Revista CDM Digital #35

Page 26

O Jardim além do Botânico

Mais do que um ponto turístico, o jardim Botânico de Curitiba é palco de histórias e momentos únicos na vida dos visitantes

revista corpo da matéria CURSO DE JORNALISMO PUCPR
ano 13 - edição 35 maio de 2015

Corpo da matéria

Ano 13 - Edição 35 - Maio de 2015

Revista Laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR

Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 Prado Velho, Curitiba PR

REITOR

Waldemiro Gremski

DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli

COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes

COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes

COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL Paulo Camargo (DRT-PR 2569)

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade

MONITORIA Carolina Mildemberger

Alunos - 5º Período Jornalismo PUCPR

Amanda Lopes Ribeiro, Andressa Paola Elesbao, Crislaine Franco da Rocha, Debora Helena Dutra Ferreira, Eduardo Manoel Nogueira Soares de Souza, Evelise Kruger Muncinelli, Everton Luis Almeida de Lima, Fernanda Bertonha, Franceslly dos Santos Catozzo, Geane Godois Leite, Giovanna Kasezmark dos Santos, Glaucia Inocência Périco, Isabel Maria dos Santos, Jaderson de Almeida Policante, Jeslayne Magalhães Valente, Leonardo Ferreira Fonseca de Siqueira, Marcio Luis Galan Junior, Monica dos Santos Seolim, Pedro Luiz de Almeida, Priscila Tobler Murr, Raphaela Pechini Viscardi, Renata Fernandes Valente, Thamiris Thibes Mottin, Thiago Miotto Vilas Bôas, Victor Hugo Mendes dos Santos, Victor Lucio Waiss

Imagem de capa: Victor Lucio Waiss - 5ºP Jornalismo

2 Revista CDM Jornalismo PUCPR

O jardim das percepções 4

COMPORTAMENTO

A nova cara da terceira idade 8

Na pele 10 ESPORTES

Para aprender a ser juíz 16

SAÚDE

Corpo saudável, mente feliz 20 CIDADANIA

Gratuita e de qualidade 22

Ajuda primordial 24 TECNOLOGIA

Vitrine digital 26

Jornalismo PUCPR Revista CDM 3 CIDADES

O jardim das percepções

O Jardim Botânico de Curitiba é um dos principais cartões-postais da cidade e isso justifica-se pela pluralidade de sensações e visões que o local proporciona a quem quer que seja

Há recém-completados 23 anos, o Jardim Botânico de Curitiba embele za a capital paranaense, seja por seu gramado coberto pelas geadas típicas do inverno, seja pelas exuberantes flores que desabrocham o ano todo em suas dependências. Isso, sem falar na sua simbólica estufa, que vem à mente sem pre que o nome da cidade sorriso é citado.

O local, de 178 mil metros quadrados, foi inaugurado em 5 de outubro de 1991, e ba tizado com o nome de Francisca Maria Garfunkel Rischbieter, em homenagem à urbanis ta pioneira no planejamento urbano de Curitiba. Além disso, o Jardim Botânico deu nome ao bairro no qual está locali zado e recebe, em média, um milhão de visitantes todos os anos, segundo dados da Prefeitura de Curitiba.

A grande demanda de frequentadores fez com que um investimento de R$ 180 mil fosse dado de “presente” no último aniversário do local, para a implantação de um Centro de Informação ao Turista,

a fim de dar mais assistência aos que conhecem pouco – ou nada – da área. Porém, quem vai ao Botânico desfruta mais do que o conhecimento de um dos símbolos da capital. Cada visitante, com seus interesses e expectativas, pode vislum brar algo que para os demais passaria despercebido, mas que ajuda a contar muito mais que a história do lugar em si.

Parada obriga tória tanto para turistas quanto para moradores da capital para naense, o Jar dim Botânico de Curitiba oferece lazer, revelando as belezas da natureza.

4 Revista CDM Jornalismo PUCPR cidades

Parada obrigatória do amor

O Botânico recebe diariamente muitos turistas de todos os lugares do Brasil e do mundo. A maioria tem por objetivo conhecer um pouco de Curitiba por meio da diversidade ambiental e estrutural do local. No entanto, há aqueles que chegam com propósitos específicos e significados a serem buscados.

Paulo Ramos trabalhou por 11 anos na área de turismo, mas há um mês largou tudo para dedicar-se a um projeto especial e inu sitado. O paulista de 30 anos de idade criou a Jornada do Pôr do Sol. “O intuito inicial foi de crescimento pessoal e profissional. Com o tempo, as pessoas foram agregando e trans formando o caminho, que tem como objetivo levar a bandeira do amor a todos os estados do país e colher histórias de amor”, explica.

Dessa forma, uma das paradas obrigatórias que Paulo escolheu foi a capital paranaense e, sobretudo o Jardim Botânico, que, segundo ele, contribuiu muito para sua experiência. “É um dos parques mais bonitos do Brasil e, por isso, foi uma das prioridades por onde eu devia passar com a jornada e ser presenteado com me mórias que demonstrassem algum tipo de afeto”, comentou.

Ramos já havia visitado o ambiente anteriormente, contudo, desta vez, pôde observá-lo com outros olhos. O foco não esteve na estru

tura física, seja da estufa, da colocação das flores, da qualidade da exposição nos museus botânicos, mas, sim, nas pessoas e em suas bagagens emocionais.

Ao fim da jornada, o peregrino – como ele próprio se intitula – pretende lançar livros, documentários e exposições com as histórias, fotos e vídeos que acumula pelo caminho. E, segundo ele, de Curitiba e das pessoas que encontrou especialmente no Jardim Botânico, levará algo especial. “A primeira impressão que tive e levarei comigo é que a população tem orgulho da cidade onde vive. Tudo aqui é muito primoroso e com certeza voltarei. Fiz muitos amigos, inclusive”, conclui.

