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Rodas de Conversa despertaram memórias e reflexões sobre o futuro

No início dos anos 2000 houve um surto de febre aftosa na região de Cruz Alta com grande impacto na economia local. Irmã Joana, da Cáritas, fez um trabalho com a comunidade, principalmente com mulheres. Com projetos de geração de renda a partir da agricultura familiar, foi fomentando alternativas.

Elaine Andreatta (agente Cáritas do município de Joia)

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Em Nova Ronda Alta e na Fazenda Annoni, terra prometida onde nasceu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Igreja adquiriu 108 hectares para assentar 153 famílias com o apoio da Cáritas nos anos 1970-1980.

Luiz Costella (agente Cáritas de Passo Fundo)

Servimos ao Rio Grande do Sul com missões possíveis porque a Cáritas auxiliou com doações e recursos.

A Cáritas aponta caminhos e chega aonde outros não chegam; seus agentes estão com os pés no chão da realidade e desempenham um trabalho de articulação entre as paróquias e pastorais.

Padre Anderson Hammes, (Centro Ítalo Brasileiro de Assistência e Instruções às MigraçõesCIBAI/Migrações, Porto Alegre)

Foi uma alegria e um aprendizado fazer o estágio de Serviço Social supervisionado pela Irmã Inácia na Cáritas RS. Em 1983, decidi sair para me dedicar à Comissão Pastoral da Terra (CPT), ficar mais próxima dos assentamentos. A Cáritas me despertou para metodologias de trabalho, análise da realidade e para compreender os documentos sociais da Igreja.

Irmã Laura Gavazzoni (município de Guaíba)

Em 2017, um acordo com a Cáritas permitiu participar de uma formação presencial em Esteio para a elaboração de projetos, capacitação e mobilização de recursos, o que alavancou o serviço social no município. Outro projeto, do curso de corte e costura, teve mais de 20 participantes, em 2018.

Diácono Lourival Fernandes (município de Esteio)

A Escola de Formação Fé, Política e Trabalho, assumida pela Cáritas em 2004, e mantida em parceria com a Universidade de Caxias do Sul, a Unisinos e a Diocese, é resistência e resiliência para superar as adversidades. Solange Guerra (agente Cáritas de Caxias do Sul)

Quatro rodas de conversa, realizadas em maio de 2021 e dinamizadas pelos Interdiocesanos Sul, Norte, Centro e Leste, resultaram em momentos preciosos de escuta, fala e reconhecimento sobre o significado dos 60 anos da Cáritas RS. Compartilhamos aqui os registros de algumas destas reflexões.

Fomos acolhidos pela Diocese de Bagé, repudiados pela população, mas ficamos na terra e, com o tempo, nos aproximamos da Cáritas. Agora, na pandemia, o que plantamos dividimos com famílias em vulnerabilidade e ajudamos a compor as cestas básicas que a Cáritas Diocesana destina às famílias que precisam. É uma forma de retribuir o que fizeram por nós.

Arlete Bulcão Pinto (assentada de Conquista da Fronteira, Hulha Negra)

A Cáritas deu apoio ao Levante Popular da Juventude nos diferentes momentos históricos. Estamos na luta por direitos junto com a Cáritas.

Diego Gonçalves (Levante Popular da Juventude, Pelotas)

Quando as irmãs da Pastoral Carcerária que atuavam no Presídio Regional de Pelotas se decepcionaram com a administração do presídio, conseguiram apoio com a Cáritas. Essas irmãs levaram oficinas, trabalho na horta, aulas de português e matemática e a religiosidade às mulheres presas. A horta foi destruída, então procuramos o padre, a organização da Pastoral e eles contataram a Cáritas para uma conversa no presídio. Cândida Fonseca (Pastoral Carcerária, Pelotas)

O trabalho da Cáritas é importante, principalmente com os mais pobres, incentivando a organização, como na agroecologia e na reciclagem. Faz parte da minha vida desde 1991. As pessoas precisam conhecer a Cáritas e contribuir com campanhas.

Muitas comunidades ainda não a conhecem.

Evaldo Gaiardo (assentado da reforma agrária, Tapejara)

A Cáritas não deixa ninguém só; é pilar, força, fé, resistência, presença, ação. Sua história é construída por muitos, para ir aos pobres. A escola de formação de agentes sociais contribuiu para a renovação da Igreja. Destaco momentos, como a luta das mulheres, a formação de base da militância política na cidade e a dedicação dos sacerdotes. O Espírito Santo vem para que a Cáritas continue lutando, para que o projeto de Jesus aconteça. A luta é para que todas as pessoas tenham direitos, sejam livres e felizes, e não há nada mais revolucionário que isso.

