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CAPA
Cartão frota é armadilha para a revenda As vendas garantidas prometidas pelas operadoras de fato ocorrem, porém, os custos das transações, as taxas cobradas e os longos prazos para ressarcimento corroem a margem de lucro dos postos, tornado o cartão frota pouco vantajoso, no mínimo.
O cartão frota surgiu no mercado brasileiro com a promessa de facilitar a vida das empresas que trabalham com frotas de veículos tais como transportadoras de cargas e passageiros, bem como órgãos públicos. Ao mesmo tempo o novo meio de pagamento prometia garantir incremento nas vendas de combustíveis para os postos revendedores, um forte apelo comercial, uma vez que um maior volume de vendas facilita a negociação de preços com as distribuidoras. Ele serve principalmente para fazer o pagamento dos abastecimentos de veículos com mais transparência, identificando e evitando fraudes por parte dos motoristas na hora da prestação de contas às empresas, por exemplo. Mas, também, simplifica o faturamento das transações realizadas, dispensando a guarda da nota fiscal do combustível, já que o próprio sistema do cartão inclui as informações de qualquer transação em uma planilha dinâmica. Integrada às plataformas de gestão, essa planilha dinâmica possibilita a realização com maior eficácia de análises sobre os gastos da empresa com combustível. De modo geral, o cartão frota é igual a um cartão de crédito convencional ou um cartão pré-pago. Em alguns casos, a empresa pode creditar um valor fixo mensal para o motorista utilizar nos seus deslocamentos; em outros é determinado um limite para o cartão, que reduz conforme o cartão é utilizado. Existem várias empresas que administram esse tipo de cartão, entre elas a Maxifrota, Ticket Car, Ticket Log (Good Card) e a Vale Card.
Armadilha O que parece ser um mar de vantagens e uma relação “ganha-ganha”, contudo, na prática tem se revelado uma grande armadilha para os postos de combustíveis. As vendas garantidas prometidas pelas operadoras de fato ocorrem, porém, os custos das transações, as taxas cobradas e os longos prazos para ressarcimento corroem a margem de lucro dos postos, tornado o cartão frota pouco vantajoso, no mínimo. Enquanto as taxas das operadoras de cartão de crédito e débito chegam a no máximo 3,5% ao mês, as taxas de operação dos cartões de frota podem chegar a 6% ao mês, e o prazo para repasse dos valores é de mais de 40 dias. Caso queira antecipar o recebimento, o revendedor precisa pagar uma nova taxa, que pode chegar a 5% do total vendido. Além disso, para se tornar um posto credenciado, é cobrada uma tarifa de adesão, que pode chegar a R$ 10 mil. Mesmo com uma margem de lucro mínima ou sem lucro algum, entretanto, revendedores continuam aceitando os cartões
frota em função do volume de vendas. Os que aceitam em seus estabelecimentos, porém, reclamam da dificuldade de negociar com as operadoras. Diferentemente das administradoras de cartões de débito e crédito, que negociam abertamente, no caso do cartão frota ainda prevalece a unilateralidade, principalmente no que se refere a taxas e prazos de reembolso. A queixa dos revendedores não tem se limitado a isso. Além do valor bem acima do praticado pelo mercado, as adquirentes cobram DOC, TED e taxa de manutenção e embutem tarifas no contrato, além de aumentarem o prazo de reembolso ao seu bel prazer.