Para o aven tureiro Paulo Ramos, o Jar dim Botânico não poderia deixar de ser sua primeira parada.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 5 cidades
Paulo Ramos
“A primeira impressão que tive e que levarei comigo, é que a população tem orgulho da cidade onde vive.”

Estúdio a céu aberto Acontecimentos importantes e expressões de amor precisam ser lembrados e eternizados e, para tanto, é preciso um cenário agradável.

Por isso não é raro esbarrar em fotógrafos registrando recém-casados, futuros pais e mães, debu tantes e afins, enquanto se transita pelo parque.

Segundo o fotojornalista Valquir Aureliano, o lugar é requisitado entre a maioria de seus clientes de eventos. “Já fiz trabalhos no Botânico dezenas de vezes. O ponto forte é a imaginação do profissio nal, mas sem dúvidas o entorno da estufa é a melhor parte para se fotografar, devido à sua beleza”, afirma.

A estufa é o ponto mais disputado não só por profissionais, mas, e principalmente, pelos visitantes. De acordo com a Prefeitura de Curitiba, o monumento possui 458 metros quadrados e é composto por ferro e vidro, car regando ainda, a inspiração da arquitetura do Palácio de Cristal de Londres, construído no século XIX. A parte de dentro é responsável por ostentar as variedades vegetais com objetivo de pesquisa e preservação.

Tendo em vista a questão da importância de se ter um local desse gênero, o fotógrafo e mora dor da cidade é enfático ao associar o ambien

te com a representatividade que a capital tem dentro e fora do Paraná. “Curitiba é conhecida como a cidade do leite quente, da moderni zação, mas principalmente por ser ecológica, pela vasta e bela área verde e os parques, incluindo o Botâ nico, fazem parte disso, com certeza”, comenta.

Por ser visível como cartão -postal, o local recebe ilumi nações especiais para divulgar campa nhas ou eventos, como ocorre sempre durante a Copa do Mundo, por exemplo. “Alguns momentos foram marcantes para mim como jornalista também, como no Outubro Rosa (campanha para a conscientização da preven ção do câncer de mama), pois a iluminação é inrível, isso sem citar o pôr do sol que é sempre bonito”, finaliza Aureliano.

Laura apro veita o Jardim das Sensações, enquanto pas seia com a sua “cadeira voa dora”.

Proveitoso para todos Em princípio, fica evidente que a organiza ção estética e a riqueza para o conhecimento botânico é inquestionável. Contudo, é preciso também ponderar a respeito da acessibilidade, levando-se em conta o tamanho do parque e de seu terreno íngreme.

Laura Martins não possui os movimentos das pernas desde os 5 anos de idade, mas isso não foi empecilho para que ela seguisse a vida normalmente fazendo uma das coisas que mais

6 Revista CDM Jornalismo PUCPR cidades

gosta: viajar. As experiências de cadeirante e viajante não ficam restritas apenas de forma individual, mas são compartilhadas em um blog de sua autoria, intitulado “A Cadeira Voadora”.

Entre andanças, aliás, voos por todo o mundo, a mineira escolheu conhecer o Jardim Botâ nico de Curitiba e analisar se este é adaptado para suas necessidades. “Seguramente, é uma das maiores atrações da cidade. Parece-me di fícil alguém não se encantar pelos jardins bem cuidados e pela bela estufa de vidro e metal”, comenta.

Laura não esteve preocupada com o tempo e quis desfrutar tudo o que o local oferece, desde as áreas de preservação, dentro e fora da estufa, até o Jardim das Sensações, criado para instigar os sentidos dos frequentadores com aromas e texturas diversas de plantas e flores. “É um local muito agradável, particularmente se você der a sorte, como aconteceu conosco, de encontrá-lo quase vazio. Esta é uma das grandes vantagens de viajar em baixa tempora da, vai por mim”, ressalta. De um panorama geral, o Botânico pareceu bem preparado para receber cadeirantes, exceto por alguns detalhes. “Não há acesso para a parte superior da estufa, pois há apenas uma escada que leva até lá. Nas pequenas pontes também é perigo so se estiver sozinho, sobretudo se houver aglomerações de pessoas”, pondera a blogueira. Entretanto, nada que bom hu mor e disposição não resolvam, enquanto as pequenas adaptações não são feitas. “É só contornar por

outros acessos. É uma questão de exploração e deslumbre. O fato é que fiquei mais frustrada com a desativação do Espaço Cultural Frans Krajcberg, com a exposição permanente de obras do grande artista (a principal finalidade do espaço é a conscientização ambiental). Mil vezes infelizmente, porque gostaria muito de ter visto as obras; sou fã dele”, completa Laura.

O Espaço Frans Krajcberg está fechado desde 2010, sem nenhum motivo divulgado pela Fundação Cultural, contudo, o site da Gazeta do Povo divulgou uma entrevista com o artis ta, na qual ele afirma estar decepcionado com o modo de exposição, conservação e limpeza de suas 110 esculturas doadas para Curitiba e até então expostas no Jardim Botânico.

Atualmente, o local que circunda toda a estufa está visivelmente sem manutenção, com telhas faltando e sem as obras do escultor polonês.

Cada detalhe do jardim permite aos indivíduo múltiplas in terpretações, aguçando suas percep ções.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 7 cidades

A nova cara da TERCEIRA IDADE

Se aventurar por trilhas, em alta velocidade em cima de uma moto, nos lugares mais remotos do Paraná. Para quem gosta de aventura, esse parece ser um prato cheio, mas será que é o esporte mais apropriado para um senhor de 62 anos? Pode ter certeza que sim!

Em uma das raras tardes quentes de Curiti ba, Érico Onório, 62 anos, interrompeu seu trabalho em uma funilaria para conversar com a CDM. No seu local de ofício, o senhor de barbas brancas conta com riqueza de detalhes suas aventuras no Enduro FIM, modalidade de motocross realizada em trilhas.

