Da formação de lideranças nos anos 1960 ao ativismo dos anos 2000: exemplos de esperança, resistência e profecia
REVISTA ANUAL 2022
DIRETORIA NACIONAL
Diretor-Presidente: Dom Mário Antônio da Silva
Vice-Presidente: Cleusa Alves da Silva
Diretor-Tesoureiro: Udelton da Paixão Espírito Santo
Diretor-Secretária: Nilza Mar Fernandes de Macedo
Conselho Regional da Cáritas RS
Presidente: MaurIcio Queiroz Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul
Vice-presidente: Franciel Risson Bachi Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo
Secretária: Cinara Dorneles Cáritas Diocesana de Cruz Alta
Conselheira: Maria Beatris da Silva Ferreira Cáritas Arquidiocesana de Pelotas
Secretariado Regional
Secretária Regional: Jacira Teresinha Dias Ruiz
Coordenação Colegiada Regional: Eliane Almeida Pereira Brochet, Roseli Pereira Dias e Jacira Teresinha Dias Ruiz
Equipe do Secretariado Regional
Clarinha Glock, Eliane Almeida Pereira Brochet, Elisabete Pereira da Silveira, Jacira Teresinha Dias Ruiz, Roseli Pereira Dias, Marisa Rodrigues de Moraes, Marlei Dutra, Steven Alexander Figuereo Mateo
CÁRITAS BRASILEIRA REGIONAL RIO GRANDE DO SUL
Rua Coronel André Belo, 452 - sala 301
Porto Alegre/RS, CEP 90110-020
Fone: (51) 3272-1700
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REVISTA ANUAL 2022
Edição: Clarinha Glock - Jornalista Reg. Prof. 6421
Textos - Colaboradores/as e Agentes das Cáritas Diocesanas/
Arquidiocesanas RS: Maria Lisiane Quevedo Cunha e Milton Gerhardt (Santo Ângelo); Begair do Carmo Flores (Santa Maria); Equipe Cáritas
Passo Fundo (Passo Fundo); Luís Carlos Campos e Elton Bozzeto (Porto Alegre); Nilza Mar Macedo (Bagé); Márcia Lemos de Almeida, Maitê Santos de Lima e Adriana de Moraes Teixeira (Pelotas); MaurIcio Queiroz e Oldi Helena Jantsch (Santa Cruz do Sul);
Ir. Flávio Alves Rosário e Orildo Carlos Bassoli (Vacaria); Anna Marisa Werner (Novo Hamburgo), Pe. Antonio Valentini
Neto (Erexim), Cinara Dorneles (Cruz Alta)
Supervisão: Jacira Teresinha Dias Ruiz e Roseli Pereira Dias
Fotos: Acervo Cáritas RS
Projeto Gráfico e Diagramação: 3C design | Carlos Tiburski
Tiragem: 1.500 exemplares / Impressão: Evangraf
REGIONAIS NO RIO GRANDE DO SUL
Ação Social Diocesana/Cáritas Diocesana de Bagé
Avenida Marcílio Dias, 1590
CEP: 96.400-021 – Bagé – RS
Fone: (53) 3241-1701
E-mail: caritasdbage@hotmail.com
Cáritas Diocesana de Cruz Alta
Rua Duque de Caxias, 729
CEP: 98005-200 – Cruz Alta – RS
Fone: (55) 3322-6920
E-mail: caritas@diocesecruzalta.com.br
Cáritas Diocesana de Erexim
Avenida Sete de Setembro, 1251
CEP: 99709-298 – Erexim – RS
Fone: (54) 3522-3611
E-mail: caritas@diocesedeerexim.org.br
Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo
Rua Joaquim Nabuco, 543
CEP: 93310-002 - Novo Hamburgo / RS
Fone: (51) 3035-4678 e (51) 996412770
E-mail: assistenciasocial@diocese.org.br
Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo
Rua Paissandu, 1868
CEP: 99010-102 – Passo Fundo – RS
Fone: (54) 3045-1262
E-mail: caritas@caritaspf.com.br
Cáritas Arquidiocesana de Pelotas
Avenida Domingos de Almeida, 3150
CEP: 96085-470 – Pelotas – RS
Fone: (53) 3223-0828
E-mail: caritas.pelotas@gmail.com.br
Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre
Avenida Ipiranga, 1145
CEP: 90160–093 – Porto Alegre – RS
Fone: (51) 3223-2555
E-mail: secretariado@saspoa.org.br
Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul (ASDISC)
Rua Ramiro Barcelos, 1017- SL 503
CEP: 96810-054 - Santa Cruz do Sul - RS
Fone: (51) 3715-6971
E-mail: asdisc.scs@gmail.com
Cáritas Arquidiocesana de Santa Maria
Centro Arquidiocesano de Pastoral
Rua Prof. Braga, 108, sala 2
CEP: 97015-530 – Santa Maria – RS
Fone: (55) 99944 0888
E-mail: centropastoral@arquism.com.br
Cáritas Diocesana de Santo Ângelo
Rua Marques do Erval, 1113
CEP: 96810–971 – Santo Ângelo – RS
Fone: (55) 3313-5263
E-mail: caritassantoangelo@gmail.com
Cáritas Diocesana de Vacaria
Rua Ramiro Barcelos, 806
CEP: 95200- 970 – Vacaria – RS
Fone: (54) 3231-1373
E-mail: caritasvac@hotmail.com
2 Cáritas Regional RS
EXPEDIENTE
APRESENTAÇÃO ENCONTRO RETRATOS PROJETOS
Página 4 - Boas-vindas
SOLIDARIEDADE PROTEÇÃO
Página 5 - Secretariado Regional
ESPIRITUALIDADE
Página 8 - Secretariado Regional
CAPACITAÇÃO DIREITOS
Página 10 - Santo Ângelo, Cruz Alta e Santa Cruz do Sul
Página 14 - Bagé
Página 15 - Bagé e Secretariado Regional RS
Página 16 - Erexim
Página 17 - Novo Hamburgo
Página 18 - Porto Alegre
Página 19 - Santa Maria
Página 20 - Vacaria
Página 21 - 60 anos de Cáritas RS, Pelotas e Passo Fundo
3 Cáritas Regional RS SUMÁRIO
AUTOGESTÃO ALIMENTAÇÃO JUBILEU
Boas-vindas a você que está abrindo a Revista Anual
2022
da Cáritas
Brasileira Regional RS!
Aqui você poderá acompanhar o registro de parte da história vivida por esse Organismo da CNBB, responsável por materializar o compromisso evangélico do amor preferencial pelos pobres, transformado em gestos concretos de solidariedade, defesa e promoção da vida e dos direitos sociais, em várias comunidades dos municípios que compreendem as 11 Arqui/dioceses onde a Cáritas está presente.
São incontáveis as pessoas que ao longo de mais de seis décadas vieram se engajando nos diversos projetos da Cáritas. Em cada paróquia ou nas comunidades, nas equipes Arqui/diocesanas ou no escritório regional, como voluntárias/os ou contratadas/os, contribuíram para que o mundo fosse mais parecido com o Reino de Deus anunciado por Jesus Cristo. Um Reino que é de justiça, paz, dignidade, igualdade e alegria. A missão da Cáritas sempre foi assumida como uma tarefa constante e que é construída em parceria com outras pastorais, organizações e movimentos sociais com os quais ela está sempre unida nas boas lutas. Esse caminho que percorremos juntos é o que chamamos de ação pastoral transformadora.
Os relatos desta revista testemu-
nham a fidelidade e constância da Cáritas para com a sua missão, fato digno de nosso respeito e reconhecimento. Grande é nossa alegria e imensa nossa gratidão a Deus que vem sustentando com sua graça essa caminhada. Desejamos que Ele continue abençoando sempre seus agentes, parceiros e apoiadores para que continuem firmes no caminho e confirmados na esperança, na resistência e na profecia, dimensões tão necessárias em todos os tempos, ainda mais depois de termos enfrentado um período difícil e obscuro em que as forças do ódio e da morte mostraram sua eficácia e deixaram consequências nefastas: mortes evitáveis na pandemia da Covid-19, retrocesso das políticas de proteção social, a fome se espalhando, a violência ceifando vidas e nossa Casa Comum sendo dilapidada.
Importa reconhecer que é justamente nas trevas que se faz ainda mais necessário acender luzes. Sejamos luzeiros a indicar caminhos para novos tempos de fraternidade e reconstrução. Cuidemos da nossa Casa Comum e trabalhemos com coragem para que se efetive o sonho evangélico de vermos toda a humanidade se reconhecendo como uma só família humana, como tem desejado ardentemente o Papa Francisco!
4 Cáritas Regional RS APRESENTAÇÃO
DOM SÍLVIO GUTERRES DUTRA Bispo Diocesano de Vacaria e Referencial da Cáritas RS
Indígenas e quilombolas compartilharam realidades e saberes
No salão arejado da Pousada São Lourenço, espaço conhecido como Pousada dos Capuchinhos, no alto do Morro Santo Antônio, em Porto Alegre (RS), os conhecimentos ancestrais de indígenas e quilombolas do Rio Grande do Sul se encontraram em uma confraternização de saberes. A celebração fez parte da programação de diálogos e apresentações que ocorreram nos dias 28 e 29 de novembro de 2022, durante o Encontro Estadual de Intercâmbio de Projetos da Cáritas RS.
“O encontro foi um momento de compartilhar vivências e reconhecimentos mútuos. Além dos conhecimentos sobre saneamento básico e segurança alimentar, a relação entre estes temas e os Direitos Humanos
foi foco de aprofundamento. Entre outras coisas, refletimos sobre a água enquanto direito e não mercadoria”, disse Roseli Pereira Dias, assessora de projetos da Cáritas RS.
Ao longo dos dois dias, uma metodologia lúdica e participativa incentivou as reflexões de 40 representantes das comunidades inseridas nos projetos “Resiliência em Tempos Desafiantes: ajuda humanitária para migrantes, indígenas e quilombolas” e “Prática de Incidência Política: alimentando vidas por direitos”. Participaram também agentes das Arqui/dioceses de municípios onde acontecem os projetos: Santo Ângelo, Erexim, Cruz Alta, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo e Pelotas.
