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AVA ROCHA LANÇA O ÁLBUM “AVA PATRYA YNDIA YRACEMA”, NO QUAL, MAIS UMA VEZ, OFERECE SEU OLHAR MÚLTIPLO E MUTANTE SOBRE O MUNDO

Por Alessandro Soler, do Rio

Cantora, compositora, atriz, performer, cineasta, filha de Glauber. Todas as etiquetas – mas, sobretudo, nenhuma delas isoladamente – cabem na multiartista Ava Rocha, que lança novo álbum e impõe ainda mais sua presença na rica cena musical carioca contemporânea. A onda antropofágica, no melhor estilo modernista, fica clara já pela escolha do nome do projeto, “Ava Patrya Yndia Yracema”, que canibaliza e pare estilos e sons variados com a participação de gente como Negro Leo, Jonas Sá e Martin Scian. Ela troca dois dedos de prosa com a Revista UBC e fala sobre o processo criativo.

A sua voz é muito marcante, você tem um jeito de se impor, de atuar em cena, muito próprio, e essa personalidade fortíssima já transbordava em “Diurno”, que, no entanto, não era um projeto só seu. Tem mais de Ava neste novo disco?

“Diurno” era um projeto que tinha uma força coletiva intensa, mas não deixava de ser extremamente pessoal e autoral, à medida que surgiu do meu desejo de cantar e pensar canção, música, som, cinema, enfim, essa transversalidade. Então juntei o pessoal que estava sintonizado com a pesquisa que eu queria, primeiramente em torno das minhas músicas, do que eu queria cantar naquele momento, tudo ancorado a uma reflexão sobre música brasileira, canção estendida, enfim, reflexões ligadas às minhas primeiras experiências musicais. Cantar, para mim, pode ser desde expressar um sentimento até armar uma cena. Meu segundo disco, agora, também tem forte presença do coletivo, desde os compositores, músicos, engenheiros e da produção do Jonas Sá. Mesmo que sejam coletivos, são singulares e universais e refletem anseios e devires que são meus. Para mim, não há uma contradição, mas uma potencialização nesse encontro entre o indivíduo e o coletivo. Eu os vejo assim, e, por serem também diferentes, são discos irmãos. Um é água, é Oxum, é calmo. O segundo é fogo, é Yansã, é politico. Eu sou isso: Oxum Opará. Se tem mais Ava eu não sei, mas, que tem mais, muito mais, isso tem.

Como foi a escolha dos parceiros? Cada um teve um papel bem definido no processo criativo?

Conceitualmente e artisticamente, o disco tem a presença de duas pessoas fundamentais: Negro Leo e Jonas Sá. Também cada músico contribuiu com sua arte, sua criatividade, seu olhar. Martin Scian, que gravou e mixou, também é uma camada importantíssima na conceituação e na estética do disco. Os compositores são os poetas. E, enfim, é tudo definido e entrelaçado.

Parece ter uma aura do Romantismo na escolha do nome. Assim como José de Alencar esperava forjar um herói nacional mítico com Iracema, você também quer inventar algo? Uma nova Ava, talvez?

Não tenho a pretensão do novo, embora o meu devir seja o da invenção. Também não acredito no novo como algo romântico, sou mais antropofágica e alquimista.

A Yndia é sua pátria?

A minha pátria é o mundo. E o mundo é yndio.

O AVA (antigo projeto da artista) acabou de vez? Ou ainda pode rolar uma reunião?

Pode ser. Mas não o vejo como algo que acabou, e sim finalizou. Um projeto que se materializou e se eternizou. Como fazer um filme.

A sua marca é o flerte com múltiplas artes. Encontrou o porto-seguro definitivo na música? Ou tem espaço para mais Ava por aí?

Quanto mais dentro da música, mais eu me sinto permeando tudo. O cinema, o teatro, a perfomance, a poesia, a filosofia. Mas não são flertes. Tenho uma carreira no cinema, e minha aproximação com as coisas tem a ver com o meu devir e a consistência. Eu me vejo como uma poeta e pensadora. Não só a música é um terreno vasto para explorar tudo isso, mas também essas outras áreas. Dirigi três filmes, escrevo roteiros, dirigi diversos videoclipes, faço projeções, animações, desenho, desenho a luz, penso a cena, crio figurinos, faço cartazes. Tudo está sempre ligado.

