Saúde
Qualidade do ar em Curitiba fica distante do recomendado pela OMS
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Esporte
Maratona de Curitiba atrai estrangeiros e bate recorde de participantes
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Saúde
Qualidade do ar em Curitiba fica distante do recomendado pela OMS
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Esporte
Maratona de Curitiba atrai estrangeiros e bate recorde de participantes
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O resultado das eleições municipais indica que Curitiba será uma cidade politicamente mais tradicional nos próximos quatros anos. No primeiro turno da disputa pela Prefeitura, dois em cada três eleitores votaram em candidatos conservadores. Já na votação para a Câmara de Vereadores, partidos de direita conquistaram dois terços das vagas.
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Eduardo Pimentel se elegeu disputando o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro com a adversária de 2º turno, Cristina Graeml
Educação
Falta de quadras cobertas compromete aulas de Educação Física em escolas
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A experiência de frequentar sessões de cinema em um ambiente que já funcionou como espaço para detenção de pessoas é inusitada e, desde outubro, está disponível ao público de Curitiba. Trata-se do Cine Cadeia Produtiva, localizado na Rua Barão do Rio Branco, junto ao Museu da Imagem e do Som (MIS).
A sala onde acontecem as exibições de filmes já foi um Centro de Triagem da Polícia Civil do Paraná, razão pela qual as grades foram preservadas, criando uma atmosfera peculiar na sala.
O novo local de exibição de filmes se torna o quinto cinema de rua ativo em Curitiba, consolidando um movimento do poder público para resgatar a tradição de ter salas localizadas externamente a shoppings centers e com programação alternativa. Os outros quatro espaços do gênero em Curitiba são Cinemateca, Cine Guarani, Cine Passeio e Teatro da Vila.
O Cine Cadeia funciona de terça a domingo e tem uma programação voltada a filmes cults e obras nacionais independentes.
Cultura
Curitiba terá, a partir da próxima legislatura, um recorde de mulheres exercendo o cargo de vereadora. Ao todo, 12 políticas ocuparão o cargo - três delas foram reeleitas e as outras nove conquistaram o primeiro man-
dato. Nem todas as eleitas, porém, representam causas e interesses de movimentos feministas.
O trânsito, especialmente nas grandes cidades, é um tema que gera debates acalorados. A instalação de radares para fiscalização divide opiniões, com muitos enxergando neles uma “indústria da multa”, uma forma disfarçada de arrecadação de recursos. No entanto, se analisarmos dados e contextos atuais, fica evidente que esses dispositivos têm um papel essencial na segurança e conscientização do trânsito.
Em Curitiba, a atualização dos radares resultou em aumento expressivo nas multas, tendo somente em 2023 mais de 756 mil multas registradas, sendo a maioria delas por excesso de velocidade. Isso se deve à modernização dos equipamentos, que, agora, cobrem áreas mais amplas e garantem que as leis de trânsito sejam respeitadas.
Sem dúvidas o transporte coletivo foi uma das questões mais abordadas durante as campanhas eleitorais de 2024. É uma discussão necessária, considerando que Curitiba têm a tarifa de transporte coletivo mais cara entre as capitais do Brasil, custando R$ 6. No entanto, a proposta da candidata Cristina Graeml (PMB), que disputou o segundo turno, ganhou repercussão negativa na mídia e entre parte da população. O plano de governo de Cristina defendia a implementação de “passagens proporcionais” por quilômetros rodados em relação ao centro da cidade. A proposta soa injusta, considerando que beneficia apenas os mais afortunados da região central de Curitiba.
Segundo dados pesquisa “Origem-Destino” 2016, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), a população dos bairros periféricos que utiliza o transporte coletivo é o dobro da que usa nos bairros próximos à região central. Ou seja, a implementação da proposta afetaria mais os cidadãos que moram em bairros
Esse aumento de fiscalização, no entanto, gera diversas críticas referentes à destinação dos valores arrecadados. Apenas entre janeiro e agosto de 2024, as multas arrecadaram R$ 171 milhões, dos quais R$ 104 milhões foram direcionados para infraestrutura e ações educativas, enquanto o restante foi destinado a outras instituições, como o Detran/PR. Para muitos, a falta de clareza sobre o uso desses recursos alimenta a percepção de que os radares visam mais à arrecadação do que à segurança.
Essa desconfiança é refletida em pesquisas nacionais. Segundo enquete do Datafolha, 67% dos brasileiros são a favor dos radares, embora muitos ainda temam que seu uso seja mais motivado pela arrecadação do que pela prevenção de acidentes. Essa questão foi,
inclusive, tema de discussão entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba. Eduardo Pimentel (PSD), por exemplo, defendeu a ampliação e a melhor sinalização dos radares para alcançar “morte zero” no trânsito. Já Cristina Graeml (PMB) criticou a gestão atual, enxergando na política de radares um possível mecanismo de arrecadação, que prioriza o retorno financeiro em detrimento de ações educativas.
Apesar das divergências, existe um consenso sobre a necessidade de transparência na aplicação dos recursos arrecadados. É crucial que esses valores sejam revertidos diretamente para melhorias na infraestrutura de trânsito e ações de conscientização, a fim de que o foco permaneça na segurança. O livro “1984” de George Orwell, é um exemplo que ilustra essa
afastados e dependem do transporte coletivo, já que teriam que pagar mais caro para conseguir se locomover até o centro diariamente ao local de trabalho, como moradores da Cidade Industrial de Curitiba, bairro que fica a 12 km da região central.
Além disso, o aumento da passagem por quilometro rodado levaria o resto da população que utiliza o transporte público (aproximadamente 26%) a procurar alternativas, como os serviços de aplicativos ou carro próprio. Consequentemente, o aumento da circulação do número de automóveis nas ruas da cidade iria gerar mais trânsito, aumentaria a emissão dos gases poluentes na atmosfera, indo totalmente contra uma das principais propostas do transporte público: a redução da poluição. Dados do IBGE indicam aumento do uso de transporte coletivo tem contribuído para a diminuição da pegada de carbono nas grandes cidades. Ou seja, a proposta da candidata traria consequências desnecessárias e evitáveis para a “Cidade Inteligente”.
questão. No livro, o regime totalitário impõe um sistema de vigilância constante, que representa um tipo extremo de controle. Em analogia, os radares de trânsito também são instrumentos de controle destinados a melhorar a segurança, mas podem causar um sentimento de restrição à liberdade e controle excessivo. Assim, o desafio é encontrar um equilíbrio entre a utilização dessas tecnologias para o benefício coletivo e o efeito na visão das pessoas.