Na mística inicial do encontro de
intercâmbio, um cenário lembrava um rio com toda a sua vitalidade. Ao redor dele, pouco a pouco, foram sendo colocados os elementos da natureza que contribuem para a Sociedade do Bem Viver. Neste cenário, as pessoas foram convidadas a escrever em um papel em forma de borboleta suas expectativas com a atividade.
No momento seguinte, cada comunidade apresentou seus representantes e colocou em um grande mapa do Estado do Rio Grande do Sul as ações dos projetos que estavam sendo realizadas nas mesmas.
Também previsto na metodologia do intercâmbio, o aprofundamento temático teve dois momentos importantes. Inicialmente, motivados por um vídeo sobre segurança alimentar, estabeleceu-se um diálo -
5 Cáritas Regional RS
Secretariado Regional ENCONTRO
Encontro Estadual de Intercâmbio de Projetos reuniu representantes de comunidades e agentes da Cáritas RS
go participativo, profundo e revelador das memórias, vivências e carências das pessoas e famílias quilombolas e indígenas sobre a negação do direito humano à alimentação adequada, saudável e suficiente.
A roda de conversa apontou para diferentes causas, mas principalmente para os retrocessos no Brasil das políticas públicas conquistadas que já haviam tirado o país do mapa da fome. Na sequência, distribuídos em quatro grupos, escutaram músicas diferentes sobre os temas de segurança alimentar e saneamento básico, e foram convidados a apresentar a mensagem das canções e as reflexões de forma criativa aos demais participantes.
Sobre os projetos
O Projeto “Resiliência em Tempos Desafiantes: ajuda humanitária para migrantes, indígenas e quilombolas” tem o apoio da Secours Catholique e da Cáritas Brasileira. Finalizado em dezembro de 2022, foi realizado em 20 comunidades indígenas e quilombolas apoiadas por seis Cáritas Arqui/ diocesanas. Beneficiou diretamente 384 famílias, com iniciativas como acesso à água, banheiros e esgotamento sanitário.
O Projeto “Prática de Incidência Política: alimentando vidas por direitos” está sendo realizado com apoio da Misereor e Cáritas Alemanha. Com atividades que seguirão ao longo de 2023,
é desenvolvido por seis Cáritas Arqui/ diocesanas. Estão previstas ações de segurança alimentar em 10 comunidades indígenas e quilombolas.
A proposta metodológica dos projetos inclui a realização de rodas de conversa sobre a realidade comunitária e reflexões coletivas sobre saneamento básico, segurança alimentar e comunicação. Agentes das Cáritas Arqui/diocesanas visitaram as famílias para registrar informações sobre as realidades locais. A construção de um cadastro quantitativo e qualitativo permitiu mapear lacunas, necessidades e potenciais destas regiões para melhor orientar o trabalho de base e as ações junto aos espaços de construção e garantia de direitos.
6 Cáritas Regional RS
Ao redor de um rio simbólico, diálogos sobre a sociedade do Bem Viver
Secretariado Regional ENCONTRO
Participantes localizaram no mapa projetos desenvolvidos em suas comunidades
Cáritas Arqui/diocesanas e comunidades participantes
Alguns resultados do projeto
7 Cáritas Regional RS
AÇÕES EXECUTADAS 62 Banheiros Reforma/construção de fossas Reservatórios com cisternas Reservatórios com caixas d’água Melhorias na distribuição Melhorias de fontes, cacimbas e poços 384 12 16 2 9 12 11 153 30 19 87 28 67 TOTAL DE FAMÍLIAS BENEFICIADAS TOTAL DE PESSOAS BENEFICIADAS 384 1.536 Secretariado Regional ENCONTRO
“Resiliência em Tempos Desafiantes” no RS
Nossos projetos, nossas imagens
Mostra composta por fotografias representativas das 20 comunidades quilombolas e indígenas do RS inseridas nos projetos de Saneamento Básico e Segurança Alimentar. A exposição resultou de diálogos sobre comunicação e o uso ético das redes sociais. Foi inaugurada em 28 de novembro de 2022, durante o Encontro Estadual de Intercâmbio de Projetos, em Porto Alegre.
8 Cáritas Regional RS
C.I. Tekoa Pyau (Santo Ângelo)
C.I. Arandu-Verá (Erebango)
C.Q. Arvinha (Sertão/Coxilha)
C.Q. Brasa Moura (Piratini)
C.Q. Costaneira (Fortaleza dos Valos)
Secretariado Regional RETRATOS
C.I. Foxá (Lajeado)
As fotos trazem a perspectiva da câmera/olhar de quem convive no local. Através delas, é possível conhecer um pouco da riqueza cultural, econômica, política e social de cada grupo, e de projetos ali desenvolvidos.
9 Cáritas Regional RS
C.I. Goj Jur (Passo Fundo)
C.I. Gyró (Pelotas)
C.Q. Júlio Borges (Salto do Jacuí)
C.I. Tekoa Koenju (São Miguel das Missões)
C.Q. Vila Miloca (Lagoão)
C.Q. Mormaça (Sertão)
C.Q. Nicanor da Luz (Piratini)
C.Q. Passo do Araçá (Catuípe)
C.Q. Rincão dos Caixões (Jacuizinho)
C.Q. Rincão da Faxina (Piratini)
C.I. São Roque (Erechim)
C.Q. São Roque (Arroio do Meio)
C.I. Vyi Kupri (Carazinho)
Secretariado Regional
C.Q. Rincão dos Negros (Rio Pardo)
RETRATOS
Saneamento e segurança alimentar é
Bem Viver
Em sintonia com a Cáritas RS, a Cáritas Diocesana de Santo Ângelo deu continuidade, ao longo de 2022, à execução de projetos de Saneamento Básico e Segurança Alimentar e Nutricional junto a comunidades tradicionais. Agentes Cáritas percorreram as estradas que levam às aldeias Tekoa Koenju, em São Miguel das Missões, e Tekoa Pyau, em Santo Ângelo, para ouvir, registrar demandas e pensar junto. Também aguçaram os sentidos e a sensibilidade na escuta da população do Quilombo Passo do Araçá, em Catuípe. Foram meses de aprendizados mútuos, de diálogo e trocas de ideias, conhecimentos, sugestões, em várias visitas que ajudaram a identificar necessidades e demandas.
Os projetos “Resiliência em Tempos Desafiantes: ajuda humanitária para migrantes, indígenas e quilombolas”, realizado pela Cáritas RS em
parceria com a Cáritas Brasileira e com apoio da Cáritas France (Secours Catholique); e “Prática de Incidência Política: Alimentando vidas por direitos”, apoiado por Cáritas Alemanha e Misereor, têm por objetivo o enfrentamento das desigualdades sociais. Em rodas de conversa, as comunidades decidi-
co e segurança alimentar e nutricional. Em relação ao saneamento básico, foi realizada a instalação de uma caixa d’água de 5 mil litros para melhorar o abastecimento de 12 famílias no Quilombo Passo do Araçá. A Comunidade Indígena Tekoa Koenju, de São Miguel das Missões, reformou as tampas de 15 fossas e de sumidouros que comprometiam a segurança das 35 famílias. E a comunidade Indígena Tekoa Pyau, que está em fase de ampliação do seu território em Santo Ângelo, com 22 famílias, construiu mais um banheiro para o uso coletivo.
ram onde aplicar os recursos previstos. Debateram o papel das políticas públicas de proteção social, reivindicaram o fortalecimento das identidades e da organização de base. Deste processo dialógico e autônomo resultaram as ações em saneamento bási-
As secretarias de Saúde de Catuípe, do Meio Ambiente de Santo Ângelo, e de Obras de São Miguel das Missões foram parceiras importantes na viabilização das obras. Junto com a Cáritas, contribuíram para um avanço significativo na qualidade de vida das comunidades tradicionais localizadas no território missioneiro.
10 Cáritas Regional RS
Cáritas Diocesana de Santo Ângelo
“É com a luta, é com a garra, que a gente ganha”
Anildo Romeu
Liderança da comunidade indígena Tekoa Pyau
PROJETOS
Ações prioritárias foram decididas pela comunidade e incluíram a construção de banheiros
Recuperação de fontes e direito de acesso à água
Em 2022, a Cáritas de Cruz Alta executou projetos de saneamento básico que beneficiaram 230 famílias das comunidades quilombolas Rincão dos Caixões, Vila Miloca, Júlio Borges e Costaneira. Estas comunidades foram contempladas pelo Projeto “Resiliência em Tempos Desafiantes: ajuda humanitária para migrantes, indígenas e quilombolas”.
As visitas periódicas para conversar com a população dos quilombos permitiram conhecer profundamente as pessoas que ali vivem e suas dificuldades. “Através da pesquisa que fizemos, percebemos que a maioria ainda tem baixa escolaridade e não consegue estudar porque precisa ajudar as famílias nas lidas campeiras”, observou Cinara Dorneles, agente da Cáritas Diocesana de Cruz Alta. A falta de acesso à água com qualidade é histórica e excludente.
Por isso, no Rincão dos Caixões, a comunidade decidiu colocar um re-
50 anos de trabalho
humanizado e coletivo
servatório de água de 5 mil litros e mangueiras para atender famílias recém assentadas, em um espaço com menos estrutura. Na Vila Miloca, a população optou pela construção de uma cisterna para armazenar água da chuva e pela recuperação de nove cacimbas.
A Prefeitura colaborou com serviços de retroescavadeira e houve a contrapartida das famílias com a aquisição de calhas e mão de obra. Nesta comunidade foram plantadas 70 mudas de árvores nativas para proteger as nascentes. Em Júlio Borges, houve melhorias no poço e na captação e distribuição de água direto das fontes. Na comunidade Costaneira, além de recuperação das fontes com os poços e melhoria na distribuição da água até as casas, será feito o plantio de árvores próximo à sede da associação de moradores como uma espécie de barreira para proteger o quilombo do veneno espalhado nas lavouras das redondezas.
