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MOSAICO CULTURAL E LITERÁRIO DO NORDESTE
Elaine Meireles
Composta por nove estados brasileiros, a Região Nordeste abriga a herança histórica e geográfica de ser o “berço do Brasil” e de possuir um litoral com as mais belas praias brasileiras. Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia são unidades da União que desenham a rica diversidade cultural, racial, social, religiosa, marcada pela contribuição de três grandes grupos étnicos: o indígena, o negro africano, o branco. Somos a Região Nordestina e, com ela, o coração aberto aos continentes e a todos os mares.
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Nossa riqueza cultural e literária é facilmente identificada quando citamos alguns escritores de apenas quatro estados desta região. E assim o fazemos para não criarmos uma daquelas chatas listas intermináveis. Citamos do Maranhão, Aluísio de Azevedo, Graça Aranha, Josué Montello, Maria Firmina dos Reis, Coelho Neto. Do Piauí, Assis Brasil, Alvina Gameiro, Mário Faustino, Gil Castelo Brando, Torquato Neto. Do Rio Grande do Norte, Nísia Floresta, Ada Lima, Homero Homem, Tarciso Gurgel, Câmara Cascudo. E por fim, do Ceará, José de Alencar, Antônio Sales, Adolfo Caminha, Patativa do Assaré, Rachel de Queiros. Graças a esses e tantos outros nordestinos, podemos costurar o presente ao passado e desenhar o futuro já no presente, pois nossa herança intelectual nos qualifica para tal.
Concorremos lado a lado com o avanço das novas tecnologias. E não estagnamos nem tão pouco apenas mantemos nossa tradição. Aliás, a cada dia multiplicam-se os promotores da Arte, nos oferecendo centenas de críticos literários, poetas, teatrólogos, cronistas, contistas, designer-analistagestor de informação cabendo ao espectador e leitor eleger aqueles que melhor contribuem para o engrandecimento intelectual do nosso país (região). Como um formigueiro em ação, surgem iniciativas interessantes, criativas, originais, bem elaboradas nesse setor. Na tentativa de acompanhar a Revolução 4.0 (concentrada na digitalização de processos industriais para aumentar a eficiência da produção) e a Revolução 5.0 (que incorpora valores sociais e humanos no processo industrial), estamos vigilantes em manter acessa a “Humanidade do Ser Humano” e por isso compartilharemos a cada bimestre, através da Revista Sarau, celeiros culturais de nossa região. Mostraremos um pouco desse “costurado” que forma o Mosaico Cultural e Literário do Nordeste. Nesta 5ª edição da Revista Sarau apresentamos novos poetas, prosadores e o Projeto Artes e Serenata de Olinda
Grupo dissidente da Sociedade dos Poetas Vivos de Olinda (PE), o Projeto Artes e Serenata de Olinda tem o objetivo de fomentar, divulgar e dinamizar diversas expressões artísticas do Estado de Pernambuco que originariamente fazia parte do Grupo de Artistas de Rua. Sob a organização de Adriana Barbosa do Carmo, os participantes encontram-se sempre na última sexta-feira do mês, em um Atelier de Pintura, em Olinda, e já conta com mais de 100 eventos. Valéria Acioly, nossa colaboradora, faz parte desse projeto. Aqueles que tiverem interesse em conhecer melhor o grupo é só entrar no https://www.facebook.com/arteseserenata
Destacamos, a seguir, um pouco da produção de novos poetas de nossa região:
Até o sol se por
Os meus ais não tem planos
O meu silencio é outra forma de falar
Tem coisas que não tem como dizer
È calando que resolvo meus desenganos
Vou vivendo até as nuvens mudarem de lugar
Vou em frente até o sol nascer
Fico inerte se o céu mudar de cor
Vou ficando até o vento parar de soprar
Até o sol se por.
Ii
Sou
Os ventos eu sou o moinho
Dos animais eu sou o chacal
Sou o leão a cruzar o caminho
Sou uma rosa e sou espinho
Sou poema,
Sou arte,
Sou a poesia imortal.