Praticante do esporte há mais de 13 anos, o “Véio”, como é chamado pelos concorrentes, menciona os benefícios da prática. “A adrena lina e a aventura me mantém vivo, eu só vou parar de correr quando eu estiver velho”. No último campeonato, seu Érico ficou em 4º lugar, apesar de ter começado a temporada

com um dos melhores tempos. O resultado não o deixou triste, mas, também, pudera: nenhum dos outros competidores tem uma coleção de troféus comparáveis à dele, que conta, ao todo, com 113 prêmios. Na sala de sua casa, uma verdadeira exposi ção e ele sabe a história de cada um dos ob jetos. Ao mostrar as fotos das competições, ele relembra momentos engraçados, como quando a moto o “deixou na mão, à noite, em uma trilha”. Ele também ri quando se recorda das quedas da motocicleta. Uma delas lhe rendeu uma fratura na canela e outra no tornozelo, além de uma haste de metal e quatro parafusos na perna. Isso fez com que o médico o aconselhasse a “apo sentar o capacete”, mas, dentro de casa, ninguém apoia o término de sua carreira nas trilhas. “Eu fico o tempo todo com medo de ele se machucar, mas ele gosta. E, se ele fica feliz, eu fico feliz”, diz a esposa

Érico Onório não abandonou o principal hobbie: o motocross

comportamento 8 Revista CDM Jornalismo PUCPR

de seu Érico, a aposentada Rosemary, de 54 anos.

Felicidade. Este é o sentimento que leva o aposentado, Eduardo Bajerski, 75 anos, a as sistir os jogos do Paraná Clube. Com a presen ça dos netos, Eduardo acompanha a (sofrida) temporada do Paraná. Para ele esse hobbie traz divertimento e uma nostalgia, já que ele lembra do antigo time Pinheiros, que virou o Esporte Clube Colorado e, hoje, é o Paraná Clube. Segundo ele, a velhice “está na cabeça parada, vazia”, por isso, ele recomenda que os idosos “procurem se ocupar e se divertir”.

Contra a depressão

A rotina dos idosos do século XXI mostra uma nova realidade em nosso país, cada vez mais velho. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 20,6 milhões de idosos, o que representa 10,8% da população. Até 2060, vamos contar com 58,4 milhões, ou seja, 26,7 % dos brasi leiros terão 60 anos ou mais. Além das questões de preocupação pública, a psicóloga e sexóloga Cláudia Graichem Gui marães, chama a atenção para outro problema nessa faixa etária: a depressão. Segundo ela, após criar os filhos, vê-los deixar a casa e se aposentar, muitos idosos ficam sem motivação para viver. “Ter um círculo social, com pessoas que têm algo em comum é muito importante para evitar e depressão”, conta. Além disso, ela desmistifica a questão da sexualidade na terceira idade. “Nessa altura do campeonato, ficar constrangido não dá. Algu mas pessoas ficam chocadas em imaginar que uma pessoa idosa tem uma vida sexual ativa e esse tabu tem de ser quebrado”, revela a especialista.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 9 comportamento
Bajerski aguenta e emoção e vai ao estádio prestigiar o Paraná Clube Onório pratica o Enduro FIM, modalidade do moto cross fora da estrada. Victor Waiss Everton Lima

Na pele

Marcar um desenho e carregá-lo para sempre no corpo não é para qualquer um. Você teria coragem?

10 Revista CDM Jornalismo PUCPR comportamento
Créditos: Evelise Muncinelli

Um barulho de motor contínuo e quase irritante. Agulhas que perfuram a pele em uma velocidade incrível, preenchendo o local com tinta. Sim, estamos falando do conceito da tatuagem. Esta é uma arte bastante antiga, que remonta a 4.000 a.C. As mo tivações para tal prática são as mais variadas: estéticas, culturais ou até mesmo para encobrir cicatrizes ou marcas.

Para toda a vida

Uma cerejeira que começa nas costas e des ce pelo braço, sobreposta por um enorme samurai. Na mão esquerda, uma palavra que somente ele e a mãe entendem. No ombro direito, um anjo. No antebraço direito, um grande relógio simbo lizando o controle do tempo sobre a vida. E dessa maneira, a cada fase de sua vida, ele faz uma marca no corpo.

A primeira tatuagem foi aos 17 anos, um “777” tatuado nas costas e o significado, a representação divina da perfeição. E não parou por ai: hoje, aos 23 anos, Ricardo Bernardi coleciona desenhos, números e símbolos pelo corpo. “Eu acho que tenho umas 26 ou 27 tatuagens.” Ele se confunde, já até perdeu as contas das tatuagens que fez. Assim como as drogas, há um consenso no meio de que as “tatoos”, como são popularmente chamadas, viciam.

Do outro lado, estão as pessoas que preferem o corpo ao estilo natural. Impelidas por diversos fatores – dentre eles, sociais, culturais ou psicológicos – não são muito favoráveis a tal

prática. Por isso, não é raro encontrar alguém que tenha tatuagens e já tenha sofrido alguma forma de preconceito. “Você chega no ônibus e percebe as pessoas te olhando estranho e cochichando. Eu percebo que esse preconceito, na maioria das vezes, vem das pessoas mais velhas” comenta Ricardo.

Além das formas mais brandas de preconceito, existem casos mais extremos. Ricardo conta que já chegou a perder uma oportunidade de emprego por causas das tatuagens, que segundo o empregador “demonstram falta de higiene”. Em outra situação, ele foi ameaça do de demissão caso fizesse mais uma tatoo. “Minha gerente chegou e me disse: desse jeito não dá. Se você fizer mais uma tatuagem, não vai dar mais para continuar aqui.” O estudante Rodolfo Cameli, compartilha da mesma ex periência de Ricardo. Durante uma entrevista de emprego em Buenos Aires, na Argentina, ouviu que as tatuagens não condiziam com os pensamentos da empresa: “Eles perguntaram se eu gostaria de removê-las e eu deixei claro que essa não era uma opção. Não fui chama do, obviamente”.