No raiar de 28 de janeiro de 2023, a Diocese de Cruz Alta completou 50 anos de trabalho voltado ao atendimento de populações em situação de vulnerabilidade social. Essa trajetória inclui ações diversificadas, que vão da distribuição de roupas à atenção a acampados e assentados pela Reforma Agrária da década de 1980. Por meio da Pastoral Carcerária, é levada a esperança a detentos de presídios da região; pela Pastoral da Criança, a assistência às crianças das famílias cadastradas, e pela Pastoral da Saúde, opções de fitoterápicos e orientação para prevenir doenças. A destinação de 5% do dízimo, presente nas diretrizes pastorais desde 2020, é uma forma de contribuir com todas essas atividades. Devido a dificuldades financeiras decorrentes da pandemia da Covid-19 e ao agravamento da crise geral no país, a Diocese optou por adiar a retomada do fundo para o final de 2022. “Aos poucos, teremos 100% de adesão”, previu o idealizador, bispo Dom Adelar, que muito contribuiu com a Diocese.
Desde 1998, a Cáritas Diocesana contribui com essas ações, elaborando e executando projetos voltados a pequenos agricultores, assentados, quilombolas e indígenas para gerar oportunidades e contribuir com a produção e o consumo na perspectiva da economia popular solidária. São experiências de respeito à cultura local e ao meio ambiente, baseadas no diálogo, para a construção de projetos alternativos comunitários de sustento e geração de renda.
11 Cáritas Regional RS
Cáritas Diocesana de Cruz Alta
PROJETOS
Em Vila Miloca, população optou pela construção de cisternas e recuperação de cacimbas
Histórias de luta e de desafios
Saneamento, do latim “Sanus”, quer dizer saudável. Levar saúde através do saneamento básico é um dos temas mais importantes da atualidade. O projeto “Resiliência em Tempos Desafiantes: Ajuda Humanitária Para Migrantes, Indígenas e Quilombolas” trata exatamente disso. A Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul (ASDISC) é uma das Cáritas Diocesanas envolvidas no projeto. Vanessa Ayres, assessora nacional da Cáritas Brasileira, e Jacira Dias, secretária executiva da Cáritas RS, estiveram em Santa Cruz do Sul nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro de 2022 visitando duas das comunidades beneficiadas.
No Quilombo Rincão dos Negros, em Rio Pardo, conheceram de perto a realidade das famílias que aguardam ansiosas poder usufruir do território demarcado em 2005. Há anos a Cáritas Diocesana acompanha e procura dar apoio às lutas concretas do Quilombo, seja na área de Segurança Alimentar e Agroecologia, como no acesso à água potável e ao saneamento básico.
Com esse apoio foi possível recuperar uma fonte de água natural e fazê-la chegar até a população do quilombo. Maria Alcenira contou, sentindo-se realizada: “Estou com 72 anos e é a primeira vez na minha vida que tenho água encanada em casa. Antes precisávamos buscar água com baldes diariamente. Agora, abro a torneira e tenho água”.
No dia seguinte, a visita aconteceu na Comunidade Indígena Foxá, da etnia Kaingang, em Lajeado (RS). O nome da aldeia remete a duas árvores, o cedro e a canjarana, ambas nativas e
bem preservadas no local. A equipe da Cáritas visitou famílias, conversou com professores e as crianças na escola e se reuniu com algumas lideranças sob a sombra de uma árvore, onde refletiram sobre as lutas dos indígenas. A preocupação principal é com a posse da terra.
“Não temos garantia sobre a terra em que estamos vivendo, não podemos planejar novas casas e construções enquanto a terra não for garantida pra nós”, relatou Jussara Isaías. Ela se emocionou e, chorando, acrescentou: “Nesta terra enterramos os umbigos dos nossos filhos, é uma tradição desde os antepassados. Queremos ficar aqui, temos direito, mas não respeitam a gente. Perdemos duas crianças que foram enterradas no cemitério do bairro; fui várias vezes procu-
rar onde estão e não encontro; dói muito, queremos saber onde foram colocados, porque os falecidos são importantes pra nós. Pensamos em fazer um cemitério e trazer pra cá”.
Nesta comunidade, houve a recuperação de uma fonte de água natural e a reforma de banheiros coletivos com a construção de uma fossa nova. Boa parte das famílias ali vivem do artesanato que produzem e vendem nas margens da rodovia.
Durante a visita, Vanessa e Jacira também conheceram o Banco de Sementes Crioulas e o chamado “relógio das plantas medicinais” que fica na residência de Oldi Helena Jantsch, na comunidade Boa Esperança Baixa, em Cruzeiro do Sul.
12 Cáritas Regional RS
Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul
Roda de conversa propiciou conhecer os sonhos e as angústias de quem vive no Quilombo Rincão dos Negros
“Nesta terra enterramos os umbigos dos nossos filhos, é uma tradição desde os antepassados”
PROJETOS
Jussara Isaías
Escola de Jovens Rurais incentiva o protagonismo juvenil no campo
Estudantes da Escola de Jovens Rurais (EJR) localizada em Santa Cruz do Sul vêm inspirando a região com propostas de Agroecologia. Entre elas, destacam-se a construção de apiários, cisternas, biodigestores, hortas ecológicas, criação de galinhas caipiras, pomares, e estratégias para a defesa das sementes crioulas. No total, são 60 jovens vindos dos municípios de Cruzeiro do Sul, Encruzilhada do Sul, Dom Feliciano, Arroio do Meio, Taquari, Gramado Xavier, Candelária, Boqueirão do Leão, Passo do Sobrado e Santa Cruz do Sul.
Com mais de 30 anos de atuação, a EJR é um dos projetos mais bonitos da Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul (ASDISC). Como uma jovem definiu, “a EJR é como um anjo que chega de mansinho e fala no ouvido: olha, o caminho é por aqui”. Nenhum projeto tem perspectivas de futuro e nenhuma sociedade avança se não colocar nos seus planos a juventude. Foi por observar a falta de iniciativas de apoio à juventude do meio rural que na década de 1990 um grupo de lideranças pensou e organizou esta escola. Era o período do êxodo rural, marcado pela saída
massiva de agricultores da roça para as cidades. Em 1992 iniciou a primeira turma. Até 2000, a formação acontecia em três etapas, de 30 a 45 dias, em regime de internato no Centro Diocesano de Pastoral no Mundo do Trabalho (CDPMT), localizado na Casa Jesus Maria José, em Rio Pardo. A partir de 2001, assumiu o modelo itinerante de ida às bases, com foco nos eixos Agroecológico, Político e Pastoral. O objetivo é aprofundar os estudos na teoria e na prática em etapas de Tempo Integração, com todos os jovens juntos, e Tempo Comunidade, com jovens inscritos por região.
da Terra, e jovens que concluíram os estudos. “No início, era uma turma de rapazes e outra de moças. Achamos que isso não era certo, pois se queremos construir um mundo melhor é com homens e mulheres juntos, sem medo de estudar e conviver.
“Cultivo uma horta ecológica que está dando bons resultados. Produzo verduras pra família, vendo para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).”
Márcio Heming Agricultor de Gramado Xavier-RS (participou da 1ª turma da EJR em 1992)
O então Bispo Diocesano, Dom Aloísio Sinésio Bohn (in memoriam), um dos incentivadores e fundadores da EJR, nos momentos difíceis dizia: “Vocês estão proibidos de desanimar”. Com esta motivação, e o apoio, nos anos posteriores também de Dom Canísio Klaus e do atual Bispo Diocesano Dom Aloísio Alberto Dilli, já passaram pela escola 1.251 jovens.
A EJR é coordenada por uma equipe de lideranças locais, da Pastoral
Em 1996, organizamos um grupo misto e Roseli dos Santos, de Cruzeiro do Sul, foi uma das primeiras a participar”, destacou Oldi Helena Jantsch, que faz parte da coordenação. Desde então, as turmas se mantiveram mistas.
A pandemia da Covid-19 impôs como desafio o uso das tecnologias, especialmente digitais, e trouxe a bandeira de luta pela democratização do acesso à Internet também na EJR. Ao longo de 2022 as turmas se tornaram semipresenciais.
13 Cáritas Regional RS
Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul
PROJETOS
Com mais de 30 anos de atuação, a EJR formou 1.251 jovens vindos de vários municípios do Estado
Fundo Diocesano de Solidariedade é uma demonstração de amor, oração e doação
O FDS foi e segue sendo especialmente importante em momentos de extrema crise, como a pandemia da Covid-19. No período em que mais se acirrou a fome, possibilitou atender famílias em situação de extrema vulnerabilidade. As ações geradas pelo Fundo promovem os direitos da população em situação de risco, com o fortalecimento da atuação da Pastoral.
Como funciona
A Coleta da Solidariedade do Domingo de Ramos é destinada ao atendimento de projetos locais nas dioceses e arquidioceses, onde ficam 50% dos recursos. Outra parcela, 40%, é destinada ao Fundo Nacional de Solidariedade e aplicada em projetos relacionados aos objetivos propostos pela Campanha da Fraternidade anual. E 10% se destina à CNBB Regional Sul 3.
OFundo Diocesano de Solidariedade (FDS) busca promover a solidariedade e a cidadania através do apoio de cristãos que partilham o gesto concreto de seu compromisso quaresmal no Domingo de Ramos. Na Diocese de Bagé, teve início no ano 2000 e, após breves interrupções por questões administrativas, foi revitalizado e reorganizado sob a coordenação de uma comissão formada por representantes da Cáritas, Pastorais Sociais e setores comprometidos com a transformação da realidade social naquela região.
