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CONSELHO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS DIZ QUE A PANDEMIA “VIROU DO AVESSO” A MAIOR PARTE DO MOVIMENTO ASSOCIATIVO PORTUGUÊS NO ESTRANGEIRO
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presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), Flávio Martins, disse numa entrevista, ao final da reunião anual do Conselho Permanente do CCP, que se realizou em Lisboa, que acredita que a vida dos emigrantes, nomeadamente fora da Europa, “piorou bastante” e que há associações que arriscam nunca mais abrir, deixando incerto o destino do seu património material. “Algumas associações sofreram impactos que talvez não sejam superados, nem a curto, nem a médio prazo”, explica o dirigente do CCP e continua dizendo que “o movimento associativo nas comunidades sai muito, muito abalado e há mesmo relatos de associações que tiveram e têm ainda problemas sérios, mesmo em países onde as restrições e os efeitos da pandemia têm diminuído. Há relatos de associações que ainda não estão a funcionar. E aqui coloca-se a questão do património material, decorrente do esforço das comunidades portuguesas ao longo dos anos”. A pandemia trouxe ainda dificuldades acrescidas ao nível do funcionamento dos postos consulares, que “é algo que
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sempre precisa de estar acompanhado com maior proximidade e atenção”. Questões como estas têm sido levadas ao conhecimento do Governo, do Presidente da República e dos deputados pelo CCP, que em 2020 comemorou 40 anos, mas cujo aniversário foi comemorado durante a reunião anual do CP, que decorreu no mês de outubro, em Lisboa, com a presença de conselheiros de várias partes do mundo. Nesta semana de trabalhos, estiveram em cima da mesa novas questões, mas também assuntos antigos, como a pretensão do CCP sair da tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que não avançou, mas que continua na mira do Conselho, para o qual nada impede que este tipo de temas seja discutido e amadurecido. “Pode não ser agora, mas para o futuro”. “Nestes 40 anos, o CCP conquistou uma série de avanços em relação às comunidades nos mais variados temas, que também não foram conquistados de momento para o outro. Foram mandatos, anos, talvez até décadas de discussão até que ocorressem. Vamos dar um passo de cada vez e chegar adiante, tenho a certeza”, sublinhou. O CCP continua em desacordo com o Governo em relação ao Ensino do Portu-
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guês no Estrangeiro e quer continuar a promover a ampliação dos representantes das comunidades portuguesas, até porque quatro deputados talvez fosse um número “razoável” para 300.000 eleitores, mas não para os 1,5 milhões de eleitores que foram apurados após o último recenseamento automático. “Sempre defendemos jamais retirar deputados de círculos que hoje estão no interior do país, por exemplo. Achamos que nas áreas em que possa haver um maior número de deputados, quem sabe um ou dois possam ser remanejados para os círculos da emigração”, defendeu. Sobre a baixa participação das comunidades portuguesas nos atos eleitorais (1,88% dos inscritos, nas últimas presidenciais), Flávio Martins considerou que essa é uma verdade que “não é responsabilidade dos conselheiros”, mas “certamente de outros atores políticos”. “Temos apresentado propostas para melhorar a participação das comunidades, como alargar as modalidades de voto – presencial, voto postal ou do voto eletrónico. Mas há muitas outras questões que devem ser objeto de reflexão, dos partidos políticos, do Governo e de todas as pessoas que trabalham com esse tema”, defendeu.