Em suma, o debate sobre os radares deve ultrapassar a ideia de arrecadação. É fundamental discutir de forma transparente a real função desses dispositivos e o uso dos recursos gerados, de forma que possamos construir um trânsito mais seguro e eficiente, atendendo às necessidades e preocupações dos cidadãos.
Crescimento urbano e mudanças climáticas potencializam problemas ambientais e demandam ações assertivas da Prefeitura de Curitiba
Curitiba, reconhecida mundialmente por inovações urbanas desde as últimas décadas do século XX, tem o desafio de preservar a reputação de cidade sustentável, em meio a um cenário de rápidas e profundas mudanças ambientais. Sob a nova gestão do prefeito Eduardo Pimentel, desafios como o crescimento desordenado na Região Metropolitana, a crise climática e a poluição de rios são demandas da população que necessitam de soluções urgentes. A nova gestão, ainda, terá de equilibrar o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental, enquanto especialistas e a população aguardam medidas eficazes para garantir qualidade de vida e segurança hídrica no futuro.
Apesar das conquistas do passado, os problemas atuais pedem ações eficazes por parte da Prefeitura. Um exemplo disso é a expansão urbana descontrolada na Região Metropolitana, que coloca em risco áreas ambientais e os mananciais que garantem o abastecimento de água da cidade. Especialistas da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) alertam para a necessidade de políticas que conectem Curitiba aos municípios vizinhos de maneira integrada. A ausência dessa conexão ameaça a segurança hídrica e outros recursos fundamentais.
Outro desafio relevante é a poluição do Rio Belém, um dos principais cursos d’água da cidade, afetado pelo despejo de esgoto e os impactos da urbanização. Proteger e revitalizar essa bacia hidrográfica é crucial para a qualidade de vida da população.
Pimentel promete atuar nesse sentido. “Com o financiamento internacional para conter a água da chuva, vamos focar na preservação da área verde do meio ambiente, principalmente para
“Ações conjuntas com o governo são essenciais para a preservação ambiental, pois as iniciativas locais, sozinhas, não são suficientes para resolver os problemas”
reservar 42 bilhões de litros de água, o que vai garantir o abastecimento da próxima geração na cidade.”
Crise climática aumenta risco de enchentes e estiagem
A crise climática é outro tema prioritário. A infraestrutura urbana precisa se adaptar com mais eficiência a eventos extremos, como enchentes e estiagem. Curitiba tem uma tradição de inovação ambiental, mas a aceleração das mudanças climáticas exige novas abordagens. A gestão de Pimentel terá de equilibrar crescimento e conservação ambiental, exigindo investimentos e ações consistentes.
“No mundo todo, as mudanças ambientais modificam as condições climáticas, e as ações locais não são suficientes para impedir que as chuvas e a seca causem problemas para Curitiba”, aponta o diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, Clóvis Borges.
O “Planejamento Verde” da nova gestão, inclui iniciativas como a criação da “Reserva Hídrica do Futuro”, um corredor ambiental de 26 quilômetros ao longo do Rio Iguaçu, com o objetivo de garantir segurança hídrica e prevenir enchentes. O projeto também visa a recuperação de áreas degradadas. No entanto, críticos destacam que a viabilidade da proposta depende de uma boa articulação entre dife-
rentes níveis de governo e de apoio internacional para obtenção de recursos.
Outro aspecto em discussão é o alinhamento político da nova gestão. O cientista político Mateus de Albuquerque observa que Pimentel pode se aproximar das políticas do governador Ratinho Jr., rompendo com o estilo de “conservadorismo progressista” de Greca. Essa possível mudança pode redefinir as prioridades ambientais da prefeitura.
Com uma pauta que inclui reflorestamento, revitalização de rios e o uso de tecnologias sustentáveis, como compostagem de resíduos e energia renovável, a nova administração precisará ir além de projetos no papel. A implementação efetiva dessas medidas exige ações conjuntas, campanhas e ações de preservação ambiental, como aponta Clóvis Borges. O governo Pimentel terá de equilibrar o desenvolvimento e preservação ambiental, garantindo que Curitiba continue a ser um exemplo de sustentabilidade.
Doze das 38 cadeiras da Câmara serão ocupadas por mulheres a partir da próxima legislatura, que começa em 2025
N as eleições municipais deste ano, 12 mulheres foram eleitas e ocuparão vagas na bancada da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) a partir do próximo ano. O número representa 31% do total de 38 cadeiras, o que marca um recorde de participação feminina de vereadoras da Casa Legislativa do município.
Com o resultado, a Câmara de Curitiba alcançou um novo patamar de diversidade de gênero no Legislativo. O recorde anterior era de oito mulheres, alcançado em 2016 e repetido em 2020. Ao longo da história, a Casa Legislativa do município registra 43 vereadoras eleitas, desde 1947.
Reprodução/Prefeitura de
Em 1º de janeiro de 2025, assumem o primeiro mandato na Câmara as candidatas Delegada Tathiana (União), Andressa Bianchessi (União), Meri Martins (Republicanos), Rafaela Lupion (PSD), Laís Leão (PDT), Carlise Kwiatkowski (PL), Professora Angela (PSOL), Vanda de Assis (PT) e Camilla Gonda (PSB). Foram reeleitas, para segundo mandato, as vereadoras Indiara Barbosa (Novo), Amália Tortato (Novo) e Giorgia PratesMandata Preta (PT).
um espaço para mulheres. “O ambiente ainda é hostil e espero que a nova composição esteja pronta para pautar a importância deste tema”.
que se relacionam diretamente com as mulheres”, acrescenta.