Para sempre, enquanto durar

Como num filme, no final tudo vai dar certo. Acreditando nessa premissa, o assistente administrativo Marcelo Costa viveu uma grande história de amor proibido na juventude. Após

Jornalismo PUCPR Revista CDM 11 comportamento
“Minha gerente chegou e me disse: desse jeito não dá. Se você fizer mais uma tatuagem, não vai dar mais para continuar aqui.”

namorar por quase seis anos, ele finalmente tomou coragem e pediu sua amada em casa mento. Apenas a troca de alianças e as juras de amor eterno não foram suficientes e, no dia do casamento, antes de ir ao altar, Marcelo passou em uma clínica de tatuagem. Saiu de lá com o nome da esposa “Patrícia” tatuado em letras floridas no braço direito. Tudo ocorreu bem até que, alguns anos depois, ele descobriu que estava sendo traído. Hoje, com bom humor, ele comenta: “Na época, o que eu sentia era verdadeiro, então não posso dizer que me arre pendi de ter feito”.

Remoção

Se fazer tatuagens dói, acredite: removê-las pode doer ainda mais. “O tratamento é feito com laser específico para remoção de pigmen tos. Cada sessão remove uma cama da tatuagem deixando cada vez mais clara. A média para uma remoção quase que completa é de 10 a 15 sessões com um mês de intervalo entre cada uma”, explica o médico Robson Netto.

Para Ricardo, o termo “tatuado” não é visto como crítica ou elogio, mas sim como uma característica dele.

O

12 Revista CDM Jornalismo PUCPR comportamento
Vale a pena lembrar que cada pessoa res ponde de uma forma diferente à dor. Sen do assim, nem todo mundo sente a mesma dor nos mesmos lugares.
estilo da tatuagem tende a influenciar na quantidade de dor. Tatoos coloridas doem mais, assim como estilos com mais traçados.

Escala de dor: separando crianças de adultos

1 - Altamente suportável, ótima opção para quem tem medo da dor.

2 - Pouca dor, você já sofreu mais ao tomar uma palmada.

3 - Você quase vai chorar. Ou talvez chore.

4 - Provavelmente vai ficar se perguntando: “por que eu queria fazer tatuagem mesmo?”.

5 - Onde os fracos não têm vez.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 13 comportamento

Qual é a sua vibe?

Assim como as artes tradicionais, a tatuagem agrupa os desenhos em estilos. Se você está pensando em marcar o corpo, uma das formas de escolher o desenho começa em entender as diversas opções que existem.

Tradicional ou Old School

Inspirado nas tatuagens feitas por marinheiros no passado, com contor nos grossos e cores vivas, os desenhos são mais populares: âncoras, corações, rosas e estrelas.

New School

Uma “evolução” dos desenhos Old Scho ol, com influências modernas do grafite e arte urbana. Os traços grossos continu am presentes.

Realista

Muitos sombreados e traços complexos. Muito utilizado por aqueles que querem marcar o rosto de uma pessoa, com o propósito de homenagear familiares ou ídolos.

Possuem inspiração nos desenhos do povo nativo oriundo da Nova Zelândia. Cada um deles representa uma caracte rística ou sentimento, como sabedoria, felicidade, paciência e etc.

Créditos das imagens: Divulgação/Pinterest
comportamento 14 Revista CDM Jornalismo PUCPR
Maori

Aquarela

Esse tipo de tatuagem transforma a pele em uma tela de pintura. Por isso, o uso das cores é essencial para dar leveza e poesia ao desenho. Efeito de pincelada.

Tribal

Estilo muito popular de tatuagem, o tri bal veio das tribos indígenas de várias partes do mundo.

Pontilhismo

Com pequenos pontos ao invés de li nhas, formas se revelam e fazem parte da arte, podendo criar profundidade e perspectiva.

Oriental

Feitas com símbolos que remetem culturas orientais, esse tipo é colorido e chama bastante atenção no corpo.

comportamento Jornalismo PUCPR Revista CDM 15

Para aprender a ser juíz

16 Revista CDM Jornalismo PUCPR esportes
Foto: Marcio Morrison
Eduardo Souza, Jaderson Policante, Marcio Galan Federação Paranaense de Futebol oferece curso de formação de arbitragem

Não restam dúvidas de que no Brasil o esporte mais popular é o futebol. Ser um jogador reconhecido, atuar nos melhores times do mundo e ganhar muito dinheiro, é o sonho da maioria das crianças que disputam peladas nos campinhos de terra ou em qual quer outro espaço improvisado. Muitos deles ficarão pelo caminho por falta de sorte, ou de talento com a bola nos pés. Porém, existe outra alternativa que permite uma segunda

velocidade, e somente após a aprovação em todos esses quesitos é que “os novos juízes e assistentes podem atuar”, completa. Os novos árbitros trabalham primeiramente em jogos amadores, nas ligas locais ou campeonatos das categorias de base. Nessas partidas, os árbitros são observados e, dependendo de seu desem penho, podem chegar mais rápido às divisões profissionais. Formado em 2009, Alexandre Halicki Cordeiro comandou jogos de catego

árbitros

Alexandre Halicki, árbitro.

chance de acompanhar o jogo dentro das qua tro linhas. A arbitragem.

Em Curitiba, a Federação Paranaense de Fu tebol realiza cursos para a formação de novos árbitros geralmente em intervalos de dois anos. O programa tem duração de seis meses e acontece na sede da entidade no bairro do Tarumã. As aulas são aos sábados, e ministradas por juízes e assistentes (antes chamados de bandeirinhas).

O presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paranaense de Futebol Afonso Vitor de Oliveira, explica que o curso é composto por duas etapas. “Na primeira parte do curso, eles (os alunos) estudam o futebol e todas as suas regras. Depois disso, vêm à prova teórica e o teste físico.” Ainda segundo o ex-árbitro, nos testes físicos são averiguadas resistência e

rias juvenis, juniores e do campeonato amador de Curitiba, a liga suburbana, e hoje apita pro fissionalmente na terceira divisão do campe onato paranaense. Contudo, Cordeiro afirma que outros fatores podem influir na ascensão dos juízes às divisões mais importantes. “É uma mistura de qualidade com sorte. Existem excelentes árbitros que não foram observados, e que poderiam estar trabalhando nos jogos profissionais. Além disso, a Federação está passando por um momento financeiro difícil, não existem recursos suficientes para atuar da maneira ideal.”

A formação de uma nova turma está prevista para o primeiro semestre do ano que vem. Os interessados devem ter entre 17 e 26 anos, e ter o ensino superior completo ou em curso.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 17 esportes
“Existem excelentes
que não foram observados, e que po deriam estar trabalhando nos jogos profissionais.”

Mulher também gosta de apitar

Entrevista

Conversamos com Ariana Floriano, de 20 anos de idade. Ela faz direito na PUCPR e também é formada em arbitragem pela Federação Para naense de Futebol. Porque você começou a bandeirar?

Sempre quis trabalhar em alguma área ligada ao futebol. Como jogadora de futebol não sabia se ia dar certo, decidi ir pra arbitragem. Como descobriu o curso para federação?

Entrei no site da Federação Paranaense de Futebol e levei sorte, faltavam 3 semanas para o prazo de inscrição do teste acabar. De onde veio essa vontade?

Sempre fui ligada ao esporte, meu pai joga futebol desde o juvenil. Acabei entrando neste meio por influência, desde pequena estava nos campos de futebol acompanhando ele. Alguma inspiração/incentivo?

Roberto Bratz sem dúvidas, melhor assistente que vi atuar desde que acompanho futebol,

foi um excelente professor durante meu curso, além de excelente e humilde ser humano!

Você faz direito, tem alguma dificuldade em aliar as duas coisas?

Não. A faculdade exige bastante, mas consigo conciliar treinos, e os jogos geralmente são nos finais de semana. Mais pra frente se vê advogando ou bandei rando?

Advogando não sei, ainda tenho duvidas em qual vertente seguir na área do Direito, mas não me vejo sem a arbitragem mais!

Já sofreu algum preconceito por ser mulher? Sempre haverá ignorância, infelizmente, é um caso ou outro mas sinto que o respeito é maior do que esta ignorância, me tratam com respei to e profissionalismo.

Vê alguma dificuldade por ser mulher nesse meio?

Sim, os testes físicos (risos). A mulher em si já tem um déficit no desempenho físico, é bem difícil!

18 Revista CDM Jornalismo PUCPR esportes

Você acredita que a FPF está em crise em relação a arbitragem?

Não, ela possui árbitros e dos melhores desempenhos. Creio que a mídia está em crise em relação ao que é publicado, muitas vezes maldosamente.

lente professor

riano, bandeirinha.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 19 esportes
“Roberto Bratz sem dúvidas, é o melhor assistente que vi atuar desde que acompanho futebol, um exce-
durante o curso, além de excelente ser humano!” Ariana Flo-
Fotos: Ariana Floriano

Corpo saudável, mente feliz

Aprocura pelas atividades físicas é frequente pelos indivíduos que querem emagrecer, fortalecer os músculos ou melhorar o desempenho físico. Porém, esse não foi o caso de José Dirceu de Freitas Mello, que procurou o exercício físico para fugir de um quadro de depressão que teve início quando tinha 31 anos, após perder a esposa em um acidente de carro. “Ela estava a trabalho, viajando com o chefe, a supervisora e um estagiário. Estavam a caminho de uma pequena cidade na região metropolitana de Porto Alegre, para visitar a fábrica da empresa em que ela trabalhava há apenas dois meses e estava completamente satisfeita.”

Foi depois da tragédia que Dirceu procurou métodos para fugir da tristeza e da depressão: o fato de não terem filhos, que fazia parte dos planos do casal nos anos seguintes, era o que mais entristecia o rapaz. As visitas ao psiquiatra, conhecido da família, foram frequentes por sete anos, até que ele notou que os “me dicamentos não eram suficientes para que a minha alegria fosse restaurada”. Praticar atividades físicas foi a opção dada pelo psiquiatra, que recomendou a natação e a corrida para Dirceu, então beirando os 39 anos de vida. Mas foi o pilates e algumas aulas animadas de dança, como a de zumba, que realmente fizeram a diferença no seu estado emocional. O profissional de educação física, gerente e personal trainer

20 Revista CDM Jornalismo PUCPR saúde
Fernanda Bertonha e Mönica Seolim
“Medicamentos não eram suficientes para que a minha alegria fosse restaurada.”
José Dirceu de Freitas Mello, empresário.
Especialistas afirmam que atividades físicas são eficientes no combate a doenças emocionais

da academia Shape, Ceres Augusto Silvestre Tobias, afirma que exercícios como os reali zados por Dirceu, de intensidade moderada e duração de cerca de uma hora, são os melho res para a diminuição dos níveis de estresse, ansiedade, e também na melhora expressiva em quadros depressivos. “Isso ocorre por conta da liberação de determinados tipos de hormô nios durante a atividade física, provocando benefícios tanto ao bem-estar físico quanto psicológico.”

Segundo o profissional, “o reforço à autoesti ma, relacionado à melhor imagem corporal e à sensação de viver um estilo de vida mais saudável” também são razões pelas quais a atividade física regular é benéfica à saúde emocional.

