen tar e tampouco de aprovação pela Câmara Municipal”.

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Crédito: Marcio Galan

PEDALANDO COM SEGURANÇA

Professor junta filosofia e ciclismo para melhorar a vida no trânsito

O professor de Filosofia Eduardo Emmerick abriu mão das “pedaladas” entre amigos em busca de algo maior: ajudar quem queria co meçar a pedalar. O Bike Curitiba deu certo: a página no Facebook já conta com mais de três mil seguidores e o projeto conta com even tos semanais para todos os ciclistas, desde os iniciantes até quem tem mais experiência no pedal.

Tudo começou em 2010. Emmerick e alguns amigos saíram pelas ruas de Curitiba pelo prazer de pedalar. O grupo chegou a ter quase 500 pessoas. “Começamos com uma roda de amigos. Amigos de amigos foram se juntando e o grupo aumentou. Mas eu via a necessida de de ampliar a ideia. Só que os amigos não quiseram, eles queriam um grupo fechado. Então, eu fui em busca de algo novo”, explica o professor. E foi em julho de 2012 que nasceu o Bike Curitiba.

A ideia do projeto era simples: ensinar, de maneira gratuita, quem queria aprender a pedalar de maneira correta. As aulas acontecem todos os sábados, na Praça da Espanha, no Batel, não

só para o ciclista iniciante, mas para qualquer um que queira aprender um pouco mais. Emmerick afirma que muitas pessoas não sabem pedalar, e mesmo as que pedalam com frequ ência, não receberam a educação correta. No entanto, as aulas passaram a ser apenas uma das vertentes do projeto. O grupo cresceu e os participantes queriam pedalar mais vezes durante a semana. Hoje o projeto conta com cinco eventos semanais e, aos domingos, a equipe do Bike Curitiba organiza passeios para fora da capital, com trajetos que já incluíram a Ilha do Mel e a Colônia Witmarsum, no município de Palmeira, no interior do Estado.

O Bike Escola Curitiba acontece semanalmen te, e tem sua organização feita previamente via redes sociais. Para participar, é necessário ter mais de 15 anos de idade, comparecer com sua bicicleta, capacete e luvas (itens de segurança obrigatórios).

Para conferir a programação completa, acesse a página: www.facebook.com/bikecuritiba

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Crédito: Eduardo Emmerick

Giz desprezado

Experiências ousadas como a construção de robôs já fazem parte da metodologia de escolas

Giz em mãos, quadro negro rabiscado e alunos enfileirados. Essas são características presentes no ensino há anos, mas que já não se enquadram em todos os ambientes pedagógicos.

Novos métodos tecnológicos estão sendo implantados nas escolas de Curitiba, e os alunos beneficiados começam a conhecer a prática com apenas 5 anos. Esse é o caso da perspectiva oferecida pelo professor e diretor da LA

Leandro Augusto, professor e diretor da LA Robótica Edu cacional.

Robótica Educacional, Leandro Augusto, que ministra aulas de robótica para alunos de 5 a 11 anos.

Augusto explica que de nada adianta uma ideia revolucionária em mente, se for implan tá-la com métodos arcaicos. “Devemos reconhecer o que é realmente novo e o que é faz de conta.” Augusto desenvolveu um método capaz de somar conceitos de planejamento, matemática, física, eletrônica, informática e

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Fernanda Bertonha e Mönica Seolim
“Devemos reconhecer o que é real mente novo e o que é faz de conta”.
Crédito: Hugo Nadolny
tecnologia

mecânica para crianças a partir de 5 anos, que, na realidade, só iriam conhecer no ensino mé dio. E a intenção é clara. “Queremos alunos que aprendam com a prática para fortalecer a teoria, e é dessa forma que fazemos com que eles estejam mais preparados para as universi dades.”

Já o Colégio Internacional de Curitiba pro curou métodos avançados no que diz respeito aos programas de Web 2.0 para computado res, programas de armazenamento em nuvem e outros específicos. Para a coordenadora de Tecnologia Instrucional, Joyce Lourenço Pereira, “com a tecnologia, tornamos o conteúdo mais vivo e dinâmico, deixando a aula mais cativante e interessante para os nossos alunos”. Além disso, o conteúdo cria uma “marca digital” muito forte, o que diferencia os estudantes tanto no meio acadêmico quanto no profissional.

A aluna Luana Rocha Fiedler, de apenas 8 anos, conta que já ajudou a irmã, que está no ensino superior, a realizar uma apresentação de trabalho no Prezi, ferramenta de apresentação. “Ela precisava colocar um vídeo e se debateu com os comandos. Ai eu que acabei terminan do para ela.”

A coordenadora ainda ressalta que essa prática deve se expandir em pouco tempo. “Conforme os professores e alunos perceberem o valor da tecnologia na educação e aprendizagem, as

ideias e possibilidades de como usá-la só irão aumentar”, afirma.

