Revista Alegria

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Ano 2 - 2022 Padre Haroldo, O Amor em Gestos, depoimentos, histórias, nossos serviços e muito mais! Revista Era assim que o nosso querido Padre Haroldo cumprimentava, com entusiasmo, todos ao seu redor. E com muito carinho, pegamos emprestada sua marca registrada para dar nome à nossa revista.

Expediente

Fundador: Padre Haroldo Rahm, sj - In memorian (22/02/1919 - 30/11/2019)

Presidente: Lúcia Decot Sdoia Vice-Presidente: Antonio C. Ambiel

Diretoria: Aguinaldo A. Neri, André Longo, Carlos Alberto T. Ribaldo, Geraldo A. Rossi, Maria Aparecida Buarraj e Tiago F. da Costa.

Conselho Fiscal: Marcelo Sartori, Jairo Sergio Szrajer e Douglas Nascimento

Conselho Consultivo: Aparecido Doti, Beto Sdoia, Carlos Vitório Gorreri, Clóvis Martins Filho, Emerson Lourenço, Fernando Barabino, Lia Ferreira, Limerci Del Alamo, Lisiane Ambiel, Mario Jacinto, Sergio Antonio Camargo e Susy Gomes Hoffman

Vasconcellos Araujo - MTB 15.744

EstampaPB

Capa: Levi Macedo - @levimacedoll padreharoldo.org.br comunica@padreharoldo.org.br Endereço: Rua Dr. João Quirino do Nascimento, 1601 Jd. Boa Esperança | CEP 13091-516 Campinas - São Paulo Telefone: 19 3794.2500

Índice 03 04 Comunicar e agradecer Institucional 05 Conexões com Padre Haroldo 06 Unidades de atendimento IPH 07 O IPH e a Agenda 2030 08 Balanço Social 09 Entregas Sociais 10 Programa de Prevenção 12 Programa de Acolhimento 16 Programa de Trabalho e Renda 19 Compromisso Socioambiental 20 Programa de Tratamento e Recuperação 22 Projetos 24 Espiritualidade 26 27 IPH Acontece Desenvolvimento institucional 28 Um novo caminho 30 Amor em Gestos 32 Livros do Padre Haroldo 33 Programa Nota Fiscal Paulista 34 Ulisses e o canto das sereias 36 Formas de apoio 38 39 Projetos em parceria A importância do brincar 40 A força do voluntariado 42 Empresas parceiras 44 Responsabilidade pública 45 47 Yoga no jardim Nossos canais
Jornalista Responsável: Artur
Diagramação:
Foto

Comunicar e Agradecer

Temos vivido tempos difíceis desde que a pandemia do COVID 19 assolou a humanidade e mudou toda nossa existência. O projeto da Revista Alegria vem sendo gestado desde 2020, logo após a partida do nosso querido Padre Haroldo, e agora estamos muito felizes por poder concretizá-lo.

Assumi a presidência do Instituto Padre Haroldo (IPH) em 2019, após mais de 20 anos atuando como diretora voluntária, muito próxima aos diversos programas e serviços. Padre Haroldo sempre me pedia para cuidar das equipes e, assim, sempre estive próxima dos profissionais e dos desafios dos nossos serviços de prevenção e cuidado.

Acompanhei diretamente a implantação dos serviços de acolhimento; a implantação e as transformações dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Prevenção com as crianças e adolescentes; das Comunidades Terapêuticas; e a criação do Programa de Trabalho e Renda, mais recentemente.

Conheci Padre Haroldo em 1998, ao participar de um TLC (Treinamento de Liderança Cristã) em Campinas, movimento criado por ele e voltado à juventude da igreja católica, no qual me engajei desde minha adolescência em São Paulo.

O IPH é uma obra grandiosa de filantropia e amor ao próximo! Atendemos cerca de 700 pessoas diariamente, oferecendo acolhimento, proteção, ampliação de oportunidades a partir da presença, cuidados e vivências diversas que visam a autonomia e cidadania, na busca pessoal de transformação e de encontro de significados e ressignificados para a vida.

Atuamos com as pessoas socialmente mais vulneráveis: das gestantes, bebês e crianças, aos adultos. Pessoas que vivem violências e exclusão social, e anseiam por oportunidades. Nosso papel é fundamental na transformação que queremos ver no mundo, com mais justiça, acesso à moradia, cuidados em saúde, educação, trabalho e dignidade.

Estar à frente desta instituição, junto com nossa diretoria e conselho, com uma equipe de profissionais engajados e competentes, é um privilégio que nos desafia a honrar o legado de Padre Haroldo na busca de conhecimento, conexão com o Espírito criador, inspirador e transformador.

Assim caminhamos na busca contínua pelas melhores práticas de trabalho em prol das pessoas que atendemos e da sustentabilidade institucional.

Lúcia Decot Sdoia Presidente do Instituto Padre Haroldo

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Conexões Com Padre Haroldo

“Um terrível jesuíta” foi o nome que Padre Haroldo escolheu para o livro que relata sua autobiografia, um texto que nos traz muito do que ele viveu e pensou. Michelle Coner, sua sobrinha norte-americana, foi a pessoa que ele escolheu para escrever o texto autobiográfico, alguém da família que captaria seus sentimentos e sua rica história com mais profundidade.

Com cerca de 60 livros de sua autoria, muito do que ele pensou e gostaria de transmitir naquele momento está registrado. Tantas pessoas nos revelam sua essência ao falarem sobre ele, contarem “causos” e histórias vividas a seu lado. O Padre era “relação”, ele existia na relação com as pessoas, na alegria contagiante, na disponibilidade em tempo integral, na seriedade com que estudava um assunto ou os textos sagrados, no empenho e determinação diante de um projeto novo.

Harold Joseph Rahm, seu nome de batismo, cidadão norte-americano, naturalizado brasileiro, era “projeto”. Sempre planejando a próxi-

ma ação, diante de uma ideia que o inspirava. Padre Haroldo foi este homem, temente a Deus, inovador, além de seu tempo, inspirado, que superava seus próprios limites, que não discriminava, que valorizou o pluralismo religioso, o acolhimento na diversidade, que buscava incessantemente meios de realizar o que considerava uma proposta boa para solução de um problema social ou para que mais pessoas fossem inspiradas pela “Divina Majestade” como ele gostava de se referir a Deus, ao poder superior, “na maneira como cada um o concebe”.

Nunca deixou, desde sua ordenação em 1950, de exercer sua vocação sacerdotal como Padre da Igreja Católica, e tendo como padroeira de sua obra, Nossa Senhora de Guadalupe.

Liberdade é uma palavra que o definia, amor era sua existência e inspiração seu motor.

Mais conteúdos sobre o Padre Haroldo em nossas redes sociais e site

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Lúcia Decot Sdoia Presidente do Instituto Padre Haroldo
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O Instituto Padre Haroldo

e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Com um amplo campo de atuação, o Instituto Padre Haroldo assumiu o compromisso de contribuir para as ações que visam atingir as metas da Agenda 2030.

Esta, também denominada ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), foi lançada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 25 de setembro de 2015, durante a Assembleia Geral da organização.

A Agenda 2030 tem ao todo 17 metas, que se ramificam em 169 alvos, e abrange questões de desenvolvimento social e econômico, incluindo pobreza, fome, saúde,

PREVENÇÃO

Erradicação da pobreza

Erradicação da fome

Saúde de qualidade

Educação de qualidade

Igualdade de gênero

Redução das desigualdades

Consumo responsável

Vida sobre a Terra

Paz e justiça

TRABALHO E RENDA

Erradicação da pobreza

Saúde de qualidade

Educação de qualidade

Igualdade de gênero

Empregos dignos e crescimento econômico

Redução das desigualdades

Consumo responsável

Paz e justiça

educação, aquecimento global, igualdade de gênero, água, saneamento, energia, urbanização, meio ambiente e justiça social.

Sob este cenário de comprometimento mundial em torno do Desenvolvimento Sustentável, ao IPH impõe-se o desafio de contribuir com as ações da Agenda 2030. Iniciou esse trabalho identificando, entre seus serviços, quais objetivos da Agenda 2030 estão alinhados com os propósitos dos serviços oferecidos pela entidade.

Dessa forma, a entidade, ao todo, contribui com 10 dos 17 objetivos, abaixo apresentados:

ACOLHIMENTO

Erradicação da pobreza

Erradicação da fome

Saúde de qualidade

Educação de qualidade

Igualdade de gênero

Empregos dignos e crescimento econômico

Redução das desigualdades

Consumo responsável

Paz e justiça

RECUPERAÇÃO

Erradicação da pobreza

Erradicação da fome

Saúde de qualidade

Igualdade de gênero

Empregos dignos e crescimento econômico

Redução das desigualdades

Consumo responsável

Vida sobre a Terra

Paz e justiça

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Histórias de superação

Superação e autonomia

"Em 2018 conheci a Casa da Gestante e lá tive um quarto, chuveiro, um lugar limpo, refeições e atendimento. As pessoas paravam para conversar comigo, para saber como eu estava me sentindo. Os profissionais são muito amorosos e entram em nossas vidas para caminhar com a gente. Estou há 3 anos e 6 meses sem usar nenhum tipo de droga, estou com minha filha, trabalho, comprei as coisas da minha casa... Recomecei o ciclo da minha vida!"

Jéssica Dias, atendida da Casa da Gestante

Responsabilidade e desenvolvimento

"Estou na República há um ano, passei dos 13 aos 19 anos em um abrigo e depois vim pra cá. Tive que amadurecer muito rápido, porque no abrigo não fazia comida, não fazia faxina, não tinha um emprego, uma fonte de renda. Aqui tenho autonomia, tenho que organizar meus horários. Completei 2 cursos e fui me capacitando para melhorar o currículo. Foi e está sendo um lugar que me ajuda muito, com responsabilidade e metas de crescimento. Aqui os educadores nos ajudam até a pensar nas contas, nos passam uma visão da vida real, o que me deu um chão para saber das coisas que posso ou não posso ter.”

William R. Silva Borges, atendido na República para Jovens

Acolhimento e dignidade

"Eu vim do Rio de Janeiro para Atibaia, onde morava com minha companheira. Sou dependente de cocaína, fiquei 4 anos ‘limpo’ e tive uma recaída, e assim cheguei aqui na Nossa Casa. Para mim é o melhor lugar, pois eu sou trans e temos muita dificuldade de acessar outros serviços. Em outros lugares não tinha direitos e aqui senti segurança, me senti cuidado. Aqui aprendi muito e tudo isso aumentou minha vontade de mudar de vida!"