A MEMÓRIA SEGUNDO CHARLES GAVIN

A contribuição de Charles Gavin (RPM, Ira!, Titãs) à história do pop-rock nacional não carece de explicações. Agora, ele também quer ajudar a escrever a memória da música riquíssima que se faz por aqui. Desde 2007 à frente do programa “O Som do Vinil”, que resgata grandes álbuns históricos e apresenta entrevistas de peso no Canal Brasil, Gavin lança uma coleção de livros que vai compilar os melhores momentos e os trechos não aproveitados na TV. Batizados com o nome dos discos de que tratam – e recheados de depoimentos, curiosidades e passagens às vezes pouco conhecidas –, os quatro primeiros volumes são “Nervos de Aço” (de Paulinho da Viola), “Quem é Quem” (João Donato), “Academia de Danças” (Egberto Gismonti) e “Clube da Esquina” (Milton Nascimento e Lô Borges, com composições também de Ronaldo Bastos, Fernando Brant, Monsueto, Ayrton Amorim e Márcio Borges). A eles devem se seguir diversos outros, num total planejado de 16 livros. “(O formato é bom) porque acredito nas mídias físicas, elas me dão prazer”, disse em entrevista ao jornal “O Globo”. Um dos próximos é “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos.

CURADORIA: DUDA BRACK

Duda Brack é século XXI: seu álbum de estreia, “É”, pode ser baixado livremente, na íntegra, em dudabrack.com. Duda Brack é atemporal: como uma curadora precisa, a gaúcha radicada no Rio se apossou das vozes de grandes artistas para fazer de todos eles a sua voz. Com composições de gente como o mineiro César Lacerda, os paulistanos Dani Black e Paulo Monarco e o sueco-recifense-carioca Carlos Posada, a cantora de só 21 anos mostra por que é tida como uma bem-vinda novidade da música contemporânea nacional. A produção de Bruno Giorgi, a guitarra de Gabriel Ventura, o baixo de Yuri Pimentel e a bateria de Gabriel Barbosa se unem, em só oito faixas, com duração total de meia horinha, à voz grande, visceral, de Duda para compor uma boa peça de MPB “rockeada”, sofisticada, que remete ao som feito por Tulipa Ruiz e Lucas Santtana. Bom para ouvir e querer mais.

ANGELO TORRES, HISTÓRIA DE FÉ E AMIZADE

Destaque na cena instrumental gospel, o saxofonista Angelo Torres lança seu nono trabalho autoral, o DVD “Minha História”, que reúne os melhores momentos da sua carreira e amigos e parceiros do mundo da música cristã. Gravado em Niterói (RJ), o trabalho duplo é recheado de canções gospel interpretadas por Kleber Lucas, Marquinhos Gomes, Álvaro Tito e Marcus Salles. O encontro entre Torres e o saxofonista e flautista cristão americano Kirk Whalum também ganha destaque na caixa. Evangelizador, Angelo Torres, além de músico, também cursou um seminário e uma faculdade de Teologia e dá seu testemunho em cenas extras do DVD, que pode ser comprado em angelotorres.com.br.

MAMUTTE EM CENA

Figura constante na cena cultural de Belo Horizonte, o multiartista Mamutte lança seu primeiro trabalho discográfico, o EP “Quase Disco”, com sabor de performance, de sons que remetem a imagens, de histórias contadas em palcos... Artista plástico, performer e compositor, ele transita por diversos universos e reúne sua experiência num trabalho calcado em ritmos afro-brasileiros como a curimba, o maracatu, o coco e o funk carioca. Com coprodução musical de Adner Sena e participações de diversos músicos da cena belo-horizontina, o trabalho independente foi lançado em show performático, em maio, em BH, e pode ser ouvido em streaming em mamutte.com.br.

ZABELÊ, TUDO EM UMA

O intervalo é de seis anos, mas a maturação é muito mais antiga. Depois do fim definitivo, em 2009, da girl band pop SNZ, que dividia com as irmãs Sarah Sheeva e Nãna Shara, Zabelê Gomes volta em carreira solo e faz transbordar a mistura que traz nas veias. Filha de Baby do Brasil e Pepeu Gomes, a cantora de 40 anos apresenta seu primeiro álbum, “Zabelê”, um gostoso passeio por rock e pop regado a baianidade, carioquismo e outros temperos sutis e bem combinados. Com produção de Domenico Lancelotti, músicas de Pedro Sá, Rubinho Jacobina, Kassin, Moreno Veloso e Alberto Continentino e a voz rouca, aveludada de Zabelê, o disco tem todos os climas, perfeito para ouvir a dois, para dançar ou ouvir na estrada. “Lançar músicas individualmente para ouvir em streaming é muito a cara do nosso tempo. Mas o caráter artístico de um álbum planejado como um todo é diferente. Tem os arranjos, tem uma unidade, transmite uma coisa única”, ela diz. O primeiro clipe, “Nossas Noites”, está para sair, e o disco pode ser ouvido em zabeleoficial.com.br.

EDINHO QUEIRÓS, FILHO DE IJEXÁ... E DE ROCK, REGGAE, CIRANDA, SALSA, BOSSA NOVA...

