Revista Grupo H Saúde Nº12

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Dr. Sérgio Martinho Médico Psiquiatra na Policlínica Central da Benedita

A Depressão ou uma desvitalização extraordinária O dicionário de língua portuguesa é simpático ao definir “depressão”, porque não se compromete e as palavras têm vários significados. Afinal, não se pode dispensar um compêndio de uma língua para aclarar uma condição mental. Mas é simpático; à depressão, chama-lhe: um abaixamento de nível, uma diminuição da pressão, um achatamento, uma cavidade pouco funda ou até uma zona baixa entre montanhas. No entanto, nada disto nos diz verdadeiramente o que é a depressão clínica. Se os dicionários não nos oferecerem as respostas que

pretendemos, talvez possamos recorrer aos números, que são invariáveis, grandiloquentes e puros, porque escondem a verdade do mundo. Vamos a isso. Os números dizem que 5% da população mundial sofre de depressão, isto equivale a cerca de 280 milhões de pessoas, representando uma das maiores causas de incapacidade. Os números são impressionantes, não há dúvida. Em Portugal, estima-se que o problema seja ainda mais expressivo, com 7% da população a receber um diagnóstico de

depressão a cada ano. Se pensarmos em doenças mentais no geral, é estimado que um em cada cinco portugueses sejam donos de uma perturbação mental. Os números são eloquentes, não há dúvida. E todos estes factos causam uma impressão significativa, mas a verdade é que não nos dizem grande coisa também. Muito bem; a depressão é frequente, e depois? Para podermos ficar mais próximos, resta-nos, portanto, imaginar. Imaginemos isto: sem explicação aparente, ao cabo de alguns dias, o simples acto de

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