Infância

A psicóloga comportamental e mestre em Educação Rosana Angst faz um alerta para esse tipo de educação. De acordo com ela, existe um padrão de maturação que deve ser respeitado, ou seja, em cada faixa etária, a criança é capaz de absorver determinados conhecimentos. “Caso o aluno não consiga aprender os conceitos passados para ela, ele pode se sentir desconfortável e ter dificulda des de aprendizagem, se esse processo não for acompanhado de perto pelo professor”, comenta.

Outro fato é que as crianças estão sendo expostas a conhecimentos tecnológicos cada vez mais cedo e, segundo ela, isso “pode ser prejudicial quando aliena a criança e a retira do convívio social. Mas quando esse conhecimento é capaz de integrar os alunos, pode ser benéfico para o convívio entre eles”.

“A infância é o momento de vida em que a criança está descobrindo o mundo”, afirma Rosana, e por esse motivo, a criança não pode ser privada das relações sociais e dos apren dizados próprios para sua idade. “Porém, se houver um equilíbrio entre os conhecimentos avançados que a criança é capaz de apreen der e a possibilidade de ter o convívio social.

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Crédito: Hugo Nadolny

JEANSWEAR

Nicho emprega 320 mil pessoas no país e gera R$ 7 bilhões
economia 20 Revista CDM Jornalismo PUCPR
Victor Hugo Reis

om certeza você tem alguma roupa em denim no seu guarda-roupa.

O jeans atravessou décadas e hoje, com 141 anos, continua sendo peça versátil na moda e motivo de aposta econômica. “A geração Coca-Cola, que tinha o jeans como marca, hoje tem 70 anos”, comenta Marcelo Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), especializado em pesquisas e análises do setor têxtil e de vestuário.

O jeanswear (tudo o que é produzido a partir do jeans, incluindo-se, claro, calças, mas tam bém biquínis, bolsas e bonés, por exemplo) emprega de forma direta 320 mil pessoas no Brasil, segundo dados do Estudo do Mercado Potencial de Jeanswear no Brasil, feito pelo Iemi. Isso significa que o setor gera tantos empregos quanto todo o sistema cooperati vista no Brasil. O valor da produção (a soma do valor de tudo o que é produzido por todos os elos da cadeia, mesmo o que fica estocado) do setor de jeanswear foi de R$ 7 bilhões em 2013, conforme o Iemi. Mas é difícil saber se isso é muito ou pouco. Então, pense que o jeanswear não é uma indústria inteira, mas apenas um segmento dentro da indústria do vestuário.

O jeanswear é o segmento que mais cresceu entre todos os artigos de vestuário (roupas em geral, meias e acessórios têxteis como bonés, luvas, lenços e echarpes) produzidos no país nos últimos anos, tanto no valor gerado como no número de peças. O segmento representou 8,1% do valor da produção da indústria de vestuário em 2013, índice que era de 6,2%

em 2009. Enquanto o valor da produção do jeanswear teve uma evolução de 74,7% entre 2009 e 2013, o setor do vestuário como um todo aumentou 31,9%. No número de peças, o ritmo foi superior a 6% ao ano no período, o que gerou uma expansão acumulada de 29% entre 2009 e 2013. “Esse crescimento superou a expansão da produção de vestuário em geral no país, que registrou expansão acumulada de 3,9% em peças, ou 1% ao ano”, comentou Prado.

Mas essa evolução na produção é reflexo direto do comportamento do mercado interno. O consumo aparente (a produção mais importa ções menos as exportações, ou seja, tudo o que é ofertado internamente) aumentou 34,7% no número de peças comercializadas, que passou de 292,7 milhões para 394,2 milhões entre 2009 e 2013. Enquanto isso, o valor gerado por esse consumo aumentou 79,7%, chegando a R$ 8,1 bilhões. Esse aumento muito maior no valor do que no número de peças indica que houve um aumento no preço médio das peças. “O mercado brasileiro é um dos três maiores do mundo”, comentou o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel.

Para 2014, as estimativas para a produção de jeanswear são de crescimento de 3,7%, en quanto que para o vestuário em geral são de alta de 2,1%. Com isso, a participação desse produto no mix geral do segmento de vestuá rio deve passar de 4,8% das peças confeccionadas para 5,9%.

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C
‘‘Mercado brasileiro é um dos tres maiores do mundo’’.

Você conhece ELA?

Celebridades e anônimos viraram um balde de gelo nas redes socias para divulgar uma doença que não tem nada de brincadeira: a Esclerose Lateral Amiotrófica

Um dos virais que mais chamaram a atenção dos internautas nos últimos meses foi o Desafio do Balde de Gelo. Nele, celebridades, tanto internacionais quanto brasileiras, assim como anônimos, gravaram vídeos tomando um banho de água com pedras de gelo e desafiaram mais três pessoas a fazerem o mesmo. Acabou passando por uma divertida brincadeira, mas o que nem todas as pessoas sabiam era que o desa fio, na verdade, fazia parte de uma campanha de arrecadação para financiar pesquisas de um tratamento mais eficaz para a Esclerose Lateral Amiotrófica.