Representantes conservadores
A vereadora reeleita Indiara Barbosa também comenta sobre a participação feminina em Curitiba, reforçando a importância de cada vez mais mulheres estarem envolvidas em pautas como saúde, educação e violência contra a mulher.
“Não haverá espaço de diálogo para machismo”
Outro fato notório que marcou esta eleição foi o aumento de representantes da extrema-direita com forte presença nas redes sociais e plataformas digitais. São candidatos conhecidos por posições conservadoras em temas relacionados a costumes e segurança pública e que podem frear os debates relacionados ao universo feminino.
A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) foi fundada em 1693, mas a participação feminina começou em 1947, quando Maria Olympia Carneiro Mochel, aos 21 anos de idade, foi eleita de forma direta e se tornou a primeira vereadora da capital. Apenas 13 anos depois, em 1960, foi eleita a segunda mulher da história da Casa, Maria Clara Brandão Tesserolli.
Vereadoras Eleitas
• Delegada Tathiana (União)
Com 12.515 votos, a Delegada Tathiana (União) teve mais votos entre as mulheres e ficou como a quarta colocada entre os 38 eleitos.
A eleição teve a vitória de figuras jovens, como Camilla Gonda (PSB), que tem 23 anos e representa mudanças no cenário político municipal. Camilla comenta que a política também deve ser
A vereadora adiciona que as pautas femininas também terão mais relevância na Câmara devido à maior participação de mulheres. “Eu acredito muito na importância das mulheres estarem discutindo os temas relevantes da cidade. Então, acho que isso vai ser muito bom para Curitiba e, por isso, acredito que vão vir mudanças com esse aumento da participação feminina, principalmente nas pautas
A nova composição da Câmara de Curitiba evidencia o crescente avanço da extrema-direita mais ideológica que marca a política local. Com uma densa bancada conservadora, impulsionada por influenciadores digitais e, um setor progressista que, embora minoritário, apresenta potencial para proporcionar mudanças e rebater as pautas dominantes, a cidade deve enfrentar intensos embates no Legislativo. Camilla Gonda, contudo, diz estar preparada para lidar com esse cenário. “Não haverá espaço de diálogo para racismo, machismo e LGBTfobia”.
• Andressa Bianchessi (União)
• Indiara Barbosa (Novo)(2021-2024);
• Meri Martins (Republicanos)
• Rafaela Lupion (PSD);
• Laís Leão (PDT);
• Carlise Kwiatkowski (PL);
• Professora Angela (PSOL);
• Amália Tortato (Novo)(2021-2024);
• Giorgia Prates (PT)(2021-2024);
• Vanda de Assis (PT);
• Camilla Gonda (PSB);
Leia mais
Saiba mais sobre o histórico de vereadoras em Curitiba
Twelve out of 38 City Council chairs will be occupied by women beginning on the next legislative term, which initiates in 2025
In this year’s municipal elections, 12 women were elected and will occupy spots in the Curitiba City Council (CMC) beginning next year. The number represents 31% of a total of 38 chairs, which marks a record of female council participation in the Legislative House of the city.
With the results, the Chamber of Curitiba reached a new level of gender diversity in the Legislative Branch. The previous record was of eight women, reached in 2016 and again in 2020. Throughout history, the Legislative House of the city has registered 43 councilwomen elected since 1947.
On the first of January of 2025, the candidates Delegate Tathiana (União), Andressa Bianchessi (União), Meri Martins (Republicanos), Rafaela Lupion (PSD), Laís Leão (PDT), Carlise Kwiatkowski (PL), Teacher Angela (PSOL), Vanda de Assis (PT) and Camilla Gonda (PSB) begin their first term in the Chamber. The councilwomen Indiara Barbosa
says that politics must also be a place for women. “The environment is still hostile and I hope the new composition is ready to put the importance of this theme on the agenda”.
The reelected councilwoman Indiara Barbosa also comments on the female participation in Curitiba, reinforcing the impor-
“There will not be space for dialogue for sexism”
(Novo), Amália Tortato (Novo) and Giorgia Prates - Black Mandate (PT) were reelected to their second term.
With 12,515 votes, Delegate Tathiana (União) received the most votes between the female candidates and placed fourth amongst the 38 elected councilmen.
The election had the victory of young figures, such as Camilla Gonda (PSB), who is 23-years-old and represents change for the city political scene. Camilla
tance of each time more women being involved in matters such as health, education and violence against women.
The councilwoman adds that female matters will also carry more relevance in the Chamber due to the greater participation of women. “I really believe in the importance of women discussing the issues relevant to the city. So, I think this will be very good for Curitiba and, thus, believe that change will come with this raise in female partici-
pation, especially in the matters that directly relate to women”, she adds.
Conservative representatives
Another noticeable fact that marked this election was the raise of far-right representatives with a strong presence on social media and digital platforms. The candidates are known for their conservative stances on issues that relate to customs and public safety and might slow down the debates related to the female universe.
The new composition of the Chamber of Curitiba evidences the rise of the more ideological far-right that stains local politics. With a dense conservative bench, boosted by digital influencers and a progressive sector which, although minor, has the potential to promote change and contest the dominant matters, the city may face intense clashes in the Legislative Branch. Although, Camilla Gonda claims to be ready to deal with such a scene. “There will not be space for dialogue for racism, sexism and LGBTphobia”.
Source CMC
The Municipal Chamber of Curitiba (CMC) was founded in 1693, but the female involvement began in 1947, when Maria Olypia Carneiro Mochel, at 21-years-old, was directly elected and became the first councilwoman of the capital. Only 13 years later, in 1960, the second woman in the history of the House was elected, Maria Clara Brandão Tesserolli.