Cláudio Henrique da Silva, atendido na Nossa Casa, casa de passagem para adultos

Fortalecimento de vínculos e novas perspectivas

"Conheci o Instituto através da minha mãe, que ficou sabendo que tinham alguns alunos, e assim eu trouxe o Alexandre para fazer parte. Eu fazia faculdade de Veterinária de manhã e depois trabalhava no Shopping Dom Pedro até tarde, então tinha pouco contato com o Alexandre, que ficava mais com a avó. A gente discutia muito e com as atividades daqui ele ficou mais centrado, ocupou a cabeça com coisas boas e começamos a ter um relacionamento melhor. Queria que ele tivesse aprendizados que garantissem um futuro, ampliando o conhecimento para ele descobrir o que queria. O Instituto direciona mãe e filho para um caminho bom, e insistindo nele fizemos dar certo."

Letícia C. C. da Silva (mãe)

"Eu entrei aqui em 2011, era muito agitado, de ‘poucos amigos’. Aqui fiquei mais calmo, fiz novas amizades, muitas oficinas - de teatro, circo, esportes, fotografia. Comecei a gostar muito, chegava na hora do almoço e saía no final da tarde, assim ficava menos tempo na rua. Esse período abriu muitas portas e o Aprender Mais me ajudou a conseguir uma bolsa para uma escola de futebol, através de uma parceria com o Instituto. Recebi uma oportunidade e abracei! Saí mais maduro, com mais paciência, mudei muito... Hoje sou bem feliz e realizado! Alexandre C. Silva (filho)

pelo Programa de Prevenção

Atendidos
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Prevenção e EDUCAÇÃO

Duas unidades de atendimento a crianças, adolescentes, jovens e familiares

O Programa de Prevenção e Educação, carinhosamente chamado de Aprender Mais, atende anualmente cerca de 550 crianças, adolescentes, jovens e suas famílias em situação de vulnerabilidade social nos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e no Centro de Convivência Inclusivo Intergeracional.

Esse trabalho é desenvolvido em duas unidades: na Sede da entidade e na região do Jardim Campo Belo.

Vimos a pobreza e a violência aumentarem durante todo o período da pandemia. Fizemos a importante campanha do Amor em Gestos para entrega de itens de primeira necessidade às famí lias assistidas pelo serviço e vivenciamos um grande desafio do fortalecimento de v ínculos pessoais, sociais e comunitá rios, para um serviço que ficou com períodos de isolamento e com as crianças frequentando parcialmente o espaço. Não é possível não nos afetarmos com esta realidade sem nos questionarmos sobre o que fazer diante da violência que a miséria impõe, em especial às crianças.

A unidade do Campo Belo está localizada em uma região da extrema periferia sul de Campinas, próximo a Viracopos, onde

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vivem aproximadamente 60 mil pessoas com alto índice de exclusão social, violências de toda natureza, infraestrutura urbana muito deficitária, baixa oferta de políticas sociais e poucos espaços estruturados como praças ou ginásios, para a socialização de crianças e adolescentes e mesmo diante desta escassez toda ainda vemos a comunidade se ajudando em ações de solidariedade e iniciativas comunitárias para que todos possam ter, no mínimo, comida no prato.

Nesses serviços normalmente as crianças recebem duas refeições e são desenvolvidas atividades coletivas que envolvem arte, cultura, esporte, tecnologias, cuidados com o meio ambiente e cidadania. As atividades desenvolvidas têm um caráter protetivo e preventivo de agravamento da condição de risco social. A proximidade e o contato direto com as famílias permitem uma atuação cooperativa entre os serviços e estas e favorecem o apoio no acesso aos recursos socioassistenciais. Estivemos lado a lado das famílias apoiando-as no acesso aos benefícios emergenciais em função da pandemia de COVID.

Estes serviços do IPH são conveniados com a Secretaria de Assistência Social, Pessoas com Deficiência e Direitos Humanos da Prefeitura de Campinas.

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2.800 Pessoas beneficiadas pelo Programa de Prevenção * Dados incluem 4 familiares por atendido 550 Crianças e adolescentes atendidos diretamente pelo Programa de Prevenção DADOS DE ATENDIMENTO - MÉDIA ANUAL

Acolhimento Residencial Moradias

Casa da Gestante | Nossa Casa | 2 Repúblicas para Jovens

Serviços de acolhimento que funcionam 24 horas, em quatro residências diferentes para públicos e perfis distintos, que estavam vivendo em situação de risco social grave.

Em ambiente protegido, há oferta de moradia transitória, alimentação saudável e cuidados em saúde e psicossocial,

que favorecem a ampliação do acesso ao ensino formal, educação, atividades e vivências diversas em arte, cultura, esporte e cidadania. Facilitam também o exercício de autonomia, favorecem a ampliação de repertório social e pessoal, e a preparação para o mercado de trabalho e inserção social.

Proteção ao risco social, favorecendo o desenvolvimento pessoal e de potencialidades
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Casa da Gestante

A CGPB é um serviço em convênio com a Secretaria de Saúde de Campinas, que acolhe mulheres em situação de grave vulnerabilidade social, dependentes químicas, em pobreza extrema, que estão grávidas ou com bebês de até seis meses de vida. A CGPB também recebe os filhos de até oito anos destas mulheres e todos podem permanecer no serviço por até dezoito meses. Nesse período tem seus direitos básicos garantidos, podendo se reorganizarem até que estejam fortalecidas e possam retomar a vida em comunidade e com mais autonomia. As vagas da Casa são reguladas pela Central de Regulação da Secretaria de Saúde do município.

O serviço tem como objetivo principal a criação, junto com as mulheres, de novos projetos de vida, desenvolvidos a partir de Projetos Terapêuticos Singulares, que envolvem a reintegração social das mulheres e seus filhos durante a permanência e no acompanhamento que fazemos após a saída da Casa, envolvendo as áreas da saúde, educação, moradia, trabalho e assistência social.

Na atenção psicossocial, internamente, para além dos atendimentos individuais, são realizados grupos com temas em constante movimento que visam ao cuidado de mulheres e crianças, à relação com o uso de substâncias psicoativas, à violência de gênero, à relação mãe/filho, ao desenvolvimento neuropsicomotor, à saúde, ao convívio entre pares, entre outros.

Desde 2016 este serviço inovador atua na tratativa de um problema de saúde e social crescente e grave. Campinas e o IPH são pioneiros no Brasil ao se dedicarem neste trabalho com mulheres que sofrem violências de toda natureza e vivem situações extremas de risco. Promover a dignidade é proporcionar a essas mulheres e crianças, o direito à convivência saudável e afetiva, e facilitar o acesso aos serviços básicos que as apoiem na estruturação de suas vidas.

20 pessoas

Capacidade da Casa, entre mulheres e crianças

Inaugurada em 2016, a unidade é um serviço da Saúde pioneiro e inovador no Brasil no trabalho com mulheres gestantes em situação de risco. Atua a fim de que as mulheres acolhidas possam criar novos projetos de vida, acessar os serviços essenciais e garantir uma oportunidade para a criança ficar com sua mãe.

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NOSSA CASA

Casa de Passagem para Adultos

A Casa de Passagem acolhe pessoas de 18 a 59 anos em situação de rua, e seu nome fantasia, “Nossa Casa”, imprime no próprio nome um jeito de trabalhar com acolhimento profissionalizado e afetivo, realizado com o carinho e a dignidade para todos que precisam de uma moradia temporária.

O serviço, inaugurado em 2013, é conveniado com a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos da Prefeitura de Campinas, para atender a população de rua em moradias que substituem os grandes albergues.

Inicialmente a Casa atendia homens e a crescente população feminina em situação de rua. Foi um grande desafio para a equipe de atendimento trabalhar em um serviço de acolhimento que era misto, mas com muito diálogo, proximidade com os atendidos, rodas de conversa e reuniões de equipe, conseguimos adquirir uma experiência que hoje é referência no município e para além de Campinas.

Já no início do funcionamento da casa, fizemos o acolhimento pioneiro de uma travesti, que ocupou uma vaga feminina, algo também incomum em outros serviços da cidade na época. E como estávamos conseguindo trabalhar bem as questões de preconceito dentro do serviço, acabamos por receber outra travesti, depois uma transexual, mais uma e mais uma… O acolhimento de mulheres foi transferido para outros serviços e atualmente funcionamos no bairro Guanabara, numa casa ampla, e acolhemos homens e transgêneros.

O serviço trabalha junto com os atendidos os diversos campos da vida a partir de Projetos Individuais que focam na saúde, busca de trabalho, educação, moradia e as relações pessoais. Inicialmente há um foco na regularização de sua documentação, busca de trabalho e moradia, acesso a outros serviços e benefícios sociais, resgate das relações familiares e fortalecimento dos vínculos pessoais, e visa a organização da vida pessoal ou integração em outro serviço, quando o caso exige.

Temos 25 vagas disponíveis, sendo 20 para homens e 05 para transgêneros.

Desirée Loschi Coordenadora Técnica da unidade

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Repúblicas para jovens

O Serviço de acolhimento para Jovens em República, carinhosamente apelidado de “Rep”, acolhe jovens entre 18 e 21 anos, após o desligamento de serviços de acolhimento para crianças e adolescentes quando completam a maioridade ou em outra situação que demande esse serviço.

A “Rep” é como a continuidade dos serviços de acolhimentos de crianças e adolescentes, visando à sua proteção, preservando e orientando sua autonomia e independência, ofertando ferramentas para uma vida plena de direitos e deveres, fortalecendo os vínculos comunitários e familiares, promovendo a qualificação profissional, sensibilizando os jovens à continuidade

e/ou acesso escolar e universitário, impulsionando-os a ampliar as relações sociais e seu repertório cultural. Assim, visa propiciar sua preparação gradativa para o desligamento da instituição e o exercício da vida adulta, a emancipação institucional com o apoio de uma equipe profissional.

Um grande desafio na vida dos jovens é conseguir trabalho digno e elevar o seu nível de escolaridade, e este é um dos nossos principais objetivos.

Técnico da unidade

Total de pessoas diretamente beneficiadas pelos serviços de acolhimento 100

Total de pessoas beneficiadas pelos serviços de acolhimento, incluindo familiares 300

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DADOS
DE ATENDIMENTO - 2021

TRABALHO E RENDA

+ 300 cursos EAD acessados

+ 20 cursos presenciais

+ 150 pessoas empregadas (trabalho formal ou não-formal)

+ 50 pessoas elevaram o nível de escolaridade

+ 250 pessoas fizeram seu currículo vitae

O Programa de Trabalho e Renda do Instituto Padre Haroldo tem como objetivo criar condições para que os atendidos dos diversos serviços da entidade, seus familiares e pessoas da comunidade, tenham oportunidades para desenvolver competências técnicas e comportamentais para o trabalho, qualificação profissional, empreendedorismo e iniciativas de geração de renda. Busca facilitar a inserção no universo do trabalho e remuneração que favoreçam os processos de autonomia financeira.

