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Situação de rua suprime direitos e afeta a dignidade

OCenso não a contempla, o atendimento assegura apenas parcialmente seus direitos e as políticas públicas são insuficientes diante da crescente demanda. A população em situação de rua necessita ser visibilizada para que as ações governamentais sejam ativadas a fim de garantir a dignidade humana. Com foco nesta realidade, a Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre/Mensageiro da Caridade desenvolveu diversas ações em rede, durante 2022, para o atendimento emergencial e a defesa de direitos dessa população.

A Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese, que reúne não só integrantes da Igreja Católica, mas também de organizações da sociedade civil, participou ativamente da acolhida à população em situação de rua no inverno, assegurando o fornecimento de café da manhã para as pessoas abrigadas no Ginásio Tesourinha. Nesta ação, contou com o apoio da

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Paróquia Santo Antônio do Partenon, de doadores voluntários e de investimentos de recursos próprios gerados com suas atividades.

O Mensageiro da Caridade intermediou o atendimento na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Restinga, um dos mais vulneráveis de Porto Alegre. A equipe do serviço social organizou um espaço qualificado para distribuição de roupas, calçados, mochilas e outros bens de uso pessoal.

Em julho, distribuiu cobertores recolhidos na campanha Gincana da Solidariedade, realizada pelo Banco Itaú.

Um dos momentos marcantes do ano foi a Semana do Povo da Rua, organizada pela Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese e o Mensageiro da Caridade, de 16 a 19 de agosto de 2022. A programação envolveu organizações da sociedade civil e representantes da população de rua. Além dos encontros para reflexão e demandas realizados no auditório da Fundação

Pão dos Pobres, incluiu uma missa e uma mostra artística e cultural ao final.

O Vigário Episcopal do Povo da Rua de São Paulo, Padre Júlio Lancelotti, participou da abertura por videoconferência. Destacou a responsabilidade de toda a sociedade. “Somente com a convivência conseguimos aprofundar um amor político, um amor aos mais fracos, para ajudá-los a superar esses problemas. Se eu fosse feijão, já estava queimado de tanta pressão dos órgãos da política que reprimem a ação da Pastoral”, afirmou.

Durante o evento, Edisson Campos, do Movimento Nacional da População de Rua, cobrou ações efetivas de acolhimento, abrigamento, residência e atenção à saúde. Reivindicou vagas nos albergues e o fim da violência praticada pela guarda municipal nas abordagens. A Semana encerrou com a construção coletiva de uma carta com mensagens e reivindicações, que foi levada em caminhada até a Prefeitura Municipal.

Todos os sábados, entre 7h e 11h30min, o Centro de Referência de Economia Solidária

Dom Ivo Lorscheiter, em Santa Maria, se enche de hortaliças, frutas, ervas, bolos, cucas e outros alimentos cuidadosamente elaborados e/ou cultivados pelas mãos experientes de produtores e produtoras urbanos e rurais da região central do Estado. Tudo ali chega fresquinho às bancas para a venda direta à população.

Esse encontro quase familiar e muito festivo entre quem planta e produz com quem compra e consome se repete desde 1° de abril de 1992 no mesmo local. Nesta data, empreendimentos associados ao Projeto Esperança/Cooesperança se uniram para criar o Feirão Colonial Semanal, que em 2022 completou 30 anos de funcionamento. O Projeto Esperança/Cooesperança é vinculado à Arquidiocese de Santa Maria. Foi criado em 1987 para viabilizar a comercialização de pequenos grupos de produtores urbanos e rurais oriundos dos antigos Projetos Alternativos Comunitários (PACs). O Feirão Colonial integra o Sistema Nacional de Comércio Justo e Consumo Ético e Solidário, cujas bases são os princípios de autonomia e autogestão, condições justas de trabalho e renda, fortalecimento da democracia participativa, apoio ao desenvolvimento local, solidário e sustentável, e respeito ao meio ambiente e à diversidade. Seu objetivo é estimular o desenvolvimento de todos os elos da cadeia produtiva. As pessoas envolvidas se tornam parte de um processo formativo com a metodologia “aprendente e ensinante”.

Por isso, a gestão do Feirão é feita de forma colegiada, participativa, interativa e autogestionária. Cada participante contribui com 8% sobre as vendas para a manutenção do trabalho, melhorias no espaço físico e formação de grupos associados.

Muito além da compra e venda, o Feirão Colonial tornou-se um espaço de trocas de afetos e conhecimentos. É a hora do café com quem se gosta de prosear, o momento do pastel recheado de bate-papo. Há uma confiança mútua e um permanente aprimoramento e aprendizagem neste processo em que, ao mesmo tempo que se adquire alimentos saudáveis, se contribui para a geração de renda e o desenvolvimento regional.

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