Em quase 40 anos de andanças pelo mundo da música, nada mais óbvio que um artista acumule vivências e experiências bastante diversas. Ainda mais se o artista for o potiguar Edinho Queirós. No seu mais novo trabalho autoral, o álbum “Se Você Acreditasse em Mim”, ele transita com naturalidade por rock, pop, reggae, funk, ijexá, maracatu, ciranda, baião, forró, xote, coco, frevo, salsa, merengue, bossa nova e samba. Como são apenas dez canções, a conta é óbvia: Queirós funde tudo – e se dá bem. “Vovó Africana” é uma curiosa releitura de ritmos caribenhos; “Pixote” faz crítica social ao som de funk carioca; e “Algo Infinito” celebra a matriz afro da nossa cultura, num olhar voltado para o gueto, a resistência de sons e povos marginalizados. Zé Américo Bastos assina com ele a produção, e Moreno Veloso participa da faixa-título.

TODOS OS AGRESTES DE JANU LEITE

Rock sessentista, música eletrônica, jazz e samba-rock com um sotaque originalíssimo do Agreste alagoano. Assim é o álbum “Lindeza”, de Janu Leite, que, em sua segunda investida autoral – depois do EP de estreia “Matuto”, de 2012 – apresenta um improvável e explosivo encontro de sonoridades internacionais com os triângulos e as percussões dos ritmos típicos da sua Arapiraca natal. Amigos como Paulo Franco, do grupo Gato Negro, Diego Duarte, Alex Marques, Guilherme Trompete, Cicah Jusce, Gleyson Matheus e Sandro Cardoso dividem com ele a tarefa de embalar um trabalho experimental que não deixa o ouvinte indiferente. Músicos da banda Alfabeto Numérico também participam do trabalho, cujos destaques, segundo o próprio Janu, são “Canção de Vingança”, “Que Coisa Linda”, “Bluetooth”, “Lá Vem Ela”, “Lindezas” e “Finjo Esquecer”. Parte do disco está disponível para audição na página de Janu Leite (Lindeza Produções) no YouTube.

JOZI LUCKA, VOZ, VIOLÃO E PARCEIROS

Tem cello, baixo, guitarra, wurlitzer, trompete, vibrafone. Tem sintetizador, tem voz e tem o violão de Jozi Lucka, base de um trabalho muito particular e com a inconfundível assinatura do produtor Moreno Veloso, parceiro da cantora da Serra fluminense no terceiro álbum autoral dela. Em “Brinquei de Inventar o Mundo”, Jozi tem ainda um timaço de colaboradores como Pedro Sá, Berna Ceppas, Nenung, que, em sambas, blues, bossas, a ajudam a construir uma elegante peça de música contemporânea carioca. Daniel Carvalho, parceiro de Ceppas no selo Disco Maravilha (pelo qual o álbum é lançado), assina a remasterização.

AFFONSINHO X 10

Ele é bossa nova, é folk, é blues, é rock, é MPB... Em dez álbuns autorais, Affonsinho já mostrou interesses de sobra e um mesmo processo criativo: quietinho, no melhor estilo mineiro. Até hoje ele usa um gravador cassete para registrar melodias, trechos de letras, cacos de ideias. Depois, vai fundindo tudo devagar, dando seu tempero. No recém-lançado “Lá De Um Lugar”, o sabor predominante é o do folk, mas também há surpresas para agradar a outros paladares. “Queria trabalhar mais a guitarra do blues, e o folk abre essa porta”, ele contou em entrevista ao diário mineiro “Hoje em Dia”. “Mas gosto mesmo é de misturar minhas influências: bossa nova, Caetano (Veloso), (Gilberto) Gil, BB King, Beatles...” As letras falam de amizade, amor, paz, relações positivas, para cima. Além das composições próprias, a parceria com Paulinho Pedra Azul “Um Novo Tom” abre o álbum, que tem trechos na página do SoundCloud do artista.

A VISÃO POSITIVA DE SARA BENTES

Ela já participou de diferentes projetos musicais, gravou disco infantil, foi premiada em festivais, cantou com Gilberto Gil, engajou-se em ações em benefício de pessoas com reduzida capacidade visual... Faltava um disco solo. E é o que Sara Bentes entrega agora, em composições próprias e parcerias com o músico Marcelo Camelo, o maestro italiano Giovanni Allevi, o rapper paulistano Billy Saga e o guitarrista Júlio Ribeiro. Em “Invisível”, a cantora de Volta Redonda (RJ) radicada em São Paulo traz uma bem azeitada mistura de ritmos como samba, baião, música instrumental (em passagens como um “diálogo” entre um piano acústico e um quarteto de cordas)... Tudo com base claramente MPB e pop. Sara, que perdeu a visão devido a um glaucoma congênito, canta letras positivas, marcadas por suas observações sobre o amor e o cotidiano. “Quis que esse trabalho nos remetesse a algo muito bom, já que o melhor que há no mundo e nas pessoas é invisível”, define. O álbum está disponível para compra em sarabentes.com.br.