A Esclerose Lateral Amiotrófica, também conhecida pela sigla ELA, é uma doença que ataca os neurônios motores, responsáveis pelo movimento do corpo. Com a morte desses neurônios, o cérebro não consegue mais enviar mensagens para os músculos, que, por sua vez, ao perder contato com o cérebro, começam a atrofiar. Estudos apontam que a partir do mo

mento em que o paciente apresenta o primeiro sintoma, cerca de 80% dos neurônios já estão comprometidos.

É a partir daí que a doença começa a progre dir, prejudicando músculos importantes no dia a dia de uma pessoa. Foi o que aconteceu com o cardiologista Hemerson Casado Gama.

“Eu comecei a sentir que estava perdendo a agilidade da perna esquerda durante os exercícios que eu realizava todos os dias pela manhã”, conta ele. Após uma longa jornada de diagnósticos errôneos, Gama finalmente recebeu a notícia de que estava com ELA. A partir disso, ele começou a estudar sobre a doença e viajar pelo mundo para conhecer centros que produzissem estudos científicos sobre o assunto.

De acordo com a Dra. Maria Tereza de Moraes Souza Nascimento, médica do Instituto

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Evelise Muncinelli e Pedro Almeida
“Estudos apontam que a partir do momento em que o paciente apresenta o primeiro sintoma, cerca de 80% dos neurônios já estão comprometidos”.
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de Neurologia de Curitiba, há dois padrões de sintomas dessa doença: a ELA bulbar e a ELA não-bulbar. A primeira se inicia nos músculos da face e compromete a mastigação, a deglu tição e a fala. É a mais grave, pois atinge o sistema respiratório mais rapidamente, cau sando insuficiência respiratória. Já a ELA não bulbar se apresenta em qualquer agrupamento de músculos, o que dificulta o diagnóstico porque pode ser confundida com problemas na coluna ou problemas ortopédicos. “Procu rar um especialista na fase aguda, no início da doença, é o que faz a diferença para a pessoa”, adverte a doutora.

A expectativa de vida para uma pessoa com ELA é de dois a cinco anos, mas com um tratamento ministrado oralmente, é possível estender a vida em mais três ou quatro meses. Há exceções à regra, como é o caso do físico Stephen Hawking, que convive com a doença há mais de 50 anos.

Atualmente, há estudos sobre o assunto que envolvem a robótica (com chips neurais), exo esqueletos (estruturas externas que suportam o peso e ajudam o indivíduo a se locomover) e

Fique atento!

células tronco. Há, porém, duas questões principais que abrangem os estudos com células tronco: a primeira é a segmentação dos locais em que os enxertos serão injetados e a segunda é a quantidade de fases pelas quais é necessário que o estudo passe até ser possível fazer testes em humanos. Isso sem falar no altíssimo inves timento para que isso seja disponível.

Valdemar

Curitibano, casado, pai de duas filhas, opera dor da Copel, Valdemar Maistrovics, aos 54 anos de idade, nunca imaginou que o amortecimento que sentia em um dos dedos do pé es querdo seria o indício de perdas dos neurônios motores. Foi quando as dores aumentaram e começaram as quedas que ele procurou ajuda. Ele recorreu, em princípio, a alguns ortopedis tas. Contudo, após várias sessões de fisioterapia e hidroterapia, não houve melhora. Após um ano convivendo com os sintomas, Valde mar procurou um neurologista. Foi então que recebeu seu “banho de gelo”: ele era portador da Esclerose Lateral Amiotrófica.

Stephen

“Sentir fraqueza, cansaço ou fadiga é normal, principalmente se a pessoa levar uma vida agitada e corrida. Mas caso essa pessoa comece a perceber uma fraqueza progressiva que começa em um local e depois se torna difusa, acompanhada de uma atrofia muscu lar, de diminuição de volume muscular e de fasciculação (movimen to involuntário e visível de um músculo), mas que não haja prejuízo da sensibilidade, é importante procurar um neurologista.”

Maria Tereza de Moraes, Neurologista

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Jogador sebol foi eleito da fama 1939.Teve carreira terrompida rose que doença saúde

Famoso cientista. Foi diagnosticado com a doença aos 21 anos. Com o passar do tempo, perdeu sua mobilidade, mas sem deixar suas pesquisas científicas. Comunicando-se com o auxílio de um sintetizador de voz, não deixou de contribuir com o mundo das ciências.

Jogador de Bei sebol americano, eleito para o salão fama do baisebol em 1939.Teve sua premiada carreira no esporte interrompida pela escle rose lateral amiotrófica, que ficou conhecida como doença de Lou Gehrig por sua causa.

Jogador de futebol brasileiro, passou por times como Corinthians, Internacional e Atlético Paranaense, além de ter jogado na seleção brasileira. Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, faleceu em maio desse ano, na cidade de Curitiba.

Guitarrista

americano diagnosticado com a doença aos 20 anos, ficou completamente paralisado. Graças a seu pai que desenvolveu um sistema para que ele conseguisse se comu nicar, Jason continuou compondo musicas e chegou a lançar um álbum em 1996.

