7 UMA EXPERIÊNCIA LEITORA COM CLARICE LISPECTOR Texto de Luciana Bessa
Clarice Lispector. Foto: Reprodução
Ser leitora foi uma conquista árdua. Confesso: meu primeiro contato com Clarice Lispector (1920-1977) não foi fácil, mas prazeroso e enriquecedor. Estava acostumada a ler escritores que cosiam para fora e, Clarice, cosia para dentro. Seu estilo é único: metafórico, intimista, psicológico, epifânico e não-linear. Mulher inteligente, elegante, melancólica, livre, destemida e empoderada, assim pintaria eu, em palavras, um retrato de Clarice - romancista, cronista, contista, ensaísta e tradutora. A leitura de suas obras me deu a oportunidade de conhecer de forma mais profunda o universo feminino (concebido por mulheres comuns como, Ana(s) e Catarina(s) massacradas pela banalidade comum a existência, mas que buscam a libertação) e, também, a mim mesma. A criadora de Macábea – A Hora da Estrela (1977) é uma das escritoras brasileiras que questiona, de forma peculiar, a condição do ser e a sociedade à sua volta. Por isso, conhecer suas personagens é se deparar com mulheres introspectivas, solitárias e contestadoras que transitam entre a solidão, a submissão, a resistência, a alienação, a incompletude, mas que nunca deixaram de buscar a si próprias.