Para a realização de suas atividades, o Programa conta com parcerias com empresas e voluntários pro-bono, que cedem recursos, tempo e conhecimento, abrindo novas perspectivas para o futuro e auxiliando no desenvolvimento profissional e pessoal de nossos atendidos. Através dessas parcerias, foram promovidos diversos cursos nas áreas de panificação, confeitaria, alfabetização tecnológica, manutenção, vendas, atendimento ao cliente e abordagens voltadas para o empreendedorismo.

Os resultados apresentados pelos participantes, demonstram que a capacitação oferecida, de fato, agrega muito valor à sua vida. As parcerias estabelecidas, e as que estão em construção, também nos motivam, não somente a continuar, mas também a oferecer oportunidades criativas.

FRENTES DE TRABALHO

- Capacitação profissional Cursos de qualificação profissional em modalidade presencial com estágios práticos ou EAD (Ensino à Distância)

GERE – Núcleos de Geração de Renda e Empreendedorismo Formações em empreendedorismo e apoio para o desenvolvimento de negócios sociais, coletivos ou individuais, que favoreçam a geração de renda e a economia criativa.

PVP - Programa de Valorização Profissional Envolve a melhoria da empregabilidade, autoconhecimento, valores e autoestima em seminários dinâmicos, coletivos e com apoio individualizado.

ALGUNS CURSOS REALIZADOS

Eletricista e instalador residencial Curso realizado em parceria com o SEBRAE, teve o objetivo de desenvolver competências para a prestação de serviços em manutenção preventiva e corretiva em instalações comerciais e residenciais, dentro das normas técnicas e de segurança.

Alfabetização tecnológica

O Curso é realizado com o auxílio de estagiários e voluntários, com o objetivo de ensinar e instrumentalizar atendidos do Instituto Padre Haroldo e comunidade para o uso das ferramentas e canais tecnológicos.

O fantástico mundo das vendas Curso realizado em parceria com a CMR Consultoria, contou com participantes de diversos serviços e abordou técnicas de vendas como compreensão sobre o perfil do comprador, comunicação, relacionamento, desenvolvimento da venda e “como vender a si mesmo”.

Maria
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DADOS DE ATENDIMENTO - MÉDIA ANUAL

Reconquista

O curso de Confeitaria foi realizado pelo Instituto Padre Haroldo, financiado pelo Banco da Providência, e em parceria com o SEBRAE, o SENAI, a Stone e o Instituto Phi. Com vinte e oito vagas disponíveis, o curso foi baseado na Metodologia das 3 fases, elaborada pelo Banco da Providência.

A metodologia vai muito além da capacitação profissional, trazendo elementos de desenvolvimento humano e de empreendedorismo, como planejamento, gestão financeira, proatividade na família e comunidade, reconhecimento de si como um sujeito de direitos, autovalorização, descoberta de potenciais e trabalho em grupo, entre outros elementos que visam à ampliação e consciência de si mesmo.

Ao final do curso, foi entregue a cada aluno um “recurso semente”, no valor de R$ 1300,00, para que comprassem ingredientes, utensílios e eletrodomésticos para iniciar suas produções e empreendimento. Esse recurso, para muitos está sendo um divisor de águas na vida, com esperança de fazer a transformação, de forma ancorada em todo o aprendizado absorvido ao longo do projeto.

Erick Cabrera participou do curso e conta que gostou muito. “Tem bastante conteúdo e uma carga horária muito boa. A formação pelo SEBRAE também é muito boa e o recurso semente auxilia quem não tem dinheiro para iniciar uma empresa. Ao final do curso, ainda temos seis meses de acompanhamento com os professores e na minha carreira de empreendedor, gostaria de abrir uma padaria, fazendo bolos, pães, café da manhã, chocolate quente... Ter um negócio que gere lucro, para ter uma renda melhor.”

Ateliê de Costura e Geração de Renda

O ateliê começou com o grupo “Marias Cheias de Graça”, composto por mulheres de baixa renda que trabalhavam com produção de itens diversos por meio da costura, e foi apoiado pelo IPH a partir da solicitação da mãe de um atendido da instituição. Em 2021, a proposta foi alterada para que o projeto se tornasse um espaço ampliado de costura e outras artes.

Atualmente a equipe de trabalhadoras e voluntárias usa seus talentos para ampliar as referências dos participantes das oficinas (atendidos, familiares e pessoas da comunidade), oferece formações e produz itens para venda, com os recursos revertidos para a sustentabilidade do projeto. Muitos produtos são feitos com matérias-primas que seriam descartadas pela indústria têxtil e utilizam materiais recicláveis, como as bolsas produzidas com fitas de lona.

"Hoje trabalhamos com a produção de itens lúdicos (jogos e brinquedos), utilitários (bolsas, necessaires, porta-trecos, etc) e customizados (fantasias e peças sob medida), além do reparo de peças. Valorizamos as qualidades e habilidades de todos e essa troca de vivências e experiências é muito rica!", afirma Silvia Fonseca, coordenadora do projeto.

@asmariascheiasdegraca (19) 99149-7670

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PVP Programa de Valorização Profissional

O PVP – Programa de Valorização Profissional - é um conjunto de atividades complementares realizado em parceria com estagiários do Curso de Psicologia da PUC Campinas, através da coordenação do Prof. Aguinaldo Neri, membro da diretoria do IPH.

O PVP foi concebido, desenvolvido e oferecido como fortalecimento para as condições de empregabilidade dos nossos atendidos. Ele parte do princípio que a sustentabilidade pessoal, via trabalho (emprego ou outras formas de oferecer o que sabemos fazer) é vital para a autonomia e resgate dos rumos da própria vida.

As atividades do PVP podem ser apresentadas na seguinte sequência:

Trilhando novos caminhos Seminários apresentando uma visão positiva do trabalho e ao mesmo tempo, fortalecendo a motivação para o retorno ou a busca de novas oportunidades de trabalho;

Pé na tábua

Seminários mais específicos, voltados para o estímulo ao empreendedorismo, inovação e visão de carreira;

AgRHega

Orientações mais específicas para a elaboração e divulgação de currículos, além da preparação para as oportunidades de entrevistas que aparecerem.

Se pensarmos no impacto econômico e psicológico que a falta de trabalho (desemprego) provoca, teremos uma noção mais próxima da importância do Programa de Valorização Profissional para a vida dos atendidos. Receber informações precisas sobre o mundo do trabalho, estímulos e orientações para a melhoria das próprias competências e apoio para o processo de busca de trabalho são vitais nos dias de hoje, para retomar a autonomia.

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Professor Aguinaldo Neri

Compromisso socioambiental

Tendo a Agenda 2030 sido assinada em setembro de 2015, o Instituto Padre Haroldo iniciou um trabalho de identificação de ações que a entidade poderia iniciar e/ou intensificar para contribuir com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).

A entidade tem constantemente buscado refletir sobre as melhores práticas para a sustentabilidade ambiental. Em 2018, a entidade realizou uma grande ação em parceria com a SOS Mata Atlântica, e plantou 20 mil mudas de árvores na Fazenda do Senhor Jesus, onde abriga, desde 1978, a Comunidade Terapêutica Masculina. A ação cobriu cerca de 8 hectares com plantas nativas da Mata Atlântica em área localizada em uma bacia hidrográfica prioritária para fins de conservação.

Para Antonio Ambiel, vice-presidente do Instituto Padre Haroldo, que fez a proposta de parceria para a SOS Mata Atlântica, “o plantio de árvores além de ser uma ação de preservação do Meio Ambiente, também evidencia a preocupação do Programa de Recuperação de integrar o tratamento da dependência química com ações de cidadania e sustentabilidade ambiental. O programa também cultiva horta orgânica para consumo da instituição, difundindo assim práticas sustentáveis e saudáveis entre os acolhidos.”

Além dessa ação, a entidade ainda investe em ações que impactam diariamente na vida dos atendidos e trabalhadores e na melhoria da sustentabilidade ambiental:

- Reciclagem de papeis utilizados pelos departamentos administrativos;

- Bazares de itens usados, aumentando a vida útil dos produtos doados;

- Nosso ateliê de costura utiliza materiais que seriam descartados pela indústria têxtil em suas produções;

- Muitas de nossas residências possuem horta.

Em fevereiro de 2019, em uma homenagem à comemoração do centenário do Padre Haroldo, proposta por um grupo de promotores públicos, foram plantadas 100 mudas de árvores no Bosque Padre Haroldo, na Fazenda do Senhor Jesus.

A grande horta da Fazenda do Senhor Jesus produz grande quantidade de verduras e legumes, que complementam as mais de 67 mil refeições / mês servidas no Instituto.
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Recuperação de dependentes químicos

O Programa de Recuperação e Tratamento de pessoas com Transtorno pelo Uso de Substâncias Psicoativas do Instituto Padre Haroldo teve o início de suas atividades em 1978, por iniciativa do nosso próprio fundador. Diante de inúmeros problemas que as pessoas viviam na época e vivem até hoje, relacionados ao uso problemático de álcool e outras drogas, Padre Haroldo não teve dúvidas em trazer para o Brasil um método de tratamento que já se difundia pelo mundo, as Comunidades Terapêuticas tecnicamente estruturadas.

Esse método de tratamento tem como elementos terapêuticos de base: a convivência entre os pares, o ambiente psicológico saudável, todos os relacionamentos são potencialmente terapêuticos, a organização pessoal, o rápido retorno à sociedade, o ambiente democrático e o trabalho em grupo. Toda essa teoria, muito bem elaborada pelo psiquiatra sul-africano, radicado no Reino Unido, Maxwell Jones nos anos 1960.

Com a vinda do método para o Brasil e sua difusão pelo mundo, e toda transformação econômica, social e das próprias drogas, ele sofreu alterações e adaptações que geraram a possibilidade de novos modelos de intervenções, que foram agregadas à fonte original. Padre Haroldo, sem dúvidas, é um pioneiro nessa mudança, uma vez que rapidamente trouxe para dentro da Comunidade Terapêutica o diálogo entre a espiritualidade e a ciência, o trabalho orquestrado por profissionais e pessoas recuperadas no programa, a ajuda mútua e as intervenções baseadas em evidências científicas.

Hoje o Programa de Recuperação e Tratamento atende mensalmente mais de 230 pessoas em acolhimento residencial voluntário, por meio de convênios com o Governo do Estado de São Paulo e a Secretaria Nacional de Prevenção às Drogas. O IPH também oferece atendimento ambulatorial e atende os familiares dos acolhidos, que somam mais centenas de pessoas. O projeto de tratamento nas Comunidades Terapêuticas está estruturado dentro das melhores práticas de intervenção para a Dependência Química. É dividido por fases e tem como objetivo a pessoa, ou seja, trabalhar suas múltiplas necessidades.