Valeria Acioly - Jaboatão dos Guararapes-PE – membro do Projeto Artes e Serenata de Olinda, poeta, pintora, baterista, fotografa, circula o Brasil com o esposo, em um trailer “Pé de Mundo”, nome também de seu canal no YouTube.
Um abraço
Um abraço é laço, É um cabo de amor feito de aço, Que não quebra nem enferruja.
Abraço é cultura, Música, arte, poesia.
Abraço é gratidão
E sorrisos estampados de alegria.
Abraço é um remédio.
É a cura pra uma ferida.
Abraço é chegada
Mas, também partida.
Abraço é sintonia,
É conhecer, é conexão.
É sorriso de alegria
Estampado no coração.
É milhões de emoções.
Abraço, é gratidão.
Abraço é leveza
Que faz a alma sorrir.
Abraço é ser, é existir.
Abraço é saber, é coragem, É falar, e é sentir.
É partilha, é doçura.
É renascer e se expandir.
Abraço é vivência
É troca de experiência.
Abraçar é difundir.
Abraço é se conectar.
Abraço é calmaria
Que faz o coração descansar.
Abraço, é deixar no outro
Um pouquinho de mim.
Abraço, é um compasso
De sentimentos que não tem fim.
A poesia nasceu em mim no ano de 2014. Sou fruto de uma escola chamada Centro Educacional Água Azul - Escola do Campo. No ensino médio, por incentivo do professor Laudivan Freitas (poeta e professor da escola) e de Maurismar Chaves (gestor e professor da escola) foram realizadas atividades voltadas para o meio artístico, despertando nos alunos o dom e a inspiração da Arte. Entre as atividades propostas, o professor Laudivan realizou um projeto para que cada aluno escrevesse uma estrofe de cordel falando sobre o São João. O produto do projeto seria um cordel a produção dos textos de todos os alunos e o cordel seria vendido na barraca da quadrilha da nossa escola. Foi aí que surgiram meus primeiros rabiscos na poesia. Desde então, Laudivan notou minha desenvoltura e eu me apaixonei pela poesia. Com o tempo ela se tornou parte essencial de mim. Tenho publicados 13 cordéis entre 2022 e 2023: O Matuto que ganhou o Oscar; O Carisma que Chiara Lubich nos deixou; A Morte Traiçoeira; Indo Morar na Capita; Passeando pelas bandas de cá; Só quem é do sertão sabe; O poder de Deus; A carona surpresa; Ele é o caminho, a verdade, vida e luz; Sorriso também é abraço; Estadia de férias; Láureas de Mabel; A carreira da galinha.
Vida
Vou com os ventos
Pelas cercanias dançantes da vida
Chego bem perto de mim
Na companhia de tanta gente!
Danço a vida e ela dança em mim
Êxtase, reconhecimento, fadiga
Tudo fertiliza pra o que vai nascer
Diariamente
II
Linhas e Entrelinhas
Aqui dentro mora um poema,
Nesta letra,
Nesta linha,
Nesta palavra pequena,
Que sai e caminha,
Se enrosca e se desalinha
Nesta frase tão minha...
Soletrada em cada letra, Em cada palavra amena...
Do desejo porta-voz.
Aqui dentro fala um poema
Gorette Rodrigues (Recife-PE) - Psicóloga, psicoterapeuta de orientação psicanalítica, professora especialista em educação inclusiva, bailarina e poeta. Com publicações em quatro coletâneas: Fios da Teia (org.: Flávia Suassuna), Textos Poéticos; Contos, Crônicas e Poemas; Doces, Amargos e Desatinos (Projeto Rede Solidária). Contato: mgorettrodrigues@hotmail.com
A glória do ferido
Arames oníricos tecem minha coroa de espinho paranoide eu achava que iria unir o céu e a terra só me restou a sorte.