• Delegada Tathiana (União)
• Andressa Bianchessi (União)
• Indiara Barbosa (Novo)(2021-2024);
• Meri Martins (Republicanos)
• Rafaela Lupion (PSD);
• Laís Leão (PDT);
• Carlise Kwiatkowski (PL);
• Professora Angela (PSOL);
• Amália Tortato (Novo)(2021-2024);
• Giorgia Prates (PT)(2021-2024);
• Vanda de Assis (PT);
• Camilla Gonda (PSB);
Para além do domínio de candidatos de direita na disputa pela Prefeitura, a cidade teve 65,7% dos vereadores eleitos pertencentes a partidos conservadores
Ana Vitória Leal, Beatriz Carpes, Gabriela Amorim, Isabella Iglesias, Leticia Coelho e Marina Marciniak 2º Período
C uritiba teve dois candidatos de direita disputando o segundo turno das eleições municipais, Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), o que reforça o domínio desse campo político e ideológico na cidade. Pimentel, próximo prefeito de Curitiba, alcançou 57,64% dos votos válidos, vencendo a eleição; enquanto Cristina totalizou 42,36%. Ambos os candidatos se autodeclaram de direita e conservadores, e disputaram o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha.
No segundo turno, Eduardo Pimentel venceu em todas as zonas eleitorais curitibanas.
Na zona eleitoral 175, Graeml obteve o pior desempenho, conquistando apenas 37,22% dos votos, enquanto Pimentel conquistou 62,78%. A Zona eleitoral 175 compreende bairros ao Sul de Curitiba: Caximba, Pinheirinho, Campo de Santana, Tatuquara e parte da Cidade Industrial de Curitiba. Esta foi a região citada por Cristina Graeml como exemplo para justificar uma proposta de tarifa de ônibus diferenciada para quem mora mais afastado do centro da cidade.
No primeiro turno, Pimentel e Graeml alcançaram juntos 64,68% dos votos, o que representa a preferência de dois em cada três eleitores. Os dados enfatizam a direita dominante em Curitiba, em que a diferença dos números totalizados entre as duas ideologias é alta. Os candidatos de partidos de centro-esquerda Luizão Goulart (Solidariedade), Roberto Requião (Mobiliza), Professora Andrea Caldas (PSOL), Samuel de Mattos (PSTU) e Felipe Bombardelli (PCO) totalizaram 7,2% de votos válidos no primeiro turno. Já Luciano Ducci e seu vice, Goura Nataraj, autointitulado de esquerda, contabilizaram 19,44%.
A jornalista e pesquisadora Ana Luísa Pereira afirma que o movimento de extrema direita não acontece apenas em Curitiba; mas, sim, em um cenário global. Uma das explicações para esse fenômeno é o uso da religião: “O fato de estarmos vivendo um momento de grande influência religiosa na política acaba trazendo esse conservadorismo à tona.”
Ana Luísa também afirma que a direita usa de um tema que originalmente era dos movimentos de esquerda, que é o feminismo, com o intuito de conseguir a aderência da população. “A direita acaba se apropriando dessa pauta que tem um viés um pouco mais de esquerda, de movimentos sociais. Então, a gente fala hoje sobre uma representatividade vazia.”
Abstenção reflete eleitores “sem opção“ O número de abstenções aumenta a cada eleição em Curitiba e, na votação deste ano, bateu novo recorde, com 432 mil pessoas qie não saíram de casa
debate democrático.
Em relação à presença mulheres conservadoras em cargos de liderança, como Cristina Graeml e vereadoras eleitas, a jornalista afirma que muitas exercem o
vo ao partido PSD, contendo promessas nas áreas de saúde, educação, transporte e segurança, entre outras. Diferentemente de Cristina, Eduardo Pimentel apresentou algumas propostas voltadas para
“ A política não é sobre o que a gente acredita; a política é sobre coletividade”
para votar, de acordo com dados do TRE-PR. Uma parcela dos curitibanos de esquerda ficou sem opção de voto ao se deparar com dois candidatos de direita no segundo turno; por consequência a abstenção chegou a ultrapassar a votação de Cristina Graeml, que teve 390 mil votos; ou seja, 42 mil pessoas a menos comparado aos eleitores que não compareceram às zonas eleitorais.
Além da Prefeitura, a disputa para a Câmara de Vereadores de Curitiba também teve como destaques candidatos conservadores (leia mais na página ao lado). Diante disso, o cientista político Breno Pacheco afirma que o impacto de uma bancada parlmentar tradicional vai além dos valores conservadores. “Esse tipo de bancada é voltada para pautas morais, que defendem tradições e normalmente tentam restringir políticas progressistas, como a inclusão de determinados conteúdos educacionais ou flexibilizações que possam existir durante o período em que está no poder”, analisa Pacheco. A forma como questões de direitos humanos e inclusão são abordadas no cenário político não apenas reflete, mas também é moldada pela dinâmica da bancada conservadora, que tende a limitar o
cargo de acordo com suas próprias ideias e valores, não visando o bem comum. Ela deu como exemplo a senadora Damares Alves (Republicanos). “Ocorreu um movimento com a ex-ministra Damares, agora senadora, na questão de direito reprodutivo, afetando diretamente milhares de mulheres. A política não é sobre o que a gente acredita; a política é sobre coletividade.”
Propostas de governo de Eduardo Pimentel
Durante os debates, Pimentel enfatizou repetidamente a necessidade de transformar as propostas em realidade. Na véspera da votação do segundo turno, foi divulgada uma lista com 55 razões, número alusi-
as mulheres. Agora, eleito, é fundamental que essas iniciativas recebam atenção. Dentre elas, as principais ideias citadas foram a criação de quatro Centros de Referência de Atendimento às Mulheres (CRAM) para vítimas de violência e um auxílio emergencial para mulheres em situação de vulnerabilidade e risco social.
Além disso, ele também prevê um plano chamado “Domingão Paga Meia”, que oferece 50% de desconto nas passagens aos domingos e feriados, e a nova concessão do transporte público, prevista para 2025 e que promete reduzir a tarifa do transporte público. O plano de governo completo de Eduardo Pimentel está disponível no site do TSE.
De acordo com levantamento feito pelo Portal Comunicare, 65,7% dos vereadores eleitos são de direita, 15,7% do centro e 18,6% de esquerda
Ana Vitória
A nova formação da Câmara de Vereadores de Curitiba, definida nas eleições municipais de 2024, trouxe, além de renovação, ampliação da bancada de direita. Entre os 38 vereadores eleitos, 20 são novos, e apenas 13 reeleitos, o que representa uma taxa de renovação de 52%. Esta é a maior transformação da Câmara nos últimos 30 anos.
