gastronomia | cachaça
Com sabor de poesia
SENSAÇÕES, EXPERIÊNCIAS E BOAS HISTÓRIAS. TRACIA APRESENTA O MELHOR DA CACHAÇA QUE UNE ARTE E MEMÓRIAS AFETIVAS texto Junior de Castro fotografia Gilney Botelho
om mais de 500 anos de história, existem diversas versões sobre a origem da cachaça, o primeiro destilado das Américas. Segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça, os portugueses, acostumados a tomar a bagaceira, destilado de casca de uva, improvisaram uma bebida a partir da fermentação de derivados do caldo da cana-de-açúcar que produzia o mesmo efeito prazeroso do destilado de uva. Assim nasceu a cachaça. Outra versão é que a bebida foi criada na província de Pernambuco quando um escravo, que viajava pelas fazendas, deixou sair a “cagaça” - uma espuma que se formou no topo de uma cuba de caldo de cana. O líquido fermentou e, devido às oscilações de temperatura, evaporou e condensou, formando pequenas gotas (pingos) na cobertura da casa. O termo pejorativo “pinga” foi criado no imaginário popular a partir dessa história.
C
A TRACIA
Conhecemos muitas histórias sobre a origem da cachaça, já a Tracia é regada com muita música e poesia: “Ventania nos braços. Açoite nas mãos Verde, viceja a cana no campo. Na taxa de cobre, arte e alquimia. Sublima-se o açúcar, em intensa garapa. Há música e versos no destilado. Feminina vestal travestida em Orfeu. A lira pinga poesia e canto. O espírito enfeitiçado sagra aromas e sabores mágicos”. 86 / PRESENTE — 2022
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O poema Orfeu, de Lúcia Serra, dá tom à história da Tracia que, não à toa, tem seu nome originário da famosa província do Império Romano onde viveu o músico, poeta e profeta lendário Orfeu. A cachaça mineira, em três anos de projeto e um de lançamento, apresenta ao público a mais brasileira das bebidas por meio de sensações e experiências que possibilitam boas histórias, arte e poesia. De acordo com seus fundadores, a ideia da marca, desde o início, foi ter a iguaria unida à arte e à poesia. “Com a cachaça à mesa nasceram grandes músicas e poemas. Ela sempre inspirou grandes compositores, cantores e poetas. Ou seja, o objetivo sempre foi uni-la à arte”, explica Rayane Melo Souza, Proprietária.
Muito antes do início da história da Tracia, entretanto, Rayane já trazia consigo a memória afetiva da bebida. “Nasci e fui criada em Brasília, no Distrito Federal, mas sempre visitava Lavras durante as férias quando era criança. Vinha visitar minha família, e na roça do meu avô e do meu tio havia alambique. Quando me mudei para Lavras, há quatro anos, comecei a conhecer outros alambiques e tudo isso despertou minhas memórias de infância e o desejo de eternizar todos esses momentos em uma marca", conta a proprietária. Pouco tempo depois, o projeto Tracia começava a nascer. A partir de uma história familiar de mais de 60 anos, Rayane e Antônio Carlos começaram a