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Jason Becker Lou Gehring Stephen Hawking Washington César

No início, a falta de informação a respeito da doença fez com que Valdemar e sua esposa Sonia ficassem confusos em relação ao próximo passo a ser tomado. Coisas simples, como subir e descer escadas, de repente tiveram um significado totalmente diferente. Os Maistrovics, então, interromperam projetos e se uniram para enfrentar a situação. Sonia abandonou a carreira de professora do ensino público para auxiliar o marido, e o tríplex em que moravam teve de ser trocado por uma casa plana e com portas largas.

Os cuidados dentro de casa são vários: ele precisa de ajuda para escovar os dentes, para tomar banho e para sentar. “Nossa vida está as sim, um procurando ajudar o outro”, relata ela sobre a rotina com o marido e as duas filhas. Nos últimos meses, eles estão tentando con

seguir uma cadeira elétrica junto ao governo para facilitar a locomoção, uma vez que Val demar não pode deslocar a própria cadeira de rodas e depende de outros para ir de um lado para outro.

“Você sabe que tem que ser forte física e emo cionalmente, porque sabe que a pessoa que está com você precisa de você, mas de onde tirar essa força? Os amigos não estão prepara dos para isso”, desabafa Sonia.

A esperança é a única forma de não se abalar com o problema. “Eu confio muito em Deus, e acredito que as coisas possam se reverter um dia por intervenção divina. A vida da gente parou, está parada esperando um milagre”, finaliza Sonia.

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Para Valdemar e Sonia, cada dia é uma batalha a ser vencida. Apesar das dificuldades enfrentadas, o sorriso no rosto dos dois demonstra que eles não se cansam de lutar.
“Você sabe que tem que ser forte, física e emocionalmente, porque a pessoa que está com você precisa de você, mas de onde tirar essa força?”
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O caminho dos SONHOS

O seu sonho já deu sinais sobre algo que iria acontecer? Parece estranho, não? Mas não se preocupe, porque não é só você que anda tendo esse tipo de “previsão” do futuro

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Amanda Ribeiro Crislaine Franco e Jeslayne Valente Valterci Santos

Desde

a antiguidade, os sonhos são usados como ferramentas para a solução e orientação de problemas, principalmente para a cura de doenças. Inclusive, alguns poderiam ser considerados pecaminosos pela igreja resultando em condenação por bruxaria.

Mas será que todos os sonhos têm algo a dizer, e ainda é possível usa-los como um tratamento ou coloca-los em prática?

Falar sobre os sonhos é algo que parece irre al, como no livro e no filme Alice no País das Maravilhas, no qual o personagem fala com animais, fica pequena em um momento e, em outro, gigante. Criaturas que no nosso mundo não existem. Mas, durante o sono, tudo isso e muito mais podem se tornar, talvez, realidade. Há também aqueles comuns, que se você ain da não sonhou, prepare-se, porque vai sonhar. Dentes caindo, esfarelando, saindo um por um ou acumulando em sua boca. Mulher grávida. Voar e sentir-se mais leve do que o próprio vento. Uma traição. Que está caindo. Que está atrasado para um compromisso. São vários os sonhos, mas será que tem o mesmo sentido ou interpretação para todos?

De acordo com a psicanalista e vice-presidente da Biblioteca Freudiana de Curitiba, Denise Cuellar Cini, o “pai da psicanálise”, Sigmund Freud (1853-1939), elaborou uma teoria sobre o trabalho dos sonhos e a publicou em 1900. Ela foi revolucionária, pois colocava o sonho como uma formação inconsciente. No en tanto, ele chamou a atenção: o sonho não é o inconsciente. Tanto no sono como em vigília, o pensamento funciona da mesma maneira, apesar de algumas diferenças na sua constru

ção. Em ambos, apresentam-se o retorno do recalcado (reprimido) e defesas em relação a ele. Quando um sonho se repete, o que se repete são significantes que podem ter impor tância para o sonhador. No entanto, o que importa não são os sentidos que se dê aos signifi cantes, mas sim as associações que o sonhador faz a partir do que se lembra dos sonhos. Os sonhos não carregam sentidos a serem desvendados, mas fazem parte da linguagem e têm valor na medida em que são falados e co locados numa cadeia associativa do pensamen to do sujeito na análise. Às vezes, é a partir de uma imagem, de um número e de outra coisa qualquer, ditos no relato sobre o sonho, que a cadeia associativa se dará e o trabalho analítico ocorrerá. “Só saberemos se isto beneficiará o analisante, em tratamento psicanalítico, no decorrer da análise.”