A renovação mostra que os partidos conservadores compõem a maioria, dominando a bancada com 25 das 38 vagas, o equivalente a 65,7% do total.
O Partido Social Democrático (PSD), partido do atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca, é o que conquistou mais cadeiras, com um total de seis.
Jasson Goulart (Republicanos) foi o vereador mais votado, com 21.648 votos, e Guilherme Kilter (Novo) foi o segundo mais votado, com 16.664. Ambos são conhecidos por suas posições conservadoras e estão entre os novos vereadores.
Essa mudança também destaca o crescimento de partidos como o Novo, com a reeleição de
Indiara Barbosa, que conquistou 9.106 votos, e o fortalecimento de congregações tradicionais como o Podemos, que conquistou três vagas.
Apesar da sua posição conservadora, o candidato eleito Guilherme Kilter afirma que tentará trabalhar em harmonia com outras ideologias.
“Depois de ganhar a eleição, a gente precisa assumir um papel mais diplomático e mais conciliador com os outros vereadores. Então, eu estou disposto a conversar, dialogar e negociar sobre projetos comuns a nós”, afirma o segundo candidato mais votado.
A nova formação conservadora terá como oposição partidos de esquerda, que conquistaram ao todo sete vagas. O PT foi o partido com o maior número de representantes na
bancada, totalizando três cadeiras. O PSOL conquistou a sua primeira cadeira na Câmara de Vereadores da capital paranaense, com a Professora Ângela.
A Câmara de Vereadores de Curitiba tem sido majoritariamente conservadora nas últimas
três eleições municipais. Mesmo assim a maior taxa de representantes de direita é de 2024, juntamente com a menor taxa de representantes de esquerda.
A vereadora eleita Professora Ângela explica o conservadorismo em Curitiba como algo que
não é natural, mas, sim, resultado de processos históricos. “O Paraná é um estado que tem um peso muito grande do agronegócio e de famílias tradicionais que controlam o setor produtivo, os meios de comunicação e também a política”, afirma a política.
Ascensão dos candidatos de direita em Curitiba está ligada à utilização das redes sociais durante a campanha
A candidata Cristina Graeml obteve grande ascensão nas duas últimas semanas de campanha do primeiro turno, principalmente após o debate promovido pela emissora RPC. Entretanto, foi por meio da internet e das redes sociais que ela realmente ampliou a visibilidade. A candidata do PMB cresceu significativamente nas pesquisas após receber apoio de influenciadores nas redes sociais, como o político Pablo Marçal, que foi derrotado no primeiro turno na cidade de São Paulo.
A criação de comunidades virtuais em torno de valores conservadores facilitou a organização e o engajamento desses políticos, permitindo que os candidatos construíssem uma base sólida de apoio de internautas e “figuras” influenciadoras do meio político, atingindo principalmente o público jovem. As redes sociais afetaram também a eleição para a Câmara de Vereadores, em que cinco dos novos vereadores são considerados “influencers” de direita. O mais votado dos cinco foi o vereador Guilherme
Kilter, de 23 anos, considerado uma versão de Nikolas Ferreira de Curitiba.
Além disso, alguns partidos conservadores se sentem desfavorecidos ou ameaçados pela mídia tradicional e justificam o uso das redes sociais como um veículo de disseminação de ideias. O cientista político Breno Pacheco acredita que a internet tem sido relevante para o conservadorismo devido ao momento atual: “Eles encontram nas redes sociais uma forma de atingir e alcançar os
eleitores com uma narrativa própria.”
No segundo turno, os candidatos Eduardo Pimentel (PSD), atual vice-prefeito; e Cristina Graeml (PMB) optaram por utilizar mais as plataformas como Instagram, Facebook e whatsApp para divulgar suas propostas e debater com eleitores diretamente, sendo peças-chave para atingir públicos específicos. Isso se aplica principalmente aos jovens, que, normalmente, são o público-alvo das redes sociais e costu -
mam se envolver mais através delas, e não pelos canais de televisão aberta ou rádio.
Leia mais
Eentrevista com cientista político sobre as eleições em Curitiba
portalcomunicare.com.br
Problema é causado por fenômenos naturais, como inversões térmicas, aliados a ações humanas, como queimadas e poluição gerada por automóveis e outros meios de transporte com motor a combustão
A s queimadas no Pantanal, que atingiram níveis críticos em 2024, foram um dos principais propulsores do aumento dos níveis de poluição atmosférica em Curitiba. Esse fenômeno liberou grandes quantidades de fumaça e fuligem, que são transportadas por longas distâncias, impactando cidades como a capital paranaense. Em setembro de 2024, o Instituto Água e Terra (IAT) registrou concentrações de material particulado (PM2.5) de até 150 µg/m³, valor considerado alarmante, em comparação ao limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 25 µg/m³.
A pesquisadora Natalia Chudzik Bauer, que estuda mudanças climáticas e clima urbano, destaca os principais desafios e avanços no monitoramento da qualidade do ar em Curitiba. Com experiência em modelagem climática e na relação entre clima e saúde, ela cita como uma das principais razões para o problema a poluição causada pelo transporte público, que gera grande impacto na qualidade do ar e, em consequência, na saúde pública local.
A pesquisadora afirma que há dificuldade de se medir com precisão o impacto específico do transporte público na poluição do ar em Curitiba. “A cidade depende quase exclusivamente de ônibus para o transporte público, o que torna complicado distinguir as emissões desses veículos das emitidas pelos carros particulares”, destaca. No entanto, é inegável que a circulação de veículos, em geral, contribui para o aumento de poluentes na atmosfera.
Natalia aponta, também, para outro fator: as inversões térmicas, que são um fenômeno natural comum em Curitiba, especialmente durante o inverno. “Elas ocorrem quando uma camada de ar quente se posiciona sobre uma camada de ar mais frio, impedindo a dispersão dos poluentes”, esclarece. Isso faz
com que, mesmo sem aumento das emissões, a qualidade do ar piore, devido à maior concentração de partículas em suspensão, que ficam presas na camada inferior da atmosfera.
