Revista Alternativa L - ano 5 ed 12 e 13

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A FORÇA DA MULHER SAPATÃO E A MÚSICA XOXOTA NA MACIOTA COMO CRÍTICA À HEGEMONIA MASCULINISTA HETERONORMATIVA

É importante salientar que ao citar mulheres no decorrer do texto, falo sob licença do conceito de mulheridades. Descrevo aqui, a partir da narrativa pessoal, um experiencial enquanto mulher cisgênero, bissexual e negra, cuja proposta é discutir o determinismo binário nas expressões de gênero e o falocentrismo, enquanto discursos de poder ainda existentes. Há uns anos relutava pelo termo sapatão, pois me incomodava a utilização limitadamente pejorativa e estereotipada das expressões de gênero de mulheres lésbicas e bissexuais, aludindo ao uso de sapatos, roupas e correlatos tidos como masculinos. No Brasil o termo surgiu na década de 70, e inclusive, citado em marchinhas de carnaval. Me incomoda ainda, associar mulheres lésbicas ou bissexuais única e exclusivamente à uma definida expressão de gênero, pois à medida que somos sapatão, necessariamente somos “conduzidas” sob a lógica da estereotipia, ao cumprimento de expressões de gênero masculinas, e o descumprimento das mesmas ora deslegitimiza nossa orientação sexual lésbica ou bi, ora é permeada por fetichização. 44


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