Na psicologia também é um consenso sobre os benefícios das atividades físicas no tratamento de transtornos depressivos. A psicóloga Cláudia Ferraz afirma que indica para os seus pacientes a prática regular de algum exercício como um com plemento da terapia realizada no consultório. “Adquirir esse hábito faz com que o paciente descubra satisfação e bem-estar pessoal em algo simples, como uma aula de dança, por exemplo. É fundamental para o autoconheci mento.”

Cláudia destaca a socialização promovida pelas atividades físicas. “Procuro recomendar ativi dades coletivas. Assim, ao mesmo tempo em que o paciente libera hormônios de bem-estar e relaxamento, pode conhecer outras pessoas, ao invés de se trancar em sua casa e seu mun do.” Segundo a psicóloga, até agora, os resul tados sempre foram positivos. “Aqueles que aderem ao exercício físico, costumam dizer nas

sessões de terapia que se sentem renovados.” Renovação. Essa é a palavra que define o momento atual de Dirceu, como ele mesmo se orgulha de dizer. “Uma simples mudança de hábito foi importante para mim. Conheci pessoas novas fazendo pilates e dança, além de ter aprendido a superar os limites do meu próprio corpo.”

Exercícios físicos liberam hormônios de bem-estar.

A tristeza e a saudade da esposa ainda estão presentes no cotidiano do empresário, mas, hoje, os sentimentos estão sob controle. A dor foi substituída pela lembrança. “Sei que minha mulher, de onde estiver, deve estar orgulhosa de ver que eu consegui retomar a minha vida normal, mas sem deixar de amá-la”, finaliza Dirceu.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 21 saúde

Gratuita e de qualidade

Em uma propriedade privada com mais de 65 mil metros quadrados, e 3 mil metros quadrados de área construída, cercados de muitas arvores, onde alunos e professores têm a liberdade de entrar em contato com a natureza sempre que possível e usar essa van tagem para diferenciar as aulas, encontramos o Lar Escola Luciane Mary Paris. É um colégio totalmente voltado para crianças carentes, ofe recendo a elas uma educação de boa qualidade e novas perspectivas de futuro. Localizado no município de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RCM), o Divulgação

projeto foi idealizado pelo empresário Iri neu Paris, que depois de perder uma de suas filhas em 1989, em um acidente, conservou a vontade de fazer algo que a homenageasse. Foi depois de entrar em contato com um outro projeto beneficente, o Lar Escola Dr. Leocádio José Correia, localizado no bairro Santa Cân dida, em Curitiba, que surgiu a ideia de criar um espaço semelhante em Colombo.

A proposta começou a criar vida em 2001, quando o terreno foi adquirido. Dois anos mais tarde, iniciaram-se as obras e, em 2011, foram abertas as portas para 56 crianças. Hoje,

O projeto que propicia um ensino de qualidade é mantido por doações de empresários do município de Colombo.

22 Revista CDM Jornalismo PUCPR cidadania
Andressa Elesbão, Leonardo Siqueira e Thamiris Mottin
Escola no município de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), oferece educação primária de qualidade para crianças de baixa renda e em situação de risco

a escola tem capacidade de atender até 300 crianças. “Temos 160 alunos. São quatro tur mas, do Infantil 1 ao primeiro ano do ensino fundamental. Cada série tem até 30 estudan tes”, explica a auxiliar de administração do Lar Escola Juliana Weigert. “A ideia é chegar ao 9.º ano e, assim, a criança poderá sair do lar com a personalidade formada. O nosso obje tivo é mudar a realidade delas. Na região em volta do lar, há muita violência, muito tráfico de drogas e a nossa intenção é mostrar a elas que existe a possibilidade de serem melhores e terem o melhor.”

O diferencial do lar também é o trabalho em tempo integral com os alunos. Elas entram na parte da manhã e só saem no fim da tarde. Durante esse tempo, recebem refeições pre paradas por uma nutricionista, como café, lanche, almoço e o lanche da tarde. E todas são atendidas por uma psicóloga. “Muitas delas vêm de famílias desestruturadas. Há casos em que estão em situação de risco. Nós criamos um compromisso e proporcionamos a

elas e às famílias todo um acompanhamento”, diz Juliana. O lar proporciona, gratuitamente, todo o material utilizado pelos alunos, desde o uniforme, materiais usados em sala, até a escova de dentes.

Para ter seu filho matriculado, é preciso passar por um processo de seleção, dividido em três partes: inscrição, visitas residenciais/entrevista e matricula. “Recebemos 300 inscrições esse ano para 30 vagas. Fomos a todas as casas, entrevistamos as famílias e agora estamos em processo de matricula”, conta Juliana.

O projeto não traz nenhum retorno financei ro ao empresário e, para mantê-lo, o projeto depende de doações feitas por apoiadores, que fornecem materiais de uso mensal, como alimentos, pasta de dentes e materiais de escritório, além de contar com o bazar realizado pela própria instituição duas vezes por ano. “O lar se mantém assim, com doações. Nós não temos auxilio da prefeitura e precisamos cada vez mais de ajuda para continuar atendendo essas crianças”, conclui Juliana.

Estrutura

Salas de aula – Cada turma conta com uma professo ra regente e duas auxiliares capacitadas. A instituição também dispõe de um laboratório de informática. Aulas extracurriculares – São oferecidas aos alunos sessões de musicoterapia e aulas de capoeira e teatro. Como ser um apoiador do projeto – Você pode ajudar por meio de doações em dinheiro de qualquer valor ou de produtos e materiais que são usados mensalmente, como produtos de limpeza, alimentos e material escolar. Também é possível ajudar, doando-se roupas, brinquedos e itens para casas, para o Bazar do Lar Escola.