Ao longo destes mais de 20 anos,
o FDS tem ajudado a fortalecer os trabalhos da Diocese junto à comunidade e fomentar iniciativas como a Educação para a Solidariedade, projeto de difusão do diálogo fraterno para a construção da cultura da paz. Também contribui com a geração de renda de empreendimentos da Economia Popular Solidária; a promoção de saúde alternativa, preventiva, comunitária, e a implementação da Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável. Quem doa para o Fundo está colaborando para a construção da sociedade do Bem Viver e o cuidado com a Casa Comum, estimulando a reciclagem e a agricultura urbana.
A Comissão Diocesana de Bagé, que administra o Fundo, divulgou e animou a Campanha da Fraternidade e as coletas realizadas pela Igreja ao longo do ano, especialmente a Coleta da Solidariedade. Reúne-se a cada dois meses para socializar as informações e avaliar projetos. É responsável ainda pela prestação de contas anual e monitoramento dos projetos apoiados.
A Cáritas Diocesana oferece oficinas e cursos sobre sustentabilidade e elaboração de projetos para impulsionar o acesso aos recursos e a organização dos mesmos. O acesso ao FDS acontece através de formulário específico e Carta de Recomendação do Pároco e ou assessor/a do projeto.
14 Cáritas Regional RS Cáritas Diocesana de
Bagé
Atividades realizadas nas paróquias da Diocese com apoio de projetos enviados ao FDS
SOLIDARIEDADE
ACáritas Diocesana de Bagé integrou a Comissão de Estudos que resultou na Política Nacional de Proteção, Código de Conduta Ética e Mecanismos de Salvaguarda da Cáritas Brasileira, marco orientador que reúne o Código de Conduta Ética e os Mecanismos de Salvaguarda da instituição. A Política foi construída coletivamente por integrantes da Cáritas de várias regiões do País. Lançada em março de 2021, visa a contribuir para a prevenção, o enfrentamento e a intervenção em casos de assédio, preconceito, discriminação e em outras circunstâncias do cotidiano.
A metodologia desenvolvida na Comissão de Estudos foi replicada na capacitação para a equipe do Secretariado Regional e para o Conselho Regional, e depois para agentes das Cáritas Arqui/diocesanas. Em junho de 2022, a Cáritas RS promoveu três encontros virtuais de formação sobre a aplicação da Política Nacional de Proteção.
“A Política Nacional de Proteção é um material para estudo, para que a rede vá se apropriando dele na prática”, disse Nilza Mar Fernandes de Macedo, da Cáritas Diocesana de Bagé, secretária da diretoria da Cáritas Brasileira e representante da Diocese de Bagé na Comissão Interdiocesana para Proteção dos Menores e Pes-
Política Nacional de Proteção da Rede Cáritas
A Política Nacional de Proteção da Cáritas Brasileira é um documento para ser consultado e aplicado no dia a dia da entidade. Construído a várias mãos e lançado em março de 2021, tem como objetivo contribuir para fortalecer a rede Cáritas na defesa da vida. O documento orienta sobre o código de conduta ética e os mecanismos de salvaguarda de agentes Cáritas para prevenir, enfrentar e intervir em situações de discriminação, assédio e outras formas de desrespeito à missão e aos valores institucionais da rede.
soas em Situação de Vulnerabilidade.
Portas abertas para a Sensibilização
Nilza Mar apresentou o documento em junho de 2022 para mais de 50 representantes de dioceses, voluntários e voluntárias da Cáritas Regional RS e da Cáritas Regional SP.
Ao abrir os encontros, Carlos Campos, diretor executivo da Cáritas Brasileira, destacou que a Política está em construção. “Ela vem complementar a missão Cáritas de cuidado com pessoas em situação de vulnerabilidade. Trata-se de uma política pedagógica, não punitiva, que busca garantir uma cultura institucional de respeito, proteção e defesa dos direitos no cotidiano da missão”, afirmou.
Os Encontros de Formação da Rede Cáritas RS começaram em 7 de junho com a reflexão da juíza aposentada Isabel Maria Sampaio Oliveira Lima, facilitadora dos Círculos de Paz do Instituto Moinhos de Paz, que falou sobre “Dimensões do Cuidado: como promover a proteção?”. Em 14 de junho, a socióloga Flávia Palha, assessora da Cáritas Regional NE3 e doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia, discorreu sobre o que é assé-
dio, abuso preconceito, discriminação e outras conceitos e circunstâncias para identificar, prevenir, ou enfrentar pedagogicamente no cotidiano da ação de Cáritas. No dia 21 de junho, o psicólogo Toninho Evangelista, secretário da Cáritas Regional de São Paulo e integrante do Comitê de Ética, falou sobre o Caráter Pedagógico e as Ferramentas para Implementação da Política de Proteção da Cáritas Brasileira.
Efeito Multiplicador
Depois dos três momentos de formação e sensibilização, a proposta é que as Cáritas Diocesanas façam o processo local de apresentação e estudo da Política de Proteção, especialmente junto a suas equipes e diretorias, para que seja assimilada e implementada na dinâmica institucional e nos procedimentos decorrentes da Missão da Cáritas nas diversas áreas de atuação e públicos envolvidos.
A Cáritas Diocesana de Bagé e a Ação Social Diocesana de Santa Cruz introduziram o tema em 2022 com a assessoria de Jacira Dias Ruiz, responsável no Secretariado Regional por animar e disseminar o tema no Rio Grande do Sul.
15 Cáritas Regional RS Cáritas Diocesana de Bagé e Secretariado Regional RS
PROTEÇÃO
Um convite para repensar a natureza e necessidade da espiritualidade de agentes Cáritas
ANTONIO VALENTINI NETO
ADiocese de Erexim realizou em 22 de março de 2022 o seu retiro anual no Santuário Nossa Senhora de Fátima. Participaram do encontro 57 agentes voluntários de equipes da Cáritas, de 20 paróquias da região. Na ocasião, o Bispo Diocesano Dom Adimir Antonio Mazali propôs uma reflexão sobre a importância e a necessidade do silêncio, da oração e da espiritualidade na vida de agentes Cáritas. Estes foram alguns pontos abordados por Dom Adimir:
transfiguração. Conforme o evangelista São Mateus, foi na montanha que ele anunciou as bem-aventuranças.
“A oração transforma a vida”.
com Deus em busca da plenitude de vida”.
Dom Adimir relatou como os profetas retiravam-se numa montanha para estarem em maior recolhimento, para melhor ouvir a voz de Deus. Isaías convidava: “Subamos a montanha do Senhor”. Elias viveu um encontro profundo com Deus no monte Horeb. Jesus subiu à montanha para rezar, onde e quando se deu sua
O Bispo Diocesano propôs a cada participante refletir sobre sua realidade particular e a prática da oração. Porque a oração, no silêncio do coração, é fator indispensável no cultivo da espiritualidade, observou. Ela é vida no Espírito. E a ação transformadora do Espirito Santo se manifesta de muitas formas. Ele é citado mais de 500 vezes na Sagrada Escritura. É pela força do Espírito, em Pentecostes, que os apóstolos anunciam com ardor e sem medo que o Crucificado ressuscitou, é o Messias esperado e nele está a salvação (At 2).
A espiritualidade é indispensável para alcançar a comunhão com Deus e com os irmãos. Está na base das emoções, dos pensamentos e das atitudes. Com ela, podemos equilibrar nossas forças e saúde mental e espiritual perante os desafios e as dificuldades. Ela anima para a defesa da vida e o fortalecimento da esperança. Não se trata de uma prática religiosa em vista de sucesso econômico, do dar para receber, da falsa euforia, de brilhos e encantos. Tem como ponto de partida e de chegada Jesus. Por isso, deve ser cristocêntrica, eucarística e da reconciliação, bíblica, mariana, comunitário-eclesial, a serviço dos pobres. É alimentada pela oração pessoal, familiar e comunitária, pela leitura orante da Sagrada Escritura, pelo serviço aos irmãos e irmãs, especialmente pelas obras de misericórdia, na participação ativa e frutuosa da Eucaristia e/ou da Celebração da Palavra de Deus, pelo sacramento da Reconciliação, pelo cuidado com a Casa Comum e pelo compromisso com a justiça.
16 Cáritas Regional RS Cáritas Diocesana de Erexim
PE.
“No silêncio se faz a verdadeira experiência de Deus; onde há silêncio ouve-se a voz dele”.
“A espiritualidade, vida no Espírito, é dimensão fundamental de toda pessoa, em sua constituição de ser naturalmente religioso; é modo de viver a relação
ESPIRITUALIDADE
Retiro anual contou com a participação de 57 agentes voluntários de 20 paróquias da região
Fomento a alternativas de trabalho e renda geram solidariedade e esperança
Cursos contam com apoio de parcerias
Não foi certamente um ano fácil: 2022 começou repleto de incertezas políticas, com falta de emprego digno e comida nos pratos. Mas representantes de 205 famílias de Novo Hamburgo e arredores arregaçaram as mangas e decidiram enfrentar juntas essa realidade. Aceitaram o desafio e se dedicaram aos cursos de culinária e panificação, corte e costura, pintura em tecido, jardinagem, entre outros, desenvolvidos no segundo semestre do ano pela Mitra da Diocese de Novo Hamburgo/ Cáritas Diocesana. Esse empurrão para o surgimento de novas alternativas de trabalho e renda foi resultado de um esforço de planejamento e execução da Cáritas local envolvendo parcerias e financiamento do Sicredi, CNBB (Fundo Nacional de Solidariedade), Universidade Feevale, SENAR, emendas do Poder Público e Lions.
As equipes da Cáritas de Novo Hamburgo promoveram as oficinas de capacitação também com recursos próprios resultantes do Bazar Solidário e da solidariedade de empresas e demais colaboradores. Das mãos habilidosas das mulheres que
ousaram mexer suas agulhas e tintas para sobreviver a um momento de crise saíram produtos criativos em crochê, tricô, pintura em tecido e patchwork. Assim, transformaram a necessidade em arte na forma de coloridos tapetes, bolsas, toalhas e panos de prato, reaproveitando retalhos de tecidos. Inspiradas pela mensagem de esperança e fé do Natal, costuraram e pintaram lembranças para vender em feiras de produtos natalinos. Aprenderam e colocaram em prática a transformação do óleo em sabão, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Com as receitas das aulas de culinária e panificação, assaram bolachas, cucas e panetones saborosos, e fizeram deliciosas geleias de frutas. As oficinas se diversificaram para atender demandas de manicure e desenho de sobrancelhas.
