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O jardim das percepções
by eba_pucpr
O Jardim Botânico de Curitiba é um dos principais cartões-postais da cidade e isso justifica-se pela pluralidade de sensações e visões que o local proporciona a quem quer que seja
Por: Geane Godois
Há recém-completados 23 anos, o Jardim Botânico de Curitiba embeleza a capital paranaense, seja por seu gramado coberto pelas geadas típicas do inverno, seja pelas exuberantes flores que desabrocham o ano todo em suas dependências. Isso, sem falar na sua simbólica estufa, que vem à mente sempre que o nome da cidade sorriso é citado.
O local, de 178 mil metros quadrados, foi inaugurado em 5 de outubro de 1991, e batizado com o nome de Francisca Maria Garfunkel Rischbieter, em homenagem à urbanista pioneira no planejamento urbano de Curitiba. Além disso, o Jardim Botânico deu nome ao bairro no qual está localizado e recebe, em média, um milhão de visitantes todos os anos, segundo dados da Prefeitura de Curitiba.
A grande demanda de frequentadores fez com que um investimento de R$ 180 mil fosse dado de “presente” no último aniversário do local, para a implantação de um Centro de Informação ao Turista, a fim de dar mais assistência aos que conhecem pouco – ou nada – da área. Porém, quem vai ao Botânico desfruta mais do que o conhecimento de um dos símbolos da capital. Cada visitante, com seus interesses e expectativas, pode vislumbrar algo que para os demais passaria despercebido, mas que ajuda a contar muito mais que a história do lugar em si.
Parada obrigatória tanto para turistas quanto para moradores da capital paranaense, o Jardim Botânico de Curitiba oferece lazer, revelando as belezas da natureza.
Paulo Ramos
Parada obrigatória do amor
O Botânico recebe diariamente muitos turistas de todos os lugares do Brasil e do mundo. A maioria tem por objetivo conhecer um pouco de Curitiba por meio da diversidade ambiental e estrutural do local. No entanto, há aqueles que chegam com propósitos específicos e significados a serem buscados.
Paulo Ramos trabalhou por 11 anos na área de turismo, mas há um mês largou tudo para dedicar-se a um projeto especial e inusitado. O paulista de 30 anos de idade criou a Jornada do Pôr do Sol. “O intuito inicial foi de crescimento pessoal e profissional. Com o tempo, as pessoas foram agregando e transformando o caminho, que tem como objetivo levar a bandeira do amor a todos os estados do país e colher histórias de amor”, explica.
Dessa forma, uma das paradas obrigatórias que Paulo escolheu foi a capital paranaense e, sobretudo o Jardim Botânico, que, segundo ele, contribuiu muito para sua experiência. “É um dos parques mais bonitos do Brasil e, por isso, foi uma das prioridades por onde eu devia passar com a jornada e ser presenteado com memórias que demons-
trassem algum tipo de afeto”, comentou.
Ramos já havia visitado o ambiente anteriormente, contudo, desta vez, pôde observá-lo com outros olhos. O foco não esteve na estrutura física, seja da estufa, da colocação das flores, da qualidade da exposição nos museus botânicos, mas, sim, nas pessoas e em suas bagagens emocionais.
Ao fim da jornada, o peregrino – como ele próprio se intitula – pretende lançar livros, documentários e exposições com as histórias, fotos e vídeos que acumula pelo caminho. E, segundo ele, de Curitiba e das pessoas que encontrou especialmente no Jardim Botânico, levará algo especial. “A primeira impressão que tive e levarei comigo é que a população tem orgulho da cidade onde vive. Tudo aqui é muito primoroso e com certeza voltarei. Fiz
muitos amigos, inclusive”, conclui. Para o aventureiro Paulo Ramos, o Jardim Botânico não poderia deixar de ser sua primeira parada.

Estúdio a céu aberto
Acontecimentos importantes e expressões de amor precisam ser lembrados e eternizados e, para tanto, é preciso um cenário agradável. Por isso não é raro esbarrar em fotógrafos registrando recém-casados, futuros pais e mães, debutantes e afins, enquanto se transita pelo parque.
Segundo o fotojornalista Valquir Aureliano, o lugar é requisitado entre a maioria de seus clientes de eventos. “Já fiz trabalhos no Botânico dezenas de vezes. O ponto forte é a imaginação do profissional, mas sem dúvidas o entorno da estufa é a melhor parte para se fotografar, devido à sua beleza”, afirma.
