20/UBC : MEMÓRIA
Grupo da 1ª Caravana UBC: Humberto Teixeira, Guio de Moraes, Trio Yraquitan (Edinho, João e Gilvam), Sivuca, Abel Ferreira, Pernambuco do Pandeiro, Dimas Sedicias
O SÉCULO DO
"DOUTOR D NOS 100 ANOS DE NASCIMENTO DE HUMBERTO TEIXEIRA, SUA DEFESA DOS DIREITOS AUTORAIS E DA MÚSICA NACIONAL É TÃO LEMBRADA QUANTO OS CLÁSSICOS QUE COMPÔS SOZINHO OU COM LUIZ GONZAGA E OUTROS PARCEIROS
Por Cristina Fuscaldo, do Rio Se a música brasileira se tornou mais rica, os compositores passaram a estar mais protegidos e nossa cultura ficou mais conhecida no exterior foi por causa, entre outros, de Humberto Teixeira. O parceiro de composição mais famoso de Luiz Gonzaga, com quem escreveu clássicos como “Asa Branca”, foi fundador e diretor da União Brasileira de Compositores (UBC). E, além da maior visibilidade para a música nordestina, deixou sua marca também na política ao conseguir, como deputado federal, aprovar na década de 50 a Lei Humberto Teixeira, que permitia a divulgação da música brasileira fora do país através de caravanas financiadas pelo governo federal, em convênio com o então Ministério da Educação e Cultura. Se fosse vivo, esse advogado e compositor cearense de Igatu teria completado 100 anos em janeiro. E, para sua filha, a atriz Denise Dumont, estaria tão “apaixonadamente hiperativo” quanto sempre foi. “Imagino que ele estaria ocupado, como sempre, tentando melhorar o mundo, lutando pelos direitos dos artistas
nas mídias de agora e, é claro, fazendo música, poesia e engarrafando nuvens. Acho também que ele estaria muito triste com a volta da seca. Sempre teve esperança de ver 'Asa Branca' se tornar somente poesia, e não mais um retrato da realidade. Meu pai morreu durante a ditadura militar. Portanto, acredito que estaria certamente satisfeito, apesar de todas as imperfeições, com o fato de vivermos em uma democracia”, diz Denise. Humberto Teixeira nasceu em 5 de janeiro de 1915 e, aos 15 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Quando se formou em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (hoje UFRJ), já tinha composto sambas, marchas, xotes, sambas-canções e toadas. Mas foi só em 1945 que formou a aliança mais famosa de sua carreira: a parceria com Luiz Gonzaga começou durante uma conversa em que ambos concordaram com a ideia de valorizar os ritmos nordestinos, começando pelo xote e pelo baião. O primeiro sucesso da dupla foi “Meu Pé de Serra”. Depois, vieram “Assum Preto”, “Juazeiro”, “Qui Nem Jiló”, “Respeita Januário” e tantos outros.