NOVIDADES INTERNACIONAIS

ENTIDADE BRITÂNICA LANÇA PORTAL QUE PROMETE RASTREAR CONTEÚDO ILEGAL

A BPI, entidade mais importante da indústria fonográfica britânica, lançou em julho um portal para permitir a seus associados rastrear onde suas criações estão sendo postadas ilegalmente e verificar se os direitos estão sendo pagos. A ferramenta estará disponível gratuitamente para associados e membros da Associação de Música Independente (AIM, na sigla em inglês). A “atividade pirata” poderá ser acompanhada em tempo real, promete a BPI, que gerará relatórios de links ilegais removidos do Google e revelará que sites têm o material ilegal publicado além de que medidas a associação tomou. “É importante que nossos associados vejam como estamos atuando para proteger sua obra”, comentou Geoff Taylor, diretor executivo da BPI.

FORUM D'AVIGNON DEBATE A CULTURA NA ERA DIGITAL

O Forum D'Avignon, organização francesa dedicada a pensar os rumos da indústria e da produção culturais, realizou na primeira semana de junho, em Paris, uma conferência para discutir o crescente poder da internet sobre a cultura mundial. Dentro do megaevento Future en Seine, que trouxe do mundo todo cientistas, economistas, sociólogos, antropólogos e diversos outros especialistas para abordar os desafios do nosso tempo, 11 palestrantes convidados pelo Forum abordaram a intensa dualidade que caracteriza a era digital no que toca à indústria criativa: expansão maciça da divulgação, inovação tecnológica, acesso potencialmente sem fim a bens culturais, por um lado; pirataria, reforço de uma lógica cruel de mercado, quantificação em cliques do valor das obras de arte por outro. A fragilidade dos autores, cada vez mais “sozinhos” no oceano do mercado global, também mereceu destaque. A remuneração dos criadores, sujeitos a uma lógica de criação industrial quase canibal num mundo cada vez mais competitivo, mereceu uma conferência toda. Com a presença de analistas como o filósofo francês Yves Michaud e Marc Mossé, diretor da Microsoft na França, o antagonismo entre os autores e as plataformas de distribuição de música, por exemplo – cujas receitas crescem aceleradamente baseadas, segundo detratores, na má remuneração dos artistas – ficou logo estabelecida. O próximo evento internacional do Forum D'Avignon será no próximo mês de setembro, na cidade alemã de Essen, quando a simbiose entre mundo digital e cultura voltará a ser debatida.

REPRESENTANTE DA UBC DISCUTE OS BRICS NO MIDEM

Palestrante da última edição do Midem, o maior encontro mundial do mercado musical, celebrado em junho no balneário francês de Cannes, a diretora executiva da UBC, Marisa Gandelman, foi chamada de “uma das mulheres mais influentes do mundo da música e da tecnologia” pela organização. Ao lado de representantes da Índia e da África do Sul, ela debateu, no salão principal de conferências do Midem, o potencial da arrecadação de direitos autorais para maximizar a indústria criativa nos Brics (acrônimo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, algumas das nações mais importantes do mundo em desenvolvimento). A possibilidade de expansão das atividades econômicas ligadas à cultura foi destacada na intervenção. Segundo estudos, menos de 6% do PIB de tais países provêm da indústria criativa. Além da palestra de que Marisa participou, outras dezenas de eventos reuniram mais de 6 mil representantes da indústria musical de 75 países, incluindo muitos artistas, ao longo de quatro dias. A proposta do Midem é propiciar o encontro de quem trabalha com esse mercado, compartilhar experiências positivas e, claro, celebrar negócios. A próxima edição já tem data: 28 de junho a 1º de julho de 2016, sempre em Cannes.

APPLE VOLTA ATRÁS E PAGARÁ A ARTISTAS POR PERÍODO TESTE NO APPLE MUSIC

O álbum “1989”, da americana Taylor Swift, estará na Apple Music. Depois de a estrela pop dizer que tiraria toda a sua obra do serviço de streaming da gigante californiana, um acordo com a Apple resultou numa mudança de posição. A Apple havia anunciado em abril que não faria pagamentos aos artistas durante o período de três meses de teste do serviço. “Nós não pedimos iPhones gratuitos. Por favor, não nos peçam para fornecermos nossa música sem pagamento”, Taylor Swift reagiu na época. Como a companhia voltou atrás, o novo trabalho estará disponível no Apple Music, lançado no fim de junho no Brasil. A mudança foi celebrada por outros artistas, como a banda inglesa Florence & The Machine, que também vinham criticando a postura da maior companhia de tecnologia do mundo.

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