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Na pele
by eba_pucpr
Marcar um desenho e carregá-lo para sempre no corpo não é para qualquer um. Você teria coragem?
Evelise Muncinelli Pedro Almeida
Um barulho de motor contínuo e quase irritante. Agulhas que perfuram a pele em uma velocidade incrível, preenchendo o local com tinta. Sim, estamos falando do conceito da tatuagem. Esta é uma arte bastante antiga, que remonta a 4.000 a.C. As motivações para tal prática são as mais variadas: estéticas, culturais ou até mesmo para encobrir cicatrizes ou marcas. prática. Por isso, não é raro encontrar alguém que tenha tatuagens e já tenha sofrido alguma forma de preconceito. “Você chega no ônibus e percebe as pessoas te olhando estranho e cochichando. Eu percebo que esse preconceito, na maioria das vezes, vem das pessoas mais velhas” comenta Ricardo.
Além das formas mais brandas de preconceito, existem casos mais extremos. Ricardo conta que já chegou a perder uma oportunidade de emprego por causas das tatuagens, que segundo o empregador “demonstram falta de higiene”. Em outra situação, ele foi ameaçado de demissão caso fizesse mais uma tatoo. “Minha gerente chegou e me disse: desse jeito não dá. Se você fizer mais uma tatuagem, não
vai dar mais para continuar aqui.” O estudante Rodolfo Cameli, compartilha da mesma experiência de Ricardo. Durante uma entrevista de emprego em Buenos Aires, na Argentina, ouviu que as tatuagens não condiziam com os pensamentos da empresa: “Eles perguntaram se eu gostaria de removê-las e eu deixei claro que essa não era uma opção. Não fui chamado, obviamente”.
Para toda a vida
Uma cerejeira que começa nas costas e desce pelo braço, sobreposta por um enorme samurai. Na mão esquerda, uma palavra que somente ele e a mãe entendem. No ombro direito, um anjo. No antebraço direito, um “Minha gerente chegou e me disse: desse jeigrande relógio simbolizando o controle do to não dá. Se você fizer mais uma tatuagem, tempo sobre a vida. E dessa maneira, a cada não vai dar mais para continuar aqui.” fase de sua vida, ele faz uma marca no corpo. A primeira tatuagem foi aos 17 anos, um “777” tatuado nas costas e o significado, a representação divina da perfeição. E não parou por ai: hoje, aos 23 anos, Ricardo Bernardi coleciona desenhos, números e símbolos pelo corpo. “Eu acho que tenho umas 26 ou 27 tatuagens.” Ele se confunde, já até perdeu as contas das tatuagens que fez. Assim como as drogas, há um consenso no meio de que as “tatoos”, como são popularmente chamadas, Para sempre, enquanto durar viciam. Do outro lado, estão as pessoas que preferem o corpo ao estilo natural. Impelidas por diversos fatores – dentre eles, sociais, culturais ou psicológicos – não são muito favoráveis a tal Como num filme, no final tudo vai dar certo. Acreditando nessa premissa, o assistente administrativo Marcelo Costa viveu uma grande história de amor proibido na juventude. Após
namorar por quase seis anos, ele finalmente tomou coragem e pediu sua amada em casamento. Apenas a troca de alianças e as juras de amor eterno não foram suficientes e, no dia do casamento, antes de ir ao altar, Marcelo passou em uma clínica de tatuagem. Saiu de lá com o nome da esposa “Patrícia” tatuado em letras floridas no braço direito. Tudo ocorreu bem até que, alguns anos depois, ele descobriu que estava sendo traído. Hoje, com bom humor, ele comenta: “Na época, o que eu sentia era verdadeiro, então não posso dizer que me arrependi de ter feito”.

Créditos: Evelise Muncinelli
Remoção
Se fazer tatuagens dói, acredite: removê-las pode doer ainda mais. “O tratamento é feito com laser específico para remoção de pigmentos. Cada sessão remove uma cama da tatuagem deixando cada vez mais clara. A média para uma remoção quase que completa é de 10 a 15 sessões com um mês de intervalo entre cada uma”, explica o médico Robson Netto.

Para Ricardo, o termo “tatuado” não é visto como crítica ou elogio, mas sim como uma característica dele.
Vale a pena lembrar que cada pessoa responde de uma forma diferente à dor. Sendo assim, nem todo mundo sente a mesma dor nos mesmos lugares.
O estilo da tatuagem tende a influenciar na quantidade de dor. Tatoos coloridas doem mais, assim como estilos com mais traçados.
Escala de dor: separando crianças de adultos
1 - Altamente suportável, ótima opção para quem tem medo da dor. 2 - Pouca dor, você já sofreu mais ao tomar uma palmada.
3 - Você quase vai chorar. Ou talvez chore.

4 - Provavelmente vai ficar se perguntando: “por que eu queria fazer tatuagem mesmo?”. 5 - Onde os fracos não têm vez.
Qual é a sua vibe?
Assim como as artes tradicionais, a tatuagem agrupa os desenhos em estilos. Se você está pensando em marcar o corpo, uma das formas de escolher o desenho começa em entender as diversas opções que existem.
Créditos das imagens: Divulgação/Pinterest Tradicional ou Old School

Inspirado nas tatuagens feitas por marinheiros no passado, com contornos grossos e cores vivas, os desenhos são mais populares: âncoras, corações, rosas e estrelas. New School

Uma “evolução” dos desenhos Old School, com influências modernas do grafite e arte urbana. Os traços grossos continuam presentes.
Possuem inspiração nos desenhos do povo nativo oriundo da Nova Zelândia. Cada um deles representa uma característica ou sentimento, como sabedoria, felicidade, paciência e etc.

Realista
Muitos sombreados e traços complexos. Muito utilizado por aqueles que querem marcar o rosto de uma pessoa, com o propósito de homenagear familiares ou ídolos. Maori


Aquarela
Esse tipo de tatuagem transforma a pele em uma tela de pintura. Por isso, o uso das cores é essencial para dar leveza e poesia ao desenho. Efeito de pincelada.

Tribal
Estilo muito popular de tatuagem, o tribal veio das tribos indígenas de várias partes do mundo. Pontilhismo

Com pequenos pontos ao invés de linhas, formas se revelam e fazem parte da arte, podendo criar profundidade e perspectiva.

Oriental
Feitas com símbolos que remetem culturas orientais, esse tipo é colorido e chama bastante atenção no corpo.