II. Jogo de cintura “Jogo de cintura” é uma expressão coloquial utilizada no Brasil, que significa ter flexibilidade e capacidade de improviso. Ter jogo de cintura se refere, portanto, a ter uma certa maleabilidade, uma adaptação às improvisações, especialmente em situações adversas e conflitivas. Pensado enquanto dimensão metodológica, o jogo de cintura evoca uma processualidade aberta, uma prática de adaptação às circunstâncias e contingências presentificadas pelos encontros. Conectado a essa ideia, o conceito de “work in process”, tratado por diversos autores/as, mas mobilizado aqui através da escritora Jota Mombaça, nos fornece mais camadas para complexificar essa discussão. “Work in process” representa a escolha por um caminho criativo “arriscado”, na qual o produto é inteiramente dependente das vicissitudes do processo. ”Uma contra-conduta criativa ’irracionalista‘ que tende ao rompimento com o modelo racional cartesiano que foi consolidado no Ocidente” (MOMBAÇA, 2016, p. 343), afirma Mombaça. Implica assumir o caos, os erros, os equívocos e os desvios como parte integrante do processo. Diferentemente de modelos em que o desenvolvimento de práticas são rigidamente controlados, trata-se aqui de uma conduta na qual “quer-se intensificar o desgoverno, como aposta numa metodologia errante porque desgovernada. Sensível à errogênese. Errogênese: criação pelo erro, pelas vias erradas” (MOMBAÇA, 2016, p. 343). Essa abordagem metodológica atravessou a construção deste TFG, na medida em que me permitiu definir os rumos do trabalho conforme fui construindo um olhar, simultaneamente retrospectivo e prospectivo, para a minha trajetória e a do TRAMA. As trocas com integrantes do grupo provocaram mudanças nos conteúdos e nas formas do texto, e, com isso, os aprendizados foram ampliados. É preciso dizer que este não é um processo fácil. Há que lidar 190 | Experimentos metodólogicos insurgentes na prática de Arq. e Urb.