Mascote Coluzinha – A coruja simboliza o co nhecimento, sabedoria, inteligência e pensamento filosófico. Pelo seu significado, a ave foi escolhida como mascote do Lar Escola e uma artesã deu corpo à ideia, produzindo corujas de tecido, que animam e descontraem os ambientes. Os interes sados podem adquirir as mascotes na secretaria do Lar Escola, que estão disponíveis em dois tama nhos. Todo o dinheiro arrecadado com a venda da mascote é destinado ao sustento e melhorias do Lar Escola. Para mais informações, entre em contato pelo site www.larescolaluciane.com.br ou pelo telefone (41) 3656-2535.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 23 cidadania

Ajuda

Seja por meio de visitas ou de arrecadoções, o trabalho dos voluntários do Hospital Evangélico torna o internamento dos pacientes mais fácil

Oserviço de voluntario teve inicio no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba antes mesmo de sua fun dação, em 1959. A Sociedade Evangélica do Voluntáriado de Curitiba iniciou os trabalhos nessa área quando começou a angariar fundos para a construção do prédio que abriga o hos pital. Hoje, existem basicamente dois tipos de vonluntáriado dentro do Evangélico: o social e o espiritual. Social O voluntáriado social pode ser interno ou externo. No primeiro, esse tipo de trabalho abrange as áreas de apoio e auxilio aos pa cientes que precisam da presença de acompa nhantes, mas que muitas vezes estão sozinhos durante o tempo em que ficam internados. Dessa forma, o voluntário trabalha ajudando na alimentação, locomoção e em serviços que não exigem a presença de um profissional da área da saúde. Há ainda aqueles que contam histórias e levam algum tipo de entretenimen to para os pacientes.

Já o serviço externo corresponde a trabalhos realizados por grupos de fora do hospital, mas que têm como objetivo ajudar a instituição. Encaixam-se nessa área os voluntários que fazem chás beneficentes, trabalhos manuais, costuras, bazar e várias outras atividades.

Khatlen Moraes deu entrada no hospital para dar à luz a sua primeira filha e comenta sobre como foi receber a visita de uma das voluntá rias. “Achei incrível. Ela passou em cada um dos quartos da ala da maternidade e deu de presente uma manta feita de tricô para cada um dos bebês. A principio fiquei sem entender, depois me contaram que ela era uma voluntária”.

Espiritual

O segundo braço do voluntariado no Evan gélico é o espiritual. Por ser uma instituição cristã, o hospital procura levar a mensagem do evangelho de Jesus Cristo para todas as pessoas que por ali passam. De acordo com o superintendente de capelania, o pastor Henri que Rogalsky, a ideia não é fazer propaganda

24 Revista CDM Jornalismo PUCPR cidadania
Andressa Elesbão, Giovanna Kasezmark, Glaucia Perico e Raphaela Viscardi

de nenhuma igreja ou denominação. “Não fazemos propaganda dessa ou daquela religião, nós fazemos propaganda de Jesus e apenas para aqueles que querem. Quando alguém não quer, não se força nada.”, afirma.

Maria de Lourdes Ferreira Rodrigues é volun tária espiritual há pouco mais de seis meses e visita os pacientes do quinto andar da institui ção todas as sextas-feiras, ao lado de seu mari do. Ela conta que decidiu doar seu tempo aos pacientes do hospital depois de ler na Bíblia uma passagem em que Jesus fala como não foi amparado quando precisou. Para ela, servir no Hospital Evangélico é necessário, pois no mundo há muita falta de amor. “Esse é um serviço de amor. É um trabalho de misericór dia você chegar a um paciente para conversar, ouvir, abraçar e orar.”

Um dos pacientes visitados por Maria foi Althair Alexandrini, um senhor simpático de 84 anos, que deu entrada no hospital após sentir-se mal e perceber um inchaço em uma de suas pernas. O idoso, que mora em Santa Catarina, já esteve no Evangélico outras oito vezes e se emocionou ao comentar sobre a visita dos voluntários. “Hoje eu devo receber

inscrever para um dos cursos preparatórios. Quem deseja trabalhar na área social precisa passar por uma orientação que dura uma tarde para entender como funciona o hospital. Por sua vez, quem quiser atuar no voluntariado es piritual precisa se matricular em um curso que tem duração de três meses. Segundo o pastor Rogalsky, a formação mais longa para o visitador espiritual se deve ao fato de que muitas

Maria de Lurdes, voluntária

alta e levarei todos eles [voluntários] dentro do meu coração. Uma visita como a deles, que nos traz uma palavra abençoada, é o melhor remédio para o corpo.”

Preparação

Para ser voluntário no Evangélico basta entrar em contato com a capelania do hospital e se

pessoas têm boas intenções, mas acabam não sabendo lidar com os questionamentos dos pacientes. “Eles precisam estar mais prepara dos, pois o paciente faz perguntas e o visitador precisa estar ciente de que ele precisa trabalhar com a religiosidade do paciente e não com a dele”, afirma.

Jornalismo PUCPR Revista CDM 25 cidadania
“Esse é um serviço de amor. É um trabalho de misericórdia”

Vitrine digital

Como você se apresenta ao mundo nas redes sociais pode ter impacto no seu futuro profissional

As redes sociais fazem parte da vida pessoal e profissional da população atualmente, mudando a forma de se comunicar, sem a necessidade de diálogo frente a frente. Essas mudanças não param por ai, pois cada rede social é mobilizadora de causas e tendências. O Facebook é utilizado pelos internautas como forma de comunicação entre amigos e familiares. Já o Twitter é usado como ferramenta para que o internauta se mantenha atualizado dos acontecimentos e notícias.

Também é pelas redes sociais que se pode estabelecer a imagem de cada indivíduo na web, principalmente por meio das publicações. Expor em excesso a vida pessoal pode acabar prejudicando a imagem profissional, mas tam bém não é ideal se isolar completamente.