‘tóxico’”, divulgada pelas Nações Unidas em março de 2024, a má qualidade do ar está diretamente associada ao aumento de morbidade e mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares.
nir com o uso diário de soros nasais”, acrescenta.
Soluções para o problema
Sobre as iniciativas para monitorar a qualidade do ar, Natalia
“A inversão térmica impede a dispersão de poluentes, agravando a qualidade do ar nas cidades”
Poluição prejudica a saúde
A poluição atmosférica tem impactos diretos na saúde pública, com picos de atendimento por doenças respiratórias, especialmente durante a primavera e períodos de queimadas. “Há uma correlação clara entre a poluição do ar e o aumento de casos de tosse, irritação na garganta e outros problemas respiratórios. Isso afeta diretamente o sistema público de saúde, com um aumento nas consultas médicas nessas épocas do ano”, afirma Natalia.
Os impactos dessa poluição vão além do ambiental, representando uma preocupação urgente para a saúde pública. Conforme aponta a matéria “OMS: 99% da população mundial respira ar
O médico otorrinolaringologista
João Luiz Garcia destaca que a exposição prolongada à poluição atmosférica pode causar uma degeneração da mucosa nasal, resultando em rinite e, em casos mais graves, em faringites e laringites. Ele explica que as impurezas transportadas pelo ar afetam progressivamente as vias aéreas superiores, podendo, eventualmente, atingir os brônquios e provocar bronquiolites e pneumonites.
Para a moradora de Curitiba Débora Basso, a poluição atmosférica afeta o dia a dia, especialmente em épocas mais secas. “Sinto um ar mais denso. Essa sensação se intensifica quando há longos períodos sem chuva na cidade. Olhos e garganta ficam mais irritados e há uma dificuldade na inspiração”, relata.
Débora e a família tomaram medidas para amenizar os efeitos da poluição dentro de casa: “Colocamos umidificadores. Em alguns dias, colocamos umas gotas de óleo de eucalipto para ajudar. Principalmente no inverno, colocamos o umidificador ou toalhas úmidas nos quartos, em algumas noites. Isso ajuda a manter o sono melhor”. Ela observa que as oscilações de temperatura, juntamente com queimadas e períodos secos, trouxeram reações alérgicas, como crises de sinusite e tosses constantes. “Tentamos preve-
cita a instalação de sensores em Curitiba e em outras regiões do estado. Esses equipamentos medem partículas de diferentes tamanhos no ar, identificando poluentes como gases e material particulado. “Uma equipe da emergência climática está à frente desse monitoramento, essencial para acompanhar a evolução da poluição em áreas urbanas”, explica.
Em relação aos poluentes mais comuns identificados em Curitiba, a pesquisadora menciona o dióxido de enxofre (SO₂), emitido pela queima de combustíveis fósseis, além de material particulado como fuligem, fumaça e pólen. Natalia também discute os índices de qualidade do ar, explicando que partículas perigosas para a saúde pública recebem um peso maior nos cálculos. A estação de monitoramento localizada no Centro Politécnico, próxima à BR-277, apresenta índices mais elevados, devido ao tráfego intenso na região.tenham acesso a dados precisos sobre a poluição
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Mapa de qualidade do ar em Curitiba é analisado por especialista. portalcomunicare.com.br
Novo cinema de rua traz programação especial, focada em filmes cults e amostras de obras nacionais independentes.
Letícia Nogueira, Lorena Loiola e Vitoria Santin
2º Período
D esde outubro, o Cine Cadeia Produtiva ressignificou o antigo Centro de Triagem da Polícia Civil do Paraná, localizado na Rua Barão do Rio Branco, em Curitiba. O projeto faz parte da expansão do Museu de Imagem e Som do Paraná (MIS) e se constitui de um local de exposição que inclui uma sala de cinema com capacidade de 50 pessoas.
A expansão abriga mais de três milhões de itens de acervos históricos do estado, incluindo registros do Governo do Estado do Paraná. O cinema funciona de terça a domingo, com uma programação de filmes cults e amostras de obras nacionais independentes.
Diretora do MIS, Mirele Camargo explica que o projeto tem como objetivo abrir espaço para diálogo, reflexão e trocas sobre questões sociais e de direitos humanos. O Cine Cadeia Produtiva
sões sobre o sistema carcerário e como a arte está envolvida com essas pessoas”, opina.
Em Recife, há um projeto semelhante, que é considerado patrimônio cultural tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernam-
as grandes redes de cinema e os cinemas de rua. “Cinemas de rua propiciam uma interação maior entre o público presente na sala de exibição”.
A nova sala de exibições no centro da cidade se torna parte dos espaços que resgatam a
“ Em um passado não muito distante, todas as salas de cinema eram de rua. Isso tem um caráter de resgate histórico-sentimental imensurável. ”
tem planos de expansão que vão além da exibição de filmes. “Para transformar a antiga ocupação em um novo ambiente cultural, o lugar está sendo temporariamente readequado antes de entrar em processo da obra, prevista para o primeiro semestre de 2025, com o resgate de memórias do local”, completa a diretora.
A escolha do local, de certa forma inusitado, gerou debate nas redes sociais. A estudante de cinema Nicola Bueno acredita que o espaço será importante para reflexões da sociedade, “Apesar de ser um tema mais sensível, acho que abre espaço pra discus-
buco (FUNDARPE). Desde 1976, a Antiga Casa de Detenção da cidade deu espaço à Casa da Cultura de Pernambuco, na qual as antigas celas foram substituídas por lojas, associações culturais com apresentações de teatro, música e dança. O local é considerado um dos maiores polos de comercialização de artesanato de Recife e demonstra como uma ressignificação pode ser benéfica para a cultura do município.