Segundo o parapsicólogo e diretor do Instituto de Parapsicologia do Paraná (Ipappi), Vilson Rafael Stolf, os sonhos podem revelar coisas do passado, presente e futuro “Os sonhos são importantes e devem ser analisados, quando são pré-cognitivos. Ou seja, sonhos que nos avisam que algo irá acontecer em nossa vida necessitam ser resolvidos. Além disso, muitas pessoas, quando sonham, buscam interpreta ções na internet ou em livros, mas isso é uma grande furada, porque os sonhos são simbó licos, o significado só faz sentido para cada pessoa, o melhor interpretador é você mesmo. Isso é questão de autoconhecimento”, afirma.

Para a psicóloga Clara Rossana Ferraro de Sá, integrante do Instituto Junguiano no Paraná, os sonhos são a chave para a mudança “Os

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sonhos são uma forma de reunir o inconscien te com o consciente, possibilitando ter conhe cimento dos dramas que acontecem em nossas vidas ao dormir, nos dando o poder de mu dança. Quando temos um sonho repetido, isso significa que o problema continua e precisa ser resolvido, além de auxiliar no tratamento de problemas”, conclui.

Além disso, os estudos do psiquiatra e psi coterapeuta Carl Gustav Jung indicam os sonhos como um processo de individuação: “É a experiência de um processo psíquico involuntário não controlado pela disposição ou atitude consciente e que mostra a verdade e a realidade internas do paciente, como elas de fato são, não como suponho que sejam, e não como eu gostaria que fossem, porém tal como são. Portanto, ele retifica a situação e acrescenta o material que estava faltando e

que lhe pertence propriamente, melhorando assim a atitude. Quando um sonho emerge numa forma dominante, deve-se ter o trabalho de reproduzi-lo, seja em desenhos, ainda que não se saiba desenhar, seja em escultura, ainda que não se saiba esculpir, ou em qualquer outra maneira. Contanto que se estabeleça uma relação concreta com ele. Se observarmos os sonhos durante um longo período, vamos perceber a ação de uma espécie de tendência reguladora ou direcional oculta, gerando um processo lento e imperceptível de crescimento psíquico”, diz Clara de Sá.

Ambos os pensamentos concordam que os sonhos são uma ferramenta de tratamento e autoconhecimento, podendo ser muito benéfi co na solução de problemas tanto em questões pessoais quanto profissionais.

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Os sonhos podem ser bons para resolver problemas, trazendo benefícios à saúde.
Valterci Santos

De olhos bem fechados

Confira alguns relatos de sonhos

“Há cinco anos e uns quatro meses, sonhei que estava à beira-mar caminhando. De re pente, vi um ancião e uma anciã me olhando e fui até eles. Chegou então um pássaro imenso, gigantesco de asas grandes e pousou no braço do ancião, que me disse que este pássaro es tava chegando da Ásia. Olhei o rosto do pássaro, e era o rosto de um homem, com barba rala e olhar bom. O ancião estendeu o braço em minha direção, trazendo o pássaro até mim. Eu tinha em sensação leve, tranquila, confiante, e um pouco curiosa. Acordei. Pela manhã conversei com amigos e tive a sensação de que alguém estava para chegar a minha vida. Em um mês conhe ci, numa festa de biodança numa chácara, um homem. Era o rosto do pássaro. E, te juro, esse ho mem estava chegando, há dois ou três meses, de uma jornada de seis meses no Timor Leste, na Ásia. Namoramos por cinco anos, e foi uma relação pra lá de rica. Também, ele é 15 anos mais velho que eu (tem 52 anos hoje), o que explica ter sido um ancião que o entregou para mim.”

Sylvia Wya Poty, terapeuta.

“Sonhei que a minha avó tinha mor rido de infarto no dia do aniversário do meu pai. Na sexta-feira que seria o aniversário. Ele queria fazer uma festa para comemorar. Mas eu não quis e o alertei sobre o quanto parecia real o meu sonho. Ele não acreditou em mim e fez mesmo assim. O inespe rado aconteceu bem na hora da festa. Ligaram pra ele, falando que a minha vó tinha ido a óbito. Eu fiquei chocada. Eu tinha avisado, mas ele nem ligou para o que eu disse.”

Amanda Alberto, desempregada.

“Já sonhei várias vezes que conhecia pessoas, lugares e até mesmo situações do meu cotidiano a que viriam a acontecer. E era tão real, como se fossem uma visão do futuro. E quando eles começaram a ocorrer de fato na vida real, pensei que era loucura da minha cabeça. Mas depois que eu vi que não era nada disso, e que real mente eles se realizavam igualmente ao que eu havia sonhado, comecei a dar muito mais valor aos meus so nhos. Sem dúvida, eles me ajudaram a solucionar muitas coisas em minha vida.”

Jéssica Caetano, estudante de Direito.

