Coluna Celebrar com Ogg Ibrahim
coluna
Celebrar com Ogg Ibrahim
TER FAMA
SEM NUNCA ESPERAR TÊ-LA Antigamente, na minha época de escola, ser popular era atrair a admiração do maior número de coleguinhas possível dentro da escola. E, por mais populares que fôssemos, teríamos o quê? No máximo uns 10, 20 amiguinhos, que, muitas vezes, imitavam nossa maneira de vestir, adotavam o mesmo palavreado, tinham os mesmos brinquedos e copiavam da gente certos costumes. Isso era ser um “influenciador” naquela época, 30, 40 anos atrás.
que essa poderia ser uma atividade extremamente lucrativa e poderosa. Só o fato de a Jullie aparecer usando determinado tipo de calçado, faz seus seguidores quererem usar o mesmo modelo. Um vestido bacana pode atrair centenas de interessados em comprá-lo e, até mesmo uma inocente ida a uma sorveteria, vai atrair mais clientes para o estabelecimento. Por isso, quem tem milhares de seguidores, seja no Facebook, Youtube ou no Instagram, é muito assediado por empresas que querem que esses influencers falem ou usem seus produtos e marcas, gerando uma renda bastante significativa para eles devido a uma simples postagem.
Hoje a coisa mudou, e mudou muito. Por causa da internet, a gente consegue influenciar gente no mundo inteiro. Vamos ao exemplo da Jullie (nome fictício), que é daqui de Mato Grosso do Sul: em pouco mais de um ano, ela arrebanhou mais de 120 mil seguidores, que, diariamente, acompanham seu dia a dia. Mas tudo isso tem um preço e, às vezes, ele pode ser alto demais. A falta de privacidade ou a cobrança Acho que é um pouco mais que os 20 amiguinhos que eu tinha na escola, né? Hoje os influencers são pessoas que contam excessiva dos fãs, por exemplo, podem ser pontos negativos. Não (Risos). com uma grande audiência nas redes ter sossego ao ser importunado por Mas é claro que só conseguimos isso sociais, geralmente muito bem segmentada seguidores aonde quer que se vá – hoje graças à projeção da internet, do para um determinado assunto e que fazem seja num restaurante, numa loja ou caminhar na rua. Ou até mesmo surgimento das redes sociais, pois, propaganda de forma sutil, sempre usando ao abrir mão do convívio familiar por pessoalmente, hoje seria humanamente uma linguagem muito próxima à do compromissos comerciais onde, às impossível conhecer e interagir com tanta gente ao mesmo tempo. Acho que público das marcas. Passar uma mensagem vezes, nem se queria estar. Por isso é importante que os pais tenham a até mesmo eu, que sou bem relacionado, da forma correta e com autoridade no 128 não conheci tantas pessoas assim nos consciência no que estão motivando assunto é o papel dessas pessoas, que, seus filhos. meus 54 anos de vida. Para chegar a ser uma Emily, eu teria que ter conhecido, mesmo crianças ainda, assumiram uma Da mesma forma e com a mesma pelo menos, quase 2.500 pessoas por responsabilidade precoce de cativar cada velocidade que surgiram as redes ano, 178 por dia, em média. Não dá, né? sociais, elas podem acabar (lembram vez mais o seu público. do Orkut e do MSN?) e quem lida Isso acabou transformando adolescentes, jovens, adultos e até mesmo crianças em com elas, como a Jullie, precisa ter maturidade suficiente – com verdadeiras celebridades, dando a elas uma nomenclatura a ajuda dos pais, claro – para entender que essa fama um dia antes desconhecida: INFLUENCER! Ou seja, aquele que, de pode passar, e os milhares de seguidores que se tem podem evaporar de um dia para o outro. alguma forma, influencia as pessoas. Esses INFLUENCERS como a Jullie, ganharam um poder que, às vezes, nem sabem que têm. São capazes de fazer seus seguidores mudarem a marca da manteiga que comem por, simplesmente, aparecer num vídeo ou numa live, comendo uma torrada com determinado tipo de manteiga. Aos poucos, foram percebendo
Até lá, determinação, disciplina e criatividade devem ser os ingredientes que temperam essa brincadeira séria, que muitos nunca imaginaram aonde iria chegar. Mas, sempre com o pé no chão e sem o deslumbramento que uma fama passageira pode causar.
Ogg Ibrahim é jornalista desde 1987. Já passou por veículos como TV Morena/Globo, onde atuou por 17 anos, TV Record Florianópolis e, depois, Record São Paulo. Na Record, esteve por dez anos como repórter de rede, repórter nacional e, por dois anos, apresentador eventual do Jornal da Record, ao lado de Celso Freitas e Marcos Hummel. Hoje, comanda a DeO Comunicação, empresa de assessoria de imprensa e consultoria em comunicação corporativa. Também é mestre de cerimônias e palestrante.