Farpas afiadas saem de olhares sem consideração minha boca cospe balas de prata que acerta o vampiro chauvinista.
Grande mar de solidão olhares invernam minha alma carrego Cruz Rubra de sangue Cruzado escorre nele lâminas que reflete pernas pornográficas.
Tragam-me a cabeça de João Batista. A glória do ferido.
Péricles Melo atua na área de Humanas como professor de História. Tem interesse pela literatura clássica e, como influência, a poesia parnasiana.
Antes que eu morra
Antes que eu morra quero viajar pelas terras dos nossos ancestrais ameríndios, dos povos Astecas, Maias e Incas, desbravar os mistérios e enigmas do Egito, as belezas naturais e arquitetônicas da Grécia clássica e o esplendor da Roma antiga.
Antes que eu morra quero mesas enfeitadas com pratos fartos de camarões, polvos, lulas e lagostas em macarronadas saborosas.
Antes que eu morra quero apreciar e valorizar cada cachoeira, mares, serras e sertões dos torrões da América.
Antes que eu morra quero me divertir bastante nas praças, nos parques de diversões, shows, cinemas, teatros e circos com seus palhaços engraçados em atrações circenses.
Antes que eu morra quero viajar por aí, nas estradas da vida, conhecendo em boa companhia, sem rumo e também em bons rumos cada palma da mão da Mãe Natureza.
Antes que eu morra quero desfrutar da casa com afeto, família alegre e reunida em laços de fraternidade eterna.
E assim, antes que eu morra, talvez estarei "distante para sempre", empanturrado das boas energias calipsos das férias que nunca deveriam se acabar, pois "antes que o dia termine", "antes que eu se vá", antes que eu morra, quero me adornar e me perfumar em homenagem ao espetáculo da vida, ressaltando sempre a paixão pela vida e que ela não se esvazie como água pelas mãos e nem esfrie para sempre na monótona rotina da indiferença, e assim estarei vivíssimo eternamente na memória indelével das pessoas queridas no infinito além da posteridade
Clarice Lispector
Clarice deixou um legado
Que não podemos esquecer
São contos, romances, ensaios
Há muito para se ler
Grande parte do seu dia
Dedicava a escrever
Quando parava dizia
Um grande vazio viver
A dimensão de sua obra
Nem mesmo ela conhecia
Escrevia porque queria
Não com pretensão
De ninguém ler
Inquieta alma ela tinha
Pensou até advogar
Para os direitos da mulher
Assim poder defender
Mas através da escrita
Com sensibilidade fazia
A mulher apare(ser)
Foi muito além do seu tempo
E via na personagem de cada livro
Que criava, ela de novo nascer
Rai Albuquerque mora em Fortaleza, Ceará. Graduada em Letras, com pós graduação em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Ceará. É professora, aromaterapeuta e poeta. Tem publicações de poesias na Revista Sarau n 02 e nas coletâneas I tomo das bruxas: Do ventre à vida, do projeto ENLUARADAS e Poemas para celebrar a vida, organizada pela REVISTA SARAU.
Água viva
Aleluia esse é o grito
É humano
E agora eu quero nascer da minha placenta
Me apossar das minhas dores
Do meu tempo
Me parir
Ser eu meu maior ato de amor
Meu compromisso com a vida, com o tempo
E com as palavras tremer o mundo com meu eco
Como num domingo
Estou vivo, redescobrindo uma liberdade perigosa
A beira, repleta de luminosidade
Sinto meus pés e mãos num frenesi
E pulso como um topázio arrancado das profundezas da terra
Sou eu e sou Deus
Num sopro de dor humana
Sou a verdade e me perfumo dela
Sou um fruto roído por um verme e sou o próprio verme
Ainda não me descobri, mas me sou aos poucos
Sou as flores, a sensualidade das flores
O pão, sou alimento de todos os homens
O óleo sagrado, me escorro pelos muros
Habito no vento, no voo do pássaro de fogo
No rito de aleluia me reencontro porque sou urgente como um sonho
Como um feitiço
Por isso escrevo, eu sou continua
Tomzé Silva, Cearense de Fortaleza, assume-se escritor e poeta, ator e pedagogo, participou de algumas Antologias, como Poesis 2019, Revista ecos da palavra, e livro almanaque Fortaleza dos Maracatus, foi divulgador de conteúdos literários no perfil @poeta.tomze até o início de 2022. Tem um livro publicado: Cores entre versos, escrito em 2020 e lançado em 2022
Aspirante
Caminho palavras sem rumo. Sigo sinais que pouco ou nada me dizem. Palavras e sinais em mim são nuvens efêmeras, que por motivo nenhum me faz conter: buscar norte ou sul, horizontes extraviados, que desabrocham sobre meu olhar agoniado de tanta espera e fuga.