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sxc.hu

Da rua para o shopping

PO cinema que antes era visto como um evento cultural, hoje tem um cunho muito mais comercial recisa comprar um tênis, procurar aquele livro interessante, almoçar e talvez até tomar um sorvete? Com certeza, a solução dos seus problemas é ir ao shopping. Mas e se você quiser lazer? Vá ao shopping mesmo assim! Calma, isso não é propaganda, eu me refiro a ir ao cinema. Afinal de contas, quem nunca deu um pulo no shopping pra pegar aquela sessão das oito horas da noite? Eu me arrisco a dizer que todos já passamos por isso. Mas uns anos atrás, e nem precisa ir muito atrás pra perceber, o shopping não era “point” de lazer. Isso porque ainda existiam os cinemas de rua. Existiam ou ainda existem? Pois então, o cinema de rua como era antiga mente já não existe mais. Mas alguns locais foram preservados. Aqui em Curitiba, a Cinemateca cumpre essa função. Gerida pela Fundação Cultural, a Cinemateca é focada mais na arte local, e já não recebe mais os fil mes do circuito global de grandes produções. Segundo a assessoria da Fundação, esse nem é mais o objetivo. Para eles, o cinema de rua

hoje possui um papel diferente, que é trazer as produções locais da sétima arte ao público. É fato que, em geral, as pessoas não têm o costu me de ir à Cinemateca e a procura por filmes locais não é grande, mas a Fundação tenta ao máximo cumprir seu papel.

Nesse caso, podemos concluir então que os cinemas nos shoppings são melhores que os antigos cinemas de rua? Nada disso! Bem, na verdade, são melhores em tecnologia, mas isso porque o cinema de rua não existe mais. Para Suely Isabel, de 70 anos, os cinemas de antiga mente não deixavam nada a desejar em relação os atuais. “Olha, a gente não tinha filme em 3D naquela época nem nada dessas coisas tecnológicas, mas as salas eram confortáveis, as cadeiras eram boas...enfim, eu nunca tive do que reclamar.” Ela ainda se lembra que, por volta dos anos 80, era bem mais divertido ir ao cinema. “Era um evento, sabe? Eu me arruma va, fazia o cabelo, as unhas. Nós saíamos pra ir ao cinema, porque era importante pra gente, era nosso momento de lazer. Hoje as pessoas

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não tem mais esse glamour. Ninguém vai ao cinema porque quer ir e sim porque pode fazer compras ou passar comer alguma coisa no caminho. As pessoas querem muita praticidade e tiram um pouco a aura das coisas”, dispara.

O diagnóstico de Suely é corretíssimo. A praticidade é a principal causadora da extinção do cinema de rua. A partir do momento que o shopping ganha espaço nas grandes cidades como um local em que você pode fazer tudo que precisa, sem precisar correr a cidade inteira, ele acaba também agregando alguns meios de cultura, e o cinema foi o principal. O mais interessante é notar como o capitalismo trabalha nesse quesito. O advogado Niarkos Siqueira se lembra com orgulho do custo de ir ao cinema com os amigos, no fim da década de 90. “Ali por 97, 98, eu ia direto no cinema com meus amigos. Era uma forma de diversão barata. Eu gastava uns R$15,00 pra comprar o ingresso e a pipoca. Ou seja, ainda sobrava dinheiro ir e voltar de ônibus. Impossível hoje

em dia”, satiriza. É claro que já existia o esquema de se cobrar um preço absurdo pela pipoca pequena para fazer o consumidor comprar o pacote grande, mas isso não é nada perto dos custos de hoje. Pra se ter ideia, ao comprar o ingresso para o filme e uma pipoca, o espec tador chega a gastar cerca de R$30,00 em média, nos grandes cinemas da cidade.

Bem, não é necessário chorar sobre o filme queimado, Curitiba é uma cidade de opções. Se você quiser conhecer um cinema de rua, você pode visitar a Cinemateca e conhecer o trabalho dos profissionais locais. Mas se a sua é ver grandes produções, é só ir ao shopping. O importante é que a pipoca continua a mesma e que isso não deve mudar tão cedo.

Milton Durski é proprietário da rede Cineplus de Curitiba.

Para Milton Durski, os principais motivos para que os cinemas não estejam mais nas ruas são segurança, conforto e a praça de alimentação dos shoppings, que traz mais opções. Mesmo entendendo que a pirataria é um problema para o mercado, Durski acredita que muitas pessoas ainda prefe rem ir ao cinema, em razão da tecnologia disponível. “Muitos filmes conseguem números respeitáveis mesmo sendo vitima da pirataria, Os Mercenários 3, por exemplo,

os brasileiros optaram por ver nas salas de cinema”, cita.

Para ele, o cinema não é visto somente como cultura, mas também como lazer. “O cinema vem crescendo ano a ano e batendo recordes de público e renda. Buscamos oferecer mais opções para os clientes. Tanto em conforto, como no lazer. Bomboniere diversificada e acessível, promoções de ingresso e um atendi mento diferenciado.”

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cultura
“Nós saíamos pra ir ao cinema, porque era importante para gente, era nosso momento de lazer.” Suely, 70 anos, aposentada.
Anderson Tozato

A voz do Paraná

Vivian Lemos, de 26 anos, começou a sua carreira de cantora profissional aos 10 anos de idade, cantando em banda de baile em Londrina, “Quando eu tinha uns 3 ou 4 anos, ouvia muito uma fita que minha mãe tinha dos Carpenters [dupla nor te-americana que fez enorme sucesso entre as décadas de 60 e 80]. Eu cantava, dançava e foi aí que começou minha paixão pela música”, relembra Vivian.