As fases do tratamento são: acolhimento, adesão e reinserção social, um enquadre terapêutico que permite a avaliação inicial em que a pessoa se encontra no momento em que procura o tratamento, a construção de um plano de atendimento singular que permita abarcar as diferentes situações e problemas em que a pessoa se encontra, uma parte de escuta e conscientização sobre a dependência química e um trabalho para o retorno ao convívio social.

Durante o desafio que a pandemia nos impôs, adotamos diversos protocolos, orientados pelas autoridades sanitárias do município e estado e sob supervisão dos profissionais da área médica e da enfermagem do Instituto.

Maiquel Gorin

Gestor Técnico do Programa de Recuperação e Tratamento

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Unidade de acolhimento, orientações e atendimento ambulatorial: Centro de Acolhimento: 1ª Fase – Comunidade Terapêutica Masculina: Fazenda do Senhor Jesus 2ª Fase – Comunidade Terapêutica Masculina: Casa São José Comunidade Terapêutica Feminina: Casa Guadalupe Unidades de acolhimento da reinserção social – 2 unidades (feminina e masculina): Repúblicas Terapêuticas

DADOS DE ATENDIMENTO - MÉDIA ANUAL

Já fazia uso de algumas substâncias, de forma esporádica, mas em 2009 comecei o uso compulsivo e em 2010 já estava em situação de rua. Perdi moradia, vínculos familiares, tudo... Em um determinado momento, a rede de Saúde do município fez um programa para tirar as pessoas das ruas. Me acolheram e me levaram para esse espaço de triagem que era na estação de trem aqui em Campinas. Fizeram um processo seletivo, perguntando quem queria ser internado, e o Instituto era uma dessas entidades de acolhimento, então vim para cá. Fiz o tratamento durante dez meses aproximadamente, e na fase de reinserção tive uma recaída.

+ 6000

Saí do tratamento, voltei ao uso e à situação de rua. Em 2013, em um dos lugares onde eu tomava banho, conheci a coordenadora da Nossa Casa, casa de passagem para pessoas em situação de rua. Ela foi apresentar o serviço desta casa de passagem. Pedi ajuda e perguntei como deveria fazer para acessar o serviço. Ela só me disse "continue acreditando e cumprindo os combinados". Passaram alguns dias, e a assistente social e o psicólogo foram me buscar, e eu fui acolhida. Eu tive mais de uma oportunidade dentro da Instituição, mesmo tendo a recaída. Depois de um ano e meio que eu estava nessa Casa de Passagem, já estava trabalhando e consegui alugar um espaço para morar. Pouco tempo depois, recebi uma proposta do próprio Instituto, para trabalhar no administrativo dentro do eixo de trabalho de acolhimento, o mesmo pelo qual fui atendida. Em 1º de abril de 2015 fui contratada e hoje faço a coordenação da Captação de Recursos! Sou bacharel em direito e aqui tenho constantemente oportunidades de continuar em capacitação. Sou muito grata ao Padre Haroldo, diretoria e por toda equipe do IPH, por esse trabalho, pela insistência, por acreditar... Por acolher a pluralidade, a diversidade de pessoas, sem problemas de raça, sexualidade, nada disso. Consegui passar pelo tratamento e ainda tive uma chance aqui, que dá tantas oportunidades aos acolhidos.

Lorete Oller Blanch Coordenadora da Captação de Recursos

Masculina + 500
+ 150
+
Homens atendidos na Comunidade Terapêutica
Mulheres atendidas na Comunidade Terapêutica Feminina
Atendidos beneficiados nas Repúblicas Terapêuticas
50
Total de pessoas atendidas pelo Programa de Recuperação e Tratamento *Dados incluem 4 familiares por atendido e orientações
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Projetos realizados

Os projetos realizados em parceria com outras entidades e organizações buscam resolver problemas específicos.

As iniciativas são ancoradas sempre na missão, visão e valores da entidade, e realizadas segundo o propósito do IPH, que é de construir condições para a busca pela garantia da dignidade humana. Sob esta plataforma, a organização realizou, em 2019, três projetos.

Os Projetos Comunicaí e Entre Malhas foram realizados em parceria com a FEAC, que possibilitou

o atendimento a 642 pessoas, moradores dos bairros Campo Belo e Monte Cristo, estreitando a relação do IPH com estas comunidades.

Já o Cultura Viva foi um projeto da Secretaria Municipal de Cultura, que o IPH apoiou, realizando atividade na Comunidade Menino Chorão, no Campo Belo, de forma que o local mantenha-se como um Ponto de Cultura. A partir da convivência e conhecimento da realidade dos moradores locais, os atendidos deste projeto foram também encaminhados para os projetos do Programa de Trabalho e Renda do IPH.

Agência de Comunicação Jovem, financiada pela FEAC, executado pelo IPH, em parceria com o Centro de Referência da Juventude Quilombo Urbano OMG, localizado no Jardim Monte Cristo. Ancorado nas ferramentas digitais, teve o intuito de valorizar e publicizar diferentes narrativas periféricas, dar voz e produzir conteúdo sobre e na comunidade.

Projeto realizado no Campo Belo, na Ocupação Menino Chorão, como Ponto de Cultura. Política cultural voltada para o reconhecimento e apoio às atividades e aos processos culturais já desenvolvidos, estimulando a participação social, a colaboração e a gestão compartilhada de políticas públicas no campo da cultura.

Entre Malhas (Desenvolvido em

Projeto que realizou ações e um Ciclo de Diálogos, foi uma iniciativa da Fundação FEAC, em parceria com o IPH, que investe na mitigação dos impactos das violências e no enfrentamento para romper os ciclos que as perpetuam com objetivo de promover o bem-estar e a cultura de respeito, empatia, tolerância e paz.

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Comunicaí (Desenvolvido em 2019 - 2020) 2019) Cultura Viva (Desenvolvido em 2019)

“Participar do projeto foi muito bom para mim. Me deu mais confiança. Eu aprendi muitas coisas, tanto na horta, como nas questões de arte com a música e a dança. Eu sou muito grata porque com este projeto eu senti que tenho o direito de ser valorizada, respeitada e sou capaz de criar e sonhar”

Lucia Helena Silva, dona de casa Participou do Projeto Cultura Viva- Menino Chorão

“Pude entender a importância da Comunicação sendo construída dentro da comunidade. Entendo a necessidade de construir uma narrativa que seja da comunidade, porque as que vem de fora são limitadas e limitantes, então é uma forma de se reeducar para comunicar de uma forma diferente, mas que ainda assim seja acessível“

Esporte no Campo Belo

“O Comunicaí foi muito importante na minha vida. Foi como conhecer um outro mundo. Eu conheci pessoas novas, aprendi muitas coisas e consigo fazer hoje coisas que eu nem imaginava. Já tinha, antes de participar do projeto, um canal no Youtube, mas aqui pude aprender muita coisa sobre câmera e vídeo e isto me ajuda muito a evoluir.

Raul Costa, atendido Participou do Projeto Agência Jovem Comunicaí

Projeto realizado no Aprender Mais Campo Belo, com a parceria do City Esperança. Promoveu ações, entre os anos 2018 e 2019, oferecendo, a crianças e adolescentes da região, atividades em diversas modalidades de esporte, visando sempre à valorização da saúde e das práticas de vida saudável.

Circolando Campo Belo

Projeto realizado entre os anos de 2018 e 2019, com apoio do Instituto Mahle, braço social da Indústria Mahle, com a proposta de fomentar atividades artísticas e culturais com os atendidos do Programa de Prevenção do IPH, sempre priorizando a aplicação da arte como um instrumento de construção de cidadania.

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Maria Eduarda Toledo, atendida Participou do Projeto Agência Jovem Comunicaí

Espiritualidade e religiosidade

Como você diferencia espiritualidade de religiosidade?

Eu, pessoalmente e após muito me debruçar sobre este assunto, faço uma distinção importante entre os dois conceitos. Entendo a Espiritualidade como a presença de Deus em toda a criação, ideia biblicamente expressa no capítulo 1 do Livro do Gênesis: “a Terra era sem forma e vazia e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Daí, entendo que toda criação foi e segue sendo impulsionada por esse Sopro Divino, criador e inspirador, porém presente com muito mais intimidade na criação do Ser Humano“façamos Homem e Mulher nossa Imagem e Semelhança”. Nessa compreensão, entendo que fica explícito que a Espiritualidade não está presente, ela é presente, Deus é conosco.

Já a Religiosidade eu entendo como sendo fruto da Espiritualidade, inspirada por Deus e construída por homens e mulheres, que a partir da percepção da revelação de Deus, buscam se aproximar e se conectar com a energia sagrada que emana do Sopro do Espírito. Deus se revela na perspectiva do Amor e do Bem e deseja fazer Alianças com seu povo. A Religiosidade é esse caminhar no sentido de firmar Aliança com Deus e com os Irmãos e semear, cultivar e viver a Cultura do Amor.

Compartilho essa minha reflexão sobre o que penso e como vivencio a dimensão da Espiritualidade neste momento de vida. Pode ser que no futuro, imediato ou longínquo, eu tenha outra reflexão que renove ou modifique meu pensamento, porque o Divino Espírito nos impulsiona e nos inspira para movimentos diversos, inclusive provocando novas reflexões, que nos propõem renovação e podem gerar transformação.

Beto, compartilhe com nossos leitores, alguns pensadores e passagens que te inspiram.

Meu teólogo preferido, Leonardo Boff, costuma afirmar que Jesus não fundou religião nenhuma, trouxe sim uma Boa Nova redentora e libertadora, ensinando as pessoas a reconhecerem o Deus Amor, escutá-lo e se tornarem pessoas mais misericordiosas, solidárias, promotoras da paz e da justiça, acolhedoras, verdadeiras, mansas e pacíficas, éticas e não farisaicas, cultivando a humildade e a Esperança. Essa foi a mensagem de Jesus. Padre Haroldo Rahm entendia que todas as religiões, que têm o Amor como fundamento, são inspiradas pelo mesmo Sopro Divino.

Também ouvi Leonardo Boff relatar que um dia, participando de um evento em Berlim onde também estava presente o Monge Tibetano Dalai Lama, fizeram a seguinte pergunta ao Dalai Lama: “qual é a melhor religião?”. Dalai Lama respondeu “a melhor religião é aquela que te faz uma pessoa melhor, mais compassiva, mais tolerante, mais justa, mais pacífica, mais amorosa, mais solidária e fraterna... e, assim, mais feliz”.

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Conte alguma experiência vivida com o Padre Haroldo, neste sentido.

Eu e a Lúcia estivemos há alguns anos atrás em um evento da PUC do Rio de Janeiro com o tema do diálogo inter-religioso. Fomos acompanhando o Padre Haroldo que dividiu uma mesa com a Monja Coen, budista muito conhecida pela profundidade com que vivencia e compartilha sua Espiritualidade.

