ECONOMIA
21
Retomada econômica em Goiás ainda é incerta Dados estatísticos mostram cenários diversos, mas expectativa do mercado e do setor empresarial goiano é positiva para a recuperação da atividade econômica do estado.
“O Estado da vez é Goiás”. Foi com essa afirmação que o governador Ronaldo Caiado se dirigiu ao setor empresarial no lançamento do guia “Planejamento Estratégico: Caminho para a Retomada da Economia”, elaborado pela Federação das Associações Comerciais, Industriais, Empresariais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg), no final do mês de julho. Caiado destacou na oportunidade as iniciativas do governo estadual para fomentar a economia goiana, principalmente na melhoria da infraestrutura. Segundo ele, Goiás está investindo no que existe de mais promissor, como a logística, além da recuperação da parte fiscal do Estado. O evento aconteceu um ano depois que o governo de Goiás oficializou a criação da Secretaria da Retomada, no início de agosto de 2020, com o objetivo de planejar e executar ações que alavanquem a economia goiana com o arrefecimento da crise sanitária. A iniciativa, contudo, não parece ter sido suficiente para produzir os efeitos esperados pela administração estadual. A última estimativa sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás divulgada pelo Instituto Mauro Borges de Estatística e Estudos Socioeconômicos (IMB), da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), mostram que a economia goiana registrou variação de - 1,1% no
primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado negativo estimado pelo IMB vem depois de um crescimento de apenas 0,3% no quarto trimestre de 2020, que por sua vez sucedeu outros dois resultados negativos: de -0,3% no terceiro trimestre e de -2,4% no segundo trimestre. Dados setoriais mais recentes são mais animadores. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativa a maio mostra que o volume de vendas no comércio varejista goiano cresceu 4,3% no acumulado deste ano (janeiro a maio), comparado com igual período de 2020. A base de comparação, no entanto, é fraca, já que de janeiro a maio do ano passado o volume de vendas do varejo tinha registrado uma retração de 6,8% sobre o mesmo período de 2019. O que significa que as vendas estão em patamares menores do que o pré-pandemia. Já a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também do IBGE, aponta um crescimento de 11,9% no volume de contratação de serviços no acumulado de janeiro a maio de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado. Porém, assim como no comércio varejista, no setor de serviços houve queda no volume de contratação (-8,2%) no período de janeiro a maio de 2020, ante o mesmo período do ano anterior.
Os dados do PIB goiano do segundo e terceiro trimestre, assim como os resultados das pesquisas mensais do comércio e de serviços a partir de junho ainda não estão disponíveis, o que não permite aferir o comportamento do mercado goiano nos últimos meses. Mesmo assim, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) prevê que a economia goiana deve fechar 2021 com crescimento de 3,8%. A estimativa tem como base estudo da empresa MB Associados e, se confirmada, o avanço econômico de Goiás será superado apenas pelo de Mato Grosso (4,97%), do Amazonas (4,78%), do Rio Grande do Norte (4,37%) e do Piauí (3,99%). A expectativa positiva da Fieg se justifica, levando em consideração as projeções dos economistas do mercado financeiro para o PIB do País em 2021, que estão acima de 5%, segundo a pesquisa Focus, do Banco Central. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também projeta crescimento de mais de 5% para a economia brasileira em 2021. Alguns obstáculos, no entanto, terão que ser transpostos para garantir a retomada econômica nos próximos meses: a vacinação lenta da população, a ameaça de um apagão do setor elétrico provocado pelos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas do país, a desvalorização cambial do Real frente a outras moedas e a instabilidade política por que atravessa o Brasil.