Écomum vermos cantores e cantoras que proclamam seu amor pela música, mas poucos se dedicam. Vivian tem formação musical: estudou canto lírico, técnica vocal, História da Música, além de interpretação e expressão corporal, violão e piano. Currículo impressionante, porém, mesmo com tanta ba gagem, as dificuldades não atenuaram a tensão durante a sua participação no programa The Voice Brasi, da Rede Globo, no ano passadp. “Além de todas as dificuldades normais, como nervosismo, escolha de repertório que seja compatível com a voz, o mais complicado era saber que o seu destino no programa dependia de outras pessoas e não de você mesmo.”

O reality show consiste em “encontrar a voz” do Brasil. Os participantes se inscrevem via internet e aguardam a produção entrar em contato. Uma vez que a produção faz essa primeira seleção, o inscrito vai para as seleções regionais, depois nacionais e, caso seja apro vado, segue para as seleções às cegas, nas quais os técnicos (Carlinhos Brown, Claudia Leite, Daniel e Lulu Santos) escolhem quem fará

parte de seus respectivos times.

A maneira como os candidatos são escolhidos é um tanto inusitada: eles escutam os canto res de costas para o palco, prestando somente atenção em suas vozes. Então, o técnico que se interessar na voz, aperta um botão fazendo a cadeira girar para frente do palco. Isso signifi ca que o participante já foi selecionado. Caso mais de um técnico vire a cadeira, o cantor(a) pode fazer sua escolha de técnico. As seleções às cegas são televisadas, Vivian que passou por todo esse processo, e fez dois técnicos virar: Daniel e Claudia Leitte.

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cultura
Crédito: Rede Globo/Divulgação

Vivian escolheu Daniel como mentor, e saiu na primeira batalha, contra a canto ra Cecilia Militão. Apesar de ter aparecido apenas duas vezes no programa, a repercussão das duas apresentações foi grande, mas não se

dade musical só dela, todas com a cara dela. É importante para o artista mostrar suas qualida des e partes melhores”, finaliza.

Nossa produção se encarregou de perguntar

transformou em oportunidades. “O efeito desse tipo de programa na carreira do artista é mais uma experiência pessoal do que no profissional. Claro que existe o im pacto da fama, mas o brasileiro não valoriza esse tipo de programa, por isso muitos canto res e cantoras que aparecem nesses progra mas, acabam desaparecendo. É preciso de direcionamento, investimento e muito contato pra poder aproveitar esses mi nutos de fama”, diz Fábio Rodrigues, produtor musical residente de Curitiba que está ajudan do Vivian a compor e escolher o repertório de seu novo disco. Vivian está escrevendo e compondo com Fábio e a compositora Reah, em Curitiba, “Criamos 11 músicas fortes, com uma identi

para

quais sao as dicas pra quem quiser participar do The Voice Brasil:

- Escolha músicas que ficam bem na sua voz – Nem sempre a música que você mais gosta é a música que mais fica legal na sua voz. É preciso ter cautela, porque a música certa, ajuda a mostra melhor seu talento enquanto outras, podem desva lorizar seu timbre.

- Esteja preparado e nervos de aço – É uma competição, portanto, todos estão dando o seu melhor, não se assuste, todos também estão nervosos.

- Se divirta – Apesar de ser difícil viver em estado de nervos, sem saber o real destino da competição, se foque em dar seu melhor, fazer muitos amigos e aparecer na telinha Brasileira e cativar fãs!

- Boa sorte!

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Vivian, Vivian durante a apresen tação que a classifi cou para o The Voice Brasil.
“Além das dificuldades normais, a parte mais difícil é não saber o seu destino no programa”
Crédito: Rede Globo/Divulgação

PUNHOBOL

O nome parece estranho, mas o punhobol é muito parecido vôlei e tem ganhado muitos adeptos no Brasil. No Sul, esse é mais conhecido do que nas demais regiões, devido à colonização alemã (a prática tem grande força na Alemanha, de onde foi

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esporte
Equipe brasileira de Punhobol

PUNHOBOL

parecido com o esse esporte colonização foi trazida).

Chamado em seu país de origem de faustball, é um dos esportes mais antigos, pois surgiu no século 18. No entanto, apenas em 1895 suas regras foram oficializadas.O primeiro campeonato alemão masculino foi realizado no ano de 1913, enquanto o feminino aconteceria apenas em 1921, dentro da Gymnaestrada Alemã, o maior evento de ginástica não

competitiva do mundo. No Brasil, sua primeira referência data de 1911, quando a Sociedade Ginástica Por to Alegre (Sogipa) criou o Departamento de Punhobol. Hoje, a prática conta com 3 mil praticantes e cerca de cem equipes. O esporte tem crescido tanto que, embora poucos saibam, o Brasil foi campeão mun dial da modalidade feminina, em 2010, e medalha de ouro no World Games de 2009 (campeonato que reúne esportes não olím picos), na categoria masculina. Os brasilei ros disputam os campeonatos Sul-Ameri cano de Seleções e Mundial de Seleções e, em 2015, irá participar do Panamericano. Embora o punhobol seja mais conhecido na Alemanha, Áustria e Suíça, milhares de praticantes estão espalhados pelo globo, principalmente por Brasil, Itália, Argenti na, Dinamarca, Uruguai, República Tche ca, Chile, Paraguai, Namíbia e Austrália.