Os espaços dos cursos não oportunizaram apenas a geração de renda. Criou-se nas turmas um vínculo pela convivência, com partilha de conhecimentos. No total, participaram 295 pessoas que, de uma forma e outra, se empenharam pela melhoria de sua
qualidade de vida. As equipes de Cáritas que atuam junto às paróquias organizaram feiras nas comunidades para que as participantes pudessem expor e comercializar seus trabalhos. “O resultado foi fantástico! Isso as impulsionou a produzir mais artesanato, já que as expectativas de obter um retorno financeiro foram superadas”, contou a assistente social Anna Marisa Werner.
Conquistas dos cursos e oficinas de 2022
• Grandes aprendizados e novas amizades
• Melhoria da qualidade de vida por meio da produção própria e comercialização
• Divulgação da economia popular solidária e comercialização de produtos na Feira Internacional do Calçado em Novo Hamburgo (FENAC) e em feiras das paróquias
• Empoderamento das mulheres para exercer sua cidadania
• Maior consciência ecológica
• Intensificação da promoção humana como Missão da Cáritas
17 Cáritas Regional RS Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo
CAPACITAÇÃO
Situação de rua suprime direitos e afeta a dignidade
OCenso não a contempla, o atendimento assegura apenas parcialmente seus direitos e as políticas públicas são insuficientes diante da crescente demanda. A população em situação de rua necessita ser visibilizada para que as ações governamentais sejam ativadas a fim de garantir a dignidade humana. Com foco nesta realidade, a Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre/Mensageiro da Caridade desenvolveu diversas ações em rede, durante 2022, para o atendimento emergencial e a defesa de direitos dessa população.
A Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese, que reúne não só integrantes da Igreja Católica, mas também de organizações da sociedade civil, participou ativamente da acolhida à população em situação de rua no inverno, assegurando o fornecimento de café da manhã para as pessoas abrigadas no Ginásio Tesourinha. Nesta ação, contou com o apoio da
Paróquia Santo Antônio do Partenon, de doadores voluntários e de investimentos de recursos próprios gerados com suas atividades.
O Mensageiro da Caridade intermediou o atendimento na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Restinga, um dos mais vulneráveis de Porto Alegre. A equipe do serviço social organizou um espaço qualificado para distribuição de roupas, calçados, mochilas e outros bens de uso pessoal.
Em julho, distribuiu cobertores recolhidos na campanha Gincana da Solidariedade, realizada pelo Banco Itaú.
Um dos momentos marcantes do ano foi a Semana do Povo da Rua, organizada pela Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese e o Mensageiro da Caridade, de 16 a 19 de agosto de 2022. A programação envolveu organizações da sociedade civil e representantes da população de rua. Além dos encontros para reflexão e demandas realizados no auditório da Fundação
Pão dos Pobres, incluiu uma missa e uma mostra artística e cultural ao final.
O Vigário Episcopal do Povo da Rua de São Paulo, Padre Júlio Lancelotti, participou da abertura por videoconferência. Destacou a responsabilidade de toda a sociedade. “Somente com a convivência conseguimos aprofundar um amor político, um amor aos mais fracos, para ajudá-los a superar esses problemas. Se eu fosse feijão, já estava queimado de tanta pressão dos órgãos da política que reprimem a ação da Pastoral”, afirmou.
Durante o evento, Edisson Campos, do Movimento Nacional da População de Rua, cobrou ações efetivas de acolhimento, abrigamento, residência e atenção à saúde. Reivindicou vagas nos albergues e o fim da violência praticada pela guarda municipal nas abordagens. A Semana encerrou com a construção coletiva de uma carta com mensagens e reivindicações, que foi levada em caminhada até a Prefeitura Municipal.
18 Cáritas Regional RS
Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre
“Os espaços da igreja estão cumprindo a sua verdadeira missão, que é cuidar da vida das pessoas em maior situação de vulnerabilidade, negligência e abandono”.
Luís Carlos Campos
Diretor Executivo da Cáritas Arquidiocesana
de Porto
Alegre
“Não basta se solidarizar com suas dores, é necessária uma atitude de compromisso com a defesa da vida e dos direitos dessa população”.
Elton
Bozzetto Coordenador da Pastoral do Povo da Rua
DIREITOS
Atendimento à população em situação de vulnerabilidade social é prioritário para a Arquidiocese
Todos os sábados, entre 7h e 11h30min, o Centro de Referência de Economia Solidária
Dom Ivo Lorscheiter, em Santa Maria, se enche de hortaliças, frutas, ervas, bolos, cucas e outros alimentos cuidadosamente elaborados e/ou cultivados pelas mãos experientes de produtores e produtoras urbanos e rurais da região central do Estado. Tudo ali chega fresquinho às bancas para a venda direta à população.
Esse encontro quase familiar e muito festivo entre quem planta e produz com quem compra e consome se repete desde 1° de abril de 1992 no mesmo local. Nesta data, empreendimentos associados ao Projeto Esperança/Cooesperança se uniram para criar o Feirão Colonial Semanal, que em 2022 completou 30
anos de funcionamento. O Projeto Esperança/Cooesperança é vinculado à Arquidiocese de Santa Maria. Foi criado em 1987 para viabilizar a comercialização de pequenos grupos de produtores urbanos e rurais oriundos dos antigos Projetos Alternativos Comunitários (PACs). O Feirão Colonial integra o Sistema Nacional de Comércio Justo e Consumo Ético e Solidário, cujas bases são os princípios de autonomia e autogestão, condições justas de trabalho e renda, fortalecimento da democracia participativa, apoio ao desenvolvimento local, solidário e sustentável, e respeito ao meio ambiente e à diversidade. Seu objetivo é estimular o desenvolvimento de todos os elos da cadeia produtiva. As pessoas envolvidas se tornam parte
de um processo formativo com a metodologia “aprendente e ensinante”.
Por isso, a gestão do Feirão é feita de forma colegiada, participativa, interativa e autogestionária. Cada participante contribui com 8% sobre as vendas para a manutenção do trabalho, melhorias no espaço físico e formação de grupos associados.
Muito além da compra e venda, o Feirão Colonial tornou-se um espaço de trocas de afetos e conhecimentos. É a hora do café com quem se gosta de prosear, o momento do pastel recheado de bate-papo. Há uma confiança mútua e um permanente aprimoramento e aprendizagem neste processo em que, ao mesmo tempo que se adquire alimentos saudáveis, se contribui para a geração de renda e o desenvolvimento regional.
19 Cáritas Regional RS Cáritas
de Santa Maria
Arquidiocesana
Feirão Colonial fortalece o comércio justo, ético e solidário
“Sentimos que é preciso aprofundar ainda as trocas solidárias, as formações, o trabalho em rede, com maior inclusão e apoio à juventude e à cultura. A economia solidária é muito mais do que se vê e do que se vende. É vida.”
Begair do Carmo Flores Agente Cáritas, integrante do
Projeto Esperança/Cooesperança
AUTOGESTÃO
Feira acontece aos sábados no Centro de Referência Dom Ivo Lorscheiter
Projeto Nosso Prato
alimenta sonhos de migrantes com temperos de solidariedade
ACasa da Fraternidade Fratelli Tutti é uma organização sem fins lucrativos criada em 2021 pela Diocese de Vacaria com o objetivo de ser um ponto de referência das Pastorais Sociais para o desenvolvimento de ações sociais de maneira conjunta. Entre as ações sociais realizadas neste espaço destaca-se o projeto Nosso Prato, que iniciou em dezembro de 2021 a partir da necessidade de 49 migrantes maranhenses que viviam em um local insalubre, sem alimentação. Uma sopa, com somente duas coxas e sobrecoxas de frango, era tudo o que tinham então.
Ao acolher esses migrantes, a Casa da Fraternidade ampliou suas atividades para dar início ao Nosso Prato. No princípio, havia apenas uma ge-
ladeira, um fogão industrial emprestado e uma mesa de escritório com uma tábua em cima. Com a busca por parcerias, vieram doações de utensílios, móveis e equipamentos, todos usados, mas em condições: forno elétrico, freezer, fogão a gás, fogão industrial, mesas e cadeiras, camas e lençóis, pratos, talheres, bacias, panelas. Os recursos do Bazar Solidário de roupas novas e usadas, viabilizado pela Cáritas RS, permitiram investir em mão de obra e na revitalização das salas do prédio.
Foram meses de muito trabalho, amor e, sobretudo, dedicação de todas as pessoas de bairros do entorno que aderiram ao projeto, trabalhando voluntariamente. Ao final de 2021, o Nosso Prato contava com 36
voluntárias e voluntários. A colaboração de supermercados assegurou o suprimento de alimentos. Além do almoço, o Nosso Prato passou a servir café da manhã e jantar com pernoite para pessoas em situação de rua e trabalhadores sazonais, por meio da Operação Corujão, em parceria com a Prefeitura Municipal. Foi disponibilizada uma funcionária contratada para a coordenação do projeto e uma colaboradora executiva, encarregada das demandas via Secretaria da Ação Social. Uma professora voluntária ensina Língua Portuguesa para migrantes haitianos, colombianos e senegaleses, e a Guarda Municipal garante a segurança no local.
A perspectiva é ampliar ainda mais as metas e parcerias no futuro.
20 Cáritas Regional RS Cáritas Diocesana de Vacaria
“A obra não é nossa, mas é de Deus. A casa deve ser a porta aberta aos pobres.”