A análise das redes sociais pode ser o diferen cial, para se conquistar uma vaga de trabalho ou estágio no ambiente profissional. Por isso, a necessidade do cuidado com o que se cur te, compartilha ou comenta na internet. É por meio do ambiente virtual, que a escolha do candidato se torna muitas vezes decisiva, devido à visibilidade de seus perfis. Para Da

maris Souza de Cristo, psicóloga e especialista em gestão de pessoas, “o comportamento das pessoas nas redes sociais torna mais evidentes alguns fatores que até então não era possível identificar, tais como crenças, valores, visão de mundo”, afirma.

Segundo Nadia Sousa, que atua na área de recursos humanos da agência de publicida de CASA, é importante identificar como o indivíduo se relaciona em sociedade, além dos interesses e valores que podem ser agregados

26 Revista CDM Jornalismo PUCPR tecnologia
Amanda Ribeiro, Crislaine Franco e Jeslayne Valente
FreePik

ao seu trabalho. “Analisamos se o candidato tem amigos em comum com colaboradores da agência, o que nos permite ter referências pessoais ou profissionais do candidato”, avalia.

Outra forma considerada é colocar o nome do candidato no Google, para descobrir informa ções que podem estar relacionadas ao nome do indivíduo. “O Linkedin e o Facebook também são comumente consultados. Então, reúnem -se estas informações e faz-se uma análise a respeito do que o candidato está ‘vendendo’ sobre si”, conta Damaris.

Exposição

Existem redes sociais específicas para a pu blicação de imagens e vídeos, e dependendo do caso, podem conter informações íntimas do indivíduo, mostrando fotos que ele ou ela não gostaria de exibir. Todos os dados são reunidos e formam o perfil que cada pessoa passa para o mundo.

“A empresa que está contratando tem uma preocupação com sua imagem, vai querer pessoas que natural mente passem uma certa coerência. Dessa forma, certas imagens podem ser consideradas negativas para futuros profissionais da em presa”, constata Damaris. Para Nadia as fotos comprometedoras publicadas nas redes sociais podem prejudicar a imagem do candidato, “Dependendo do perfil da vaga, faz diferença sim, mas não consideramos um fato isolado apenas”, diz.

É necessário equilíbrio em todas as ações, seja na vida pessoal ou na profissional: cada atitude tem conseqüências, que devem ser assumidas pelo indivíduo. Segundo Damaris, “é uma única vida, dividida entre vários papéis com funções distintas, porém com um mesmo propósito. Cada pessoa poderá pensar em seus perfis na rede a partir desse ponto e, assim, definir sua estratégia pessoal”, explica. Existem muitos casos de pessoas que se preju dicam e não conseguem emprego por publica ções na web. “Fiz minha primeira entrevista na área de administração após me formar. O meu currículo era muito bom, mas não consegui a vaga por causa de fotos que eu tinha no Face book das festas que eu ia. Tinha muitas fotos minhas tomando bebidas alcoólicas, além de vários conteúdos abusivos postados por mim

e pelos meus amigos”, declara Ana Luiza de Souza, 29 anos, administradora de empresa. Para Damaris, outra forma de passar uma imagem negativa na internet são as postagens inadequadas. “É pouco recomendável utilizar as redes sociais para descrever todas as ações realizadas no decorrer do dia. Pode, primeiramente, remeter a uma imagem imatura, de

Jornalismo PUCPR Revista CDM 27 tecnologia
“Certas imagens podem ser consideradas negativas para futuros profissionais da empresa.”

Na América

Latina, o Brasil é o país mais influente nas redes sociais, sendo um dos lí deres em enga jamento digital FreePik

quem não tem nada a dizer e, num segundo momento, passar a mensagem de que a pessoa se ocupa mais com as redes sociais do que com afazeres mais produtivos”, constata. Por melhor que sejam as intenções, as publi cações nas redes sociais podem ser mal inter pretadas pelo interlocutor. É importante ter cuidado especial sobre esse aspecto. “Fui demi tido do meu emprego, por ofender uma colega de trabalho. Nós discutimos no trabalho e eu acabei a insultando na página do Facebook. A briga ficou realmente feia. Na hora, não pensei nas consequências”, confessa Paulo Roberto

Ideologias

Saímos recentemente de um longo período eleitoral, no qual se elegeu o presidente e outros governantes do país. Essa discussão se tornou acirrada nas redes sociai e, muitas pessoas manifestaram suas ideologias e defen deram seus candidatos.

Segundo Zanei Barcellos, professor doutor do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), existem dois tipos de política em questão, um de

28 Revista CDM Jornalismo PUCPR tecnologia

fendido por indivíduos que postam assuntos relacionados à política, mas de uma forma que envolve mais “paixão” pelos candidatos, do que o uso da razão. E o outro defende as políticas públicas, que envolvem assuntos relacionados à população, como educação, saúde, segurança, transporte e infraestrutura da cidade. “Essa conversa e posicio namento nas redes sociais fomentam a formação da opinião pública, e essa opinião pública indiretamente pressiona as decisões políticas. Então, se supõe que se terá um resultado positivo dessa discussão, quando nós ficamos mais conscientes do espaço público no ciberespa ço, para troca de informação e de discussão. Quando ficamos mais conscientes, exercemos uma pressão sobre os políticos e eles devem tomar decisões mais favoráveis para a socie

dade como um todo”, afirma.

As publicações na internet podem ser positivas, se forem bem administradas. Para Damaris, é preciso ter bom senso quando se comenta sobre política. “Discussões sobre temas emblemáti cos, como política, religião, futebol, de gênero e todos aqueles que podem suscitar ataques e defesas mais acaloradas, devem ser evitadas. Porém, é sempre bom lembrar que o que pode ser adequado para uma empresa, pode não ser bem recebido em outra. Assim, vale mesmo é o uso do bom senso para não se expor a resulta dos inesperados”, conclui.

sobre temas emblemáticos, como política, religião, futebol e de gênero devem ser evitadas.”

Jornalismo PUCPR Revista CDM 29 tecnologia
Orlando/UOL
“Discussões

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.