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Programa de Tratamento e Recuperação

Recuperação de dependentes químicos

O Programa de Recuperação e Tratamento de pessoas com Transtorno pelo Uso de Substâncias Psicoativas do Instituto Padre Haroldo teve o início de suas atividades em 1978, por iniciativa do nosso próprio fundador. Diante de inúmeros problemas que as pessoas viviam na época e vivem até hoje, relacionados ao uso problemático de álcool e outras drogas, Padre Haroldo não teve dúvidas em trazer para o Brasil um método de tratamento que já se difundia pelo mundo, as Comunidades Terapêuticas tecnicamente estruturadas.

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Esse método de tratamento tem como elementos terapêuticos de base: a convivência entre os pares, o ambiente psicológico saudável, todos os relacionamentos são potencialmente terapêuticos, a organização pessoal, o rápido retorno à sociedade, o ambiente democrático e o trabalho em grupo. Toda essa teoria, muito bem elaborada pelo psiquiatra sul-africano, radicado no Reino Unido, Maxwell Jones nos anos 1960.

Com a vinda do método para o Brasil e sua difusão pelo mundo, e toda transformação econômica, social e das próprias drogas, ele sofreu alterações e adaptações que geraram a possibilidade de novos modelos de intervenções, que foram agregadas à fonte original. Padre Haroldo, sem dúvidas, é um pioneiro nessa mudança, uma vez que rapidamente trouxe para dentro da Comunidade Terapêutica o diálogo entre a espiritualidade e a ciência, o trabalho orquestrado por profissionais e pessoas recuperadas no programa, a ajuda mútua e as intervenções baseadas em evidências científicas.

Hoje o Programa de Recuperação e Tratamento atende mensalmente mais de 230 pessoas em acolhimento residencial voluntário, por meio de convênios com o Governo do Estado de São Paulo e a Secretaria Nacional de Prevenção às Drogas. O IPH também oferece atendimento ambulatorial e atende os familiares dos acolhidos, que somam mais centenas de pessoas. O projeto de tratamento nas Comunidades Terapêuticas está estruturado dentro das melhores práticas de intervenção para a Dependência Química. É dividido por fases e tem como objetivo a pessoa, ou seja, trabalhar suas múltiplas necessidades.

As fases do tratamento são: acolhimento, adesão e reinserção social, um enquadre terapêutico que permite a avaliação inicial em que a pessoa se encontra no momento em que procura o tratamento, a construção de um plano de atendimento singular que permita abarcar as diferentes situações e problemas em que a pessoa se encontra, uma parte de escuta e conscientização sobre a dependência química e um trabalho para o retorno ao convívio social.

Durante o desafio que a pandemia nos impôs, adotamos diversos protocolos, orientados pelas autoridades sanitárias do município e estado e sob supervisão dos profissionais da área médica e da enfermagem do Instituto.

Maiquel Gorin

Gestor Técnico do Programa de Recuperação e Tratamento

Unidade de acolhimento, orientações e atendimento ambulatorial: Centro de Acolhimento: 1ª Fase – Comunidade Terapêutica Masculina: Fazenda do Senhor Jesus 2ª Fase – Comunidade Terapêutica Masculina: Casa São José Comunidade Terapêutica Feminina: Casa Guadalupe Unidades de acolhimento da reinserção social – 2 unidades (feminina e masculina): Repúblicas Terapêuticas

DADOS DE ATENDIMENTO - MÉDIA ANUAL

Homens atendidos na Comunidade Terapêutica Masculina + 500

Mulheres atendidas na Comunidade Terapêutica Feminina + 150

Atendidos beneficiados nas Repúblicas Terapêuticas + 50

Total de pessoas atendidas pelo Programa de Recuperação e Tratamento + 6000

*Dados incluem 4 familiares por atendido e orientações

Já fazia uso de algumas substâncias, de forma esporádica, mas em 2009 comecei o uso compulsivo e em 2010 já estava em situação de rua. Perdi moradia, vínculos familiares, tudo... Em um determinado momento, a rede de Saúde do município fez um programa para tirar as pessoas das ruas. Me acolheram e me levaram para esse espaço de triagem que era na estação de trem aqui em Campinas. Fizeram um processo seletivo, perguntando quem queria ser internado, e o Instituto era uma dessas entidades de acolhimento, então vim para cá. Fiz o tratamento durante dez meses aproximadamente, e na fase de reinserção tive uma recaída. Saí do tratamento, voltei ao uso e à situação de rua. Em 2013, em um dos lugares onde eu tomava banho, conheci a coordenadora da Nossa Casa, casa de passagem para pessoas em situação de rua. Ela foi apresentar o serviço desta casa de passagem. Pedi ajuda e perguntei como deveria fazer para acessar o serviço. Ela só me disse "continue acreditando e cumprindo os combinados". Passaram alguns dias, e a assistente social e o psicólogo foram me buscar, e eu fui acolhida. Eu tive mais de uma oportunidade dentro da Instituição, mesmo tendo a recaída. Depois de um ano e meio que eu estava nessa Casa de Passagem, já estava trabalhando e consegui alugar um espaço para morar. Pouco tempo depois, recebi uma proposta do próprio Instituto, para trabalhar no administrativo dentro do eixo de trabalho de acolhimento, o mesmo pelo qual fui atendida. Em 1º de abril de 2015 fui contratada e hoje faço a coordenação da Captação de Recursos! Sou bacharel em direito e aqui tenho constantemente oportunidades de continuar em capacitação. Sou muito grata ao Padre Haroldo, diretoria e por toda equipe do IPH, por esse trabalho, pela insistência, por acreditar... Por acolher a pluralidade, a diversidade de pessoas, sem problemas de raça, sexualidade, nada disso. Consegui passar pelo tratamento e ainda tive uma chance aqui, que dá tantas oportunidades aos acolhidos.

Lorete Oller Blanch

Coordenadora da Captação de Recursos

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