O jogo

Assim como o próprio nome diz, o pu nhobol tem como principal característica o jogo com os punhos e com a mão fechada. Semelhante ao vôlei, são permitidos três toques a cada jogada, com a diferença de que a bola pode ou não quicar uma vez no chão. Cada equipe é composta por cinco jogadores em um campo de 50m x 20m, dividido por uma rede de dois metros de altura. O saque também é parecido com o voleibol, sendo efetuado da linha dos três metros, por cima da rede.

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crédito: Manfred Lindorf

Vencedora

Tatiane Schneider, 26, é uma das me lhores atletas de punhobol do Brasil, tendo conquistado dez campeonatos brasileiros, três mundiais interclubes, sete vezes campeã sul-americana pela seleção brasileira, além de ser escolhi da como jogadores destaque em 2010 no mundial de seleções. Um currículo a ser invejado por muitos esportistas. Ela começou aos 13 anos e, desde en tão, é atleta de destaque por sua altura e habilidade. Começou no vôlei, mas, nas frequentes tardes que passava no clube, acabou se interessando pelo punhobol. Graças a muito treina mento e dedicação, é responsável por muitas vitórias de seu time, o Duque de Caxias. “O esporte é amador, en tão o esforço é dobrado”, declara a jogadora.

Vôlei

Assim como Tatiane, Jayme Andrioli, 20, também conheceu o esporte por meio do vôlei. Com apenas 8 anos, conciliou seu tempo de lazer entre o voleibol e o punhobol e, aos 16, teve que escolher apenas um. “Muitos me perguntam por que não optei pelo vô lei, que hoje é um esporte com mídia e dinheiro. Respondo que o punhobol é especial, a dinâmica e a habilidade que podem se desenvolver tornam o esporte apaixonante”, conta Andrioli. Hoje, ele joga pelo Clube Mercês, do bairro Santa Felicidade e já acumu la diversos títulos, entre eles o tetracampeonato brasileiro sub-18, o do sul-americano de clubes sub-18, de seleções sub-18 e sub-21, e ainda os tricampeonatos brasileiro sub-21 e sul-americano sub-21.

INCENTIVO

O esporte é muito parecido com o vôlei

Apesar de todas as conquistas, ainda existe uma grande dificuldade em re lação aos campeonatos disputados. “Sem dinheiro, sem incentivo, sem patrocínio. Na maioria das vezes, ban camos tudo do próprio bolso. Quan do há um investidor é porque nós, atletas, corremos muito para conse guir a ajuda”, desabafa Tatiane.

Apesar de todas as conquistas, ainda existe uma grande dificuldade em relação aos campeonatos disputados.

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“Sem dinheiro, sem incentivo, sem patrocínio. Na maioria das vezes, ban camos tudo do próprio bolso. Quando há um investidor é porque nós, atle tas, corremos muito para conseguir a ajuda”, conta Tatiane. Em relação ao auxílio do governo fedederal, existe o

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“É
opção muito fácil de prática e divertida...”
crédito: ManfredLindorf

programa Bolsa Atleta, dentro do qual os atletas do punhobol podem receber um valor de aproximadamente R$ 21 mil, di vididos em 12 parcelas durante um ano. Porém, o pré-requisito é estar no pódio de competições internacionais. Segundo Schneider, “para renovar a bolsa atleta, precisamos estar todo ano no topo inter nacional, o que nem sempre é possível”. De acordo com a esportista, para ter uma maior visibilidade é fundamental difun dir o esporte. “Isso só conseguiríamos com um maior incentivo e divulgação nas mídias sociais e esportivas. Praticamos um esporte no qual o Brasil é campeão e tem um destaque enorme fora do país. Porem, aqui ainda não somos valoriza dos”, desabafa.

Para Andrioli, a melhor maneira de reverter essa situação é a inserção do esporte no currículo escolar. “É uma opção muito fá cil de prática e divertida, saindo um pou co dos esportes normais que estão sempre nas aulas de Educação Física e dando mais opções para os alunos”, declara o atleta.

Competições

Nos dias dia 11 e 12 de outubro, irá acontecer a primeira etapa do Campeonato Brasileiro, em Curitiba. A segunda será nos dias 29 e 30 de novembro, em Tu pandi, no Rio Grande do Sul. “A prepa ração está a todo vapor, estamos a quatro semanas da primeira fase onde participam todas as equipes do Brasil e classificam apenas seis para a fase posterior”, conta Andrioli.

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