A estufa é o ponto mais disputado não só por profissionais, mas, e principalmente, pelos visitantes. De acordo com a Prefeitura de Curitiba, o monumento possui 458 metros quadrados e é composto por ferro e vidro, carregando ainda, a inspiração da arquitetura do Palácio de Cristal de Londres, construído no século XIX. A parte de dentro é responsável por ostentar as variedades vegetais com objetivo de pesquisa e preservação. te com a representatividade que a capital tem dentro e fora do Paraná. “Curitiba é conhecida como a cidade do leite quente, da modernização, mas principalmente por ser ecológica, pela vasta e bela área verde e os parques, incluindo o Botânico, fazem parte disso, com certeza”, comenta.
Por ser visível como cartão-postal, o local recebe iluminações Laura aproespeciais veita o Jardim para das Sensações, divulgar enquanto pascampaseia com a sua nhas ou “cadeira voaeventos, dora”. como ocorre sempre durante a Copa do Mundo, por exemplo. “Alguns momentos foram marcantes para mim como jornalista também, como no Outubro Rosa (campanha para a conscientização da prevenção do câncer de mama), pois a iluminação é inrível, isso sem citar o pôr do sol que é sempre bonito”, finaliza Aureliano.
Proveitoso para todos
Em princípio, fica evidente que a organização estética e a riqueza para o conhecimento botânico é inquestionável. Contudo, é preciso também ponderar a respeito da acessibilidade, levando-se em conta o tamanho do parque e de seu terreno íngreme.
Laura Martins não possui os movimentos das pernas desde os 5 anos de idade, mas isso não foi empecilho para que ela seguisse a vida normalmente fazendo uma das coisas que mais

Tendo em vista a questão da importância de se ter um local desse gênero, o fotógrafo e morador da cidade é enfático ao associar o ambien-
gosta: viajar. As experiências de cadeirante e viajante não ficam restritas apenas de forma individual, mas são compartilhadas em um blog de sua autoria, intitulado “A Cadeira Voadora”.
Entre andanças, aliás, voos por todo o mundo, a mineira escolheu conhecer o Jardim Botânico de Curitiba e analisar se este é adaptado para suas necessidades. “Seguramente, é uma das maiores atrações da cidade. Parece-me difícil alguém não se encantar pelos jardins bem cuidados e pela bela estufa de vidro e metal”, comenta. outros acessos. É uma questão de exploração e deslumbre. O fato é que fiquei mais frustrada com a desativação do Espaço Cultural Frans Krajcberg, com a exposição permanente de obras do grande artista (a principal finalidade do espaço é a conscientização ambiental). Mil vezes infelizmente, porque gostaria muito de ter visto as obras; sou fã dele”, completa Laura.
Laura não esteve preocupada com o tempo e quis desfrutar tudo o que o local oferece, desde as áreas de preservação, dentro e fora da estufa, até o Jardim das Sensações, criado para instigar os sentidos dos frequentadores com aromas e texturas diversas de plantas e flores. “É um local muito agradável, particularmente se você der a sorte, como aconteceu conosco, de encontrá-lo quase vazio. Esta é uma das grandes vantagens de viajar em baixa temporada, vai por mim”, ressalta. O Espaço Frans Krajcberg está fechado desde 2010, sem nenhum motivo divulgado pela Fundação Cultural, contudo, o site da Gazeta do Povo divulgou uma entrevista com o artista, na qual ele afirma estar decepcionado com o modo de exposição, conservação e limpeza de suas 110 esculturas doadas para Curitiba e até então expostas no Jardim Botânico.
Atualmente, o local que circunda toda a estufa está visivelmente sem manutenção, com telhas faltando e sem as obras do escultor polonês.
De um panorama geral, o Botânico pareceu bem preparado para receber cadeirantes, exceto por alguns detalhes. “Não há acesso para a parte superior da estufa, pois há apenas uma escada que leva até lá. Nas pequenas pontes também é perigoso se estiver sozinho, sobretudo se houver aglomerações de pessoas”, pondera a blogueira. Entretanto, nada que bom humor e disposição não resolvam, enquanto as pequenas adaptações não são feitas. “É só contornar por Cada detalhe do jardim permite aos indivíduo múltiplas interpretações, aguçando suas percepções.
