Gestos tecidos por muitas mãos. Metodologias esculpidas a partir de trocas. Saber compartilhado que se aprende fazendo, continuamente. Tramas de encontros, afetos, escutas, e enfim, proposição. Jogo de cintura para amarrar essa dança. Na encruzilhada entre o ontem, o hoje e o amanhã, desembocam perguntas: Como iniciar algo que já teve começo? Como dar fim a uma etapa, ressignificando o que se espera desse dito final? Construir um rito de passagem envolve um quê de encanto. Na esquina das dúvidas, a certeza de que aprender cidade não é coisa que se faz sozinha. Não cabe — somente — em sala de aula e em livros, mas também, vai além deles. O saber acadêmico não é o único saber, e rompendo com a gramática da supremacia (SANDOVAL, 2000, p.2), é preciso provocar conhecimentos a interagirem entre si — somando-se, acumulando-se, complementando-se. Para saber ler as carto-corpo-grafias da vida urbana, e assim, entender como também escrevê-las (e inscrevê-las), necessita-se de ouvidos sensíveis e olhares atentos. Na companhia deles, percorrer as ruas que são arquivos, as pessoas que são acervos vivos, as memórias que são mares profundos. Missão diária, urgente, é desaprender o colonialismo que cruzou os oceanos. Recontar a história, mas sobretudo, criar novas histórias também. Inventar novos mundos em que caibam outras práticas de vida. Disputar o futuro. Repovoar imaginários. Insurgir. Sonhar.
Movida por essas inquietações, tento, com esse trabalho, apresentar e refletir sobre um repertório de práticas e experimentos metodológicos insurgentes no campo da Arquitetura e Urbanismo, ou, em termos mais simples: modos de fazer-junto nas relações da cidade. Tomo como ponto de partida, de forma mais ampla, experiências coletivas diversas que fizeram parte da minha trajetória na Universidade, e em recorte específico, atuações recentes do TRAMA, grupo do qual faço parte, e que se configura como principal núcleo de adensamento das 10 | Experimentos metodólogicos insurgentes na prática de Arq. e Urb.