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Histórias de luta e de desafios
Saneamento, do latim “Sanus”, quer dizer saudável. Levar saúde através do saneamento básico é um dos temas mais importantes da atualidade. O projeto “Resiliência em Tempos Desafiantes: Ajuda Humanitária Para Migrantes, Indígenas e Quilombolas” trata exatamente disso. A Ação Social Diocesana de Santa Cruz do Sul (ASDISC) é uma das Cáritas Diocesanas envolvidas no projeto. Vanessa Ayres, assessora nacional da Cáritas Brasileira, e Jacira Dias, secretária executiva da Cáritas RS, estiveram em Santa Cruz do Sul nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro de 2022 visitando duas das comunidades beneficiadas.
No Quilombo Rincão dos Negros, em Rio Pardo, conheceram de perto a realidade das famílias que aguardam ansiosas poder usufruir do território demarcado em 2005. Há anos a Cáritas Diocesana acompanha e procura dar apoio às lutas concretas do Quilombo, seja na área de Segurança Alimentar e Agroecologia, como no acesso à água potável e ao saneamento básico.
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Com esse apoio foi possível recuperar uma fonte de água natural e fazê-la chegar até a população do quilombo. Maria Alcenira contou, sentindo-se realizada: “Estou com 72 anos e é a primeira vez na minha vida que tenho água encanada em casa. Antes precisávamos buscar água com baldes diariamente. Agora, abro a torneira e tenho água”.
No dia seguinte, a visita aconteceu na Comunidade Indígena Foxá, da etnia Kaingang, em Lajeado (RS). O nome da aldeia remete a duas árvores, o cedro e a canjarana, ambas nativas e bem preservadas no local. A equipe da Cáritas visitou famílias, conversou com professores e as crianças na escola e se reuniu com algumas lideranças sob a sombra de uma árvore, onde refletiram sobre as lutas dos indígenas. A preocupação principal é com a posse da terra.
“Não temos garantia sobre a terra em que estamos vivendo, não podemos planejar novas casas e construções enquanto a terra não for garantida pra nós”, relatou Jussara Isaías. Ela se emocionou e, chorando, acrescentou: “Nesta terra enterramos os umbigos dos nossos filhos, é uma tradição desde os antepassados. Queremos ficar aqui, temos direito, mas não respeitam a gente. Perdemos duas crianças que foram enterradas no cemitério do bairro; fui várias vezes procu- rar onde estão e não encontro; dói muito, queremos saber onde foram colocados, porque os falecidos são importantes pra nós. Pensamos em fazer um cemitério e trazer pra cá”.
Nesta comunidade, houve a recuperação de uma fonte de água natural e a reforma de banheiros coletivos com a construção de uma fossa nova. Boa parte das famílias ali vivem do artesanato que produzem e vendem nas margens da rodovia.
Durante a visita, Vanessa e Jacira também conheceram o Banco de Sementes Crioulas e o chamado “relógio das plantas medicinais” que fica na residência de Oldi Helena Jantsch, na comunidade Boa Esperança Baixa, em Cruzeiro do Sul.