Pela janela da nave imaginária que viajo, rápidos são os rostos: figuras intumescidas, paisagens retorcidas, que arranham sem maiores danos; minha visão doce de você.
Penso que solto um precipício - abismo que em mim cresce, todas as vezes que me proponho algo de novo. Como construir uma ponte; entre o que sonho e a realização. Isto faz tempo. E nenhuma ponte suporta a minha procrastinação.
Enfim, caminho e degusto palavras conhecidas. Fico num entusiasmo nervoso com palavras novas, que vou descobrindo. Mas, o que em mim faz festa - São os movimentos que não alço com meu laço de aspirante a escrevinhador...
Espero que gostem desta nova Coluna da Revista Sarau: Mosaico Cultural e Literário do Nordeste. Para próxima edição faremos uma entrevista com Flávia Suassuna (sobrinha de Ariano Suassuna), contaremos, através de uma crônica/conto, a experiencia de um casal de nordestinos na África (Miriam Pina e Roberto Pina), apresentaremos o Projeto Ceneemacao (Gorete Rodrigues) e como um engenheiro rodoviário (Adilson Cabral) se tornou amante da fotografia.
“Quem não tiver debaixo dos pés da alma, a areia de sua terra, não resiste aos atritos da sua viagem na vida, acaba incolor, inodoro e insípido, parecido com todos. (Câmara Cascudo)
Elaine Meireles – especialista em Literatura Luso-Brasileira, escritora, pesquisadora, professora tutora da Universidade Aberta do Brasil (UFC/IFCE). Responsável pela Coluna Mosaico Cultural e Literário e pelo blogger Lampião Literário. Contato: ponchetart1@gmail.com
CULTURA POPULAR: A ARTE DE CADA DIA JOSÉ ROBERTO MORAIS
A coluna “Cultura Popular: a arte de cada dia” nesta edição da Revista Sarau contribui com dois poemas e uma crônica sobre Leandro Gomes de Barros, o Príncipe dos Poetas da literatura de cordel.
Nascido em 19 de novembro de 1865, na Fazenda da Melancia, município de Pombal – PB. O poeta mudou-se para a Vila do Teixeira – berço da Literatura Popular nordestina, depois Jaboatão e Vitória de Santo Antão em Pernambuco. A partir de 1907, fixou residência em Recife, cidade capital do Pernambuco onde imprimiu a maior parte de sua vasta produção literária em diversas tipografias.
Viajou pelos sertões divulgando sua atividade poética e comercializando seus folhetos nos quais versejou sobre diversos temas, sempre com muito senso de humor. Escreveu aproximadamente 240 obras literárias
Faleceu em 04 de março de 1918 na capital pernambucana.
O Cordelista Exemplar
Em novembro, o aniversário
Do poeta popular
Um ser extraordinário
O cordelista exemplar
Do berço paraibano
Ao solo pernambucano
Construiu sua História
Leandro Gomes escreveu
No cordel permaneceu
Resguardado na memória.
O filho lá de Pombal
Da Fazenda Melancia
No cordel, um genial
Mestre dessa poesia
Morou em Jaboatão
Vitória de Santo Antão
Em Recife, a capital
Onde morou de aluguel
Pra divulgar o cordel
Com tino comercial.