Vini Rabassa da Silva (professora de Serviço Social da UFPEL/Pelotas)

De prosa em prosa, se somaram gestos e agradecimentos de muitas

Marias, Isabel, Iva, Angela, João, Pedro e tantas outras pessoas: a Cáritas é essencial na vida da gente, disse uma. É muito amor e doação, falou outra. Tenho orgulho pelo aprendizado, conhecimento e amizades, adicionou uma terceira.

O homem quer ser dono do mundo, ser Deus. A Terra está doente, a natureza e a biodiversidade estão sendo dizimadas, como na Amazônia. O homem rural não tem mais lugar. É robotização, miséria, a fé findando. A Terra feita por Deus é perfeita, mas o que vai salvá-la?

Franciel Risson Bachi (agente Cáritas de Passo Fundo e Conselheiro Regional)

A Cáritas está nas lutas pelos direitos humanos, defende políticas públicas, apoia a luta das mulheres, tem um compromisso ligado à fé. São essas parcerias que motivam a caminhada.

Cristine Ribeiro (Conselho Municipal de Segurança Alimentar, Pelotas)

Temos o compromisso de espalhar o amor ao próximo e à vida, que é o maior dom de Deus; na partilha do que se tem, para que todos fiquem saciados. Nessa comunhão com a Cáritas RS, vamos trabalhar juntos. Dom Cleonir Paulo Dalbosco (bispo da Diocese de Bagé, em mensagem por vídeo)

Com a Cáritas Porto Alegre surgiram novos cenários e metodologias. O maior desafio é superar a diminuição dos recursos e fortalecer ações em rede.

Luis Carlos Campos (diretor executivo da Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre)

Enquanto movimento sindical, temos uma história de luta ligada à igreja. Sempre que puder, sou Cáritas, em projetos de proteção de fontes de água, em feiras de roupas e campanhas. É preciso ampliar espaços de debate sobre classes, formação de lideranças, produção de alimentos e causas da fome.

Delma Zucco (Diocese de Vacaria e Sindicato da Agricultura Familiar)

A Cáritas esteve sempre presente, atendendo aos projetos e às questões emergenciais. O fato é que não podemos ser Igreja se não produzimos solidariedade. Ser Cáritas é ser caridade.

Padre Alex José Kloppenburg (Paróquia Santa Teresinha de Livramento, ex-presidente da Cáritas Diocesana de Bagé)

Pessoas de diferentes vulnerabilidades que buscam a Cáritas são encaminhadas a Centros de Referência de Assistência Social para inserção em programas sociais e aquisição de cestas básicas. Temos os desafios da fome, desemprego, perda de direitos, falta de políticas públicas. Precisamos buscar alternativas de trabalho e renda efetivas.

Anna Marisa Werner (agente Cáritas e assistente social de Novo Hamburgo)

A essência da Cáritas é o amor e a caridade, que se traduzem em ações concretas com a missão de testemunhar o Evangelho e ajudar pessoas em vulnerabilidade social, em cooperação, atuando para corrigir as desigualdades.

Padre Ladir Casagrande (presidente da Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo)

Os próximos passos serão de continuar a motivar e organizar a caridade nas paróquias, formar novos agentes e promover a consciência de cidadania. Padre Eliseu Vicensi (presidente da Cáritas Diocesana de Vacaria)

Mensagem do Papa Francisco

“Diante dos desafios e contradições do nosso tempo, a Cáritas tem a difícil, mas fundamental tarefa de fazer com que o serviço caritativo se torne um compromisso de cada um de nós e que a comunidade cristã se torne sujeito da caridade, e saiba encontrar caminhos novos para estar próximo aos pobres, seja capaz de ler e enfrentar as situações que oprimem milhões de pessoas em cada realidade e no mundo. A espiritualidade da Cáritas é a espiritualidade da ternura. O seu fundamento é doar-se, sair de si e estar a serviço contínuo das pessoas que vivem em situações extremas, ir às periferias existenciais, ajudar e curar. Eis o objetivo principal do ser e agir da Cáritas! A Cáritas é a carícia da Igreja ao seu povo, o carinho da Mãe Igreja aos seus filhos, a ternura e a proximidade.”

(Trecho de depoimento em vídeo gravado no Encontro da Cáritas Internacional, em 16 de maio de 2013)

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