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Hanna korich e a Editora Brejeira Mala ueta

Hanna korich e a Editora Brejeira Malagueta

Entrevista: Sheila Costa Imagens: Simone Almeida e arquivo pessoal Malagueta

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“Em 2007 me aposentei da carreira de advogada e sempre tive a intenção de trabalhar em radio e tv, fiz comunicação social na faculdade e foi uma experiência boa conviver com uma turma de idade diferente da minha na universidade. Nunca tinha pensado em trabalhar com livros, muito menos montar uma editora”.

O PRO JETO

Eu era casada com uma editora de livros e em uma conversa sobre projetos surgiu a ideia de abrir uma editora que publicasse livros para as lésbicas apenas escritos por e para lésbicas brasileiras e que essas histórias retratassem nosso cotidiano, mas por que isso? Após muitas visitas a livrarias e buscas por títulos com temática lés, concluimos que o mercado para publicação deste segmento criava diversos obstáculos e o machismo estava presente e nós sentíamos falta de livros para as lésbicas.

Nos anos 90, mas especificamente em 1998, surgiu o selo GLS que publicava livros com temática LGBT, com autores brasileiros e estrangeiros, mas poucos por e para lésbicas. Ensejando uma boa produção de livros com qualidade escrito por lésbicas brasileiras, abrimos a editora Brejeira Malagueta, seu principal foco: Histórias que falassem sobre o amor entre mulheres e fossem escritos por lésbicas brasileiras.

Como localizar ess as esc ritoras ?

Nós tinhamos contato com Lúcia Facco, o primeiro livro publicado foi dela em agosto de 2008, o As Guardiãs da Magia“ com ilustrações de Lara Luna. Nós abrimos o mercado, com inscrições no site da editora, com envio de originais e líamos, eu, Laura Bacellar (editora chefe da Brejeira Malagueta) e um conselho editorial e só após aprovação deste grupo a obra seria então publicada.

Ap oios fin anc eiros para o pro eto

A malagueta surge sem apoios financeiros.

Sobre utilização de verbas públicas

“Não sou contra o uso de verba pública para projetos, desde que eles sejam obtidos de forma lícita sem conchavos que atendam interesses diversos, que não

o de políticas públicas. Eu faço um trabalho idealista, carrego comigo o idealismo da juventude, a malagueta, o documentário sobre a escritora Cassandra Rios (com financiamento pelo PROAC).não trouxeram lucros”.

Para exibição do filme documentário com sua presença é necessário agendamento e o suporte minimo para deslocamento, hospedagem e alimentação de acordo com a distancia da cidade ou local.

Memória Lésbica

Cass an dra Rios

Foi uma escritora polêmica que ficou conhecida pela ousadia de suas obras, consideradas por alguns pornográficas, por outros irresistíveis. Na década de 1970, foi das autoras brasileiras que mais vendeu livros e também uma das mais perseguidas pela ditadura militar. Pode-se dizer que foi a primeira escritora brasileira a mostrar a mulher como um ser sexual e, mais ainda, a primeira a ter coragem de retratar as homossexuais. Neste vídeo, amigos, estudiosos, familiares, leitores, colegas falam de Cassandra Rios e prestam tributo à sua coragem e pioneirismo. Câmera de Cadu Silva, trilha sonora (linda, em cima de dois poemas da própria Cassandra) de Laura Finocchiaro, direção de Hanna Korich. Se você quer conhecer ou relembrar a história de Cassandra Rios, uma escritora

corajosa, que desafiou as restrições de sua época para escrever sobre o desejo da mulher, inclusive o amor entre mulheres, eis aqui: um dvd cheio de depoimentos que inspiram.

Lésbica atirada, cheia de coragem, foi essa aqui. Para adquirir entre em contato com: korich@uol.com.br

Quem é Hanna Korich?

“Hanna é uma mulher judia, do Bom Retiro, formação não muito religiosa e relativamente conservadora e ao assumir publicamente sua sexualidade foi como retirar um peso enorme dos ombros”.

Quando começou a trabalhar com um projeto direcionado para as lésbicas, não tinha como não assumir a homossexualidade. Passou por sofrimento com familiares, devido a conflitos, mas aos poucos foi superando as atribulações.

“Trabalhei muito a autoestima, conversei, busquei informações, li muito. Os livros foram um instrumento valiosíssimo para o entendimento de quem eu era (sou)”

No final dos anos 80, quando Hanna se entendeu lésbica, o acesso à informação era bem complicado.

“Eu sabia o que estava acontecendo comigo, mas tive medo. Os livros me ajudaram muito neste processo de conhecimento e cuidados com minha autoestima”.

“Uma das motivações para entrar no projeto da Editora Malagueta foi a minha relação com os livros e a informação que fizeram eu entender quem eu realmente era e continuo sendo: um ser humano

normal com direitos e deveres e a única diferença era a minha orientação sexual ser diferente da maioria da população, uma expressão relativamente simples se você tem informação, cultura, uma boa educação e vive em um contexto favorável a tudo isso. Nem sempre esses fatores estão juntos”.

Às vezes as pessoas tem educação e cultura, mas a familia é homofóbica ou a família não tem maiores problemas com a sexualidade, mas o individuo não se interessa por cultura e despreza a educação, não valorizando os livros e o conhecimento e encarando a homossexualidade como brincadeira. A intersecção de todos esses aspectos são raras, mas quando elas acontecem é muito tranquilo compreender a sua sexualidade; mesmo considerando que a homofobia exista seja diária e compartilhada, mas as coisas podem ser facilitadas. “Eu acredito que o que facilita não é só a questão de aceitação, mas é o seu interno e este cultiva-se com cultura, educação, trabalhando a autoestima, informando-se. Leia e informe-se”!

Uma alegria

“Foi uma alegria e surpresa muito grande descobrir por redes sociais um grupo de meninas interessadas em ler e discutir literatura lésbica” Hanna adorou ver a juventude interessada por esta literatura lésbica nos encontros do Clube Lesbos e sempre que pode comparece nos eventos com seus livros sapatônicos!

Para aquirir um dos livros da Editora Malagueta ou o Documentário sobre Cassandra rios a Safo de Perdizes, entre em contato pelo email.

korich@uol.com.br

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