Cenário dos Cinemas de Rua em Curitiba
Para o crítico de cinema Marden Machado, que é curador do Cine Passeio, há uma diferença entre
memória dos cinemas de rua na capital. Entre 1920 e 1980, Curitiba chegou a ter mais de 50 salas de cinema de rua, que foram praticamente extintas ao longo dos anos. A decadência desses locais veio a partir dos anos 1970, com a chegada da televisão à casa dos curitibanos, as fitas VHS e as salas de cinema dentro dos shoppings.
Apesar de poucos, os cinemas de rua resistiram na cidade. O mais antigo, a Cinemateca, foi inaugurado em 1998 e abriga um acervo de produções cinematográficas do Paraná
Cine Passeio
Terça a domingo, das 10h às 22h R Riachuelo, 410 - Centro, Curitiba www.cinepasseio.org
Cinemateca
Segunda a sexta, 9h às 12h e 14h às 18h R. Presidente Carlos Cavalcanti, 1174São Francisco, Curitiba www.cinemateca.org.br
Cine Guarani
e funciona como um espaço de pesquisa com bibliotecas especializadas. O ambiente é ponto de encontro cultural na cidade e exibe filmes nacionais e independentes.
A abertura do Cine Passeio, em 2019, trouxe o retorno da concepção dos cinemas de rua em Curitiba, que já teve sua “Cinelândia Curitibana”. O espaço, localizado próximo ao Passeio Público, abriga um complexo cultural dedicado a filmes, amostras e um espaço para formação audiovisual. O ambiente conta com duas salas que prestam homenagem aos antigos cinemas de rua da capital, o Cine Luz e o Cine Ritz. Além de exibir filmes do circuito comercial (blockbusters), dá espaço para produções de arte nacionais e internacionais.
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Conteúdo extra: vídeo mostra o interior do “Cine Cadeia“ portalcomunicare.com.br
Terça a domingo, das 13h às 22h Av. Rep. Argentina, 3550 - Portão, Curitiba www.cinepasseio.org
Teatro da Vila
Terça a domingo, 9h às 12h e 14h às 18h R. Davi Xavier da Silva, 451 - Cidade
Industrial de Curitiba, Curitiba fundacaoculturaldecuritiba.com.br
As inscrições para o evento só teriam fim em 6 de novembro, mas se esgotaram mais de três semanas antes, graças aos 13 mil atletas, de todo o país, que, em 11 de outubro, preencheram todas as vagas disponíveis
A Maratona de Curitiba, considerada uma das principais corridas de rua do calendário brasileiro, teve, neste ano, a maior edição de sua história: o evento reuniu cerca de 13 mil atletas, que disputaram provas de 42Km, 21km, 10km e 5km, em 17 de novembro. A Maratona de Curitiba acontece desde 1997
A vinda de pessoas de fora para disputar corridas no estado tem se tornado cada vez mais comum: no ano passado, cerca de 40% dos atletas inscritos para a Maratona de Curitiba não eram do Paraná; neste ano, o número subiu para 42%, além de 7% de inscritos de fora do Brasil. Um fator que contribui para
do evento não conta apenas com a corrida, mas com a Expo Maratona de Curitiba, que é uma feira esportiva que acontece nos dias que antecedem a Maratona, de 14 a 16 de novembro, no Museu Oscar Niemeyer. A feira é gratuita, aberta ao público e deve reunir um total de 35 mil pessoas, conforme projeção da
“Esperamos 28.600 pessoas participando das atividades da Maratona de Curitiba”
e, neste ano, teve todas as suas vagas esgotadas cerca de 40 dias antes da competição e quatro semanas antes do prazo de inscrição original.
A largada e a chegada da prova principal aconteceram na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico A prova percorre 22 bairros da capital paranaense e passa por pontos turísticos como Palácio 29 de Março, Jardim Botânico, Museu Oscar Niemeyer e Praça do Japão.
Nesta edição do evento, o número de assessorias esportivas com atletas inscritos na maratona, teve um aumento de 40% em relação ao ano anterior, fato que ajuda a explicar o esgotamento das vagas de modo tão rápido. A corrida é uma das maiores do país, e traz participantes de 24 estados brasileiros e mais 18 países confirmados. Segundo Wesley Rossa, Head de performance da Global Vita Sports (empresa que realiza o evento), o que justifica a participação de tantos “estrangeiros” na maratona é a organização da corrida, conhecida como top 3 no Brasil de todos os eventos esportivos. Outro fator atrativo é a dificuldade do percurso em comparação às outras maratonas do país. “Isso gera motivação de superação”, diz Rossa.
a vinda desses atletas de elite, em particular, são as premiações. Neste ano, a competição manteve o prêmio da última edição, com uma distribuição de R$ 192 mil, sendo R$ 164 mil distribuídos entre os cinco primeiros colocados da prova - os campeões receberão R$ 40 mil cada. O valor representa um dos maiores prêmios de uma corrida de rua no Brasil.
A atleta profissional Jéssica Ladeira, nascida em Minas Gerais e que tem 27 anos, coleciona medalhas e passagens por mais de 20 países. A mineira foi a terceira colocada da Maratona de Curitiba 2023, cruzando a linha de chegada como a melhor brasileira da competição, com o tempo de 2h45m24. “Fiquei muito feliz de participar da maratona e conquistar o terceiro lugar. O nível técnico estava fortíssimo, mas trabalhei duro para essa maratona”. Ela diz que o que a atraiu para participar da Maratona em Curitiba foi o valor da premiação e a estrutura da corrida.
Além da estrutura da maratona, a experiência fora do dia da corrida é o que mais influencia a vinda de corredoras de fora do estado, segundo os organizadores do evento. A programação
Global Vita Sports. A feira traz não só a retirada de kits dos inscritos para corrida, como também lojas oficiais de artigos de corrida, espaços de recuperação, ambientes gastronômicos e espaço kids, além de outros atrativos com os patrocinadores e parceiros do evento.
transporte e turismo. “Para cada atleta inscrito, some 2,2 pessoas a mais na cidade, acompanhando os quatro dias de evento. Em média, esperamos 28.600 pessoas participando diretamente das atividades da Maratona de Curitiba”, conta Rossa.