Viajando e divulgando
Sua vasta produção
Sem medo, seguiu Leandro
Nas veredas do sertão
De anedotas, contador
Com muito senso de humor
Numa escrita divertida
Com métrica e bem rimada Cada história inspirada Nas temáticas da vida.
“O cavalo que defecava
Dinheiro”, ele escreveu
Sobre a seca que devastava
As terras onde viveu
Também contou em cordel
“Uma viagem ao céu”
E “Juvenal e o dragão”
De Alzira, os sofrimentos
De Cancão, o testamento
Um caloteiro em ação.
Sua vasta produção
Na poesia popular
Fez Drummond na redação
De “O Brasil” lhe chamar
“O Príncipe dos Poetas”
Das rimas sempre seletas
Da poesia no sertão
Foi grande consolador
Um sátiro trovador
De história e tradição.
José Roberto Morais - Professor, poeta, cordelista e escritor araripense. Membro fundador da Academia Cearense de Literatura de Cordel (ACLC), cadeira nº 09; e da Academia de Letras do Brasil (ALB/Seccional Regional Araripe CE), cadeira nº 22. É sócio efetivo da Sociedade dos Poetas de Araripe (SPA), cadeira nº 13. E-mail: joserobertos2013@gmail.com
Um Encantador Do Sert O
Texto de Adriano Sousa
Não pode haver cultura se não houver quem a reconheça, quem acredite no que vê, quem espalhe a notícia e quem replique a ideia. Leandro Gomes de Barros não inventou o cordel, mas utilizou-se dessa ideia para encantar o sertão. Ele é o poeta mais popular que se conhece. São muitas as suas publicações e, mais ainda, as edições de cada uma delas pela história que conta e a fama que conquistou a todos por onde passou. Alguns dos seus folhetos ultrapassam o número dos três milhões de exemplares vendidos. Sem contar que parte disso, aconteceu em um tempo quando a maioria do seu público era analfabeto.
Atualmente o cordel não é a maior atração do meio literário. Também não figura na lista dos best-seller de cada ano, mas não cessa a sua existência, tampouco a sua contribuição educativa e pedagógica quando o assunto é alfabetizar, encantar, entreter, fazer rir, informar, dar exemplo, enternecer, encorajar... Ele ganhou o seu espaço no mundo literário e até mesmo grandes obras literárias de outros gêneros tomaram como base principal as histórias contadas nos cordéis. Devemos isso ao poeta Leandro Gomes de Barros, não só como autor dos muitos cordéis de reconhecidos títulos, mas como o primeiro entusiasta da literatura de cordel que se tem registro. As suas histórias viraram lendas, ou talvez já fossem lendas que se fez cordel e depois voltou a sua forma natural... não tenho certeza. Apenas sei que muitas das lendas e histórias de exemplos miraculosos foram saídas das histórias romanceadas nos seus cordéis.
Quantas pessoas foram alfabetizadas através dos cordéis; quantas crianças receberam no batismo os nomes das personagens dos cordéis; quantas noites foram aquecidas, alegradas, enternecidas e assombradas pelas histórias ouvidas nas leituras dos cordéis; quantos cantadores de viola adquiriram recursos para a sua lida literária através das histórias dos cordéis; quantas crianças se fizeram poetas a partir do encantamento dos cordéis... tudo isso devemos a Leandro Gomes de Barros. Por isso, esse poeta merece as muitas cadeiras de patrono nas academias literárias onde já lhe foram oferecidas; as homenagens póstumas de todas as formas; o reconhecimento em PombalPB, onde nasceu, e em Recife-PE, onde faleceu aos 52 anos de idade, em consequência da gripe espanhola.
Não obstante a tudo o que já foi feito em homenagem a Leandro Gomes de Barros, mereceria ainda a cadeira de Padroeiro do Cordel no Brasil, não somente pelo que fez até hoje, o que já lhe valeria o título, mas por tudo o que ainda fará pelas gerações futuras.