Nesse lindo encontro, o Padre e a Monja falavam a mesma linguagem, dos mesmos valores humanitários e do mesmo Amor. Uma verdadeira comunhão de almas inspiradas pelo mesmo Espírito.

Em outra ocasião fomos com o Padre Haroldo para a Índia, participar de um congresso internacional e estando lá, fomos visitar templos sagrados hinduístas. Uma experiência que nos colocou em comunhão de almas com aquele povo e aquela cultura religiosa tão diversa.

Padre Haroldo foi um sacerdote bastante pluralista e respeitoso às diversas religiões, criou o movimento da “Fé na Prevenção” para fomentar o diálogo inter-religioso e o olhar dos líderes religiosos para prevenção ao uso de drogas e álcool. Este movimento virou uma cartilha da SENAD. Por muitas vezes o Padre esteve dedicado à causa do diálogo inter-religioso, sempre absolutamente fiel à sua Fé Cristã, à sua Igreja Católica e à sua profunda devoção à Nossa Senhora de Guadalupe.

Como você pensa que a espiritualidade pode contribuir para o processo de cura das pessoas?

Na Declaração Universal dos Direitos Humanos está escrito: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.” Ninguém perde a dignidade, pessoas perdem o reconhecimento da sua dignidade, ou o respeito pela sua dignidade. O Ser Humano nunca deixa de ser digno, pode deixar de estar digno. O fato de sermos criados como "Imagem e Semelhança de Deus” nos dá a clareza de que a Dignidade é uma condição intrínseca ao Ser Humano.

Para você, como é possível conciliar um processo de cuidado em instituição, com práticas que respeitem as diversas religiões?

De acordo com o Pew Research, dados de 2017, aproximadamente 31% da população mundial é cristã, o que representa 2,18 bilhões de pessoas. Pesquisa Data Folha em 2020 indicou que o Brasil é o segundo país com maior número de cristãos, aproximadamente 81% da população, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Esses números demonstram aquilo que nos parece óbvio, que a cultura religiosa brasileira é de maneira muito relevante, predominantemente cristã, tendo a Bíblia e especialmente o Novo Testamento como os Livros Sagrados mais referenciados, especialmente os Evangelhos que trazem a Revelação da Boa Nova de Jesus Cristo, mostrando sua Missão Redentora, seus valores, seu jeito de viver, suas atitudes e seus ensinamentos.

Essa realidade jamais pode ser motivo de desrespeito, desprezo, não aceitação ou exclusão de pessoas não cristãs, ou por terem relação com religiões não cristãs ou por não terem religião ou crença religiosa, como agnósticos e ateus. Também entre os cristãos há divergências importantes, as religiosidades mais pentecostais, as mais tradicionais, as mais fundamentalistas, as mais interpretativas, a espiritualidade Mariana tão presente na vida dos católicos, e tantas outras divergências. Daí vem o bom ditado: “vamos estar em comunhão naquilo que nos une e não criar desunião por aquilo que nos separa”. Isso é muito importante nos serviços onde há uma pluralidade de pessoas com diferentes entendimentos, crenças e culturas religiosas.

Que recado final você daria aos nossos leitores? Encerro minhas reflexões ressaltando três das diversas dimensões da Espiritualidade: o Amor, a Esperança e a Gratidão. A Esperança tem uma força exuberante para enfrentarmos os desafios que a vida nos impõe e para seguirmos persistentes naquilo que cremos e naquilo que almejamos. Porém, quem espera por esperar não sai do lugar, por isso o grande educador Paulo Freire trouxe o conceito do Esperançar, esperar indo em busca, fazendo acontecer aquilo que se busca. A Fé sem obras é morta e a Esperança sem a atitude de busca é vã.

O sentimento de Gratidão, expressar gratidão, a oração da gratidão, nos faz perceber o quanto temos para agradecer, ainda que o momento seja desolador, reconhecer o que temos para agradecer é um bálsamo para a alma e um alento para um coração machucado. Jesus nos ensinou a oração do Pai Nosso, onde reconhecemos Deus, louvamos Deus, pedimos a Deus, nos comprometemos em também perdoar, e não há um momento de gratidão nessa Oração. Eu imagino que essa parte Jesus deixou para expressarmos de maneira espontânea, fica por nossa conta.

A cultura do Amor é aquela que nos faz sentir na nossa integralidade, pois o Amor é nossa essência, e creio que quando partirmos voltaremos para a plenitude do Amor. Há o Amor expresso em palavras, o Amor vivido nas relações em geral, o Amor expresso nas Orações, o Amor cantado, o Amor em poesia, mas especialmente o Amor de servir ao Irmão, especialmente os mais frágeis, os mais sofridos, os mais carentes e os mais vulneráveis. É a expressão mais Espiritual do Amor.

“São mais sagradas as mãos que servem do que os lábios que rezam” (Madre Tereza de Calcutá) Em tudo Amar e Servir para a maior Glória de Deus!

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IPH ACO NTECE

Eventos

- Yakissoba Solidário

- Páscoa Solidária

- 1º Desafio Esperança (corrida virtual)

- III Sapori D'Italia (com o chef Jurandir Meirelles)

Campanhas

- Dia de Doar

- Amor em Gestos contra o frio

- Arrecadação de fórmulas infantis

Destinação de recurso - Tribunal Regional do Trabalho - 15ª região

Visita da Sra Secretária Vandecleya Moro, da Secretaria da Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos do município

Lúcia Decot Sdoia, como presidente do CONED SP (gestão 2020 - 2022 ), em visita ao Secretário de Justiça do Governo do Estado de São Paulo, Dr. Fernando José da Costa

Nossa Casa, casa de passagem para adultos, recebe Selo Compromisso com a Diversidade pelas ações de inclusão e acolhimento da população LGBT

Lúcia Decot Sdoia, presidente do IPH, assume a Vice-Presidência de Comunicação da nova associação de entidades filantrópicas de Campinas e região, Integra Campinas

Lideranças do IPH em adesão ao Projeto "Mostra Cultural Bandeira da Paz"

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Apresentação institucional para a Fundação FEAC

Prêmios e certificações

Em outubro de 2022 o IPH recebeu a notícia de que tinha sido eleito, pela quinta vez, uma das 100 melhores Ongs do Brasil, segundo o Instituto Doar. A metodologia de avaliação inclui os seguintes temas: Causa e Estratégia de Atuação, Representação e Responsabilidade, Gestão e Planejamento, Estratégia de Financiamento, e Comunicação e Prestação de Contas.

Além do Melhores Ongs, ao longo de sua história o Instituto Padre Haroldo recebeu diversos reconhecimentos, prêmios e certificações. Para Lúcia Decot Sdoia, presidente do IPH, “esses reconhecimentos nos mostram que estamos no caminho certo, pois eles avaliam de forma ampla os serviços e desempenho das entidades, trazendo resultados que nos ajudam a crescer e melhorar os processos e oferta de serviços. O cotidiano nos exige coragem, mas seguimos trabalhando com seriedade e promovendo impacto social. Isso é importante para que nossos apoiadores saibam que estão auxiliando uma organização confiável e transparente.”

- 100 Melhores ONGs do Brasil - 2017, 2018, 2019, 2021 e 2022 - Selo Doar - Gestão e transparência - Certificado Phomenta - Transparência e Boas Práticas - RAC Sanasa – Sustentabilidade

- Inovação Social – Gov. Estado / SP - Melhores Comunidades Terapêuticas do Mundo - WFTC - Diploma de Honra ao Mérito - CMC - Prêmio Paes Leme - Melhores do Ano - SIC / RMC

Inspiração e transformação Desenvolvimento institucional

Desde o início de 2021 parte da diretoria e as lideranças dos serviços e departamentos do IPH vêm se reunindo com a Profa. Dra. Maria Rita Nascimento Pereira para repensar a cultura organizacional, através de saberes do filósofo e educador Paulo Freire. “A proposta visa fortalecer o olhar crítico, o coletivo e o diálogo, a partir de nossas realidades, além de aumentar a integração entre as lideranças e serviços”, ressalta Lúcia Decot Sdoia, presidente do IPH.

Para uma organização que atua com políticas públicas, nas áreas da assistência social e saúde, o pensamento crítico e a construção coletiva são essenciais no cotidiano de trabalho.

Paulo Freire é referência nacional e internacional, na área da educação, ao atuar com populações vulneráveis e nos inspira no trabalho que

visa ao desenvolvimento da consciência e da autonomia pessoal e comunitária.

“Paulo Freire ensinou, acima de tudo, que precisamos aprender a ouvir, a entender e a respeitar uns aos outros”, afirmou seu crítico Douglas J. Simpson.

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Superação

UMA NOVA VIDA

desistiram de mim, tentavam me ajudar, mas não sabiam como.

Eu percebi que sozinho não conseguiria e muitos serviços tentaram me ajudar. Em um momento fui retirado da Cracolândia, de ambulância, e levado para o CRATOD - Centro de Referência de Álcool Tabaco e Outras Drogas. Era um dia muito frio, em junho, e eu estava muito mal. Fui encaminhado para o Bairral, e lá fiquei por volta de três meses. Nunca tinha passado pela área de Psiquiatria e lá “dei muito trabalho”, mas eles me ajudaram a entender o que eu queria para a minha vida.

Meus vínculos familiares estavam rompidos e me falaram que após 3 meses eu teria que sair, mas se eu realmente quisesse ajuda me encaminhariam para o Instituto Padre Haroldo, em Campinas.

ACOLHIMENTO

Meu nome é Max, Maxwell Silva. Vim de São Paulo, de uma família humilde e passei por situações muito difíceis até chegar em Campinas.

Em um momento da minha vida eu me perdi, quando conheci as drogas. Por mais de 20 anos fiquei em um “vai e vem”, com meus pais tentando me ajudar. Estava na Cracolândia, em São Paulo, e em 2017 eu cheguei ao fundo do poço e me entreguei. Não tinha mais controle da minha vida e não sabia mais quem eu era, cheguei ao meu limite. Meus pais nunca

No IPH eu comecei um processo. Já na triagem fui acolhido, me falaram que eu era a pessoa mais importante naquele momento e isso me marcou. Me falaram que eu era importante e há muito tempo eu não escutava isso. Passei pela enfermagem e pela psicóloga, me falaram sobre o cronograma e as atividades, e fui informado que estava ali voluntariamente e poderia ir embora quando quisesse. Isso me motivou, porque não estava “preso” e não queria ficar internado por muito tempo.

Aqui não olharam minha raça, minha cor ou minha sexualidade. Eu cheguei aqui como Marina e hoje sou o Max, inclusive me ajudaram nesse processo de transição. Isso me motivou muito, porque olharam o ser humano que eu poderia me tornar. Hoje sou bem resolvido e esse espaço me deu a oportunidade de ser quem eu sou de verdade.