A Maratona de Curitiba teve sua 1ª edição realizada em 1997, com a largada acontecendo no Autódromo Internacional de Curitiba. Foram 772 participantes e o trajeto passou pelo Estádio Pinheirão, com chegada na Pedreira Paulo Leminski. O crescimento da corrida aconteceu logo no ano seguinte, na 2ª edição, que levou 856 participantes e trouxe mudanças de percurso. Na 3ª edição, a prova teve 1.264 atletas. Foi também a primeira vez em que foram utilizados os relógios digitais para aferição do tempo de prova.
Fundador e treinador da CR Runners Brasil, Cristiano Ribeiro conta que vem preparando alguns de seus atletas para a Maratona desde o início do ano. A equipe conta com atletas de cinco nacionalidades diferentes, entre elas Quênia, Uganda, Ethiopia e Tanzânia.
Thalita França é nutricionista e faz acompanhamento com a CR Runners desde dezembro do ano passado. Em julho, iniciou a preparação para a maratona. “Estou com a expectativa muito boa e contando os dias para a minha primeira maratona. Agora é controlar a ansiedade e cuidar da questão mental, que é bem importante”, disse, antes da corrida.
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A Maratona de 2024 espera movimentar cerca de R$ 30 milhões para a cidade, com comércio local, hospedagem, portalcomunicare.com.br
Vinte e cinco escolas da cidade não têm quadras cobertas e sofrem com excesso de sol ou chuva durante as aulas
E m Curitiba, 14% das Escolas Municipais não têm quadras cobertas, comprometendo a disponibilidade das aulas esportivas às crianças e adolescentes da cidade.
A Escola Municipal Professora Maria Nicolas é uma entre as 25 Escolas Municipais de Curitiba que não possuem quadra coberta. Mãe de um aluno de 7 anos, Aline da Silva expressa indignação a respeito da estrutura esportiva na escola do filho. Ela diz que, quando chove ou faz muito sol, fica inviável a aula da disciplina de Educação Física. Ela também conta que o filho já chegou em casa reclamando da ausência da aula por conta do clima.
Professor de Educação Física da escola há 12 anos, Antonio Carlos de Andrade comenta as dificuldades da realização das aulas. Ele fala que precisa adaptar o plane-
“O aprendizado dos alunos fica em déficit, não tenha dúvida”
impactado sobre a dinâmica de outras turmas e da própria escola.
O educador finaliza relatando que já foi preciso recorrer a um abaixo-assinado para cobrir a quadra, devido ao excesso de aulas perdidas pelos estudantes.
A Prefeitura de Curitiba argumenta que, como o espaço é alugado, o órgão municipal não pode realizar grandes mudanças de infraestrutura no local
jamento de atividades conforme a previsão do tempo, pois, muitas vezes, as crianças não aguentam o excesso de calor ou necessitam ficar dentro da sala devido ao frio e à chuva.
Outro problema apontado por ele é a quadra não possuir as marcações necessárias para cada esporte praticado. O professor explica que não estão previstas aulas teóricas de Educação Física na grade curricular; por isso, ele precisa improvisar e encontrar alternativas, utilizando espaços como a sala de jogos, gerando
Pimentel promete esporte em contraturno
Futuro prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD) prevê, em seu plano de governo, a ampliação de um grande projeto esportivo de contraturno escolar para ofertar, aos estudantes de 4° e 5° anos, atividades nas quadras poliesportivas em todas as 185 escolas municipais de Ensino Fundamental.
O plano de governo detalha a ideia. “Este programa ofertará 16 horas aula por unidade,
sendo oito turmas divididos no período da manhã e tarde, totalizando 64 horas aula mensais. Cada turma ofertará 20 vagas, totalizando 160 estudantes atendidos por unidade em um total de até 29.600 vagas para os estudantes. O custeio do projeto será feito por meio de recursos próprios e em escolas onde o projeto colaborar com a permanência do estudante por mais de nove horas na unidade, recursos do Fundeb“.
O político também pretende estruturar centros esportivos e paradesportivos para a criação de bolsões de desenvolvimento social por meio do esporte.
Estrutura de escolas foi tema da campanha
Ainda durante a campanha eleitoral, especialmente no segundo turno, a estrutura das escolas municipais e prática de esportes nesses locais foi um tema debatido entre os candidatos. Em uma sabatina que ocorreu na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD) apresentaram aos estudantes da universidade suas intenções para a cidade. Pimentel explicou que o projeto de esporte no contraturno já existe e que seu objetivo é ampliar e fortalecer a iniciativa. Ele também declarou que iria explorar a Lei de Incentivo ao Esporte para continuar estimulando atletas curitibanos.
Já Cristina Graeml dizia, em suas propostas para o governo, que pretendia desenvolver as habilidades socioemocionais para as crianças de Curitiba. “Criaremos as olimpíadas esco-
lares desde os primeiros anos do ensino fundamental, para a introdução das crianças no ambiente esportivo e competitivo, com o intuito de desenvolver as habilidades emocionais que são geradas através do esporte, gerando adolescentes mais resistentes emocionalmente e preparados para os desafios da vida e que aprendam a trabalhar em equipe”, dizia, antes de obter 42% dos votos no segundo turno e ser derrotada na disputa eleitoral.
Saiba como se inscrever para o programa Curitiba em Movimento
Projeto oferece atividades esportivas gratuitas. Para paricipar, basta seguir alguns passos para se cadastrar na plataforma e praticar seu esporte favorito.
• Ter endereço em Curitiba
• Ter cadastro no portal e-cidadão
• Acessar a área do aluno no portal do Curtiba em Movimento
• Escolher a modalidade esportiva preferida para se inscrever
Antes de iniciar as aulas, é necessário apresentar um atestado médico comprovando aptidão para a prática de exercícios físicos. As aulas são fornecidas de segunda a sábado entre as 7h e 21h.
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Entrevista com professor e fotos da rede de ensino municipal em Curitiba
O Cursinho Solidário é um projeto social da ONG Formação Solidária, que oferece um curso prévestibular com educação de qualidade e gratuita desde 2002. O curso atende a estudantes de baixa renda de Curitiba e região metropolitana
Vitoria Santin 3º Período