Irmão Flávio Alves Rosário
ALIMENTAÇÃO
Grupo de voluntariado e parcerias contribuíram para ampliar o atendimento
2020: Início do Ano Jubilar teve cânticos e muita emoção
As comemorações dos 60 anos da Cáritas Brasileira Regional Rio Grande do Sul coincidiram com a tragédia da pandemia de Covid-19 que, junto com o descaso de um governo antidemocrático, matou cerca de 700 mil pessoas no Brasil. Em meio à dor das perdas, ao aumento da fome e da miséria dos povos, as equipes da Cáritas de todo mundo se mantiveram firmes na missão de auxílio a necessitados, e seguiram na profissão de fé e de solidariedade, sem descanso. No Rio Grande do Sul não foi diferente. As festas se converteram em luta. A profecia, em esperançar.
Foi em 18 de novembro de 2020, no início do Ano Jubilar, que se realizou o primeiro encontro celebrativo virtual com agentes, voluntários, parceiros e ex-colaboradores. O evento contou com a presença do diretor-executivo da Cáritas Brasileira, Carlos Humberto Campos, além de Dom Silvio Guterres Dutra, Bispo Re -
ferencial, para compartilhar momentos de memórias afetivas, oração e gratidão. “Permanecer viva e ativa por seis décadas é mais que tudo graça de Deus, que é mistério de Amor. Jubilamos agradecendo ao Deus da Vida e da História por ter nos conduzido até aqui e por nos desafiar constantemente a viver e atualizar sua presença amorosa aos irmãos e irmãs, a partir da realidade de cada contexto onde se manifesta do pobre o clamor e nos apresenta inúmeras vidas a cuidar. Jubileu é dom e oportunidade de conversão ao Projeto de Deus para a humanidade, projeto esse que contempla água pra beber, terra pra plantar, pão para comer”, disse Jacira Ruiz, secretária executiva da Cáritas RS, parafraseando o Hino da Cáritas.
Seguiram-se as leituras bíblicas de Levítico 25,8-17, sobre o anúncio do Ano da Graça do Senhor e de Lc. 4,14-22 onde Jesus apresenta seu projeto-missão: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque me
ungiu e enviou...” Dom Sílvio, bispo da diocese de Vacaria e referencial da Comissão 8 da CNBB, refletiu sobre a importância das duas leituras que mostram como “a missão confiada por Deus vai sendo atualizada ao longo do tempo histórico e que nossa referência maior é a vida de Jesus que foi fiel ao compromisso de anúncio do Reino de Deus aos pobres, de sarar os de corações atribulados, libertar os presos/cativos, restaurar a visão aos cegos e publicar o ano da graça do Senhor”.
Isso foi traduzido pela Cáritas em seu lema Jubilar: 60 anos de esperança, resistência e profecia, afirmou. Em meio a preces de louvor, o carinho e as mensagens de congratulações de representantes de parcerias essenciais para o trabalho da Cáritas RS. Estavam lá os amigos e amigas do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), de Pastorais Sociais, do Movimento de Atingidos por Barragens, da Fundação Luterana de Diaconia.
21 Cáritas Regional RS 60 anos da Cáritas Brasileira Regional RS
JUBILEU
Atividades comemorativas se estenderam até novembro de 2021
Uma história de esperança, resistência e profetismo
1961 O Cônego Paulo Izidoro de Nadal, fundador do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre (RS), dá início às atividades da Cáritas Brasileira no Rio Grande do Sul. As duas entidades conviveram na mesma sede, na Avenida Ipiranga, 1145, em Porto Alegre, até o final do ano 2001. A ênfase era na ação assistencial, com distribuição de alimentos e articulação de obras sociais católicas a serviço de programas para pobres, dentro da concepção de ajustamento social.
1964 Início da fase de Promoção Humana, com cursos profissionalizantes. Agentes de pastoral e profissionais passam a fazer parte do quadro funcional da Cáritas RS.
1966 A Cáritas Brasileira desliga-se do Secretariado Nacional de Ação Social da CNBB, constituindo-se em entidade jurídica autônoma, mantendo-se como um organismo da mesma. Nesta época, havia 184 Cáritas Diocesanas.
22 Cáritas Regional RS 60 anos da Cáritas Brasileira Regional RS
JUBILEU
Nos primeiros anos de existência, a Cáritas Brasileira Regional RS funcionou junto ao prédio da Arquidiocese de Porto Alegre, e suas atividades tinham ênfase na ação assistencial
1969 Admissão de técnicos da área de Ciências Humanas para ações planejadas, estratégicas e permanentes com elaboração de planos de atividades anuais.
1970 Começa o período de maior ênfase na pastoral de conjunto, organização de base, Comunidades Eclesiais de Base e pastorais sociais. Organização de equipes paroquiais a serviço da caridade.
1977 Os escritórios regionais, incluindo o do RS, são reestruturados e transformados em Secretariados Regionais, vinculados à Cáritas Brasileira – Secretariado Nacional.
1978 Realização do 1º Congresso Estadual, com a participação de mais de 500 agentes, abordando os temas: Obras Sociais Católicas; Promoção Humana à Luz de Puebla; Fé Cristã e Compromisso Social. Fortalecimento de uma nova perspectiva de prática social como instrumento de formação para a cidadania.
23 Cáritas Regional RS 60 anos da Cáritas Brasileira Regional RS
JUBILEU
1982 Cresce a ênfase na organização comunitária e em grupos, dando origem aos PACs (Projetos Alternativos Comunitários) na articulação com outros setores da sociedade para o fortalecimento dos processos educativos de promoção libertadora, e para a superação do assistencialismo e do paternalismo. A Caridade Libertadora, inspirada na Teologia da Libertação e baseada no método de educação popular de Paulo Freire, é oficializada durante o Encontro Estadual de Agentes em Vacaria.
1992 Incorporação do modelo libertador que busca integrar práticas emergenciais, assistenciais, promocionais, organizativas e de luta por políticas públicas com ênfase na formação para a cidadania solidária e participação política, contribuindo com o processo de transformação social. Reforço às parcerias com pastorais sociais, movimentos e entidades da sociedade civil e do poder público. Envolvimento crescente em conselhos paritários de direitos e na formação política. Internamente, mudança da estrutura institucional com adoção da prática de gestão compartilhada através de coordenações colegiadas, grupos de trabalho, entre outros.
24 Cáritas Regional RS 60 anos da Cáritas Brasileira Regional RS
2º Seminário de Formação Política sobre Conselhos - 1996 (POA/RS)
40 anos da Cáritas Brasileira - 1996
JUBILEU
4º Encontro Estadual de Projetos Alternativos Comunitários 1988 - (POA/RS)
2000
Envolvimento crescente em conselhos de direitos e em outros espaços de controle social de políticas públicas, defendendo e promovendo o protagonismo da participação das pessoas.
Décadas do Jubileu de 60 Anos
Maio de 2017 - Ação Social
Arquidiocesana de Porto Alegre
Maio de 2021 - Cáritas Diocesana de Vacaria
Novembro de 2021 - Secretariado Regional da Cáritas RS
Julho de 2022 - Cáritas Arquidiocesana de Pelotas
Novembro de 2022 - Cáritas
Arquidiocesana de Passo Fundo
São motivos de jubilosa alegria e gratidão a Deus pelas diversas décadas de vida e missão também as Cáritas de Bagé, Cruz Alta, Santo Ângelo, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Erexim. Em conjunto, todas são esperança, resistência e profecia junto aos que mais necessitam e frente aos desafios de cada realidade social e eclesial.
Regional. Porto Alegre, 2001.
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Fonte
Destaques da História da Cáritas no Rio Grande do Sul. Older Olívio Parisotto e Telmo Adams (organizadores) In: Construindo uma comunidade aprendente: solidariedade e cidadania nos pagos gaúchos. Cáritas Brasileira
VIII Conferência Estadual de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul e 28º Grito dos Excluídos - 2022 (POA/RS)
Curso de Formação de Agentes em Políticas Públicas e Controle Social - 2006 (POA/RS)
JUBILEU
Rodas de Conversa despertaram memórias e reflexões sobre o futuro
No início dos anos 2000 houve um surto de febre aftosa na região de Cruz Alta com grande impacto na economia local. Irmã Joana, da Cáritas, fez um trabalho com a comunidade, principalmente com mulheres. Com projetos de geração de renda a partir da agricultura familiar, foi fomentando alternativas.
Elaine Andreatta (agente Cáritas do município de Joia)
Em Nova Ronda Alta e na Fazenda Annoni, terra prometida onde nasceu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Igreja adquiriu 108 hectares para assentar 153 famílias com o apoio da Cáritas nos anos 1970-1980.
Luiz Costella (agente Cáritas de Passo Fundo)
Servimos ao Rio Grande do Sul com missões possíveis porque a Cáritas auxiliou com doações e recursos.
A Cáritas aponta caminhos e chega aonde outros não chegam; seus agentes estão com os pés no chão da realidade e desempenham um trabalho de articulação entre as paróquias e pastorais.
Padre Anderson Hammes, (Centro Ítalo Brasileiro de Assistência e Instruções às MigraçõesCIBAI/Migrações, Porto Alegre)
Foi uma alegria e um aprendizado fazer o estágio de Serviço Social supervisionado pela Irmã Inácia na Cáritas RS. Em 1983, decidi sair para me dedicar à Comissão Pastoral da Terra (CPT), ficar mais próxima dos assentamentos. A Cáritas me despertou para metodologias de trabalho, análise da realidade e para compreender os documentos sociais da Igreja.
Irmã Laura Gavazzoni (município de Guaíba)
Em 2017, um acordo com a Cáritas permitiu participar de uma formação presencial em Esteio para a elaboração de projetos, capacitação e mobilização de recursos, o que alavancou o serviço social no município. Outro projeto, do curso de corte e costura, teve mais de 20 participantes, em 2018.
