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Hidrogênio verde: aposta para controlar o aquecimento global
Não poluente, o combustível já move bilhões de dólares em investimentos ao redor do mundo. Alguns projetos já estão em andamento no Brasil.
Considerado a melhor alternativa energética para um futuro neutro em gás carbônico (CO2), o hidrogênio já movimenta uma indústria bilionária ao redor do mundo. De acordo com a consultoria McKinsey, mais de 350 projetos para produção em larga escala de hidrogênio verde (H2V) estavam em andamento no mundo até julho do ano passado, somando cerca de US$ 150 bilhões em investimentos. Esses números, no entanto, mostram apenas o início de uma revolução no mercado de energia global. Elemento mais abundante no universo, o hidrogênio na Terra só existe na combinação com outros elementos, estando na água e nos hidrocarbonetos, como gás, carvão e petróleo. É preciso separá-lo para usá-lo como combustível, o que já é feito na produção do hidrogênio marrom, cinza e azul, que utilizam combustíveis fósseis, e são usados em refinarias, siderúrgicas e fabricantes de amônia, por exemplo. Considerado o combustível mais limpo do mundo, o H2V não gera gases poluentes nem durante a combustão nem durante a produção, que consiste num método criado há quase 200 anos - a eletrólise da água (H2O) , que separa as moléculas de hidrogênio do oxigênio por meio de corrente elétrica. O potencial do produto - o hidrogênio tem três vezes mais energia do que a gasolina com a vantagem de ser uma fonte limpa - tem gerado euforia entre investidores. O banco de investimentos Goldman Sachs calcula que até 2050, o mercado de hidrogênio no mundo ultrapassará US$ 11 trilhões. E o Brasil pode ser um dos líderes mundiais na produção de hidrogênio verde, de acordo com a consultoria McKinsey, que prevê que até 2040 a receita com esse combustível limpo ficará entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões, sendo 70% do montante no mercado doméstico. Existem, contudo, dificuldades a serem superadas para a produção em larga escala do combustível, sendo um deles o uso intensivo da energia. Uma planta de eletrólise de 90 MW produz em torno de 11 mil toneladas de hidrogênio. A demanda pelo produto, entretanto, será de milhões de toneladas. Outra questão é o custo que ainda é alto. Atualmente, o preço do quilo do hidrogênio cinza é US$ 2, enquanto o do verde está entre US$ 5 e US$ 8. Especialistas acreditam, porém, que a massificação da produção vai reduzir os preços. As projeções são de que até 2040 o quilo do hidrogênio verde custe US$ 1.
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No Brasil
Em novembro do ano passado, a Casa dos Ventos e a Nexway Eficiência, uma empresa do grupo Comerc Energia, anunciaram parceria para desenvolvimento de projetos de produção de H2V no Brasil. As duas empresas já estudam a implantação de projetos de larga escala em quatro estados do Nordeste, com investimentos previstos de US$ 4 bilhões em cada um, totalizando US$ 16 bilhões até 2030. O primeiro projeto será implantado no Piauí, começando como uma planta piloto. Os outros três projetos de grande porte em estudo são na Bahia, Ceará e Pernambuco. Estão sendo estudados também projetos de pequeno e médio porte, uma espécie de geração distribuída de H2V dentro das próprias indústrias que já consomem hidrogênio de origem fóssil hoje, seja como insumo ou como matéria prima, como os segmentos de vidro, alimentos e refinarias. A parceria Comerc/Nexway e Casa dos Ventos também está mapeando as aplicações futuras, como na mineração e siderurgia, dentro da lógica da geração distribuída.