Adriano Sousa – Poeta, cordelista e escritor. Natural de Altaneira - CE, e residente em Araripe - CE. Membro fundador da Academia de Letras do Brasil (ALB), cadeira nº 02 da Seccional Regional de Araripe - CE e cadeira nº 10 da Seccional Ceará. Membro do Instituto Cultural do Vale Caririense (ICVC), cadeira nº 51. E-mail: poetadriano@hotmail.com
O Pr Ncipe Do Cordel
Texto de Esmeralda Costa
Venho falar de um poeta
E escritor bem renomado
Forte na Literatura
No cordel bem afiado
O "príncipe dos poetas"
Por Drummond denominado.
Leandro Gomes de Barros
No cordel foi pioneiro
Poeta paraibano
Cordelista brasileiro
Grande rei da poesia
Com verso bem altaneiro.
Inúmeras são as obras
Que Leandro publicou
Livros, canções e cordéis
Ele muito registrou
Nos folhetos tão fiéis
Sua arte revelou.
A Donzela Teodora
O Soldado Jogador
A Vida de Pedro Cem
Obras do supremo autor
Os Sofrimentos de Alzira

Ele escreveu, sim senhor!
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Esmeralda Costa – Professora, poetisa, cordelista e escritora. Membro fundador da Academia
Cearense de Literatura de Cordel (ACLC), cadeira nº 12. Membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB). Colunista no Facetubes, plataforma virtual da Academia Poética Brasileira com a coluna Cordel Brasileiro. E-mail: dudasmel1980@gmail.com

LEANDRO GOMES DE BARROS, O PAI DA LITERATURA DE CORDEL
Texto de Gerado Pardal
Leandro Gomes de Barros nasceu em Pombal (PB), em 19 de novembro de 1865. Morreu em Recife (PE), em 4 de março de 1918. É considerado o primeiro escritor brasileiro de literatura de Cordel. Escreveu cerca de 240 obras. Autor de vários clássicos e campeão absoluto de vendas, com muitos folhetos que ultrapassam a casa dos 3 milhões de exemplares vendidos. Compôs obras-primas que eram utilizadas em obras de outros grandes autores, como por exemplo Ariano Suassuna, que em sua peça Auto da Compadecida, inspirou-se em dois de seus folhetos: "O Dinheiro", também chamado de "O testamento do cachorro" e "O cavalo que defecava dinheiro".
Depois de fundar uma pequena gráfica, em 1906, seus folhetos se espalharam pelo Nordeste, sendo considerado por Câmara Cascudo o mais lido dos escritores populares.
Em 1909, Leandro Gomes de Barros publicou seus poemas na seção "Lyra Popular" no jornal O Rebate de Juazeiro do Norte, Ceará. Inspirado em poemas medievais, escreveu o romance Batalha de Oliveiros contra Ferrabrás.
O poeta Carlos Drummond deAndrade considerava Leandro Gomes "o rei da poesia do sertão e do Brasil"
Segundo Permínio Ásfora, no ano de 1918, Leandro foi preso porque o chefe de polícia considerou afronta às autoridades alguns dos versos da obra O Punhal e a Palmatória, trama que tratava de um senhor de engenho assassinado por um homem em quem teria dado uma surra e o deixado sangrando os olhos. Veja a estrofe que teria sido a causa da prisão do poeta:
“Nós temos cinco governos
O primeiro o federal
O segundo o do Estado
Terceiro o municipal
O quarto a palmatória
E o quinto o velho punhal”
Leandro Gomes de Barros é considerado o patrono da cadeira número um da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Gerardo Pardal é Poeta, Escritor, Filósofo, Bacharel em Comunicação Social (UFC). Presidente do Cecordel. Professor, Educador de trânsito, contador de histórias. Autor de livros e cordéis educativos e crítica social.