Diácono Lourival Fernandes (município de Esteio)
A Escola de Formação Fé, Política e Trabalho, assumida pela Cáritas em 2004, e mantida em parceria com a Universidade de Caxias do Sul, a Unisinos e a Diocese, é resistência e resiliência para superar as adversidades. Solange Guerra (agente Cáritas de Caxias do Sul)
Quatro rodas de conversa, realizadas em maio de 2021 e dinamizadas pelos Interdiocesanos Sul, Norte, Centro e Leste, resultaram em momentos preciosos de escuta, fala e reconhecimento sobre o significado dos 60 anos da Cáritas RS. Compartilhamos aqui os registros de algumas destas reflexões.
Fomos acolhidos pela Diocese de Bagé, repudiados pela população, mas ficamos na terra e, com o tempo, nos aproximamos da Cáritas. Agora, na pandemia, o que plantamos dividimos com famílias em vulnerabilidade e ajudamos a compor as cestas básicas que a Cáritas Diocesana destina às famílias que precisam. É uma forma de retribuir o que fizeram por nós.
Arlete Bulcão Pinto (assentada de Conquista da Fronteira, Hulha Negra)
A Cáritas deu apoio ao Levante Popular da Juventude nos diferentes momentos históricos. Estamos na luta por direitos junto com a Cáritas.
Diego Gonçalves (Levante Popular da Juventude, Pelotas)
Quando as irmãs da Pastoral Carcerária que atuavam no Presídio Regional de Pelotas se decepcionaram com a administração do presídio, conseguiram apoio com a Cáritas. Essas irmãs levaram oficinas, trabalho na horta, aulas de português e matemática e a religiosidade às mulheres presas. A horta foi destruída, então procuramos o padre, a organização da Pastoral e eles contataram a Cáritas para uma conversa no presídio. Cândida Fonseca (Pastoral Carcerária, Pelotas)
O trabalho da Cáritas é importante, principalmente com os mais pobres, incentivando a organização, como na agroecologia e na reciclagem. Faz parte da minha vida desde 1991. As pessoas precisam conhecer a Cáritas e contribuir com campanhas.
Muitas comunidades ainda não a conhecem.
Evaldo Gaiardo (assentado da reforma agrária, Tapejara)
A Cáritas não deixa ninguém só; é pilar, força, fé, resistência, presença, ação. Sua história é construída por muitos, para ir aos pobres. A escola de formação de agentes sociais contribuiu para a renovação da Igreja. Destaco momentos, como a luta das mulheres, a formação de base da militância política na cidade e a dedicação dos sacerdotes. O Espírito Santo vem para que a Cáritas continue lutando, para que o projeto de Jesus aconteça. A luta é para que todas as pessoas tenham direitos, sejam livres e felizes, e não há nada mais revolucionário que isso.
Vini Rabassa da Silva (professora de Serviço Social da UFPEL/Pelotas)
26 Cáritas Regional RS Rodas de Conversa
JUBILEU
De
prosa em prosa, se somaram gestos e agradecimentos de muitas
Marias, Isabel, Iva, Angela, João, Pedro e tantas outras pessoas: a Cáritas é essencial na vida da gente, disse uma. É muito amor e doação, falou outra. Tenho orgulho pelo aprendizado, conhecimento e amizades, adicionou uma terceira.
O homem quer ser dono do mundo, ser Deus. A Terra está doente, a natureza e a biodiversidade estão sendo dizimadas, como na Amazônia. O homem rural não tem mais lugar. É robotização, miséria, a fé findando. A Terra feita por Deus é perfeita, mas o que vai salvá-la?
Franciel Risson Bachi (agente Cáritas de Passo Fundo e Conselheiro Regional)
A Cáritas está nas lutas pelos direitos humanos, defende políticas públicas, apoia a luta das mulheres, tem um compromisso ligado à fé. São essas parcerias que motivam a caminhada.
Cristine Ribeiro (Conselho Municipal de Segurança Alimentar, Pelotas)
Temos o compromisso de espalhar o amor ao próximo e à vida, que é o maior dom de Deus; na partilha do que se tem, para que todos fiquem saciados. Nessa comunhão com a Cáritas RS, vamos trabalhar juntos. Dom Cleonir Paulo Dalbosco (bispo da Diocese de Bagé, em mensagem por vídeo)
Com a Cáritas Porto Alegre surgiram novos cenários e metodologias. O maior desafio é superar a diminuição dos recursos e fortalecer ações em rede.
Luis Carlos Campos (diretor executivo da Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre)
Enquanto movimento sindical, temos uma história de luta ligada à igreja. Sempre que puder, sou Cáritas, em projetos de proteção de fontes de água, em feiras de roupas e campanhas. É preciso ampliar espaços de debate sobre classes, formação de lideranças, produção de alimentos e causas da fome.
Delma Zucco (Diocese de Vacaria e Sindicato da Agricultura Familiar)
A Cáritas esteve sempre presente, atendendo aos projetos e às questões emergenciais. O fato é que não podemos ser Igreja se não produzimos solidariedade. Ser Cáritas é ser caridade.
Padre Alex José Kloppenburg (Paróquia Santa Teresinha de Livramento, ex-presidente da Cáritas Diocesana de Bagé)
Pessoas de diferentes vulnerabilidades que buscam a Cáritas são encaminhadas a Centros de Referência de Assistência Social para inserção em programas sociais e aquisição de cestas básicas. Temos os desafios da fome, desemprego, perda de direitos, falta de políticas públicas. Precisamos buscar alternativas de trabalho e renda efetivas.
Anna Marisa Werner (agente Cáritas e assistente social de Novo Hamburgo)
A essência da Cáritas é o amor e a caridade, que se traduzem em ações concretas com a missão de testemunhar o Evangelho e ajudar pessoas em vulnerabilidade social, em cooperação, atuando para corrigir as desigualdades.
Padre Ladir Casagrande (presidente da Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo)
Os próximos passos serão de continuar a motivar e organizar a caridade nas paróquias, formar novos agentes e promover a consciência de cidadania. Padre Eliseu Vicensi (presidente da Cáritas Diocesana de Vacaria)
Mensagem do Papa Francisco
“Diante dos desafios e contradições do nosso tempo, a Cáritas tem a difícil, mas fundamental tarefa de fazer com que o serviço caritativo se torne um compromisso de cada um de nós e que a comunidade cristã se torne sujeito da caridade, e saiba encontrar caminhos novos para estar próximo aos pobres, seja capaz de ler e enfrentar as situações que oprimem milhões de pessoas em cada realidade e no mundo. A espiritualidade da Cáritas é a espiritualidade da ternura. O seu fundamento é doar-se, sair de si e estar a serviço contínuo das pessoas que vivem em situações extremas, ir às periferias existenciais, ajudar e curar. Eis o objetivo principal do ser e agir da Cáritas! A Cáritas é a carícia da Igreja ao seu povo, o carinho da Mãe Igreja aos seus filhos, a ternura e a proximidade.”
(Trecho de depoimento em vídeo gravado no Encontro da Cáritas Internacional, em 16 de maio de 2013)
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Rodas de Conversa
JUBILEU
Retiro propôs pensar sobre a missão de agentes Cáritas
No encerramento do sábado especial de oração e júbilo, foi recitada uma poesia do bispo espanhol Pedro Casaldáliga (1928-2020):
Vem, Espírito Santo
Uma profunda e valiosa reflexão em torno da compaixão a partir da Parábola do Bom Samaritano marcou o dia de oração do Ano Jubilar da Cáritas RS em 18 de setembro de 2021. Na ocasião, agentes da Cáritas participaram de um retiro virtual facilitado pela Irmã Maria Cristina Giani, Missionária de Cristo Ressuscitado, que desafiou a refletir: Qual é mesmo nossa missão? Que caminhos vislumbramos e construímos para concretizá-la?
“A compaixão foi o que moveu o Samaritano para ação, e só ela leva a um agir profético, crítico, comprometido e transformador. Esse sentimento faz nos aproximarmos das outras pessoas com empatia. Cada um/uma de nós tem um pouco de Levita, Sacerdote, Samaritano. Jesus se identifica com o jeito de ser do bom Samaritano, nos apresenta como exemplo a seguir e como uma proposta de vida”, disse Maria Cristina.
Esta parábola é um ícone iluminador, acrescentou. Diante de tanta dor, à vista de tantas feridas, a única saída é ser como o bom samaritano. Qualquer outra opção nos deixa ou com os salteadores, ou com os que passam ao largo, sem se compadecer com o sofrimento na estrada. A parábola mostra as iniciativas que pode ter uma comunidade ao assumir como própria a fragilidade de outras pessoas, não excluindo, mas fazen-
do-se próxima, levantando e reabilitando os caídos, para que o bem seja comum, descreveu.
Irmã Cristina destacou os verbos usados para conceituar a compaixão: aproxima, cuida, derrama óleo, coloca no animal, conduz, dispensa cuidados. Tudo é amor em ação, concluiu. “Criar redes para cuidar uns dos outros nos leva à Cáritas, uma rede de solidariedade, apoio e caridade”, completou.
Durante o encontro, houve o lançamento da campanha 60 Mil Motivos, para arrecadar recursos e construir ao menos uma cisterna de captação da água da chuva em cada uma das 12 Dioceses do Rio Grande do Sul onde a Cáritas atua. Infelizmente, esta campanha não teve o êxito esperado, mas arrecadou R$ 14.489,68 (quatorze mil quatrocentos e oitenta e nove reais e sessenta e oito centavos), o que viabiliza a construção de duas cisternas. Uma delas será construída junto a uma escola que mantém uma horta no seu pátio, localizada no Morro da Cruz, um dos bairros mais empobrecidos de Porto Alegre. Neste bairro foi realizada a 28ª edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas em 7 de setembro de 2022, sendo que uma das principais denúncias foi justamente a falta de água. A outra cisterna será construída em 2023, em local a ser definido.
Vem, ou melhor, vamos:
Faze que nós vamos aonde Tu nos levas.
Tu nunca Te ausentas, ar que respiramos, vento que acompanhas, clima que aconchegas.