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RECUPERAÇÃO

Aqui foi um processo. Passei pelo acolhimento, a fase da adesão e depois a reinserção. Cheguei aqui sem nada, depois voltei a estudar. Terminei meus estudos, fiz voluntariado, fui agilizador e trabalhei com a comunidade. Fui acolhido na Casa de Guadalupe e tenho a oportunidade de acolher outras meninas que chegam.

Hoje estou trabalhando aqui, na comunidade terapêutica. Fiz um curso da FEBRACT para saber mais sobre a minha doença e hoje eu sei o que aconteceria comigo se eu continuasse o uso das substâncias. Isso me deu ainda mais força e estou limpo há mais de 6 anos!

Sempre tive muito amor por essa obra e quando fui convidado para trabalhar aqui, meu coração se encheu de alegria. Aqui retomei meu amor próprio, minha dignidade, encontrei minha missão. Tenho muita fé e gratidão pelo Padre Haroldo que me acolheu e sempre me falou sobre amor.

Me reinventei como ser humano, descobri meus valores e minha responsabilidade. Hoje moro em Campinas, retomei os vínculos familiares, minha mãe mora comigo e eu sou o chefe da família. Tenho tudo de volta e dou muito valor ao que conquistei. Olho as pessoas que chegam e sempre passo para elas que podem mudar! Eu mudei, com o meu esforço, fiz essa escolha de vida.

Me reinventei como ser humano, descobri meus valores e minha responsabilidade. Hoje moro em Campinas, retomei os vínculos familiares, minha mãe mora comigo e eu sou o chefe da família. Tenho tudo de volta e dou muito valor ao que conquistei. Olho as pessoas que chegam e sempre passo para elas que podem mudar! Eu mudei, com o meu esforço, fiz essa escolha de vida. Tenho gratidão por ter me tornado um profissional na área da dependência química, um educador do Instituto Padre Haroldo. A mensagem que eu deixo para quem está lendo minha história é: foco e fé, não desistam dos seus sonhos!

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AMOR EM GESTOS

A pandemia nos invadiu em março de 2020, trazendo incertezas, isolamento social e muita insegurança. Exigiu de todos nós adaptações e mudanças de rotina em toda a instituição e sociedade, e impôs a necessidade de suspender os atendimentos presenciais do Programa de Prevenção, com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O cancelamento das atividades presenciais das crianças e adolescentes no IPH e nas escolas agravou ainda mais a fome, já que elas se alimentavam nesses espaços. Visando amenizar essa situação, em março de 2020 criamos a Campanha "O Amor em Gestos", para arrecadação de alimentos e itens de higiene e limpeza, para distribuir às famílias já atendidas pelo Instituto.

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Sou viúva, tenho quatro filhos e em meio a pandemia não consegui trabalhar. Graças a Deus e a pessoas como as do Instituto eu pude trazer o alimento para minha família. Sou muito grata pelo apoio que recebi do IPH com cesta, produto de limpeza e pude fazer até curso! Muito obrigada!

Mariane Regina da Silva, beneficiada pela Campanha Amor em Gestos

No início, a campanha bateu recordes de arrecadação, contando com a mobilização da sociedade, artistas e empresas parceiras, sensibilizados com o impacto social da pandemia. Nesse período, cerca de 400 famílias foram ajudadas mensalmente, número que rapidamente cresceu para 550 famílias até o final de 2021, contabilizando cerca de 2500 pessoas impactadas. Com apoio de outros programas de mobilização da cidade, atingimos em alguns meses 800 famílias em situação de muita pobreza e vulnerabilidade.

Com o aumento do desemprego e os efeitos da pandemia prolongada, as doações caíram e tornou-se um desafio manter a campanha. Nossas equipes continuaram se mobilizando em auxílio das famílias e ao todo, entre março de 2020 e dezembro de 2021, foram doadas 180 toneladas em alimentos, itens de higiene e limpeza.

Ao falar sobre a campanha, Vanessa Aguiar, coordenadora técnica do Programa de Prevenção, lembra que “o acesso à alimentação é um direito básico, e as doações que as famílias receberam foram um atendimento inicial, e trouxeram alívio a eles, que estão em territórios onde as políticas públicas quase não chegam. A campanha foi de grande auxílio, principalmente em um momento em que muitos estão sem trabalho e, portanto, sem renda.” A mobilização da sociedade nos mostrou o valor da solidariedade e da compaixão, agradecemos pelos amigos e apoiadores que se sensibilizaram em favor dos mais necessitados.

Desde antes da pandemia o Instituto Padre Haroldo já me ajudava muito! Sete filhos meus já passaram pelo Aprender Mais, e dois ainda estão sendo atendidos. O IPH ainda me ajuda, é uma maravilha, se pudesse levaria até meus netos. As pessoas são muito compreensivas, e foi fundamental para mim em um momento de muita dor, quando perdi dois filhos. Todos da equipe me ajudaram muito, para não “deixar a peteca cair”. Na pandemia foram uma bênção para muitas famílias, com a doação das cestas básicas. O “Padre Haroldo” é minha segunda casa, sempre me orientam e me ajudam. Eu e minhas filhas já fizemos vários cursos! Tenho muita gratidão por todos, as famílias que colocam as crianças no Aprender Mais não se arrependem, elas adoram!

Altair Rosângela Diniz, beneficiada pela Campanha Amor em Gestos

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Livros do Padre Haroldo

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365 - Drogas, Prevenção e Soluções Comunidade Trinitária Estórias que Padre Haroldo conta 31 Dias - À Escuta do Deus Vivo O Caminho da Sobriedade 31 dias - O Plano Secreto de Deus As Marias que Deus me enviou Gangues e Jovens Criminosos Devocionário e Novena à Nossa Senhora de Guadalupe Uma Só Palavra Relaxe e Viva Feliz Comunidade Terapêutica Etapas do Tratamento 365 - Como se forma um padre jesuíta 365 - Relaxando com a Fé Ecumênica Espiritualidade no Amor Exigente Entre outros títulos... 32 | Revista Alegria!

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ULISSES, O CANTO DAS SEREIAS E AS AMARRAS DA ABSTINÊNCIA

” – Posso vencer a cocaína sozinho, não preciso de um acompanhante terapêutico vinte e quatro horas por dia para isso.” “– Tomar medicação que faz passar mal se recair para eu parar beber? Estar aqui já não é o bastante para você entender que isso é o que eu mais quero nesse momento?” “– Me recuso a ser testado no xixi, não tenho que provar nada para ninguém!”.

O genial, poderoso e invencível general Ulisses de Ítaca, pensava diferente: após sair vitorioso na Guerra de Tróia, voltava para o seu reino, onde o aguardavam a rainha Penélope e o seu filho, Telêmaco, quando o bravo Odisseu – como também era conhecido – quis ouvir o canto das sereias. Ele sabia que era impossível resistir à melodia voluptuosa daquelas musas marítimas ardilosas, que buscavam atrair os marinheiros, valendo-se da natureza frágil, pretensiosa e meritória do estado de suas consciências autoindulgentes, ainda mais depois de longos períodos em alto-mar –, momento em que eram subjugados, destruídos e devorados sem piedade.

Ulisses, ciente de sua limitação cognitiva, ordenou que os ouvidos de toda a tripulação fossem vedados com cera e que ele, o poderoso general, fosse amarrado ao mastro do seu próprio navio. Quando as sereias surgiram, rapidamente convenceram-no de que estava

tudo bem e que ele poderia se aproximar. Crédulo e cada vez mais desesperado por sua soltura, começou a ordenar à tripulação que o desamarrasse, para que pudesse se juntar às musas – jamais em condições habituais um general poderia tolerar ser contrariado por sua tripulação, a não ser que essa estivesse impedida de ouvi-lo. O navio foi ganhando distância, as vozes sedutoras, amainando. O general recobrou sua consciência plena e percebeu o quanto a atitude de se amarrar fora realmente a mais acertada e salvadora.

A história de Ulisses é bastante elucidativa para o tratamento da dependência química: a vontade de parar de usar álcool, tabaco ou qualquer outro tipo de substância psicoativa não é o bastante. O general sabia que a razão tinha autonomia limitada perante alguns impulsos do desejo e por isso, resolveu coibi-los preventivamente. Assim, quando ela foi “tomada de assalto” e colocada a serviço de um desejo imediatista e destrutivo ele estava, literalmente, de “mãos atadas”. Só lhe restou, então, deixar o tempo passar até o canto silenciar e sua consciência voltar à segurança. Naquele momento, escolher abrir mão do poder decisório foi a atitude mais acertada – de outra forma, teria jogado o seu barco e toda sua tripulação contra as rochas.

Artigo 34 | Revista Alegria!

Esse é um dilema inicial à espreita dos dependentes que decidem deixar o consumo: nos primeiros tempos, o seu córtex pré-frontal, morada da razão, perdeu capacidade inibitória e funciona basicamente para executar os automatismos disparados pelo sistema de recompensa cerebral. Simples assim. Pode prometer o que quiser – “vou parar”, “juro que essa foi a última vez”, “droga se fosse boa, não se chamava droga”. Sabemos que o usuário acredita no que diz e tem propósitos nobres. Só que lá fundo, seu cérebro sabe que a história final vai ser outra, que as sereias vão cantar e é na direção oposta que ele vai acabar indo, num momento de estresse, depois de uma discussão ou simplesmente, porque ‘do nada’ um gatilho disparou e ele não resistiu. Nesse sentido, é importante entender e partir do pressuposto de que o usuário de substâncias psicoativas se transformou em um refém das oportunidades de uso e será praticamente impossível ele dizer não a tais apelos – ainda mais seguidamente – sem sucumbir. Desse modo, no começo, é preciso blindar a pessoa, evitar exposição às situações de risco e, principalmente, criar com ela e com a ajuda da família uma estratégia de monitoramento, não com o intuito de vigiá-la, mas, assim como fez Ulisses, para salvaguardar o seu desejo de permanecer fiel ao propósito da abstinência.

