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A nova cara da terceira idade

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Na pele

Na pele

O Brasil é um país cada vez mais velho, mas nossos idosos também possuem espírito jovem

Texto: Everton Lima Fotos: Everton Lima e Victor Waiss Por: Everton Lima

Se aventurar por trilhas, em alta velocidade em cima de uma moto, nos lugares mais remotos do Paraná. Para quem gosta de aventura, esse parece ser um prato cheio, mas será que é o esporte mais apropriado para um senhor de 62 anos? Pode ter certeza que sim! Em uma das raras tardes quentes de Curitiba, Érico Onório, 62 anos, interrompeu seu trabalho em uma funilaria para conversar com a CDM. No seu local de ofício, o senhor de barbas brancas conta com riqueza de detalhes suas aventuras no Enduro FIM, modalidade de motocross realizada em trilhas. Praticante do esporte há mais de 13 anos, o “Véio”, como é chamado pelos concorrentes, menciona os benefícios da prática. “A adrenalina e a aventura me mantém vivo, eu só vou parar de correr quando eu estiver velho”. No último campeonato, seu Érico ficou em 4º lugar, apesar de ter começado a temporada com um dos melhores tempos. O resultado não o deixou triste, mas, também, pudera: nenhum dos outros competidores tem uma coleção de troféus comparáveis à dele, que conta, ao todo, com 113 prêmios. Na sala de sua casa, uma verdadeira exposição e ele sabe a história de cada um dos objetos. Ao mostrar as fotos das competições, ele relembra momentos engraçados, como quando a moto o “deixou na mão, à noite, em uma trilha”. Ele também ri quando se recorda das quedas da motocicleta. Uma delas lhe rendeu uma fratura na canela e outra no tornozelo, além de uma haste de metal e quatro parafusos na perna. Isso fez com que o médico o aconselhasse a “aposentar o capacete”, mas, dentro de casa, ninguém apoia o término de sua carreira nas trilhas. “Eu fico o tempo todo com medo de ele se machucar, mas ele gosta. E, se ele fica feliz, eu fico feliz”, diz a esposa Érico Onório não abandonou o principal hobbie: o motocross

de seu Érico, a aposentada Rosemary, de 54 anos. Felicidade. Este é o sentimento que leva o aposentado, Eduardo Bajerski, 75 anos, a assistir os jogos do Paraná Clube. Com a presença dos netos, Eduardo acompanha a (sofrida) temporada do Paraná. Para ele esse hobbie traz divertimento e uma nostalgia, já que ele lembra do antigo time Pinheiros, que virou o Esporte Clube Colorado e, hoje, é o Paraná Clube. Segundo ele, a velhice “está na cabeça parada, vazia”, por isso, ele recomenda que os idosos “procurem se ocupar e se divertir”.

Contra a depressão

A rotina dos idosos do século XXI mostra uma nova realidade em nosso país, cada vez mais velho. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 20,6 milhões de idosos, o que representa 10,8% da população. Até 2060, vamos contar com 58,4 milhões, ou seja, 26,7 % dos brasileiros terão 60 anos ou mais. Além das questões de preocupação pública, a psicóloga e sexóloga Cláudia Graichem Guimarães, chama a atenção para outro problema nessa faixa etária: a depressão. Segundo ela, após criar os filhos, vê-los deixar a casa e se aposentar, muitos idosos ficam sem motivação para viver. “Ter um círculo social, com pessoas que têm algo em comum é muito importante para evitar e depressão”, conta. Além disso, ela desmistifica a questão da sexualidade na terceira idade. “Nessa altura do campeonato, ficar constrangido não dá. Algumas pessoas ficam chocadas em imaginar que uma pessoa idosa tem uma vida sexual ativa e esse tabu tem de ser quebrado”, revela a especialista. Bajerski aguenta e emoção e vai ao estádio prestigiar o Paraná Clube

Onório pratica o Enduro FIM, modalidade do motocross fora da estrada.

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