Vem, para levar-nos por esse Caminho, o Caminho vivo, que conduz ao Reino.
Vem, para arrancar-nos, numa ventania de verdade e graça, de tantas raízes de mentira e medo que nos escravizam.
Vem, feito uma brisa, para amaciar-nos, feito um fogo lento, um beijo gostoso, a paz da justiça, o dom da ternura, a entrega sem cálculos, o amor sem cobrança, a Vida da vida.
Vem, pomba fecunda, sobre o mundo estéril
E suscita nele a antiga esperança, a grande utopia da Terra sem males, a antiga, a nova, a eterna Utopia!
Vem, vamos, Espírito!
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JUBILEU
Celebração religiosa encerrou os eventos do Ano Jubilar da Cáritas RS
Um pulsar de emoção, fé e fraternidade encheu a Paróquia Santo Inácio de Loyola, em São Leopoldo (RS), que alegre e gentilmente acolheu a todas e todos para o encerramento das atividades em comemoração aos 60 anos da Cáritas RS. O espaço foi escolhido para a comemoração devido à sua localização central, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e por ter um trabalho de Cáritas organizado e muito dinâmico sob a coordenação do Padre Flávio Lima, pároco da Igreja e presidente da Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo. Embora o público tenha sido restrito a poucas pessoas devido à pandemia de Covid-19, a missa celebrada em 11 de novembro de 2021 - data oficial de fundação da Cáritas - foi transmitida também virtualmente, possibilitando a participação mais ampla de quem tinha restrições de saúde ou de distância. Assim, as palavras de Dom Silvio Guterres Dutra, bispo referencial da Cáritas RS que presidiu a Celebração Eucarística, chegaram aos corações de agentes, voluntários e voluntárias, amigos e amigas nos longínquos cantos do
país, e muito além.
Um dos pontos altos da celebração foi o momento do ofertório. Das mãos de agentes, voluntárias e voluntários da Cáritas vieram símbolos depositados no altar. Junto à bandeira com os dizeres “A ordem é ninguém passar fome” foram colocados produtos da Economia Popular Solidária e exemplares de Sementes Crioulas. Um pedaço de pão lembrou a soberania alimentar e nutricional. A Constituição Brasileira e a bandeira do Brasil firmaram os compromissos com as lutas por direitos. A cesta indígena chamou a atenção para a cultura de povos e comunidades tradicionais. A mala, para as causas da mobilidade humana, de migrantes e refugiados.
A Vela Jubilar, acesa em novembro de 2020, manteve-se brilhando até o fim. Após a Missa, houve uma animada confraternização com doces, salgados e bolo feito por mulheres que participam dos cursos de culinária na paróquia Santo Inácio, promovido pela Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo. Finda a festa, teve início um novo período de esperança, resistência e profecia.
Palavras de Dom
Sílvio Guterres Dutra no momento de júbilo
“A Cáritas existe porque existe Cristo, e porque existe o pobre, existe o Evangelho. Porque cuidar do pobre é cuidar de Jesus. Se ela não existisse, deveria ser criada. Os pobres não são só os destinatários da nossa benevolência, mas parceiros da caminhada, sujeitos do discernimento e da decisão. E qual o preço por ser Cáritas? Entre outras coisas, enfrentar uma economia e política voltadas ao privilégio. Para onde vamos? Trabalhar por um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Quando o Papa fala de pobres, ele fala da terra, da água, do ar, das matas, e recorda que em nossa pedagogia deve-se trabalhar com os pobres, não para eles. Pois eles e elas têm muito a contribuir com momentos de partilha e solidariedade. Continuar socorrendo nas emergências, mas também construindo soluções duradouras. A Cáritas trabalha para que não seja mais preciso distribuir cestas básicas. Há um compromisso social que precisa ser assumido”.
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60 anos da Cáritas Brasileira Regional RS JUBILEU
Louvores e esperançar durante a missa na Paróquia Santo Inácio de Loyola, em São Leopoldo
Compromissos com a construção de um novo mundo
Fundada em 16 de junho de 1962, a Cáritas de Pelotas passou a se denominar Ação Social da Diocese de Pelotas em 1969 e tornou-se Cáritas Arquidiocesana em 2011. Nestes 60 anos, multiplicou suas ações nas áreas de voluntariado, migração e refúgio, economia popular solidária, mulheres e equidade de gênero, segurança alimentar e nutricional, e solidificou sua atuação junto a povos e comunidades tradicionais.
Para marcar os 60 anos da entidade, foi realizado um emocionante encontro de celebração, em 16 de julho de 2022, que contou com a presença de representantes dos vários grupos e comunidades da região. Entre elas, a professora Vini Rabassa da Silva, que trouxe memórias e contou histórias de luta deste período.
É na sua missão diária, levada adiante em projetos como o Banco Sementes de Esperança, Construindo
Processos de Sustentabilidade, Encontro de Mulheres Entrelaçando Etnias, Fortalecimento do Voluntariado, entre outros, que a Cáritas Arquidiocesana de Pelotas quer seguir construindo e semeando caminhos de fé e solidariedade.
Através do Banco de Sementes de Esperança, foi possível compartilhar sementes agroecológicas ao longo de 2022 em eventos como a Jornada de Agroecologia da Teia dos Povos em Resistência no Rio Grande do Sul, na Ocupação Canto de Conexão, para o Grupo Agroecológico São Domingos e na primeira edição da Feira da Primavera, que ocorreu em 8 de outubro. Ao incentivar a preservação, o cultivo e a longevidade de sementes crioulas, a Cáritas Arquidiocesana de Pelotas promove a Soberania Alimentar e ajuda a fomentar hortas comunitárias nas periferias do campo e da cidade, junto a escolas, pequenos agricultores, comunidades eclesiais,
indígenas e quilombolas, para que a alimentação de qualidade chegue à mesa das pessoas. Contribui também na construção de Políticas Públicas, atuando de maneira efetiva no Conselho Municipal de Soberania e Segurança Alimentar.
A Feira de Economia Solidária Bayo - Um novo caminho firmou-se como um ponto de encontro da população. Realizada quinzenalmente às quartas-feiras, na sede da Arquidiocese, ali é possível adquirir produtos de limpeza e alimentos orgânicos, fortalecendo uma outra proposta de economia e de mundo – mais justos, solidários e igualitários.
Na Assembleia Avaliativa e de Planejamento, a Cáritas Arquidiocesana de Pelotas reafirmou a ideia de que a construção de um outro mundo é possível com tantas parcerias que trazem e renovam a esperança na caminhada, com fé e amor em Deus e na humanidade.
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Cáritas Arquidiocesana de Pelotas JUBILEU
Celebração envolveu comunidades da região e lembrou a história da entidade
Homenagens e renovação de alianças nas comemorações dos 60 anos
Oano de 2022 foi marcado por celebrações dos 60 anos da Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo.
As comemorações tiveram início em uma Sessão Solene realizada em 22 de junho, pela Câmara Municipal da cidade, em homenagem à sexagenária, com entrega de uma placa para representantes da entidade. O presidente da Câmara de Vereadores de Passo Fundo, Evandro Meireles, ressaltou os serviços prestados por meio de projetos sociais, de geração e complementação de renda, no associativismo e na economia solidária. “E também no segmento da educação para a solidariedade, no apoio e resgate de populações em situação de risco e exclusão social, na promoção da saúde alternativa e preventiva, no meio ambiente e na reciclagem”, resumiu.
O vereador Israel Kujawa, que propôs a homenagem aprovada por unanimidade pelos demais, lembrou que a Cáritas atua em mais de 200 países “promovendo conexões e reconexões humanas, construindo um novo ciclo,
onde a caridade, a solidariedade, o amor, a alimentação, a habitação e a educação têm centralidade”.
Representantes de Cáritas Paroquiais, diretoria e equipe executiva, amigos e apoiadores, padres e o bispo Arquidiocesano dedicaram o dia 22 de novembro de 2022 para festejar os 60 anos da Cáritas Arquidiocesana na Paróquia Santo Antônio, em Passo Fundo. Logo cedo, as caravanas paroquiais foram chegando com muita alegria, trazendo seus símbolos, prêmios e quitutes para compartilhar. Na Celebração Eucarística, Dom Rodolfo Weber enfatizou o sentido do “jubileu”, que é reconhecer a caminhada feita por aqueles que vieram antes de nós, renovar compromissos com o presente da igreja e da sociedade e projetar o futuro, já que o Projeto de Salvação acontece no tempo histórico, e não fora dele.
Em 1962, quando começou suas atividades em Passo Fundo, a Cáritas buscou atender as necessidades da população com a distribuição de alimentos do Programa Aliança para Progresso, também chamado Aliança
para a Paz, criado pelas Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial para ajudar as nações atingidas. Depois, passou a recolher agasalhos e a preparar para o trabalho. Muita gente guarda na memória a imagem do pequeno caminhão do Mensageiro da Caridade que recolhia donativos para as famílias necessitadas.
Nos anos 1980, inspirada na metodologia da caridade transformadora, que leva as pessoas à organização e ao engajamento para a solução de problemas, reorientou sua ação. Junto com a Arquidiocese de Passo Fundo, e com o objetivo de apoiar pequenos gestos e projetos, foi criado em 2000 o Fundo de Solidariedade.
A Cáritas de Passo Fundo participa de debates para a construção de políticas públicas voltadas à população excluída, bem como de projetos de atendimento a quilombolas e indígenas. Está presente em conselhos e fóruns da região Norte do Estado. Com uma dedicada equipe de agentes e voluntários, a cada ano renova o compromisso com a vida e a dignidade humana.
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“É uma história linda de uma organização que sempre trabalhou pela solidariedade entre as pessoas. A Cáritas vai se adaptando e ajudando os movimentos que mais têm necessidade naquele determinado momento histórico”.
Luiz Costella
Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo JUBILEU
Colaborador da Cáritas de Passo Fundo, recebeu a placa da Câmara de Vereadores em nome da entidade Caravanas paroquiais prestigiaram os festejos
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