Por isso, segundo os estudos, especialmente os primeiros cem dias, – os quais devem se estender com menor intensidade de cuidados pelos próximos dois anos –, são dias de travessia por mares revoltos e cantos de sereia sedutores, nos quais é preciso construir uma estratégia para lidar contra as armadilhas da razão, desenvolvendo-se para isso um plano de evitação de estímulos. Eis os motivos pelos quais faz diferença, muitas vezes, tomar medicamentos aversivos: frente à perspectiva de beber e passar mal, as oportunidades de beber perdem sentido e a vontade, consequentemente diminui consideravelmente. Da mesma forma, estar sob monitoramento vinte e quatro horas ou sob testagem semanal deixam a pessoa mais tranquila, pois ela tem agora argumentos concretos que a “prendem” objetivamente ao seu desejo inicial que ela mesma tem de parar, não ficando mais “bombardeada” pelo desejo de usar. Desse modo – graças aos métodos de monitoramento – conforme as semanas vão passando, aquela energia melódica e sedutora, antes investida no planejamento, aquisição e consumo das substâncias, vai perdendo força, permitindo agora que a mesma seja reinvestida em outros campos da vida do indivíduo, especialmente na retomada de atividades pessoais, profissionais e relacionais. Quanto mais o indivíduo tem estrutura para levar isso adiante, ou seja, quanto maior as suas possibilidades de recuperação, mais rápida essa travessia, que no início é muito mais uma atitude do que um ato de vontade. Atitude essa que, ao final, manterá a pessoa no comando da embarcação.

Marcelo Ribeiro, Médico psiquiatra, doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diretor do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas (CRATOD) da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, vice-presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de São Paulo (CONED).

Revista Alegria! | 35

No Centro de Eventos Loyola, além de toda a infraestrutura necessária, você transforma o seu evento em uma causa social.

Auditório Inácio de Loyola Capacidade 210 pessoas

Dormitórios 31 quartos, com 124 leitos

Cozinha Industrial Refeitório para 80 pessoas Sala Antonio Orlando Capacidade de 40 pessoas

Estacionamento Capacidade para 100 veículos

O Instituto Padre Haroldo possui bazares permanentes e online na cidade de Campinas, uma opção para quem quer economizar, praticar o consumo consciente e ainda ajudar a instituição.

Os produtos passam por triagem e são vendidos a preços acessíveis!

Bazares do Padre Haroldo
Quer conhecer nosso espaço? (19) 3794-2500
Uma opção de consumo consciente e sustentável Unidade Sede Rua Dr. João Quirino do Nascimento, 1601 | Jd. Boa Esperança - Campinas / SP (19) 3794-2500 - ramal 2554 Segunda a sexta - 9h às 16h30 Sábado - 9h às 13h Roupas, calçados, acessórios, livros e utilidades domésticas
@bazarpadreharoldo Para doar: (19)
Unidade Centro Av. Anchieta, 55 - Centro, Campinas / SP Segunda a sexta: 9h às 18h Sábado: 9h às 13h (19) 3236-2755 | (19) 98900-0649 Roupas, calçados e acessórios
97415-6063

Você sabia que pode contribuir de várias formas com o Instituto Padre Haroldo?

Doação Mensal ou pontual

Contribua para que o IPH continue atendendo mais de 3 mil pessoas por mês. Acesse padreharoldo.org.br/doacao-pessoa-fisica para realizar sua doação.

Destinação de Imposto de Renda

Saiba como destinar parte de seu IR, pessoa física ou jurídica, e transformar a realidade das crianças e adolescentes atendidos pelo nosso Programa de Prevenção. Entre em contato com relacionamentos@padreharoldo.org.br

Parceria Pró-Bono

Voluntariado

Seja um dos nossos voluntários e traga sua energia para somar ao nosso propósito. Entre em contato com voluntariado@padreharoldo.org.br

A sua expertise e da sua empresa em uma parceria que vai transformar o olhar da sua equipe para o Terceiro Setor. Entre em contato com iph@padreharoldo.org.br

“Me tornei doadora, porque conheci o Instituto e vi que faz um trabalho sério e eficaz. Eu me sinto feliz e útil em saber que minha doação ajuda a melhorar a vida das pessoas. Sei que muitas pessoas sofrem e é uma bênção poder ajudar”

Maria Cristina Pereira, doadora mensal do IPH Dúvidas? Nossa equipe de Captação de Recursos pode te ajudar! relacionamentos@padreharoldo.org.br ou (19) 99918-9264

Parcerias

Estabelecidas com as três esferas de Poder (Federal, Estadual e Municipal) as parcerias podem dar-se por meio de Convênios, Termos ou Acordos de Cooperação. São contratos de repasse e termos de parceria feitos entre as esferas de poder e organizações

não-governamentais, para transferência de recursos financeiros a serem utilizados na execução de um objetivo comum. As parcerias com o Governo são instrumentos muito importantes para que o Instituto Padre Haroldo realize as ações dos seus Programas.

Projetos realizados por meio de Destinação de Imposto de Renda

Integrarte

Realizado por meio da Lei Nacional de Incentivo à Cultura ( Rouanet), com patrocínio da Unimed Campinas e apoio da Padtec e da Metalar, o projeto visou ao atendimento de crianças, adolescentes, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade e risco social com oferecimento de oficinas culturais nos espaços institucionais e espaços públicos, e a ocupação artística das instalações e auditório da instituição com apresentações gratuitas para toda a comunidade de Campinas.

Re-percursão

Realizado através do edital do FMDCA (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), com patrocínio da Amphenol TFC do Brasil, Antor Confecção, Bradesco, Padtec, Rigesa Celulose, Sansim Serviços Médicos, Scopus Technologies, Stoller do Brasil, STVD Holdings e Woodward Ltda , teve o objetivo de: contribuir para o desenvolvimento da autonomia, da sociabilidade, do fortalecimento de vínculos sociais e familiares, prevenindo situações de vulnerabilidades e risco social, bem como o desenvolvimento das potencialidades dos sujeitos atendidos.

O Futuro em nossas mãos

Realizado através do edital do Condeca (Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente), com patrocínio do Bradesco, ofereceu atividades socioeducativas, para crianças e adolescentes de 06 a 14 anos. Visava contribuir com a prevenção à situações de risco, identificando as potencialidades dos atendidos e conduzindo ao pleno exercício da cidadania, como seres de direitos e proteção integral.

Quer saber mais?

Acesse nosso portal de transparência: padreharoldo.org.br /transparencia/

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Sabendo que este serviço trabalha com crianças de 6 a 14 anos, por que vocês escolheram o brincar como estratégia de trabalho para o SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos)?

R: Compreendemos o brincar como uma cultura da infância e algo essencial para a vida. Em nosso cotidiano o brincar costura os vínculos, garante espaço de silêncio, de fala, de singularidades e coletivos.

Colocamo-nos a escutar as narrativas construídas pelas crianças e adolescentes enquanto brincam. Observamos que brincam porque precisam conhecer o que é essencial, e assim acessar o que verdadeiramente importa de maneira profunda na construção de si, eles elaboram uns com os outros e se constituem.

Enquanto brincam constroem o fazer comunitário, partilham sentimentos e buscas por soluções, e nesses momentos das brincadeiras se sustentam pela expressão e ainda abrem caminhos para a imaginação.

E por fim, brincamos e continuaremos brincando como forma de ajudar as crianças a cumprirem a infância e nos capacitamos para escutá-las cada vez mais de perto.

Você poderia nos dar alguns exemplos de brincadeiras utilizadas com as crianças?

Brincam de construir pipa e soltar, sobem e descem das árvores, gostam da bola, das panelinhas, das bolinhas de gude, dos tecidos dos quais fazem túnicas e cabelos, e também gostam de inventar os brinquedos e as brincadeiras.

Em que fontes vocês têm bebido para pensar o brincar no cotidiano do serviço?

Para ampliar nossa compreensão, a observação é parte fundamental da nossa metodologia de trabalho, com ela ampliamos nossas reflexões que são muito influenciadas pelos pesquisadores da infância e do brincar como Lydia Hortélio, Renata Meirelles e Roque Antonio Juaquim, conhecido como Roquinho, um brincante que esteve mais perto de nós nos últimos tempos.

Você poderia contar para os nossos leitores algumas vivências das crianças e dos educadores?

Certa vez um garoto atendido no serviço pegou na biblioteca o livro do Saci, mas ele disse que não gostava muito do Saci. Então a educadora contou algumas histórias do Saci pra ele e ele pediu ajuda para escrever uma carta. Escreveram e deixaram pendurada na árvore. No dia seguinte ele chegou correndo para ver se o Saci tinha respondido. Dessa resposta ele inventou brincadeiras de rima, uma delas: “Não ligo, não ligo, o saci é meu amigo”. E essa brincadeira despertou nesse garoto o desejo de aprender a ler!

Revista Alegria! | 39 A importância
do brincarr

A força do voluntariado

Muitos são os motivos que despertam nas pessoas o desejo de se tornar um voluntário. Algumas pessoas se veem atraídas pela satisfação de ajudar o próximo através da realização de um trabalho social, outros são motivados pela gratidão. Mas há algo maior que motiva tudo isto: o amor.

Lisiane Ambiel, diretora do Programa de Voluntários do IPH (Instituto Padre Haroldo), salienta que o voluntariado é uma forma da instituição receber apoio da sociedade civil – voluntários e profissionais pro bono – por meio de atividades planejadas e inseridas no cotidiano de cada setor do Instituto. O voluntariado, além de criar um vínculo entre a instituição e a sociedade, contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores, dos acolhidos e dos próprios voluntários.

MOTIVAÇÕES

Lisiane aponta que a escolha do IPH para realização do voluntariado tem diversas razões: o conhecimento do Padre Haroldo e do seu trabalho, a indicação de amigos, divulgação nas mídias, TLC (Treinamento de Liderança Cristã), eventos, entre outros. “Os voluntários consideram o IPH uma instituição séria, com integridade. Alguns se apresentam para um trabalho e necessidade já definida e divulgada, como apoio nas atividades do Bazar e Nota Fiscal Paulista. Outros se apresentam simplesmente para ajudar no que for preciso, com grande disposição para aprender e ensinar”, salienta a diretora.

EXPERIÊNCIA PRÓPRIA

“Conheci o Padre Haroldo e a entidade através do TLC. Há alguns anos já acompanhava e participava das atividades, mas de modo simples e pontual. Minha participação com um trabalho mais sistemático veio após a aposentadoria, em 2017. A motivação foi e continua sendo o fato de a instituição zelar pela honestidade e, mesmo com enormes desafios, o foco é sempre a dignidade das pessoas e a crença na possibilidade de transformação do ser humano. Isso ocorre em qualquer um dos serviços oferecidos, seja com os acolhidos e suas famílias, com os funcionários e com os voluntários”.

PARA OS INTERESSADOS EM PARTICIPAR...

A captação de voluntários é feita semestralmente (normalmente em março e agosto), através de edital, abertura de vagas e apresentação institucional. Os interessados no voluntariado devem acompanhar a liberação das inscrições nas redes sociais e no site do Instituto.

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Lisiane Ambiel
Artigo

“A escolha do IPH, foi algo que me remeteu aos tempos de juventude, quando participava dos retiros de jovens na Vila Brandina, coordenado pelo Padre Haroldo e o Sr Divino. Na época, pude atuar como voluntário no suporte aos atendidos na Fazenda do Senhor Jesus. Quando me aposentei, pensei nessa oportunidade de compartilhar e poder contribuir com a Instituição. Então me inscrevi no programa de voluntariado para a área de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, pois atuei no mundo corporativo por mais de 30 anos. Fui carinhosamente recebido por todos e hoje estou desenvolvendo atividades que contribuem para a melhoria dos processos.

Quando penso em voluntariado, penso que tudo que aprendi, as experiências que vivi, sejam profissionais ou pessoais podem de alguma maneira contribuir para o crescimento e aprendizado de outros. Todo esse aprendizado, na minha visão não deve ser guardado para mim, mas sim compartilhado. O voluntariado me remete a doar; doar o tempo, me dedicar, buscar o melhor, contribuir e sentir que o que estou doando não é só tempo, mas sim uma retribuição a tudo que a vida me proporcionou e aos objetivos atingidos.

É importante deixar que tudo que envolva esse processo seja de entrega, por um projeto que se pretende implementar, por um suporte que podemos dar em razão da experiência adquirida, tendo empatia por tudo aquilo que é proposto e pelas pessoas envolvidas nas atividades.

Toda essa dedicação retorna de forma maravilhosa nos resultados alcançados, nas conquistas das pessoas com quem convivemos, nas experiências que trocamos. Aqui posso dizer que muito estou aprendendo!

O importante do voluntariado é estar disposto sempre a contribuir, ajudar, crescer junto, fazer com que a sua atividade de voluntariado seja algo que te faça bem, te traga um sorriso no rosto, te deixe feliz em ser voluntário e, principalmente, não esperar nada em troca, apenas que tudo caminhe para um bem maior.”

LGPD

Em 2021 recebemos uma consultoria jurídica para implantação da LGPD –Lei Geral de Proteção de Dados, um projeto que nos desafiou na alteração de práticas institucionais, adequação de documentos e coleta de dados para garantir a proteção e privacidade dos dados das pessoas que atendemos, de nossos trabalhadores, doadores e público em geral.

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Aparecido Voluntário do IPH e Membro do Conselho Consultivo
“O importante do voluntariado é estar disposto sempre a contribuir, ajudar”
Aparecido Doti
Um projeto que garante Proteção

Parceria e desenvolvimento

O SEBRAE e o Instituto Padre Haroldo têm atuado fortemente na promoção do bem-estar social levando conhecimento, aprimoramento e oportunidades para diversos públicos. A proposta visa facilitar a superação de processos de exclusão social por meio do empreendedorismo e da empregabilidade.

Nas ações conjuntas já foram realizados cursos de gestão empreendedora e cursos técnicos para panificação e formação de eletricistas. Essas capacitações têm como objetivo promover a desburocratização, melhorar o ambiente dos negócios e orientar o (futuro) empresário quanto ao acesso a crédito. Ou seja, ações com a proposta de construir/manter a empresa viva e competitiva num mercado de concorrência cada vez mais acirrada.

Para 2022, a parceria trouxe cursos técnicos de jardinagem, pizzaiolo, salgados assados, customização de peças de vestuário, reparação elétrica e muito mais.

“Nós estamos trazendo várias opções para propiciar mercado e, com isso, gerar mais oportunidades de trabalho e renda para a população local”, afirmou Nilcio Cairbar.

Os dados mostram que empreender é a chave para alavancar a economia e movimentar a renda das pessoas. Por isso, o SEBRAE tem promovido a inclusão social e produtiva por meio do empreendedorismo.

Fortalecer os pequenos negócios é contribuir para um desenvolvimento sustentável mais igualitário. Afinal, esses negócios movimentam fortemente a economia e foram os responsáveis por 1,8 milhão de postos de trabalho formais em 2021 de acordo com o levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia.

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Williana Souza Costa Gestora de Negócios do SEBRAE Campinas

Responsabilidade Pública

Um dos diálogos que o IPH valoriza muito no processo de Desenvolvimento Institucional é o que é feito com as pessoas que são escolhidas pelo povo para representar sua voz. Este diálogo é importante, pois une as demandas da sociedade com a nossa expertise e capacidade de execução de serviços dentro das Áreas de Assistência Social e Saúde. Abaixo, a relação de parlamentares que acreditam no trabalho da sociedade civil e já apoiaram o Instituto Padre Haroldo com indicação de emendas parlamentares nas áreas de assistência social, saúde e meio ambiente, na vigência de seus mandatos como deputados estaduais e/ou federais.

* O Instituto Padre Haroldo não está vinculado a nenhum partido ou ideologia política.

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Artigo

Yoga no Jardim

Yoga é uma ciência que permeou e premiou a vida do Padre Haroldo por mais de 50 anos, bem como a rotina do Instituto Padre Haroldo.

O yoga não se resume somente às posturas físicas. Pode ser considerado algo simples, mas de difícil execução quando se trata de praticá-lo diariamente e aplicá-lo em nosso dia a dia.

Sim, o yoga é algo que praticamos no tapete e aplicamos na vida cotidiana, na vida prática. Através do yoga vamos trabalhar quatro dimensões: física, psíquica, energética e espiritual. Vale ressaltar que quando trabalhamos uma dimensão, as outras são naturalmente beneficiadas.

Imaginemos uma pessoa que ao trabalhar o corpo físico, começa a sentir-se com maior disposição para a vida cotidiana. Não é assim? Quando praticamos yoga, corpo e mente estão sendo exigidos. Por isso após a prática e durante o dia nossa mente atua com maior foco e assertividade, e nós nos sentimos bem. Podemos até pensar que os conflitos diminuíram, mas devemos pensar que uma mente clara e limpa enxerga as coisas como elas são, diminuindo assim a probabilidade em enxergar conflitos onde eles não existem.

Quando praticamos a meditação, estamos organizando nossa mente, como um quarto que a princípio enxergamos completamente bagunçado. Isso nos traz uma certa insegurança, não é mesmo? E aos poucos, sem muito esforço, vamos colocando

cada item em seu lugar, e sem ao menos perceber, quando novamente olharmos para o quarto ele já nos parecerá um local organizado e seguro. Quando o quarto está organizado nós não permitimos que alguém o desarrume, assim cada pensamento vai sendo encaixado em seu devido lugar e adequado na devida linha do tempo. O passado fica no passado, o presente no presente e o futuro vai para o futuro. E caminhamos assim não permitindo que o quarto volte a ficar bagunçado novamente.

Para os aprendizes na arte da organização mental, o quarto é arrumado e sentimos prazer, mas sem perceber começamos novamente a misturar, achando que o passado irá se repetir no futuro, que o presente não leva a um lugar e que o futuro talvez nunca chegue. Quando o assombro bate, corremos nós para a almofada, nos sentamos com calma e voltamos a organizar os pensamentos. Um trabalho contínuo até que um dia, donos de nós mesmos, o passado, o presente e o futuro saberão bem onde é o seu lugar, estamos sim educando a mente.

Os exercícios respiratórios nos são fonte de energia. Imagine suas células acostumadas através de uma respiração curta e mecânica a receber uma pequena, mísera fração de alimento, e através da tomada de consciência ela começa a receber a sua capacidade máxima. Todas as células, o corpo e o cérebro sendo oxigenado de maneira abundante. Sem mencionar que nosso coração se tornará mais

Revista Alegria! | 45

saudável, bombeando mais oxigênio para os músculos que precisam dele e aumentando a circulação por todo o corpo. Muitos dizem que querem ter um corpo malhado, mas você já ouviu alguém dizer que gostaria de melhorar o seu processo respiratório, reaprender a expandir o abdomen, encher as costelas e o baixo ventre? Ter um processo respiratório eficaz, é ter um corpo com maior imunidade e livre de toxinas. Já pensou sobre isso?

Quando o carro é bem cuidado, o combustível nunca é menosprezado, procuramos um local confiável. O mesmo acontece com o nosso corpo, procuramos alimentá-lo com o que é confiável, saudável, livre de toxinas, de preferência não industrializado. Somos uma alma que tem um corpo, nosso meio de locomoção. Um corpo saudável interfere na mente e vice-versa, assim o cuidado com a alimentação também faz parte do yoga.

Outra coisa em que também colocamos atenção é ao relaxamento, utilizado no início, após cada postura e no final da prática de yoga. Dizemos que é no relaxamento que ganhamos potência, além de treinarmos a difícil arte da entrega total, uma postura de quem confia no ciclo da vida e nele pode descansar confiante.

Quando contemplamos, meditamos com o nosso corpo físico, estamos trabalhando o corpo sutil, estamos aumentando a nossa capacidade e acesso à dimensão espiritual, aos nossos valores. Percebam que o sujeito que não consegue acessar os valores, terá cedo ou tarde um corpo adoecido. A falta de valores faz com que nos sintamos adoecidos. Os valores errôneos com foco só no prazer podem nos levar a caminhos tortuosos. Já os valores com foco em nossa missão, nos levam a caminhos prazerosos.

Quando falamos de valores, pode-se dar a falsa impressão de que estamos falando de religião, isso porque toda religião prega valores. Quando falamos de yoga podemos também passar a falsa impressão de uma religião. Como os valores não são somente

empregados para a religião, assim também não o é o yoga. Yoga é uma ciência milenar, que quer dizer união do corpo, da mente e do espírito.

Quando Padre Haroldo iniciou a Yoga Cristã, ou o Yoga Cristão, ele queria garantir que todos os cristãos pudessem também se beneficiar do Yoga sem medo de se tratar de uma religião. Ele completava que o Yoga é o encontro com a divina majestade.

O Yoga faz parte do patrimônio da humanidade, está voltado para uma cultura de Paz interna que naturalmente tende a promover a paz externa ao seu redor.

O Yoga Cristão, são posturas físicas, asanas como chamamos no yoga, que são realizados com orações mentais, em que cada movimento tem, simultaneamente, um pensamento espiritual, aproximando assim as duas tradições. Padre Haroldo realizava suas práticas diariamente às 5h00 da manhã, sempre acompanhado por Alexandre Cunha, e juntos realizavam os retiros de Yoga Cristã no espaço Loyola, no próprio Instituto Padre Haroldo.

As práticas de yoga são realizadas nos serviços do Instituto, para acolhidos, trabalhadores e também para a comunidade. Agregamos ainda as caminhadas junto a natureza, entre 3 e 4 quilômetros, em que o caminhante pode escolher entre fazer uma caminhada silenciosa, contemplativa, meditativa ou somente caminhar agregando uma boa conversa a sua caminhada.

As informações sobre essas atividades podem ser acompanhadas através de nossas redes sociais @viradayogasolidario.

A paz é uma cultura que se escolhe, e merece cuidado e crescimento.

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Limerci Del Alamo Voluntária do IPH e Membro do Conselho Consultivo
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